não há limite para a maldade humana.
a maldade tornou-se algo banal natural aceitável
cada vez é preciso algo pior para nos chocar
e poucas categorias ou intensidades de maldades
podem nos surpreender
(e cada vez menos somos surpreendidos).
quando você vê alguém cometendo algo
absolutamente horrível
(não há limite para a maldade humana.)
não é verdade que logo mais
você se depara com algo pior?
a maldade é o normal.
e será o novo normal.
quando alguém pensa que não é possível
que alguém cometa algo tão mau
alguém vai lá e comete até pior
e talvez esse alguém um dia seja você
ou eu.
não há limite para a maldade humana.
mas para tudo há um limite.
e o da maldade humana está próximo.
16 julho 2020
14 julho 2020
(Não-)Palavras a Beethoven
Tu,
que só dizes direto
(na veia, na alma)
e direto ao que é:
de Ser a Ser
(sem intermediários)
tua música é o som tornado em verdades
o silêncio tomando sentidos
arquétipos de ideias-alma
substâncias de essência-síntese
e cada toda nota
é um vasto em si.
em ti o que sentimos
toma plena consciência
ponto.
se eu disser mais
direi menos.
o que em tua música há?
tudo aquilo que o mundo
jamais será?
(na veia, na alma)
e direto ao que é:
de Ser a Ser
(sem intermediários)
tua música é o som tornado em verdades
o silêncio tomando sentidos
arquétipos de ideias-alma
substâncias de essência-síntese
e cada toda nota
é um vasto em si.
em ti o que sentimos
toma plena consciência
ponto.
se eu disser mais
direi menos.
o que em tua música há?
tudo aquilo que o mundo
jamais será?
10 julho 2020
Contra a Manhã
algo que fosse apenas Noite
noite que fosse só em si mesma
neste jamais deixar de sê-la
e o sonho fosse por senti-lo
sem ter que ser a que não seja
longe de toda estas manhãs
estas manhãs de ações inúteis
de se fazer acontecer em que só o nada
é o que acontece.
noturnos sem amanheceres
sem trabalhos que a nada levam
sem barulhos de humanos vácuos
sem problemas de homens de bens
no seu mundo que anda
(mas só ao abismo).
que as ruas fossem sempre desertas
assim como as vidas são sem caminhos.
as manhãs nunca foram minhas.
nunca me trouxeram esperança.
bem disse Fernando Pessoa:
noite que fosse só em si mesma
neste jamais deixar de sê-la
e o sonho fosse por senti-lo
sem ter que ser a que não seja
longe de toda estas manhãs
estas manhãs de ações inúteis
de se fazer acontecer em que só o nada
é o que acontece.
noturnos sem amanheceres
sem trabalhos que a nada levam
sem barulhos de humanos vácuos
sem problemas de homens de bens
no seu mundo que anda
(mas só ao abismo).
que as ruas fossem sempre desertas
assim como as vidas são sem caminhos.
as manhãs nunca foram minhas.
nunca me trouxeram esperança.
bem disse Fernando Pessoa:
"Manhã dos outros! Ó sol que dás confiança
Só a quem já confia!"
07 julho 2020
O que Fica
a vida passa tão rápido
que às vezes nem passar
ela nos passa
é tudo tão poucas passadas
e logo são águas passadas
ao longo são mágoas pesadas
ao largo são folhas pisadas
e tudo que é belo
acaba breve
seja sonho seja neve
flores cantos olhares
passam a beleza e a vida
passa tudo o que eu (não) diga
mas a poesia
(que nem é bela nem é a vida)
a poesia (essa maldição)
é o que fica.
que às vezes nem passar
ela nos passa
é tudo tão poucas passadas
e logo são águas passadas
ao longo são mágoas pesadas
ao largo são folhas pisadas
e tudo que é belo
acaba breve
seja sonho seja neve
flores cantos olhares
passam a beleza e a vida
passa tudo o que eu (não) diga
mas a poesia
(que nem é bela nem é a vida)
a poesia (essa maldição)
é o que fica.
04 julho 2020
Monumento ao Erro
quanto mais me tento acertar
mais me longínquo do acerto
se me aproximo me vejo entre o cosmos
por entre netunos me visto de frios
como o lago que é sempre mais fundo
quanto mais se vê de vazios
talvez porque o certo
não seja o que é acerto
nem o que mais perto
falo para um além
que está num longo aonde
e quando digo ao meu ouvido
é distante o que está comigo
é um sopro que ao não me responde
e ecos que se vão pela terra
errando pelo caminho
largando pós pelas valas
e letras pelas lamas
deixei minha morte
no alto do cerro:
um monumento ao Erro.
mais me longínquo do acerto
se me aproximo me vejo entre o cosmos
por entre netunos me visto de frios
como o lago que é sempre mais fundo
quanto mais se vê de vazios
talvez porque o certo
não seja o que é acerto
nem o que mais perto
falo para um além
que está num longo aonde
e quando digo ao meu ouvido
é distante o que está comigo
é um sopro que ao não me responde
e ecos que se vão pela terra
errando pelo caminho
largando pós pelas valas
e letras pelas lamas
deixei minha morte
no alto do cerro:
um monumento ao Erro.
30 junho 2020
Onde está a Evolução?
no que foi que evoluímos?
no que foi que melhoramos?
quando foi que aprendemos a amar?
a sentir a dor do outro?
da outra pessoa, do outro animal, do outro ser vivo?
me digam, eu quero saber: onde está a evolução?
o que foi que fizemos de melhor?
que grandeza foi que demonstramos?
qual grande sentimento? qual grande ideal?
quando foi que olhamos nos olhos da outra pessoa
e compreendemos sua alma?
no que melhoramos a não ser no disfarce?
em fingir que não somos maus?
sempre foi tudo só aparência.
não mudamos nada em nosso interior.
e nosso Ser sempre estava lá
e nós nunca o ouvimos.
no que foi que melhoramos?
quando foi que aprendemos a amar?
a sentir a dor do outro?
da outra pessoa, do outro animal, do outro ser vivo?
me digam, eu quero saber: onde está a evolução?
o que foi que fizemos de melhor?
que grandeza foi que demonstramos?
qual grande sentimento? qual grande ideal?
quando foi que olhamos nos olhos da outra pessoa
e compreendemos sua alma?
no que melhoramos a não ser no disfarce?
em fingir que não somos maus?
sempre foi tudo só aparência.
não mudamos nada em nosso interior.
e nosso Ser sempre estava lá
e nós nunca o ouvimos.
27 junho 2020
Despedida de Minha Mãe
Minha amada mãe, Maria de Lourdes, partiu dia 25/11, à tarde, após lutar com coragem por vários anos contra um câncer de mama, que acabou atingindo outros órgãos. A despedida dela, no mesmo dia pela manhã, foi uma das coisas mais belas que já vivenciei. Ela estava a grande mulher que sempre foi: firme, confiante, amorosa, sem desesperos, sem abatimentos, transmitindo luz, esperança e amor. E em paz, numa paz profunda, que só as pessoas que cumpriram sua missão na vida têm na hora da passagem. E ela cumpriu, com tudo e com todos, com sua força, com seu grande coração, com sua imensa alma. Minha mãe, tens a minha gratidão e o meu amor eternos.
24 junho 2020
#humanidade
cansado desta humanidade.
de gente correndo bistonta pelas ruas
moscas tontas robóticas nas calçadas
dentro das casas fora das casas
nem faz diferença não muda nada
que nem sabem por que vêm e vão
cheias de metas atoladas nas merdas
plenas de merdas disfarçadas de metas
vidas vazadas vazias furadas
gente que se acha e não vale o que caga
filhos da puta dando tiros em animais inocentes
homens de bem que só se importam em ter mais bens
cansado desta humanidade.
humanidade de sonhos mortos
de amores mortos de futuros mortos
que mata águas mata terras mata ares
que mata bichos mata almas mata árvores
mata esperanças mata luzes mata olhares
que mata matas mata artes
até te matares
cansado desta humanidade.
quando te fores, civilização,
irás tarde.
de gente correndo bistonta pelas ruas
moscas tontas robóticas nas calçadas
dentro das casas fora das casas
nem faz diferença não muda nada
que nem sabem por que vêm e vão
cheias de metas atoladas nas merdas
plenas de merdas disfarçadas de metas
vidas vazadas vazias furadas
gente que se acha e não vale o que caga
filhos da puta dando tiros em animais inocentes
homens de bem que só se importam em ter mais bens
cansado desta humanidade.
humanidade de sonhos mortos
de amores mortos de futuros mortos
que mata águas mata terras mata ares
que mata bichos mata almas mata árvores
mata esperanças mata luzes mata olhares
que mata matas mata artes
até te matares
cansado desta humanidade.
quando te fores, civilização,
irás tarde.
22 junho 2020
Poema Antigo
o alto perigo em não ter meta
(o autoperigo em ser poeta)
quem dera fosse só perigo
sobre o rio da navalha
(quem dera fosse um sol comigo)
só consegui me ser maldito
fazer destino virar hino
e onde não me esperam
é que (a)fundei esperanças
(já morri por entre tranças)
e assassinei-me sem um tiro
não sou nem o que imagino
nem me vivo o que me sinto
nos confins do que se fode
na busca do que finda
me larguei por sobre um piso
(e compreendi que se não pode)
mas me ergui com um respiro
me cansei pela não-estrada
que dizer não vale um som
e ouvi que a vida é um suspiro
e o que se busca é só uma piada
e ao fim nem mesmo um não
de gratidão.
(o autoperigo em ser poeta)
quem dera fosse só perigo
sobre o rio da navalha
(quem dera fosse um sol comigo)
só consegui me ser maldito
fazer destino virar hino
e onde não me esperam
é que (a)fundei esperanças
(já morri por entre tranças)
e assassinei-me sem um tiro
não sou nem o que imagino
nem me vivo o que me sinto
nos confins do que se fode
na busca do que finda
me larguei por sobre um piso
(e compreendi que se não pode)
mas me ergui com um respiro
me cansei pela não-estrada
que dizer não vale um som
e ouvi que a vida é um suspiro
e o que se busca é só uma piada
e ao fim nem mesmo um não
de gratidão.
18 junho 2020
Vocês acreditam? Eu não.
I - as pessoas acreditam
porque não olham pra frente
II - as pessoas caem
porque não olham pra baixo
III - as pessoas morrem
porque não olham pra dentro
porque não olham pra frente
II - as pessoas caem
porque não olham pra baixo
III - as pessoas morrem
porque não olham pra dentro
15 junho 2020
Ao Fim da Rosa
rosa que álcool pelo meu sangue
quem foi que sangrou-te à tormenta?
quem foi que matou-te em meu peito
rosa que paira pelo meu grave?
quem foi que falou-te de amor-te
daquilo que voa e sempre te parte
que alguém arrancou-te da noite
rosa que doente pelo meu sempre?
quem te avassala pelas espadas
e bate o martelo em tua cabeça
e derrama teu lago no som do meu rastro
rosa que morre pela minha veia?
em que lama deixaram teu passo
rosa que afoga em tudo que chove
no medo que corta e que te consomes
rosa que vai-te em tudo que passa?
quem comeu tuas pétalas no almoço?
rosa que afunda em tudo que é podre
rosa que finda em todo meu nada
rosa esmagada.
quem foi que sangrou-te à tormenta?
quem foi que matou-te em meu peito
rosa que paira pelo meu grave?
quem foi que falou-te de amor-te
daquilo que voa e sempre te parte
que alguém arrancou-te da noite
rosa que doente pelo meu sempre?
quem te avassala pelas espadas
e bate o martelo em tua cabeça
e derrama teu lago no som do meu rastro
rosa que morre pela minha veia?
em que lama deixaram teu passo
rosa que afoga em tudo que chove
no medo que corta e que te consomes
rosa que vai-te em tudo que passa?
quem comeu tuas pétalas no almoço?
rosa que afunda em tudo que é podre
rosa que finda em todo meu nada
rosa esmagada.
11 junho 2020
Da Indiferença
I - Indiferença de verdade
não é vazio.
não é não-sentir.
é saber quando for sentimento
ou o sustento de um olhar frio
II - a suprema indiferença
é a sensibilização
de saber que não há nada no homem
e no seu desejo.
e é a intuição impassível
de não ver esperança
naquilo que vejo
III - ser indiferente
é permanecer
a que seja o Ser
não é vazio.
não é não-sentir.
é saber quando for sentimento
ou o sustento de um olhar frio
II - a suprema indiferença
é a sensibilização
de saber que não há nada no homem
e no seu desejo.
e é a intuição impassível
de não ver esperança
naquilo que vejo
III - ser indiferente
é permanecer
a que seja o Ser
07 junho 2020
Ao Após
lembrança que sinto quando me esqueço
que sangue de mim lembrar-te me faz?
que alma me alonga ao instante fugaz
que ânsia que traga meu não ao avesso
seja comigo ao altar do teu preço
morte-destino que segue-me atrás
silêncio que os gritos quebra do mas
sonata que mata ao som do que esqueço
ah se eu corresse em teu rio sempre em chama
íris que fosse no som desta voz
soro sanguíneo que se ergue da lama
verso de nunca que se alta no após
ah se teu quem fosse aquilo que chama:
deixa esquecer-me e lembrar-te entre nós
03 junho 2020
O Horror ( ou o Óbvio) no Brasil
O horror habita o interior do ser humano, o que é óbvio.
Também é óbvio que esse horror está sempre acontecendo e/ou se expressando de alguma forma.
Outra obviedade é que esse horror também se expressa politicamente, que é uma das formas do horror tentar convencer os demais de que não é horror.
Geralmente, a expressão política do horror se chama EXTREMA DIREITA.
E a extrema direita é óbvia: ignorante, egoísta, desumana, perversa, autoritária, fanática, racista, imbecilizada, militarista, mentirosa, destrutiva.
Então, tudo o que acontece, hoje, no Brasil, havia sido previsto e alardeado desde antes das eleições. Era tudo óbvio.
31 maio 2020
Como se trata um fascista
se ele te ameaçar
você ameaça em dobro
se ele quer discutir ideias
você mostra que ele não tem nenhuma
se ele te xingar
você manda ele à puta que pariu
se ele gritar na sua cara
você escarra na dele
se ele cuspir no seu rosto
você quebra os dentes dele
mas se ele vier com conversinha
você manda ele à merda
se ele fingir carinha de bom moço
você coloca um espelho na frente da cara dele
se ele vier falando em paz
você manda ele se foder.
não se pode perdoar um fascista.
a não ser se ele deixar de ser.
(e olhe lá...)
você ameaça em dobro
se ele quer discutir ideias
você mostra que ele não tem nenhuma
se ele te xingar
você manda ele à puta que pariu
se ele gritar na sua cara
você escarra na dele
se ele cuspir no seu rosto
você quebra os dentes dele
mas se ele vier com conversinha
você manda ele à merda
se ele fingir carinha de bom moço
você coloca um espelho na frente da cara dele
se ele vier falando em paz
você manda ele se foder.
não se pode perdoar um fascista.
a não ser se ele deixar de ser.
(e olhe lá...)
29 maio 2020
Epitáfio para a Poesia
sempre foste muito intensa
para ser fácil
sempre foste muito trágica
para ser prática
sempre foste muito autêntica
para ser próspera
sempre foste muito foda
para ser pop
sempre foste muito funda
para ser (f)útil
para ser fácil
sempre foste muito trágica
para ser prática
sempre foste muito autêntica
para ser próspera
sempre foste muito foda
para ser pop
sempre foste muito funda
para ser (f)útil
25 maio 2020
Deixa que Durmam
Sol, para que fazer que acordem
os que não ouvem nenhum acorde?
as mulambentas múmias humanas
marionetes mancas mecânicas
aquelas
no que resta do que são elas
entre poeiras e esteiras
caviar e mortadela.
em seus vazios plenos de pena
o sorriso do sucesso amarelo
enfeites entre as duas orelhas
intervalos vãos das cabeças
descabidas guilhotinadas.
Sol, para que iluminas?
que luz entrará pelos porões de ratos
dos corações humanos?
arrebentados corações humanos
com seus fúteis inúteis trabalhos.
Sol, para que ainda brilha nesses olhares
por entre ruas pátios e lares?
para que clarear
o abismo da nossa derrota esquecida?
ninguém mais quer saber de vida.
deixa-nos e vai além
para que nascer para todos
se já não iluminas ninguém?
os que não ouvem nenhum acorde?
as mulambentas múmias humanas
marionetes mancas mecânicas
aquelas
no que resta do que são elas
entre poeiras e esteiras
caviar e mortadela.
em seus vazios plenos de pena
o sorriso do sucesso amarelo
enfeites entre as duas orelhas
intervalos vãos das cabeças
descabidas guilhotinadas.
Sol, para que iluminas?
que luz entrará pelos porões de ratos
dos corações humanos?
arrebentados corações humanos
com seus fúteis inúteis trabalhos.
Sol, para que ainda brilha nesses olhares
por entre ruas pátios e lares?
para que clarear
o abismo da nossa derrota esquecida?
ninguém mais quer saber de vida.
deixa-nos e vai além
para que nascer para todos
se já não iluminas ninguém?
23 maio 2020
Sobre a Reunião Ministerial do Monte de Merda na Presidência
A seguir, reuniões de comentários que publiquei no Facebook:
1) "Mas é a putaria o tempo todo pra me atingir, mexendo com a minha família. Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final."
Jair Bolsonaro, demonstrando suas preocupações em meio à pandemia.
2) Não vejo nenhum problema nos palavrões do Bolsobosta. O problema não é os palavrões. É o conteúdo do que ele e seus ministros disseram: entre outras merdas, impedir investigações da PF sobre a corrupção da sua família e se aproveitar da pandemia para aprovar medidas contra os interesses da população e para permitir a destruição impune de nossos recursos naturais.
3) Povo armado jamais será escravizado? Não, povo com pensamento crítico jamais será escravizado, e o Bolsobosta já disse antes das eleições que não quer ninguém com pensamento crítico. Ele quer imbecis robôs marionetes escravos armados para saírem defendendo suas ideias estúpidas. O que um imbecil com uma arma vai fazer? Matar prefeitos e governadores, como ele deixa implícito? Não, vai matar inocentes.
4) Quem que os bostas do Doria e do Witzel apoiaram nas eleições para presidente mesmo? O Bolsobosta. Bosta se gruda em bosta.
5) Certa vez escrevi "foda-se" numa postagem, e vieram alguns bolsonetes indignadíssimos reclamar que alguém como eu não poderia escrever palavrões, que estava dando mau exemplo. Quando eu for Presidente da República, vou poder.
Vão se foder, bando de filhos-da-puta.
#forabolsonaro #impeachmentbolsonaro
1) "Mas é a putaria o tempo todo pra me atingir, mexendo com a minha família. Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final."
Jair Bolsonaro, demonstrando suas preocupações em meio à pandemia.
2) Não vejo nenhum problema nos palavrões do Bolsobosta. O problema não é os palavrões. É o conteúdo do que ele e seus ministros disseram: entre outras merdas, impedir investigações da PF sobre a corrupção da sua família e se aproveitar da pandemia para aprovar medidas contra os interesses da população e para permitir a destruição impune de nossos recursos naturais.
3) Povo armado jamais será escravizado? Não, povo com pensamento crítico jamais será escravizado, e o Bolsobosta já disse antes das eleições que não quer ninguém com pensamento crítico. Ele quer imbecis robôs marionetes escravos armados para saírem defendendo suas ideias estúpidas. O que um imbecil com uma arma vai fazer? Matar prefeitos e governadores, como ele deixa implícito? Não, vai matar inocentes.
4) Quem que os bostas do Doria e do Witzel apoiaram nas eleições para presidente mesmo? O Bolsobosta. Bosta se gruda em bosta.
5) Certa vez escrevi "foda-se" numa postagem, e vieram alguns bolsonetes indignadíssimos reclamar que alguém como eu não poderia escrever palavrões, que estava dando mau exemplo. Quando eu for Presidente da República, vou poder.
Vão se foder, bando de filhos-da-puta.
#forabolsonaro #impeachmentbolsonaro
18 maio 2020
Uso de Máscaras
todo humano nasce puro
(o que não é o mesmo que ser bom)
mas se contamina de todos os germes e vermes
pelo caminho
e fica mau como num pulo
e aos cinco anos o menininho já é capaz
de torturar bichinhos inocentes
e vai aprendendo a ser gente
depois com o tempo
vêm os homens de bem
e corrompem o rapazinho mau
e além de ficar pior
ele se torna hipócrita e se mascara
e passa a se achar o máximo
e o homenzinho mau
passa o resto da vida
usando máscaras
(o que não é o mesmo que ser bom)
mas se contamina de todos os germes e vermes
pelo caminho
e fica mau como num pulo
e aos cinco anos o menininho já é capaz
de torturar bichinhos inocentes
e vai aprendendo a ser gente
depois com o tempo
vêm os homens de bem
e corrompem o rapazinho mau
e além de ficar pior
ele se torna hipócrita e se mascara
e passa a se achar o máximo
e o homenzinho mau
passa o resto da vida
usando máscaras
15 maio 2020
Brasil e EUA liderarão mortes por Covid-19
Em números redondos, 14 mil mortes, 203 mil casos da Covid-19 no Brasil ao final do dia de ontem. Nosso país deverá ser, em breve, o segundo país com mais mortes no mundo. O número de casos confirmados foi recorde ontem, mais de 13 mil em 24h. Ao final da pandemia, o Brasil só perderá para os EUA, mas só porque a população do país norte americano supera a brasileira em mais de 100 milhões de habitantes.
Milhares e milhares de mortes pelo coronavírus ainda ocorrerão no Brasil, e, com hospitais lotados, muitas dessas mortes serão em casa. Sem tratamento. Isso já vem acontecendo. Mortes que poderiam ser evitadas, se os brasileiros respeitassem o isolamento, se tivéssemos um presidente real no cargo, e não um imbecil desumano e demente, que controla alguns milhões de toscos marionetes. Caso houvesse consciência da necessidade do distanciamento social, não haveria a superlotação absurda nos hospitais, que rapidamente acontece em todas as grandes e médias cidades brasileiras e ameaça a vida de pacientes e profissionais da saúde.
Quando a morte pelo coronavírus chegar para alguma pessoa que você gosta, ama, admira, você que é contra o isolamento social continuará sendo lá no seu íntimo? Talvez, continue da boca pra fora.
#pandemia #coronavírus #forabolsonaro
12 maio 2020
Aquele Algo a ser temido
as pessoas não sabem o que temem
mas sentem que temem algo
e que há algo a ser temido
e quando sabem
ou quando dizem que não temem
é porque não sabem que não sabem
ou não sabem o porquê
de temer o que é temido
em segredo de si
em secreto dos outros
tememos o que julgamos acima de nós
aquilo com que não podemos
aquilo de que não sabemos
aquilo que nos ameaça de dor
(e tudo o que não se sabe
é uma ameaça de dor
a morte é a maior
das ameaças de dor)
por isso que em todo olhar que olho
há um temor oculto
uma sombra não-vista
um vago receio
e olhem que a Tempestade
ainda nem veio
mas sentem que temem algo
e que há algo a ser temido
e quando sabem
ou quando dizem que não temem
é porque não sabem que não sabem
ou não sabem o porquê
de temer o que é temido
em segredo de si
em secreto dos outros
tememos o que julgamos acima de nós
aquilo com que não podemos
aquilo de que não sabemos
aquilo que nos ameaça de dor
(e tudo o que não se sabe
é uma ameaça de dor
a morte é a maior
das ameaças de dor)
por isso que em todo olhar que olho
há um temor oculto
uma sombra não-vista
um vago receio
e olhem que a Tempestade
ainda nem veio
09 maio 2020
Sobre Vagas nos Hospitais
Por que alguns países não realizaram o distanciamento total e radical ou Lockdown com relação à pandemia de coronavírus? Porque não foi preciso. A Coreiado Sul é exemplo na luta contra a Covid-19 por se adiantar no isolamento, com testagem maciça da população, cooperação e solidariedade social (coisas inexistentes no Brasil) e excelente sistema de saúde. O Japão apresenta uma consciência de saúde populacional que é cultural (sair de máscara ao menor sinal de gripe, evitar ao máximo contaminações, deixar calçados do lado de fora da casa etc.) que comparar com o Brasil é covardia. A Suécia, da mesma forma , no entanto traz o pior resultado entre os países escandinavos, que realizaram isolamento mais radical que ela.
Então, como fazem os bolsonaristas, tentar sugerir que existem pessoas que não podem se isolar, por isso, defender o isolamento social consistiria num erro, seria algo risível, se não fosse trágico.
Justamente, por haver pessoas que PRECISAM trabalhar, e que, se ficarem doentes, necessitam ter VAGAS NOS HOSPITAIS, é que as pessoas que podem ficar em casa DEVEM FICAR o máximo possível e não fazer que nem o filhinho de papai que quer sair pra rua pra tomar sorvetinho com a namorada. Isso se chama consciência social e solidariedade.
07 maio 2020
Tantos Mortos
nunca houve tantos mortos.
mortos caminhando pelas ruas
comprando comida indo para o trabalho
robôs-autômatos-marionetes
mortos por todos os lados
falando merdas gritando germes
cadáveres com bandeiras nas mãos
mortos que votam e elegem outros mortos
mortos presidentes
mortos deputados mortos vereadores
mortos em suas camionetes
mortos em suas praças em seus clubes
apodrecendo em suas igrejas
zumbis em suas academias
mortos que caçam e desmatam
(os mais mortos entre os mortos)
mortos com suas empresas
já caveiras esqueletos
mortos com as mãos podres
fedendo a dinheiro
todos esses mortos
que matam toda vida.
mortos caminhando pelas ruas
comprando comida indo para o trabalho
robôs-autômatos-marionetes
mortos por todos os lados
falando merdas gritando germes
cadáveres com bandeiras nas mãos
mortos que votam e elegem outros mortos
mortos presidentes
mortos deputados mortos vereadores
mortos em suas camionetes
mortos em suas praças em seus clubes
apodrecendo em suas igrejas
zumbis em suas academias
mortos que caçam e desmatam
(os mais mortos entre os mortos)
mortos com suas empresas
já caveiras esqueletos
mortos com as mãos podres
fedendo a dinheiro
todos esses mortos
que matam toda vida.
05 maio 2020
A Dois Palmos de Nada
nós as pessoas tanto falamos
em conhecer a verdade
que a verdade nem fala
ao que conhecemos
enquadramos a verdade
em nossos próprios quadrados
e nem conhecemos
nossa própria quadra
passamos pelas ruas
a repassar passadas
e não percebemos
pelo que passamos
a dois passos
das abertas palmas das mãos
largamos moedas batemos palmas
e só apanhamos da vida
sem nada apanharmos da vida
e tudo passou
a dois palmos
à frente dos olhos
ou a dois palmos
adentro das almas
em conhecer a verdade
que a verdade nem fala
ao que conhecemos
enquadramos a verdade
em nossos próprios quadrados
e nem conhecemos
nossa própria quadra
passamos pelas ruas
a repassar passadas
e não percebemos
pelo que passamos
a dois passos
das abertas palmas das mãos
largamos moedas batemos palmas
e só apanhamos da vida
sem nada apanharmos da vida
e tudo passou
a dois palmos
à frente dos olhos
ou a dois palmos
adentro das almas
02 maio 2020
A Palavra vale Mais do que o Ato
a palavra vale mais do que o ato
porque antes de qualquer ato
há algo que foi ditado
em palavras
naquilo que em nós pensa e sente
o ato
é filho do Verbo
e o Verbo é que alto
o próprio som
é Verbo cristalizado
é a palavra que deixa o rastro
é ela que diz o Faça-se
ou o Acabe-se
em tudo o que se faz
ou se deixa de fazer
houve uma palavra por trás
antes da palavra ser dada
não há nada.
porque antes de qualquer ato
há algo que foi ditado
em palavras
naquilo que em nós pensa e sente
o ato
é filho do Verbo
e o Verbo é que alto
o próprio som
é Verbo cristalizado
é a palavra que deixa o rastro
é ela que diz o Faça-se
ou o Acabe-se
em tudo o que se faz
ou se deixa de fazer
houve uma palavra por trás
antes da palavra ser dada
não há nada.
30 abril 2020
Em Ruínas
pela rua em ruínas
as réstias dos rancores dos postes
sobre os rabos dos ratos
com suas rápidas proles
e um rastro
de ricas fumaças de matos
corrói o que respiro
por entre os prédios e fatos
onde um jaguara rengo
remoendo
faz meu peito de cama
e uma ratazana rengueando
roendo
faz meu dedo de cana
sob a garoa rala
derrama
os raios rotos da lua
sobre a água da vala
e a rã ronda em rondó
o rouco riso do abutre
em seu adágio-refrão
"estás só."
o ronco branco da queda do pó
das ruínas dos arranha-céus
e a aranha arrancada da toca
que toca e arranha
o humano que em mim é réu
rasgam e rolam baratas
correndo pelos catarros
remando pelos esgotos
e se arrasta raquítico um gato
de quem arrancaram seu rosto
e o resto da razão roubada
que era errada
na reza do ruído do sangue
por aquela rua
que se fosse minha
eu mandava eu mandava desinfetar
para ver o meu horror passar
as réstias dos rancores dos postes
sobre os rabos dos ratos
com suas rápidas proles
e um rastro
de ricas fumaças de matos
corrói o que respiro
por entre os prédios e fatos
onde um jaguara rengo
remoendo
faz meu peito de cama
e uma ratazana rengueando
roendo
faz meu dedo de cana
sob a garoa rala
derrama
os raios rotos da lua
sobre a água da vala
e a rã ronda em rondó
o rouco riso do abutre
em seu adágio-refrão
"estás só."
o ronco branco da queda do pó
das ruínas dos arranha-céus
e a aranha arrancada da toca
que toca e arranha
o humano que em mim é réu
rasgam e rolam baratas
correndo pelos catarros
remando pelos esgotos
e se arrasta raquítico um gato
de quem arrancaram seu rosto
e o resto da razão roubada
que era errada
na reza do ruído do sangue
por aquela rua
que se fosse minha
eu mandava eu mandava desinfetar
para ver o meu horror passar
27 abril 2020
Dias-Noites, Noites-Dias
para que se importar?
se ao fim e ao término
por mais revoltas voltas
retornos em torno
idas e vindas
vidas e vinhos
tudo chegará
a seu devido lugar?
seja o que for que aconteça
são apenas rodadas da roda
sendo um lado o bem
sendo o outro o mal
roda de gira livre-desimpedida
que se parasse
desvidaria a própria vida
há o momento de agora
na eternidade dos dias-noites
e no esquecimento da hora
já o resto
o que virá ou deixará de vir
é um voo de ave
que só no voo pode existir
se nascer voarei com ela
se não me deitarei na terra
e tudo volta
ao que er(r)a
se ao fim e ao término
por mais revoltas voltas
retornos em torno
idas e vindas
vidas e vinhos
tudo chegará
a seu devido lugar?
seja o que for que aconteça
são apenas rodadas da roda
sendo um lado o bem
sendo o outro o mal
roda de gira livre-desimpedida
que se parasse
desvidaria a própria vida
há o momento de agora
na eternidade dos dias-noites
e no esquecimento da hora
já o resto
o que virá ou deixará de vir
é um voo de ave
que só no voo pode existir
se nascer voarei com ela
se não me deitarei na terra
e tudo volta
ao que er(r)a
26 abril 2020
Após Humanidade*
o meu verso é de sangue e decadência
pela percepção viva do que morre
como se o peso de um cósmico porre
tivesse elevado a minha consciência
o meu verso é de alarme e de iminência
pela percepção óbvia do que (o)corre
a visão do desabe de uma torre
além filosofia além ciência
eu sinto em um após humanidade
queda da noite que me dura um século
e sinal da anímica liberdade
da morte se entende que a alma é círculo
nada a se dizer a não ser o que há-de
em meu sangue há catástrofe e espetáculo
*Repostagem do soneto publicado originalmente em 6 de outubro de 2017.
pela percepção viva do que morre
como se o peso de um cósmico porre
tivesse elevado a minha consciência
o meu verso é de alarme e de iminência
pela percepção óbvia do que (o)corre
a visão do desabe de uma torre
além filosofia além ciência
eu sinto em um após humanidade
queda da noite que me dura um século
e sinal da anímica liberdade
da morte se entende que a alma é círculo
nada a se dizer a não ser o que há-de
em meu sangue há catástrofe e espetáculo
*Repostagem do soneto publicado originalmente em 6 de outubro de 2017.
23 abril 2020
O Sonho de Bolsonaro
Vamos supor que o Bolsonaro alcance seu sonho infantil e se torne ditador plenipotenciário, sem Congresso, sem STF, governadores sem poderes. Como seria o enfrentamento da pandemia no Brasil:
- não haveria nenhum tipo de isolamento social, nenhuma medida , porque a doença seria determinada como uma gripezinha sem consequências.
- a vida proseguiria normalmente, comércio normal, jogos de futebol nos estádios, aulas nas escolas , shows sem restrições, shoppings , bares, restaurantes e boates bombando.
- os idosos aposentados seriam aconselhados a ficar em casa, mas se não ficassem também, se os seus não cuidam, fodam-se.
- sair nas ruas de máscara seria visto como algo ridículo e cairia rapidamente em desuso.
- os casos da Covid-19 começariam a crescer muito, aparecendo as primeiras mortes, e a mídia seria proibida de divulgar. Os números passariam a ser ocultados e/ou distorcidos.
- os óbitos em números de crescimento vertiginoso e assustador passariam a ser considerados como de pneumonia ou problema respiratório qualquer.
- cemitérios gigantescos de valas comuns passariam a ser abertos na calada da noite.
- hospitais em colapso e com profissionais da saúde morrendo não poderiam mais receber pacientes, as pessoas seriam aconselhadas a morrer em casa.
- pessoas que morrem em casa seriam recolhidas por caminhões do exército e jogadas em valas de forma sigilosa. A mídia não poderia mostrar nada.
- ao final de 2020, já teriam morrido de 2 a 4 milhões de pessoas, os investimentos absurdos que foram obrigados a fazer nos sistemas de saúde e funerário destruíriam a economia, e o país afundaria numa catástrofe humana e econômica da qual não verá saída.
Esse é o sonho do mito e seus bolsonetes.
- não haveria nenhum tipo de isolamento social, nenhuma medida , porque a doença seria determinada como uma gripezinha sem consequências.
- a vida proseguiria normalmente, comércio normal, jogos de futebol nos estádios, aulas nas escolas , shows sem restrições, shoppings , bares, restaurantes e boates bombando.
- os idosos aposentados seriam aconselhados a ficar em casa, mas se não ficassem também, se os seus não cuidam, fodam-se.
- sair nas ruas de máscara seria visto como algo ridículo e cairia rapidamente em desuso.
- os casos da Covid-19 começariam a crescer muito, aparecendo as primeiras mortes, e a mídia seria proibida de divulgar. Os números passariam a ser ocultados e/ou distorcidos.
- os óbitos em números de crescimento vertiginoso e assustador passariam a ser considerados como de pneumonia ou problema respiratório qualquer.
- cemitérios gigantescos de valas comuns passariam a ser abertos na calada da noite.
- hospitais em colapso e com profissionais da saúde morrendo não poderiam mais receber pacientes, as pessoas seriam aconselhadas a morrer em casa.
- pessoas que morrem em casa seriam recolhidas por caminhões do exército e jogadas em valas de forma sigilosa. A mídia não poderia mostrar nada.
- ao final de 2020, já teriam morrido de 2 a 4 milhões de pessoas, os investimentos absurdos que foram obrigados a fazer nos sistemas de saúde e funerário destruíriam a economia, e o país afundaria numa catástrofe humana e econômica da qual não verá saída.
Esse é o sonho do mito e seus bolsonetes.
20 abril 2020
Mensagem aos Que Não
ali onde olhos
e cantos de fins
sonatas de mortes
destinos noturnos
e azares de cartas
invisíveis nos sopros
sensação vaga inútil
do que não foste
e se acima
cinza de névoa
em longe infortúnio
e derrama
vistas vaziadas
chamas de sangue
danças de nada
mares sem algo
futuros sem sonhos
oceanos de ausência
onde caio e me estranho
em que não haja
em que não alma
e nem se alta
algum desígnio
intenso ou denso
e nem saudade
e nem se importa
nem se enfurece
e nem se acalma
um lugar no nunca
de fim de olhos
que não se está
em que não se é
no que nunca veio
no que nada tinha
e que não será
e cantos de fins
sonatas de mortes
destinos noturnos
e azares de cartas
invisíveis nos sopros
sensação vaga inútil
do que não foste
e se acima
cinza de névoa
em longe infortúnio
e derrama
vistas vaziadas
chamas de sangue
danças de nada
mares sem algo
futuros sem sonhos
oceanos de ausência
onde caio e me estranho
em que não haja
em que não alma
e nem se alta
algum desígnio
intenso ou denso
e nem saudade
e nem se importa
nem se enfurece
e nem se acalma
um lugar no nunca
de fim de olhos
que não se está
em que não se é
no que nunca veio
no que nada tinha
e que não será
16 abril 2020
Soneto Impassível
e no entanto prossegue o céu acima
sempre as mesmas nuvens e as mesmas dores
sempre o mesmo céu para onde fores
indiferente às desgraças e às rimas
e no entanto prosseguem o dia e as lágrimas
o céu é eterno e são breves as flores
morrem sempre para onde forem amores
e paira o céu sobre todas as lástimas
fecham-se portas a quem vai embora
abrem-se portas por onde não entro
pesam-se os céus sobre todas as horas
pouco importa qual o sopro do vento:
que continua o céu sendo lá fora
e prossegue sendo noite aqui dentro
sempre as mesmas nuvens e as mesmas dores
sempre o mesmo céu para onde fores
indiferente às desgraças e às rimas
e no entanto prosseguem o dia e as lágrimas
o céu é eterno e são breves as flores
morrem sempre para onde forem amores
e paira o céu sobre todas as lástimas
fecham-se portas a quem vai embora
abrem-se portas por onde não entro
pesam-se os céus sobre todas as horas
pouco importa qual o sopro do vento:
que continua o céu sendo lá fora
e prossegue sendo noite aqui dentro
14 abril 2020
Poema Negro de Autoajuda*
se quiseres ser feliz não espera
nada de coisa alguma ou de ninguém
muito menos do que vem
lembra-te que esperança
rima com quem cansa
e que qualquer expectativa
não vale o cuspe da tua saliva.
quando tiveres uma esperança
executa-a entre a dança
ou enforca-a ou dá-lhe um tiro
(na cabeça,não te esquece)
ou atira-a no rio atada a um peso
e terás o lírio-alívio do confiante desprezo.
quando disserem de ti ou a ti
coisas que gostas de ouvir
acredita com toda confiança
que é mentira
e se ainda não é... um dia será
recorda-te que qualquer pessoa
antes de prova ao contrário)
é má.
lembra-te que se pensas
que não estás sozinho
é porque não olhaste bem ao teu lado
e que tudo que nos sorri demais
está a um lábio de dar errado.
nunca espera ou espera o nunca
deixa o rio correr
que ele sempre leva
ser feliz é nunca esperar ser:
às vezes
sem que se espere
brilha um olho na treva.
*Poema publicado originalmente em 13 de setembro de 2013.
nada de coisa alguma ou de ninguém
muito menos do que vem
lembra-te que esperança
rima com quem cansa
e que qualquer expectativa
não vale o cuspe da tua saliva.
quando tiveres uma esperança
executa-a entre a dança
ou enforca-a ou dá-lhe um tiro
(na cabeça,não te esquece)
ou atira-a no rio atada a um peso
e terás o lírio-alívio do confiante desprezo.
quando disserem de ti ou a ti
coisas que gostas de ouvir
acredita com toda confiança
que é mentira
e se ainda não é... um dia será
recorda-te que qualquer pessoa
antes de prova ao contrário)
é má.
lembra-te que se pensas
que não estás sozinho
é porque não olhaste bem ao teu lado
e que tudo que nos sorri demais
está a um lábio de dar errado.
nunca espera ou espera o nunca
deixa o rio correr
que ele sempre leva
ser feliz é nunca esperar ser:
às vezes
sem que se espere
brilha um olho na treva.
*Poema publicado originalmente em 13 de setembro de 2013.
12 abril 2020
Quase 8 Bilhões de Inconscientes*
I - 7 bilhões de inconscientes
querem que eu acredite
que um mundo de 7 bilhões
de inconscientes
será melhorado
solucionado
por 7 bilhões de inconscientes
II – quando digo inconscientes
não digo “aqueles não conscientizados”
digo aqueles quem nem se sabem:
nem de si nem do que fazem
e tanto assim o é
que nem se reconhecerão no que digo
III – 7 bilhões de inconscientes
(nos quais me incluo por certo)
pedem-me que eu tenha esperança
e que ignore nossa ignorância
no meio de um deserto
*poema publicado originalmente em 6 de janeiro de 2016.
querem que eu acredite
que um mundo de 7 bilhões
de inconscientes
será melhorado
solucionado
por 7 bilhões de inconscientes
II – quando digo inconscientes
não digo “aqueles não conscientizados”
digo aqueles quem nem se sabem:
nem de si nem do que fazem
e tanto assim o é
que nem se reconhecerão no que digo
III – 7 bilhões de inconscientes
(nos quais me incluo por certo)
pedem-me que eu tenha esperança
e que ignore nossa ignorância
no meio de um deserto
*poema publicado originalmente em 6 de janeiro de 2016.
10 abril 2020
A Praga do Otimismo
Otimismo em demasia é uma praga. Leva ao comodismo, ao descuido e à desgraça. À confiança exagerada e imprudente. O brasileiro é um povo excessivamente otimista. Acha que nenhum mal nunca vai lhe acontecer. E por não tomar precauções, por não ter cautela, devido ao excesso de otimismo, a desgraça sempre lhe sucede. Por isso, brasileiro está sempre na merda.
É o que está acontecendo, no momento, com relação à covid-19 em nosso país. A ignorância e o excesso de otimismo/confiança está nos levando a uma catástrofe humanitária.
"Só o pessimista forja o ferro enquanto ele está quente. O otimista confia em que ele não esfrie."
Peter Bamm (Escritor alemão)
07 abril 2020
Esquecimento
"Vê como a Dor te transcendentaliza..."
Cruz e Sousa
algumas coisas vêm para nos lembrar
que nem sempre o sol é a luz:
a luz no meio da seca
é uma tempestade.
nem sempre quem está otimista
está com a razão
nem sempre é saudável o calor humano
nem sempre faz bem um abraço
nem todo beijo transmite amor
nem todo sorriso passa esperança.
algumas coisas vêm para recordar
que não haveria equilíbrio
se houvesse só os dias sem as noites
e que sem a sombra
não se reconhece a luz.
algumas coisas vêm para lembrar
que esquecemos.
03 abril 2020
Sim, o Coronavírus Mudou a Sua Vida
As pessoas ainda não entenderam. Elas acham que a vida continua normal. Elas não se deram conta de que em 21 dias (VINTE e umDIAS) foram mais de UM MILHÃO E CEM MIL de casos da Covid-19 confirmados. E mais de 59 MIL MORTES. E há muito mais que não é confirmado. E muitas mortes sem atestado de óbito. Mas as pessoas ainda acham que está tudo bem.
O ritmo de morte atual pela doença é mais de 6 mil mortes POR DIA. E está crescendo. Só nos EUA, estão morrendo mais de mil pessoas diariamente. Hoje, só hoje, morreram mais de 1300. E não é só lá. Na França, foram mais de 1100. Só hoje. Os cadáveres se empilham nos hospitais. Os familiares não podem nem ver nem enterrar seus mortos. Mas as pessoas ainda não entenderam. Elas não conseguem entender que não podem mais viver como antes.
Estão acostumadas demais com suas vidas. Uma pandemia de tal magnitude parecia ser impossível. Coisa de livros. De filmes. Ainda não caiu a ficha. Não poder sair? Nem ir em bares, boates, restaurantes? Não poder se reunir com amigos? Conversar a menos de 1m e meio com um conhecido na rua? Sair de máscara? Não, não pode ser verdade. Mas é. E estamos vivendo.
"Mas no Brasil não, aqui não vai acontecer". Já está acontecendo. Chegou a nossa vez. Desde o começo da semana, são mais de mil casos confirmados por dia. Ontem, foram 59 mortes. Hoje, 64, até as 17h. E vai aumentar. Muito. Em breve, serão mais de 100 mortes por dia. Depois, mais de 200... E todos sabem que os números reais são bem maiores. Há centenas de corpos esperando confirmação de testes nos hospitais.
Sim, a sua vida mudou. Se você pode, fique em casa.
#fiqueemcasa
01 abril 2020
Uma Voz mais Forte
I - a única real maneira
de se aprender
que dinheiro não é tudo na vida
é perdendo a vida
de se aprender
que dinheiro não é tudo na vida
é perdendo a vida
II - a voz da razão é débil:
ninguém a escuta
porque todo mundo acha
que tem razão.
por que alguém vai ouvir de outro
aquilo que se acha que se tem?
para se ouvir é preciso
uma voz mais forte
tipo... a da Morte .
III - de modo que ficamos assim:
todo mundo fala em mundo novo
e toda hora.
e toda hora.
mas não há mundo novo
sem o Fim.
muita coisa
vai morrer agora.
muita coisa
vai morrer agora.
28 março 2020
Advertência
assim como sangues
são vermelhos
o coronavírus (a natureza)
vai colocar o mundo todo
e todo mundo
de joelhos
são vermelhos
o coronavírus (a natureza)
vai colocar o mundo todo
e todo mundo
de joelhos
Assinar:
Postagens (Atom)