a vida tornou-se a negação da vida
vale mais um Puma® nos pés
do que um Puma nos campos
vale mais um carro Jaguar mecânico
do que a alma de um Jaguar autêntico
afagam-se as máquinas
afogam-se as árvores
entroniza-se o robótico
aniquila-se o humano.
a esperança nos horizontes
assume os tons da poluição
os sons sombrios do Não:
ao contrário de César
não fomos não vimos não vencemos
não ouvimos a razão
e asfixiamos o que se sente
olho para o céu e não vejo cor
olho para o mar e não vejo ser
olho para o sangue e não vejo amor
não consigo ser lírico
não consigo ser épico
e malemal sou dramático
não há o que diga seja o que for:
eis o Triunfo do Horror.
29 novembro 2019
25 novembro 2019
Todo Mundo é Suicida
todo mundo.
quem é que não se mata?
quem não morre por?
de vício cobiça comida trabalho ou amor?
todo mundo
morre de tanto.
“o todo
é o prolongamento do indivíduo” (Kant)
quem não sabe
que a humanidade
é um lento firme vasto suicídio?
mas não sabem que é porque cada
um de nós se mata.
e logo
atingiremos a meta.
todos se destroem
por um desejo
ou um sucesso (a)final.
e nosso suicídio nem grande será
será reles baixo mesquinho
morremos por um punhado de nada
em papel
e em metal.
quem é que não se mata?
quem não morre por?
de vício cobiça comida trabalho ou amor?
todo mundo
morre de tanto.
“o todo
é o prolongamento do indivíduo” (Kant)
quem não sabe
que a humanidade
é um lento firme vasto suicídio?
mas não sabem que é porque cada
um de nós se mata.
e logo
atingiremos a meta.
todos se destroem
por um desejo
ou um sucesso (a)final.
e nosso suicídio nem grande será
será reles baixo mesquinho
morremos por um punhado de nada
em papel
e em metal.
20 novembro 2019
Poema para Finalizar um Livro
eu já nem sei mais o que não te diga
com todos os finais que me trouxeram
deixei que tortas as palavras viessem
que os meus olhos me desfizessem as almas
nem sei mais o que não há onde estou
nem sou mais onde estou junto ao que morre
por onde andavas nasceram-me lobos
sinto sono em pensar no que não fiz
e acaba o mundo lento como a morte
me sinto um sapo ouvindo a lua nova
descem névoas sobre as luzes urbanas
e gafanhotos sobre ondas gigantes
olhei acima e seriemas cantavam
entre tormentas cada vez mais baixas
cheirei misérias onde quer que fosse
e Teu silêncio cada vez matava
tateei Amor que nos furiava em longes
nem mesmo assim eu disse alguma coisa
com todos os finais que me trouxeram
deixei que tortas as palavras viessem
que os meus olhos me desfizessem as almas
nem sei mais o que não há onde estou
nem sou mais onde estou junto ao que morre
por onde andavas nasceram-me lobos
sinto sono em pensar no que não fiz
e acaba o mundo lento como a morte
me sinto um sapo ouvindo a lua nova
descem névoas sobre as luzes urbanas
e gafanhotos sobre ondas gigantes
olhei acima e seriemas cantavam
entre tormentas cada vez mais baixas
cheirei misérias onde quer que fosse
e Teu silêncio cada vez matava
tateei Amor que nos furiava em longes
nem mesmo assim eu disse alguma coisa
17 novembro 2019
Eduardo Leite - Bolsonaro: a Destruição do Serviço Público em Nome do Lucro dos Ricos
Os desgovernos de Bolsonaro e, aqui no RS, de Eduardo Leite, têm um propósito claro e ostensível: destruir o serviço público em todos os setores, a começar pelo da Educação, já que a Educação é a base, o pilar de toda nação que busque algum desenvolvimento consciente. Desestruturá-la é a melhor forma de impedir o surgimento de mentes pensantes, que constituem a principal ameaça ao neoliberalismo.
As intenções de Bolsonaro eram conhecidas desde a campanha, muito embora, uma vez no poder, elas se mostraram muito mais descaradas e perversas. Já Eduardo Leite fez o jogo da "oposição consciente" a Sartori, uma vez que o outro desgoverno, o de Sartori, estava afundando o estado, e soaria muito feio dizer que se realizaria uma continuação. Depois de eleito, como é natural em políticos hipócritas, ou seja, a grande maioria deles, ostentou sua verdadeira cara: Leite é um discípulo de Sartori, tanto nas intenções quanto na hipocrisia. Sartori colocou a máscara do tiozinho simpático"; Leite, a do "bom moço bem intencionado".
Mas como de boas intenções o inferno está cheio, ainda mais quando essas intenções não são boas coisa nenhuma, Leite está seguindo à risca a cartilha neoliberal que Sartori implantou e que agora Bolsonaro tenta fazer no Brasil (seguindo a linha de Temer com mais crueldade e idiotice): isenção fiscal para grandes empresas (ou seja, abrir mão dos impostos pagos pelos ricos), ausência de combate à sonegação fiscal e a privilégios, perdão de dívidas de grandes empresários e latifundiários, privatização, entrega a preço de banana as riquezas naturais da nação para a iniciativa privada, taxação da renda já diminuta dos mais pobres, redução drástica dos direitos trabalhistas, incluindo, é óbvio, os direitos à aposentadoria, afrouxamento da legislação ambiental e sucateamento dos seus órgãos de fiscalização, e, é claro, por fim, culpabilização do servidor público pelos males do país e destruição gradativa dos serviços prestados à população, principalmente os direcionados aos mais vulneráveis e discriminados.
No RS, enquanto os direitos e salários dos servidores estão sendo atacados de forma absurda e desumana, principalmente em se tratando da categoria do magistério, a sonegação fiscal bate recordes todos os anos. A estimativa do sonegômetro RS é de que já foram sonegados até agora 8,5 bilhões de reais dos cofres públicos. Só ESTE ANO. Sonegar é um eufemismo, porque a palavra deveria ser ROUBAR. Sonegação é o nome que se dá quando o empresário rouba do consumidor e coloca o dinheiro que deveria ir para o estado no seu próprio bolso. É aquilo que faz o dono da Havan, por exemplo, e depois é aplaudido por seus clientes roubados e imbecilizados.
Não há nada de complicado no pensamento neoliberal. Pelo contrário, é um pensamento rasíssimo: tira-se dos pobres para dar aos ricos. Robin Hood ao contrário. Tudo é feito pensando-se nos lucros das empresas e do agronegócio. No caso do serviço público, a primeira coisa a fazer é sucateá-lo, ir minando suas estruturas, pagando a mídia para divulgar só o que interessa ao governo, para que a população mal informada pense que o serviço está ruim por culpa dos servidores, e que a solução é ir para a iniciativa privada. Pagar para a iniciativa privada aquilo que é direito do cidadão contribuinte.
Tem gente que aplaude. Ou porque é beneficiada ou porque é idiota mesmo.
Crédito da Imagem: Luiz Paulo Nunes Milani
Crédito da Imagem: Luiz Paulo Nunes Milani
16 novembro 2019
Não sendo o que não sou
a minha poesia
é minha:
cada um é cada um
e desses
eu não sou nenhum.
se é faz de conta
sem um conto
vão de hospício
ou tudo em vão
é problema meu:
como se as coisas
que os outros fazem
fossem levá-los
até o céu.
a minha poesia
não dá explicação
e nem faz o que esperam dela.
e o tempo sopra
e apaga de todos a vela.
que minha poesia
não seja nem cela
(daquelas presas em regras)
nem sela
(daquelas que alguém encilha).
a minha poesia
que seja só ela
e quem me dera
(ah, falta da minha estrela)
eu fosse sê-la.
é minha:
cada um é cada um
e desses
eu não sou nenhum.
se é faz de conta
sem um conto
vão de hospício
ou tudo em vão
é problema meu:
como se as coisas
que os outros fazem
fossem levá-los
até o céu.
a minha poesia
não dá explicação
e nem faz o que esperam dela.
e o tempo sopra
e apaga de todos a vela.
que minha poesia
não seja nem cela
(daquelas presas em regras)
nem sela
(daquelas que alguém encilha).
a minha poesia
que seja só ela
e quem me dera
(ah, falta da minha estrela)
eu fosse sê-la.
14 novembro 2019
Testemunha
não há luz em parte alguma.
o Olho de Sauron caiu inteiro e pesado
sobre o pesar da humanidade.
a esperança é o que nem há-de...
quanto a mim
o que escrevo agora é tudo
e meu autêntico fim
mal sei do que sou
como o poema nem sabe de si.
o melhor que faço é ficar aqui:
testemunha do cair da sombra.
já nada mais me assombra
e quando digo que não me estou
é nada
em absoluto:
já não há nada além do luto.
só escrevo porque escorre:
e o melhor que (des)faço
é o meu porre.
o Olho de Sauron caiu inteiro e pesado
sobre o pesar da humanidade.
a esperança é o que nem há-de...
quanto a mim
o que escrevo agora é tudo
e meu autêntico fim
mal sei do que sou
como o poema nem sabe de si.
o melhor que faço é ficar aqui:
testemunha do cair da sombra.
já nada mais me assombra
e quando digo que não me estou
é nada
em absoluto:
já não há nada além do luto.
só escrevo porque escorre:
e o melhor que (des)faço
é o meu porre.
12 novembro 2019
Sobre a Destruição do País promovida pelo Desgoverno Bolsonaro
Hoje, 12 de novembro, é o Dia do Pantanal. O Pantanal é um dos mais ricos em vida biomas do mundo e a maior área alagada do Planeta. Mas, como tudo no Brasil, está ameaçado pela destruição do desgoverno Bolsonaro. A sua política de destruição ambiental é clara e sem freios. O próprio Bolsonaro admitiu ter "potencializado" as queimadas no país. Este ano, a área queimada no Pantanal aumentou em quase 600% com relação ao ano passado. Fazendeiros foram os principais responsáveis pelo início dos focos, o que foi agravado por uma das maiores secas da história na região. Estudiosos da vida pantaneira dizem que os incêndios deste ano foram sem precedentes. A intenção de Bolsonaro é clara. Permitir e incentivar as queimadas, para que depois o agronegócio possa avançar sobre as áreas degradadas. Tanto que, agora, liberou o plantio de cana-de-açúcar no Pantanal e na Amazônia, ignorando estudos que provam que a plantação de cana é altamente nociva a esses ecossistemas, e rompendo com o zoneamento ecológico feito durante o governo Lula, que proibiu o plantio de cana nessas regiões, possibilitando que o álcool brasileiro fosse reconhecido mundialmente como livre de degradação ambiental. O projeto de destruição do país por parte desse desgoverno precisa ser barrado.
#forabolsonaro #impeachmentbolsonaroURGENTE
#pantanal #queimadas
10 novembro 2019
Eu Confesso
eu confesso que não eu presto
que não estou no que me esperam
meu sonho era ser maldito:
não posso ter sucesso nem ser homem de bem
deus me livre do caminho certo
e de ser homem de moral.
confesso que não faço
confesso que nem tento
essa coisa de progresso
carreira e desenvolvimento
assegurado na velhice
com prêmios e reconhecimento
e coisa e tal.
confesso minha angústia
admito que ainda sinto
que me emborracho e me desminto
não fiz viradas com roupa branca
ou com mentiras de alto-astral.
mas confesso que me finjo
a suportar o insuportável
da convivência entre gentes
e a necessidade social.
e confesso que escrevo:
escrever é isso
e ponto final.
que não estou no que me esperam
meu sonho era ser maldito:
não posso ter sucesso nem ser homem de bem
deus me livre do caminho certo
e de ser homem de moral.
confesso que não faço
confesso que nem tento
essa coisa de progresso
carreira e desenvolvimento
assegurado na velhice
com prêmios e reconhecimento
e coisa e tal.
confesso minha angústia
admito que ainda sinto
que me emborracho e me desminto
não fiz viradas com roupa branca
ou com mentiras de alto-astral.
mas confesso que me finjo
a suportar o insuportável
da convivência entre gentes
e a necessidade social.
e confesso que escrevo:
escrever é isso
e ponto final.
06 novembro 2019
Do Insulto
I - os artistas
(poeta músico pintor ou o diabo)
são sempre egoístas:
querem que os outros sintam
as emoções que eles sentem.
mas os outros
não sentem nem por eles mesmos.
II - artista é quém desperta
as emoções dos outros?
só se for a socos.
III - quem quer fazer arte
(hoje mais do que nunca)
tem que ser maldito.
porque as pessoas
não se emocionam mais
a não ser quando insultadas.
(poeta músico pintor ou o diabo)
são sempre egoístas:
querem que os outros sintam
as emoções que eles sentem.
mas os outros
não sentem nem por eles mesmos.
II - artista é quém desperta
as emoções dos outros?
só se for a socos.
III - quem quer fazer arte
(hoje mais do que nunca)
tem que ser maldito.
porque as pessoas
não se emocionam mais
a não ser quando insultadas.
04 novembro 2019
Envelhecimento Precoce
a humanidade está velha:
aquele envelhecimento precoce
de quem não soube envelhecer
sem sonhos sem sentido sem ideais
(não se acredita em nada mais
e nem há como acreditar)
está como quem olha para um futuro
e não o vê
a humanidade está velha:
não traz mais nada de novo
vive de passado
recapitula tudo o que fez na história
e hoje é um amontoado de temas usados
que se repetem em caos
que se retornam em farsas
em escalas de decadência
a humanidade está velha:
e não aceita
muitas experiências
pouco aprendizado
não se tornou sábia
se empederniu na insensibilidade
doente e caduca
já nem pode aprender
nem se reconhece diante do espelho
a humanidade está velha:
com sua bengala de arrogância
sai às cegas
a dar bengaladas na própria casa
e no próprio destino:
agonizante
e na quase total inconsciência
por um resto de intuição
sente a presença da morte
sua esperança está no que vem depois.
aquele envelhecimento precoce
de quem não soube envelhecer
sem sonhos sem sentido sem ideais
(não se acredita em nada mais
e nem há como acreditar)
está como quem olha para um futuro
e não o vê
a humanidade está velha:
não traz mais nada de novo
vive de passado
recapitula tudo o que fez na história
e hoje é um amontoado de temas usados
que se repetem em caos
que se retornam em farsas
em escalas de decadência
a humanidade está velha:
e não aceita
muitas experiências
pouco aprendizado
não se tornou sábia
se empederniu na insensibilidade
doente e caduca
já nem pode aprender
nem se reconhece diante do espelho
a humanidade está velha:
com sua bengala de arrogância
sai às cegas
a dar bengaladas na própria casa
e no próprio destino:
agonizante
e na quase total inconsciência
por um resto de intuição
sente a presença da morte
sua esperança está no que vem depois.
02 novembro 2019
Não Falo de Mim
não falo de mim.
não falo da minha tristeza
porque a minha tristeza é minha amiga.
não falo do meu coração
porque para falar do meu coração
eu tenho que o escutar
e eu não consigo escutar seus gritos
abafado pelos estrondos das tormentas
em que sempre anda metido.
não falo da minha alma.
o que resta dela está muito ocupado
se dando conta do Horror
que cai sobre todos nós.
falar da minha vida?
é inútil.
mas eu daria de bom grado
minha vida inútil
se fosse para varrer
esta humanidade da face da terra.
não falo de mim.
mentira.
todo este horror de que falo
sou eu.
não falo da minha tristeza
porque a minha tristeza é minha amiga.
não falo do meu coração
porque para falar do meu coração
eu tenho que o escutar
e eu não consigo escutar seus gritos
abafado pelos estrondos das tormentas
em que sempre anda metido.
não falo da minha alma.
o que resta dela está muito ocupado
se dando conta do Horror
que cai sobre todos nós.
falar da minha vida?
é inútil.
mas eu daria de bom grado
minha vida inútil
se fosse para varrer
esta humanidade da face da terra.
não falo de mim.
mentira.
todo este horror de que falo
sou eu.
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