01 julho 2024

Um ave à Ave

pelos olhos negros da noite uma ave
uma ave de canto escuro partia
caía entre a treva eterna vazia
levando da minha alma sua chave

os astros choravam um piano mais grave
os anjos tocavam na ave, que eu via
luas nasciam em sangrenta agonia
e um lábio de morte beijava suave

voava ou caía a ave por entre o vasto?
não importa, tudo se ia com ela
levava minha alma sem deixar rasto

no bico da ave acendeu-se uma vela
com ela acesa deste mundo me afasto
e em fatais adeuses o céu se estrela. 


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