quando saio às ruas pelas manhãs
percebo o quanto as ruas pelas manhãs
são um porre
(ah, quem dera fossem um porre):
aqueles montes de gente amontoada
que nem percebem que não passam de montes
aquelas gentes apressadas
estressadas
mecanizadas
esvaziadas
adas...
nadas
pra lá e pra cá como moscas tontas
a comprar merdas e pagar contas
seguindo aquela vida (f)útil
arrastando suas mori bundas
e afundando seus cus nos seus carros do ânus
com aquele sorriso estúpido
de quem contribui para o progresso
(ainda há quem acredite em progresso)
da sua cidade do seu país da civilização
certas de que estão certas
de que existe papai noel
desenvolvimento
e evolução
quando saio nas ruas pelas manhãs
me deploro com o que há-de:
que é o lembrar de que o que vejo
trará o futuro da humanidade
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