01 março 2016

de Quando Morreste*

quando morreste
não que tiveste morrido
mas nem soubeste
o que houveste de vivo
ou que nem és o que foste
e talvez nem foste
o que em ti te morreste:
não tiveste sede
e cedeste

acabou-te o olhar
bem antes do acima
(per)deste-o abaixo
a palmo por palmo
do sonho enterrado
errado

agora
(con)tentaste
em varrer o teu pó
(so)correm-te astros
pelo (v)entre das coxas
e vomitaste nas mesas
entre polenta e certezas
as (des)entranhas já roxas

e sorrias
como quem pensa que ama
deixando à mostra
pelo véu da boca
uma pérola de ostra
e um (re)pasto de lama

e nem há arte
que possa falar-te

*Poema reelaborado e republicado

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