09 maio 2015

O que é melhor à População: Sonegar ou Assaltar Bancos? Sonegação roubou 490 bilhões de reais só em 2010

Hoje, na época das aparências, uma empresa cresce através mais da sua imagem do que seu produto ou serviço. Isso é ruim? Só por si, não. Ruim é quando fica somente na imagem. Aí seu marketing vira enganação. E convenhamos, Marketing e Enganação têm andado de mãos dadas há muito tempo. Há muitas empresas por aí que querem nos vender gato por lebre, rato por neve, longo por breve.

As grandes empresas, e não só as grandes, em sua grande maioria, não gostam de transparência, de "pingo nos is", de serem totalmente honestas com os clientes. Isso não dá lucro. E o que pode ser escondido, será. É o caso  agora da lei da Não-Rotulagem Obrigatória em Alimentos Transgênicos, recentemente aprovada no Congresso, de autoria do cara que está em todas que vão contra os direitos "alimentares" dos brasileiros: Luís Carlos Heinze. Esse senhor serve ao povo? Não, ao agronegócio, serve às grandes empresas, ele e toda sua galera gaúcha que lá no Congresso. envergonha o RS, quase todos do PP.

Então, aí está mais um direito arrancado do consumidor e dado às empresas do setor alimentar: ESCONDER que utilizam produtos transgênicos.

E você, leitor, sabe, por exemplo, quais são as empresas que sonegam seus impostos? Aquelas que não dão notas fiscais, são algumas. E são muitas, não é verdade? Já houve empresas em que pedi a nota e que falaram que NO MOMENTO não podia fornecê-la. Ofereceram-me um RECIBO. Sonegação é roubo. Mas aí surgem alguns empresários que defendem a sonegação, dizendo que os impostos são exagerados, injustos etc. Tudo bem, mas então, se é assim, por que eles não devolvem para o cliente os impostos que pagamos EMBUTIDOS em seus produtos ou serviços? Para onde vai esse dinheiro? Ah, acho que eles o embolsam, não é mesmo?

De modo que, para a população, assaltar bancos é bem menos daninho que sonegar impostos. No primeiro caso, rouba-se dos ricos e de um sistema que vive da exploração do trabalhador.


Sobre o assunto, transcrevo trecho de um texto escrito pelo escritor, professor e jornalista Juremir Machado da Silva:


"A Tax Justice Network, organismo com sede em Londres, garante, com base em pesquisa, que, somente em 2010, a evasão fiscal teria roubado R$ 490 bilhões dos cofres da Receita Federal brasileira. Por que não tem manifestação na Avenida Paulista contra essa bandalheira? O pessoal do impostômetro não gosta de falar do sonegômetro. Tem o dia sem impostos. Poderia ter o ano sem sonegação.

A corrupção dos políticos é fichinha perto da corrupção dos empresários, que atende pelo nome vulgar de sonegação. Uma coisa não absolve a outra. Parcerias são frequentes. Curiosamente os sonegadores vão às manifestações contra a roubalheira com cartazes incríveis do tipo “sonegação não é corrupção”. São os defensores do Estado mínimo.

Por que a sonegação corre solta? Por causa da impunidade. Sonegador sempre encontra um jeito de escapar. Enquanto se pretende diminuir a idade penal para colocar adolescente em presídio de adultos, alimentando a escola do crime, os sonegadores passeiam nos seu carrões, esbaldam-se nas suas mansões, contratam “consultorias” para resolver seus probleminhas com o fisco e passam férias em paraísos mais do que fiscais: totais, naturais e protegidos. É por isso que eu sempre digo: o grande problema do Brasil é a impunidade. Os grandes bandidos, os sonegadores, raramente são perturbados. A Papuda ainda é um território desconhecido para eles. Que doce vida.""



07 maio 2015

Os Sextetos de Brahms e a Paixão por Agathe


Hoje, meu compositor favorito, inseparável amigo de alma, Johannes Brahms, completa 182 anos. Sempre publico algo sobre ele nesta data, para mim, de grande importância. Não tive tempo de escrever algo novo hoje, então republico texto que escrevi em agosto de 2013, sobre seus Sextetos para Cordas:


Os dois sextetos para cordas que Brahms escreveu, o Op. 18 e o Op.36, são os melhores sextetos da história da música. Tudo bem, está certo que sempre sou suspeito quando falo de Brahms, mas não conheço nenhum outro sexteto que se compare aos do gênio de Hamburgo. Não entre os compositores mais conhecidos (que não fizeram muitos sextetos, diga-se de passagem) e alguns menos conhecidos. E duvido que exista algum compositor entre os que não conheço que tenha feito algo melhor que essas maravilhas de Brahms.


Os sextetos não estão entre as obras mais conhecidas do compositor, o que é uma grande injustiça. São composições com o típico lirismo carregado de Brahms. Por um lado, trazem suas características melancolia e densidade, com alguns toques trágicos entre a renúncia e o pessimismo. Por outro, são de grande força vital, ternura, colorido e sensualidade, atingindo a rústica alegria campestre em alguns pontos. Escritos para dois violinos, duas violas e dois violoncelos, exigem, como sempre quando se trata de Brahms, elevada técnica dos executantes.

Difícil decidir qual gosto mais. O Sexteto n°2 talvez seja mais consistente e mais bem acabado, porém o n°1 traz melodias de intensa inspiração, sem falar que o seu andante é uma das páginas mais marcantes da obra de câmara de Brahms. Há também uma versão para piano do andante.

Composto entre 1864 e 1865, o Sexteto n°2 foi escrito após o rompimento de Brahms com Agathe von Siebold, com quem manteve uma relação apaixonada. Entende-se a paixão de Brahms por Agathe, pois conta-se que era uma mulher de grande inteligência, espírito e sensibilidade. Bem, talvez não fosse tão bela quanto a Clara Schumann. Mas nem tudo é beleza. E nem todas são a Clara. Aliás, também se conta que Clara Schumann viu Brahms e Agathe em uma cena de beijinhos e ficou puta de ciúmes.

Brahms quase se  casou com Agathe. Mas ele tinha dúvidas quanto ao casamento. Expressou-se assim: "Te amo! Necessito ver-te novamente, porém não posso me colocar ataduras. Escreva-me para dizer se posso voltar e estreitar-te em meus braços, beijar-te e dizer que te quero". Bem, dizer a uma mulher sensível que "não posso me colocar ataduras"? É óbvio, que magoada e ferida, Agathe rompeu com o Johannes e nunca mais voltaram a encontrar-se.

O que restou foi que no primeiro movimento do Sexteto n°2, os violinos executam as notas A-G-A-D-H-E, que correspondem a lá-sol-lá-re-mi-si. Brahms teria dito sobre o seu segundo sexteto: "Nesta obra, libertei-me de meu último amor". E Agathe von Siebold foi eternizada em um dos maiores sextetos de todos os tempos.

05 maio 2015

O Inferno Existe

I - o Céu existe:
é a vontade não-alcançada

o Inferno existe:
é o desejo não-alcançado

II – Liberdade
não é tudo poder:
é a nada temer

III – Paz
não é não ter problemas
(todos têm e terão)
Paz
é não se importar em tê-los

(Na imagem, detalhe de "Inferno", de Bosch.)

03 maio 2015

Ciência prova que poesia é melhor para o cérebro que autoajuda. A próxima obviedade a ser provada é a de que gatos miam.

A ciência, não poucas vezes, é risível. Agora "provou" que poesia é mais útil para o cérebro que autoajuda. Como escrevi no título da postagem, isso é tão óbvio quanto o fato de que gatos miam e cachorros latem. A não ser que haja alguma aberração por aí modificada geneticamente.


A começar que nem é comparável autoajuda com poesia. A poesia é a mais alta, a mais nobre das artes literárias. Autoajuda nem é arte, é lixo. Mas vamos ver o que diz a nossa ciência óbvia:



"A leitura de obras clássicas estimula a atividade cerebral e ainda pode ajudar pessoas com problemas emocionais, diz estudo.

Ler autores clássicos, como Shakespeare, Fernando Pessoa, William Wordsworth e T.S. Eliot, estimula a mente e a poesia pode ser mais eficaz em tratamentos do que os livros de autoajuda, segundo um estudo da Universidade de Liverpool.

Especialistas em ciência, psicologia e literatura inglesa da universidade monitoraram a atividade cerebral de 30 voluntários que leram primeiro trechos de textos clássicos e depois essas mesmas passagens traduzidas para a "linguagem coloquial".

Os resultados da pesquisa, antecipados pelo jornal britânico "Daily Telegraph", mostram que a atividade do cérebro "dispara" quando o leitor encontra palavras incomuns ou frases com uma estrutura semântica complexa, mas não reage quando esse mesmo conteúdo se expressa com fórmulas de uso cotidiano."

O texto na íntegra pode ser conferido aqui.

01 maio 2015

Para Richa covarde e sua polícia vergonhosa: "Contra Governos e Leis e Autoridades"

Se esta foto não é um monumento à covardia, é o quê?
Abaixo, poema que escrevi em fevereiro de 2013:

Contra Governos e Leis e Autoridades

I
governo
é o empregado
pago e autorizado
por todo o povo
para mandar no povo
em benefício de alguns
que fazem do povo
um bando de nadas
e de nenhuns

II
lei
é estabelecer
que todos são iguais
desde que não
sejam os alguns
para que o povo
se iguale sempre ao povo
e jamais
se desiguale do seu nada
a lei é a ordem
e a ordem
é sempre se manter
dentro dos limitados
limites da estrada

III
autoridade
é o imbecil
escolhido entre imbecis
amparado por imbecis
aplaudido por imbecis
para tentar impedir
que os grandes
combatam os imbecis
(e acima de governo e lei)
ponham os pingos nos is


29 abril 2015

Qual a Música do Horror?

o ronco de estômagos vazios
e o gemido surdo da fome...
que som sai da lágrima
em contato com a pele
quando escorre?

como se escuta o choro abafado
dos desesperados?

os litros de sangue derramados
nos campos das batalhas
produzem que notas?

os corpos despedaçados pelas granadas
uma bala estourando uma cabeça
as vísceras espalhadas entre o pó
um dois três quatro cinco seis
sete oito nove dez
soldados fuzilados de uma só vez...

os urros dos tigres sendo massacrados
a queda dos  milhões de bisões
o tombo das florestas
o crépito das queimadas
que música a elas
seria adequada?

as mentiras nos plenários
nas tribunas nos templos nos congressos
e o protesto inútil dos injustiçados
formariam que tipo de concerto?

o tiro a queima-roupa
a mulher sendo espancada
a pele retirada de bichos vivos
as correntezas do rio Tietê
as expressariam que sonata?

os olhos dos coelhos sendo perfurados
para o progresso da ciência
os pesticidas derramados pelos campos
canto de ave com câncer na garganta
a bomba atômica antes
e depois a terra vazia
o silêncio do que virou deserto
se ergueriam em qual Sinfonia?

27 abril 2015

Rede Globo: 50 anos de enganação, alienação, manipulação e imbecilização

A população brasileira, há 50 anos, vem sendo enganada pela Rede Globo, a maior empresa de mídia do Brasil. Só não vê quem está (ainda) sendo manipulado. E, apesar desse domínio estar em franca decadência (a Globo perde telespectadores a cada dia que passa), o número de trouxas ainda é grande, e tem muita gente que só percebe como verdade aquilo que passa na televisão ou que sai em jornal bonitinho. 

Claro que a Globo não é única manipuladora. Mas é a maior e mais tradicional. Construiu o seu império graças à ditadura militar. A ditadura militar manteve seu poder em grande parte graças à Globo. Desde os anos 60, a emissora vem mantendo (e nos últimos anos tentando manter) a população brasileira imbecilizada. Mantém o povo na ignorância, e o povo na ignorância continua acreditando na Globo. É um círculo vicioso. Mas que está sendo quebrado. Por um lado, infelizmente, pela alienação oriunda de outras emissoras enganosas, a Record, por exemplo. 


Sobre o assunto transcrevo trechos de texto publicado no portal Sul21, intitulado: 50 anos da Globo: Dez razões para descomemorar, escrito por por Angela Carrato. Confira o texto na íntegra aqui. A seguir, trechos do texto:

"Nunca a audiência da TV Globo, centro do império da família Marinho, esteve tão baixa. O Jornal Nacional, seu principal informativo, que chegou a ter 85% de audiência, agora não passa dos 20%. Suas novelas do horário nobre estão perdendo público para similares da TV Record. No dia 1º de abril aconteceram atos em prol da cassação da concessão da emissora em diversas cidades brasileiras. O realizado no Rio de Janeiro, em frente à sua sede, no Jardim Botânico, foi o mais expressivo e contou com 10 mil pessoas. Número infinitamente maior participou, no mesmo horário, do tuitaço e faceboquiaço “Foraglobogolpista.


Artistas globais e a viúva de Roberto Marinho integram a relação de suspeitos de crimes de evasão fiscal e serão alvo de investigação pela CPI do Senado, criada para analisar a lista de mais de oito mil brasileiros que têm depósitos em contas secretas na filial do banco HSBC, na Suíça. Este escândalo internacional envolve milhares de pessoas em diversos países. A diferença é que fora do Brasil o assunto tem tido destaque e é coberto diuturnamente, enquanto aqui, a mídia, Globo à frente, prefere ignorá-lo ou abordá-lo parcialmente.

Além disso, o conglomerado teria sonegado o Imposto de Renda ao usar um paraíso fiscal para comprar os direitos de transmissão da Copa do Mundo Fifa de 2002. Após o término das investigações, em outubro de 2006, a Receita Federal quis cobrar multa de R$ 615 milhões da emissora. No entanto, semanas depois o processo desapareceu da sede da Receita no Rio de Janeiro. Em janeiro de 2013, uma funcionária da Receita foi condenada pela Justiça a quatro anos de prisão como responsável pelo sumiço. No processo, ela afirmou ter agido por livre e espontânea vontade."


Razões para descomemorar:



3. O apoio à ditadura militar (1964-1985)


Nos anos 1960, o Brasil era visto pelos Estados Unidos como sua área de influência direta. E a TV Globo foi fundamental para trazer para cá o way of life norte-americano juntamente com o seu modelo de televisão. A TV comercial, um dos tipos de emissora existentes no mundo, adquire aqui o status de única modalidade de TV. Não por acaso, Murilo Ramos (2000, p.126) caracteriza o surgimento da TV Globo como sendo “a primeira onda de globalização da televisão brasileira”, que, concentrada num único grupo local, monopolizou a audiência e teve forte impacto político e eleitoral ao longo das décadas seguintes.

Durante quase 20 anos, TV Globo e governos militares viveram uma espécie de simbiose. Os militares, satisfeitos por verem nas telas da Globo apenas imagens e textos elogiosos ao “país que vai para a frente”, retribuíam com mais e mais benesses e privilégios para a emissora. A partir de dezembro de 1968, com a edição do AI-5, o país mergulhou no “golpe dentro do golpe”, com prisão e perseguição a todos os considerados inimigos e adversários do regime e a adoção de censura prévia aos veículos de comunicação.

A TV Globo enfrentou alguns casos de censura oficial em suas telenovelas, mas o que prevaleceu na emissora foi o apoio incondicional de sua direção aos militares no poder e a autocensura por parte da maioria de seus funcionários.
Ainda hoje não falta quem se recorde de situações patéticas em que o então apresentador do Jornal Nacional, Cid Moreira, mostrava aos milhares de telespectadores brasileiros cenas de um país que se constituía “em verdadeira ilha de tranquilidade”, enquanto centenas de militantes de esquerda eram perseguidos, presos, torturados ou mortos nas prisões da ditadura. Some-se a isso que a TV Globo sempre se esmerou em criminalizar quaisquer movimentos populares.

4. O combate permanente às TVs Educativas

Desde 1950 que as elevadas taxas de analfabetismo vigentes no Brasil eram uma preocupação constante para setores nacionalistas e de esquerda. Uma vez no poder, algumas alas militares viram na radiodifusão um caminho para combater a subversão e, ao mesmo tempo, promover a integração nacional. O resultado disso foi que, em 1965, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) solicita ao Conselho Nacional de Telecomunicações a reserva de 48 canais de VHF e 50 de UHV especificamente para a televisão educativa.

O número era dos mais significativos e poderia ter representado o começo de canais voltados para os interesses da população, a exemplo do que já acontecia em outras partes do mundo. Pouco depois do decreto ser publicado, Roberto Marinho começa a agir para reduzir sua eficácia. E, na prática, conseguiu seu intento. O decreto-lei nº 236, de março de 1967, se, por um lado, formalizava a existência das emissoras educativas, por outro criava uma série de obstáculos para que funcionassem. O artigo 13, por exemplo, obrigava essas emissoras a transmitir apenas “aulas, conferências, palestras e debates”, ao mesmo tempo em que proibia qualquer tipo de propaganda ou patrocínio a seus programas. Traduzindo: as TVs Educativas estavam condenadas à programação monótona e à falta crônica de recursos.

Como se isso não bastasse, o artigo seguinte fechava o cerco a essas emissoras, determinando que somente pudessem executar o serviço de televisão educativa a União, os estados, municípios e territórios, as universidades brasileiras e alguns tipos de fundações. Ficavam de foram, por exemplo, sindicatos e as mais diversas entidades da sociedade civil.

Dez anos após este decreto-lei, apenas seis emissoras educativas tinham sido criadas no país, número muito distante dos 98 canais disponíveis. As emissoras educativas não conseguiam avançar, esbarrando na legislação que lhes obrigava a viver exclusivamente do minguado orçamento oficial, ao passo que as televisões comerciais, em especial a Globo, experimentavam crescimento sem precedentes. Crescimento que contribuiu para cristalizar, em parcela da população brasileira, a convicção de que a emissora de Roberto Marinho era sinônimo de qualidade."







25 abril 2015

Os Homens sem Paz

I  - a próxima guerra
dos homens sem água
será pela mágoa
da Terra sem trégua
contra os homens sem garra
e sem guelra

II – a espada
na terra cravada
é cruz

a cruz
no pulso empunhada
é espada

III – pra vida uma ova!
de paz
precisarão os homens
pra cavar covas

23 abril 2015

Os Representantes do Capital e o Futuro Negro do Brasil

Nossa política, principalmente o poder legislativo, está tomada não pelo que deveria estar tomada, pelos representantes do povo, mas pelos representantes do capital, do lucro, do dinheiro. E ainda falam em ter esperança. Há quanto tempo vem sendo assim? Que futuro se assoma diante da nação brasileira, quando o poder que cria leis e as aprova é dominado pelos interesses das grandes corporações? Pelos interesses vergonhosos, criminosos, das grandes empresas, que não visam, nunca visaram e jamais visarão ao bem estar e desenvolvimento humano e planetário?

Alguém desconhece o real interesse, objetivo maior de uma grande empresa? Tão somente as somas cada vez mais volumosas de lucros, seja a que custo for, seja com a exploração e o sacrifício brutais dos brasileiros, seja com a perpetuação da ignorância, da passividade, do comodismo, do patriarcalismo, seja com entronização da mediocridade, seja com a promoção do consumismo predatório, que tem levado à rápido e monstruosa degradação de nossos recursos e ambiente natural.

É o que fica mais do que patente, absolutamente claro, escancarado, absurdo, inaceitável, com as duas últimas aprovações do Congresso Nacional, a saber, a nefasta lei da terceirização, que é a queima desaforada, diante de toda uma sociedade, das leis e direitos trabalhistas, e com a anistia ainda mais desaforada, concedida aos planos de saúde.

Pois é. Nenhum trabalhador, por mais pobre que seja, jamais terá uma dívida perdoada pelas instituições. Mas as operadoras de planos de saúde, que abusam do povo,desrespeitam seus direitos mais básicos, que são os da saúde e da vida, que com isso lucram bilhões todos os anos, tiveram suas DÍVIDAS DE MULTAS PERDOADAS, anistiadas, pelo Congresso. E sabem por que elas foram perdoadas? Porque são estas empresas, junto com o agronegócio, com as empreiteiras, principalmente, que financiam as campanhas políticas dos "representantes do povo". Ou seja, os "nossos representantes" têm o RABO PRESO. Sempre tiveram. E as pessoas continuam votando neles. E as pessoas continuam achando que seu deputado as representa. E estas mesmas pessoas continuam sendo fodidas. Por que mesmo? 


É como escreveu Fagundes Varela: "Não me fales da glória,/ Não me fales da esperança./ Eu bem sei que são mentiras/ Que se dissipam, criança."


21 abril 2015

Longe do Centro*

no meu vale
valho-me
do que está à margem
límpida e líbera
miragem
libertária

visionária
argila criadora
à beira
do que correnteza
intocada pela humana pata
apática
e rasteira

ou barro de margem de lago
de onde se molda o novo
o vasto
e o alto

dos centros
sempre distante
avante
aproximo-me
de meu ser central
e que deixe
à sociedade canalha
um banho de metralha

tudo vale a pena
se se cria
no que se extrema

arte
é o que (não) se vê
por dentro:

antes o longe
dos horizontes das margens
do que os enfeites do centro

*Poema reelaborado e republicado.

19 abril 2015

do Quando Morreste

quando morreste
(não que tiveste morrido)
nem soubeste
o que houveste vivo
ou que não és o que foste
e talvez nem foste
o que em ti te morreste:
tiveste sede
e sedeste

acabou-te o olhar
no antes do acima
(per)deste-lo abaixo
aos cachos em palmo
a palmo
do sonho enterrado
errado

agora
(con)tentaste
em varrer o teu pó
(es)correm-te astros
pelo (v)entre das coxas
e vomitaste nas mesas
em polentas certezas
as entranhas já roxas

e sorrias
como quem ainda ama
deixando à mostra
pelo céu da boca
uma pérola de ostra
e um (re)pasto de lama

e nem há arte
a falar-te

17 abril 2015

da Massa e da Máscara

I - a massa gosta de pão
e circo:
tem gosto por ser amassada
sovada
e depois andar de palhaço
com a cara branca de talco
sendo amestrada a chicote
em cima de um palco

II- desde criança
aprendemos a ler
...a escrever
...a lei da gravidade
...a fórmula de Bhaskara
e (principalmente)
a construir nossa máscara

III - a verdade
não é pra ser dita
nunca é bem-vinda
nunca é bem-quista
nunca é bem-dita
e ai dos que a digam
esses malditos

15 abril 2015

Dos Humanos Sonhos

os dois o’s
dos humanos sonhos
loucos longos
medonhos

esgotados
em sono torvo
dois o’s tortos
dois fossos
dois poços

demônios
de olhos em fogo
de horror
e desgosto

velórios
de dolor
e remorso
de bolor
e destroço

dois voos
de corvos:
os dois o’s
dos mortos

13 abril 2015

Morte dos Oceanos: "...por 3 mil milhas náuticas, não havia nada vivo à vista."


Recebo da organização Avaaz, o e-mail que segue:

"Ao retornar de sua última travessia no Oceano Pacífico, o navegador profissional Ivan Macfadyen trouxe um alerta assustador: 


'Estava acostumado a ver tartarugas, golfinhos, tubarões e muitas aves migratórias. Desta vez, porém, por 3 mil milhas náuticas, não havia nada vivo à vista.' 

Uma extensão do mar antes vibrante estava assustadoramente quieta, coberta de lixo. 

Especialistas chamam o fenômeno de colapso silencioso. Embora apenas poucos de nós vejam dessa forma, somos a sua causa: sobrepesca, mudanças climáticas, acidificação e poluição devastam nossos oceanos e dizimam espécies inteiras. Não é apenas a extinção de milênios de maravilhas e belezas, é também o impacto em nosso clima e em toda a vida na terra."

Isso quanto aos oceanos. Quanto aos rios, creio ser oportuno acrescentar a declaração do reconhecido fotógrafo profissional Sebastião Salgado (cuja obra é tema do filme "O Sal da Terra"), publicada no portal Sul21 (conferir aqui.):


“Matamos os nossos rios e as nossas florestas, e não há partido ou político que vá resolver isso sozinho”, atesta Sebastião Salgado. Para ele, o problema da crise hídrica brasileira é “de toda a sociedade. Todos somos seres políticos e temos responsabilidades sociais”.

As ações do fotógrafo de 71 anos vão além do discurso afinado. Desde 1998, ele e sua esposa, Lélia Wanick, mantém o Instituto Terra, responsável pelo plantio de mais 2 milhões de árvores em Aimorés, no interior de Minas Gerais. De acordo com Salgado, a falta de água tem sido mais sentida agora, “mas esse problema já vem acontecendo há muito tempo. Se estivéssemos cuidando dos rios e das florestas, não estaríamos tão dependentes das chuvas para encher os reservatórios”.

Os trechos acima, deixo-os para reflexão. Nosso futuro está se revelando um tanto sombrio. E torna-se ainda mais sombrio quando nós, humanos, negamo-nos a perceber a magnitude de sua sombra...

11 abril 2015

de Otimistas e Pessimistas

I - otimista é aquele
que ao olhar para um céu ensolarado
enquanto cai um avião de passageiros
vê somente o sol

II
– acreditar na humanidade
é desconhecer-se

III
– pessimista é aquele
que ao olhar para o mar em tempestade
entende que o mar só é grandioso
porque nele há também Terror

09 abril 2015

Sono Sanguíneo (ou A Propósito de Chopin)

líquido violento de tormenta
que escorre dos vales em urgência
vinho vivo em meu passo à beira

sou daqueles
que passam às margens do tenso
denso as miragens que olhos
e sempre um símbolo -beijo
de humanidade morta

despenca-me furiando
em cílios convulsiona-me
um sei que se apaga
no morrêr-do-sol

durmo a lua febre
pelo pulso de um cigarro
no noctâmbulo do que me existo
em finais ocasos violino

durmo após o mundo
no pânico da ânsia em charme
para acordar nos melan-cólicos
músico-sanguino-glóbulos
do que vem abraçar-me

07 abril 2015

Sartori em campanha: "priorizar a educação". Sartori eleito: corte de 20% na educação, saúde e segurança

Hoje foi dia de manifestações e reivindicações do CPERS. Minha contribuição é realizar a comparação a seguir. O que prometia Sartori durante a campanha política e o que efetivamente fez nos seus primeiros 100 dias de governo.

Durante a campanha: "Nesta quinta-feira, José Ivo Sartori participou do programa Pampa Meio Dia, da TV Pampa. O candidato da coligação O Novo Caminho para o Rio Grande falou sobre temas essenciais para que o Estado volte a ser referência nacional. Sobre a educação, Sartori afirmou que, se eleito governador, irá priorizar a área, pois é através dela que se formam cidadãos de bem e que irão garantir um futuro de desenvolvimento para o Rio Grande do Sul." É só conferir aqui.

"Muy lindo", como diriam nossos hermanos. No entanto, depois de eleito, no dia 19 de março, Sartori se mostra outra pessoa, nada simpática, e decreta  corte de banais 20% na Educação, Saúde e Segurança, ou seja, somente nas áreas de pouca importância, como se percebe. Nas consultorias, por exemplo, pagas a empresas privadas, o que é elemento de primordial importância para o povo gaúcho (imaginem um governo sem consultorias! chega a ser indecente!), Sartori não cortou um centavo. 

Olhem só o Sartori depois de eleito:

"O governador José Ivo Sartori (PMDB) decretou cortes de 20% nas secretarias, entre elas as que mais impactam no orçamento estadual: Segurança, Saúde, Educação e Transporte." Conferir aqui.

Agora imaginem se educação não fosse prioridade...

05 abril 2015

da Vida Prática


poesia é arte,
e é, portanto, inútil,
só tem uma função:
provar que somente vale a pena
o que for arte

II
as pessoas
da vida prática
são tão práticas
que se dedicam a resolver
todas as coisas

mas nada 
há de prático nisso
pois nada nunca se resolve:
a única resolução é a morte
quem resolve não vive

a vida é o oposto:
viver é não resolver
e não resolver-se


03 abril 2015

E o Resto é Fim

deixo o verso
que ele saia
sem que eu pense em nada
além de pensar

o verso nada tem a ver do que penso
a arte que por ele passa
vem de um outro todo
que nem tenho
vento que se vaga não comigo
lago que se nada no não-dito

deixo que passe
o que se passa por mim
por que não importa
aquilo do que sinto
e o que corre
no sangue do que tenho
de que vale o vale que me afundo?

o verso é vasto longo e fundo
vai muito além
do que nem está em mim:
por que querer
que ele fale de um eu?
por que o verso
tem que ser o que é meu?

02 abril 2015

De meu Livro

O poema acima, publicado na edição 67 do Caderno Literário Pragmatha, cujo tema é "Parto", está incluído em meu livro "Poemas do Fim e do Princípio", publicado em 2010. Clique sobre para ler.


30 março 2015

O Triunfo da Morte, de Bruegel, e a 1ª Guerra Mundial

O quadro, "O Triunfo da Morte", pintado por Pieter Bruegel (O Velho) em 1562, é e sempre foi uma das minhas telas preferidas. Bruegel e Bosch, sobretudo Bosch, dois pintores holandeses famosos por suas criações altamente bizarras, originais e imaginativas, fascinam-me sobremaneira. De certa forma, há algo em suas "visões" que antecipa o caos, os absurdos e as catástrofes  que aguardariam a humanidade no século XX. Não é à toa que são considerados prenunciadores, com 4 séculos de antecedência, do Expressionismo e do Surrealismo modernos.


O quadro "O Triunfo da Morte" seria, segundo estudiosos, uma representação da desolação causada na Europa pela gigantesca epidemia de Peste Negra durante o final da Idade Média, que dizimou cerca de um terço da população europeia da época. Porém, se formos analisar os detalhes da obra de Bruegel, percebemos que os cenários estão muito mais para uma destruição causada por uma grande guerra do que por uma epidemia, que, teoricamente, não destruiria o ambiente natural, apenas o homem e, como consequência, suas cidades. Pensando nisso, realizei abaixo uma comparação entre um detalhe de "O Triunfo da Morte" e entre imagens da destruição causada pela 1ª Guerra Mundial (1914-1918). 










27 março 2015

Falta-nos Humanidade?

falta-nos humanidade
ou humanidade é o que é?

o homem é isto
ou homem é o que não se foi?

alcançamos o ser humano
ou o ser humano
é um projeto não realizado?

ou ser um humano
não é um projeto para todos?
(a humanidade é o meio...?)

só se tornam humanos
os raros sobrehumanos?



25 março 2015

da Nova Peste Negra

I - Degradação
as pessoas
com mais nada se chocam
essas galinhas chocas

II – Radar
o derradeiro
rodar da Morte
a render seres humanos
e a rondar a humanidade

III – Risco
as formas de vida
em risco
e em breve na vida
um risco

* Na imagem, a imortal tela, "O Triunfo da Morte", de Pieter Bruegel