quem dera minha vida
fosse sempre noite
como um Stabat ou um Salve
de Giovanni Battista
Pergolesi Reiffer
sempre noite
em segredo e medo
(num eterno ainda é cedo)
(num eterno ainda é cedo)
e eu não tivesse
que dizer mais nada
só um poema sem forma nem ritmo
como esta minha vida
sem fôrma nem trilho
sem norma nem brilho
noturnizada
fosse sempre noite
lagoas de música e álcool
vapores de vinho e de fumo
asas de precipício e céu
que viver não passa de
morte
entre o sem nada e o sem
rumo
que fosse sempre noite
aquela beira do fatal e do
adiante
nunca a manhã que nunca é
minha
que a esperança só existe
quando se está bêbado
e à merda todos os sênsatos
cágados autômatos
quem dera minha vida
fosse sempre noite
ou seja
fosse sempre vida
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