29 janeiro 2022

5 Curiosidades (Poéticas) sobre mim

1) eu adoraria, mesmo!!! com 7 tiros  na cabeça,
explodir e espalhar os miolos com sangue 
pela grama ou pelas paredes, os miolos com sangue de um caçador... (ilegal, ok.).
2) eu já tomei um porre de curaçau BLUE
misturado com vodka 
(talvez tequila tb, não lembro)
e lavei de vômito AZUL
o chão da casa de um amigo
(é, essa, alguns vão lembrar...
tem mais coisas, mas vou parar por aqui kkk)
3) eu já briguei de soco no meio da rua
(rua de terra, sem calçamento)
quando tinha 15 anos.
eu tava arrebentando a soco o desgraçado
(é verdade)
até que ele me deu um chute no saco
e saiu correndo.
4) ninguém vai acreditar
mas eu já conversei com um urubu.
ele estava no chão, no mato, e eu consegui
me aproximar até ficar do lado dele
e disse: "meu amigo!"
e ele respondeu, meio desconfiado e com nojo,
algo como "glu!".
5) quando eu tinha 7 anos
me apaixonei (achava na época)
por uma coleguinha que era japonesa
(descendente de japoneses)
e nunca tive coragem de me declarar é óbvio
até que ela foi embora
e desde esse dia pensei em ser poeta:
com 8 anos escrevi meu primeiro poema
que não tinha absolutamente nada a ver 
com a japonesinha.

25 janeiro 2022

O Décimo Verso é de Álvares de Azevedo

teu vasto furacão que o cosmos traga
teu lago de ilusão que a morte vaga
teu  sangue pelo não que me embriaga
teu rastro pelo chão trazendo a praga
teu dente de leão que a pele afaga 
teu deus não-cristão a que a vida esmaga
teu lúgubre trovão que o sonho estraga 
tua trágica paixão que a alma rasga 
teu tétrico perdão que a nada apaga 
"Teu fúnebre clarão que a noite alaga..."









20 janeiro 2022

A Arte Salva

eu escrevia que a coisa ficaria feia
no que se refere ao que estávamos fazendo
com nosso planeta.
(eu escrevia isso antes do século 21).
me diziam que eu era exagerado
pessimista alarmista 
e que queria chamar a atenção. 

(é verdade, me diziam mesmo
eu até poderia citar nomes...
mas pelo bem da sociedade, kkk,
não o farei).

eu escrevia isso antes de ser moda.
agora, que todos estão vendo
que fizemos merda, e muita merda,
eu cansei de escrever sobre
a merda que fizemos.
(o que não significa que apesar do cansaço 
eu tenha desistido de escrever).

mas no momento prefiro escrever (quase) só sobre Arte.
(e sobre Arte é escrever sobre tudo)
porque só nos resta uma gota de alma
e a Arte é que nos salva.


16 janeiro 2022

Pelos Séculos dos Séculos

não, não acabou.
a febre vermelha das altas vontades
se ergue dos sonhos dos astros dos mares
depois de séculos... olhares.

a chama de sangue em ventos de cosmos
se ergue do longe das névoas sentenças
depois de séculos... intensas.

o fogo de sóis de rosa em tormentas
se ergue em relâmpago de alma inflamada
depois de séculos... amada.

o incêndio de rios de íris não-vistas
se ergue nos olhos de tudo que vejo
depois de séculos... o beijo.


09 janeiro 2022

Ao Tigre e à Onça

Tigre tirano 
das florestas e dos gelos da Ásia
eu sempre te amei desde criança
e meus pais seriam testemunhas
se vivos ainda estivessem.

Tigre tirano imperador impiedoso
tua glória é tão grande
quanto os oratórios de Handel
e ainda que desapareças
jamais serás extinto
pois voltarás na nuvem trovejada
dos mistérios do amanhã.

Onça invencível
das florestas e das águas da América
eu sempre te amei desde a infância
e meus avós seriam testemunhas
se vivos ainda estivessem.

Onça invencível rainha impiedosa
tua força é tão grande
quanto as sinfonias de Brahms
e ainda que desapareças
jamais serás extinta
pois voltarás no raio relampejado
dos desígnios do amanhã.

07 janeiro 2022

Sentir é o que se precisa

só se escreve o que se vive
e eu vivo para o que escrevo
eu vivo para que se sinta
não há mais nada que me viva.
se tenho alguma função que preste
é ajudar a sentir.
 
sentir é o que se precisa:
sentir a dor do outro
a dor dos outros
a dor dos outros seres
a dor do planeta
e não só a dor 
mas sentir a vida:
arte é sentir
arte é o que nos torna mais sensíveis
e ser mais sensível é ser melhor.

muito mais que inteligência
muito mais que conhecimento
muito mais que tecnologia
o que se precisa é de sensibilidade.

sentir bem ou mal
é o único caminho.
só se importa quem sente.
só ama quem sente.

e quanto a  mim
só vivo para levar alguma sensibilidade
deixar alguma arte (minha ou não)
e isso me basta
me realiza
e assim posso morrer.


04 janeiro 2022

"Teu Fúnebre Clarão"

já quase nada
nada a ser dito.
a quem?
a homens que não leem
nem as cartas do seu destino
se (r)indo em seu acabar finitivo.

a homens que não leem
nem as palmas das suas mãos 
deixar uma palavra que fique?
ainda que desse 
não há  mais tempo
para piquenique.

não há preço que pague
escrever para ninguém 
dizer como se não houvesse
olhar como se não soubesse
"teu fúnebre clarão que a noite alaga".

e eu já (a)paguei a tudo:
a minha tempestade
já está relâm(paga).