se quiseres ser feliz
não espera
nada de coisa alguma ou algo
de isso ou de aquilo nem
do sol nem de Deus nem
de si e de ninguém
muito menos do que vem
lembra-te que esperança
rima com quem cansa
e que qualquer expectativa
não vale um cuspe qualquer
da tua saliva
quando tiveres uma esperança
executa-a entre a dança
com uma flecha entre a testa
ou enforca-a
ou dá-lhe um tiro
(na cabeça,
não te esqueça)
ou atira-a na rio
atada com um peso
e terás o lírio-alívio
do confiante desprezo
quando disserem de ti
ou a ti
coisas que gostas de ouvir
acredita com toda confiança
que é mentira
e se ainda não é
um dia será
recorda-te que qualquer pessoa
(antes de prova ao contrário)
é má
lembra-te que se pensas
que não estás sozinho
é porque não olhaste bem
ao teu lado
e que tudo que nos sorri demais
está a um lábio
de dar errado
nunca espera
ou espera ao nunca
deixa o rio correr
que ele sempre leva
ser feliz
é nunca esperar ser:
às vezes
sem que se espere
brilha um olho na treva...
(Poema reelaborado e republicado)
(Poema reelaborado e republicado)
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