viver à margem
no meu vale em que não valho
na beira do que correnteza
intocada pela humana pata
acorrentada
apática rasa rasteira
viver à margem
melhor o barro do que o esgoto
melhor o sapo do que o rato
melhor o nada do que o produto
melhor a ruína do que o enfeite
melhor a noite do que o que é gente
do que for centro me margem distante
deixe-me no meu avante
para o meu sem-sentido ideal
longe do que correto do que sensato
do que científico do que social
não há nada nos meios
só há nos extremos
e tudo vale a pena
quando se vive
no que se extrema
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