28 dezembro 2012

Guerra, de Augusto dos Anjos

Este soneto de Augusto dos Anjos foi escrito em 1910, quatro anos antes da Primeira Guerra Mundial. 


Guerra é esforço, é inquietude, é ânsia, é transporte...
É a dramatização sangrenta e dura
Vir Deus num simples grão de argila errante,
Da avidez com que o Espírito procura.

É a Subconsciência que se transfigura
Em volição conflagradora... É a coorte
Das raças todas, que se entrega à morte
Para a felicidade da Criatura!

É a obsessão de ver sangue, é o instinto horrendo
De subir, na ordem cósmica, descendo
À irracionalidade primitiva...

É a Natureza que, no seu arcano,
Precisa de encharcar-se em sangue humano
Para mostrar aos homens que está viva!

Augusto dos Anjos

Para quem lesse este poema em 1910, seria um absurdo imaginar que a humanidade se abismaria em duas guerras mundiais nos anos vindouros...

4 comentários:

Davi Machado disse...

seria profecia? rs
muito bem lembrado esse poeta sem igual!

Unknown disse...

Era um período em que a guerra vivia constantemente nas vidas.
Atualmente, as pessoas fingem evitar guerra.
Beijos!!

Marcílio Tavares disse...

Estes versos de Augusto dos Anjos, demonstram, de certa forma, a triste e cruel, realidade das "Guerras", daquelas que já ocorreram, das que estão ocorrendo e das que, infelizmente, ainda ocorrerão.😥🙏

Anônimo disse...

Pouca coisa mudou!

Lucy Almeida