escrever é como a vida:
não se vive só o que se quer
não se escreve só
o que os outros querem ler.
escrever é sobre o que se vive
e o que se vive está muito além do que se espera
seja para o bem seja para o mal.
não se vive só o que se quer
não se escreve só
o que os outros querem ler.
escrever é sobre o que se vive
e o que se vive está muito além do que se espera
seja para o bem seja para o mal.
escrever não é deixar manual e cartilha
de como se viver ou de como ser feliz:
isso é particular de cada vida vivida.
quem escreve não pode deixar o leitor confortável
e seguro nas suas certezas:
há que se ler e se sair perturbado
como a pedra jogada no lago
perturba a placidez da água parada.
não há vida vivida
sem que se sinta o gosto de sangue na boca
sem que se engula o vermelho do amor.
"escreve com sangue
e aprenderás que sangue é espírito"
escreveu Nietzsche.
ou "sangue é vida"
como disse Bram Stoker.
não espera literatura sem sangue.
a palavra limpa e sã não diz nada para a vida
(porque a vida não é limpa e sã)
o que há de mais belo e fundo
veio do sangue derramado
da ferida aberta escancarada.
veio do sangue derramado
da ferida aberta escancarada.
e a poesia é a navalha nessa ferida.
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