pra que seguir acordada
no final do teu dia
que não deu em nada?
caminhar para onde?
destruir mais o quê?
tu já caminha em círculos infernais
a matar a vida por onde passa
a voltar com um rastro de sangue
sempre ao mesmo lugar
que sentido encontrou
em tudo que tu (não) fez?
florestas tombadas rios de imundícies
animais extintos desertos venenos
lagos de fezes horrores e medos
paraísos que se tornaram infernos
abismos que se abriram cedo
seja o que for do que fores
humanidade
deixou em agonia teus filhos
arrancou os membros e furou os olhos
da tua mãe
por um saquinho de moedas
e não há passo a ser dado
que em si já não tenha sido
nem há nada a ser dito
nem um feito a ser erguido
nem um algo acreditado:
só resta teu vasto cansaço
só resta tua casa em pedaços
só resta tua alma vazia
Humanidade...vai dormir
que amanhã é outro dia
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