o alto perigo em não ter meta
(o autoperigo em ser poeta)
quem dera fosse só perigo
sobre o rio da navalha
(quem dera fosse um sol comigo)
só consegui me ser maldito
fazer destino virar hino
e onde não me esperam
é que (a)fundei esperanças
(já morri por entre tranças)
e assassinei-me sem um tiro
não sou nem o que imagino
nem me vivo o que me sinto
nos confins do que se fode
na busca do que finda
me larguei por sobre um piso
(e compreendi que se não pode)
mas me ergui com um respiro
me cansei pela não-estrada
que dizer não vale um som
e ouvi que a vida é um suspiro
e o que se busca é só uma piada
e ao fim nem mesmo um não
de gratidão.
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