02 agosto 2011

O Gênio Maldito Arthur Rimbaud abandonou a poesia e foi traficar armas. E fez muito bem.

Nascido em 1854, na França, Rimbaud, um dos maiores gênios poéticos da história da humanidade, criou toda sua obra entre os 15 e 20 anos de idade. Obra absolutamente fenomenal. Revolucionou a literatura, partindo do simbolismo de Baudelaire, Rimbaud anunciou o irracionalismo e o surrealismo, foi um dos criadores da poesia moderna, influente até os dias de hoje. E com uma obra criada na adolescência. Ele via coisas que ninguém via. E soube como raros expressar as suas visões em palavras de loucuras, alucinações e delírios.

Depois disso, abandonou tudo para viajar pelo mundo, não a passeio, mas a loucura, e sua vida se transformou num mito. Não quis mais saber de escrever. Estava certo. Para quê? Ele já tinha feito mais do que suficiente. E para que perder mais tempo com poesia? Se bem que até tem certa utilidade. Para se postar no twitter, por exemplo. Mas Rimbaud queria provar para seus pais que era um cara sério, e não só um poeta. Foi tentar enriquecer na África. Depois que o acusaram injustamente de homossexualidade. Ele não era. Pelo menos não há nenhuma prova de que o fosse. Pelo contrário. Só se conhecem ligações de Rimbaud com mulheres. Teve um caso com uma viúva italiana e depois casou com uma etíope. Dizem que seu amigo, Verlaine, era bissexual. Porém, Verlaine afirmou que foi tudo invenção da mulher dele. Bem, aí eu já na sei. E também, se Rimbaud fosse homossexual, sua obra continuaria a mesma.

Toco no assunto, porque já inventaram muita coisa sobre Rimbaud. Inclusive que ele teria feito tráfico de escravos na África. Comprovou-se que foi uma calúnia. No entanto, é verdade que traficou armas no continente africano para ganhar algum dinheiro. Como já disse, ele queria provar a seus pais que era um homem sério capaz de ganhar dinheiro e enriquecer. Não trabalhando. Poetas são seres vagabundos. Não gostam de trabalhar. Aliás, quem é que enriquece só trabalhando? Como diria Balzac: “Por trás de toda grande fortuna, há um crime”. É, traficou armas, mas não foi muita, não. Não conseguiu enriquecer.

Mas ele não fez só isso em suas andanças delirantes. Andando por toda Europa e parte da África e da Ásia, aprendeu diversas línguas, aprendeu a tocar piano, tentou se alistar na marinha americana, fugiu da polícia, foi catador de destroços, teve que amputar uma perna e acabou contraindo febre tifóide. Morreu com 36 anos. De uma vida vivida intensamente.

 O que fez Rimbaud abandonar a poesia, para a qual era tão espetacularmente dotado, e ir traficar armas? Não, não foi só o desejo de mostrar aos pais que ele poderia ganhar dinheiro. Abandonou a poesia porque era poeta demais. Porque sentia demais. Ele simplesmente não sabia mais o que dizer. Dizer como? Para quem? Para quê? Se o que ele escreveu na adolescência já era incompreensível para o seu tempo, o que seria a sua criação da fase adulta? Não, Rimbaud não tinha mais nada o que escrever.  Desiludiu-se com tudo, com a humanidade principalmente, e foi tentar ganhar dinheiro. Não, foi tentar viver. Chegou àquele ponto em que não se agüenta mais nada e que nada mais serve, tudo é miseravelmente pouco. Decidiu então ir para longe da mediocridade dos que tentam julgar e determinar o que não se pode: a poeta e a poesia. Alguns gênios malditos quando chegam ao ponto de Rimbaud, suicidam-se, viciam-se em alguma coisa, venenosa, de preferência, tornam-se ocultistas, saem a cometer as coisas mais abomináveis diante do julgamento medíocre dos olhos da sociedade hipócrita. Rimbaud foi traficar armas e encontrar a morte em meio ao horror.

Nenhum reles humano tem permissão de o julgar. Quem já leu “Uma Temporada no Inferno” sabe disso.

“O poeta é o grande enfermo, o grande delinquente, o grande proscrito e o maior dos sábios.”  Arthur Rimbaud

31 julho 2011

Eu Sou o Bem

sou o que nunca está sempre sendo
eu sempre fujo
de onde sabem que eu estou
para que não me saibam em erro
porque o erro é o que sou
não o erro do equívoco
mas o erro do que se entende como erro
pois estou no oposto do senso
sou vago impossível denso...

nunca estive ali onde me dizem
confundo-te para que me entendas:
sou o que está latente
nunca deixo meu olho
e tu nunca sentes meu dente...

existo entre o que não há-de
não há sinal na minha face
e não há quem a trace
e nem que possa vê-la:
sou eu que a(s)cende o sol
em silêncio de não-vista vela
sou sempre o teu não-ver:
eu sou o Ser

29 julho 2011

O Mundo Próximo da Terceira Guerra Mundial?

Se voltarmos algumas décadas na história, mais precisamente para os anos 30, veremos um cenário mundial bastante semelhante ao que vivenciamos atualmente. E não é preciso conhecer muito de História para saber que na segunda metade da década de 30 a humanidade desembocou no horror da 2ª Guerra Mundial.

O que acontecia mesmo naqueles distantes anos 30? (Nem tão distantes assim...).  Primeiramente, a xenofobia na Europa chegara a um nível assustador. Como hoje. Quem não era europeu de sangue não era bem-vindo por lá. Hoje também não. Tão grande é o racismo e o preconceito europeu que Anders Breivik, o responsável pelo genocídio na Noruega foi apenas considerado culpado, pela OTAN e pelos EUA, de um simples ato de violência. É que ele é europeu e cristão. Se fosse árabe e muçulmano, seria um terrorista. Percebam que o “autêntico" norueguês deixou um manifesto racista justificando seu ato, não um texto sem sentido, escrito por um lunático, mas um texto racional e bem argumentado, muito embora sem fundamento científico. Lembra muito o “Mein Kampf” de Hitler. É óbvio que ele não fez o que fez sozinho, sem respaldo na sociedade. Há todo um pensamento e uma  atitude racista na Europa que lhe dão sustentação. O nacionalismo europeu voltou a crescer nos últimos anos com força espantosa. Não nos esqueçamos que o nazismo era em essência nacionalismo exacerbado.

E a crise econômica atual? Muito semelhante a dos anos 30. Está certo que os EUA ainda não estão no nível da Grande Depressão. Mas estão perto. A um passo de um calote na dívida. Já pensaram no que isso irá significar para a economia mundial? A maior potência mundial dando calote. A Europa já está sendo varrida por uma das piores crises econômico-sociais de sua história. O desemprego raras vezes foi tão alto. Impostos sendo elevados e benefícios sendo retirados da população. A verdade é que a Europa anda mal das pernas. E cada vez pior. O que isso causa mesmo? Revolta e insurreição social. E assim vai crescendo ainda mais o ódio contra os estrangeiros. Que vão para a Europa “roubar” os empregos dos europeus. E os outros povos, sentindo-se injustiçados, explorados, discriminados, violentados querem revidar, é claro. Ah, a vingança, o gosto da vingança não tem preço. O terrorismo é a arma para se sentir o gosto da vingança. Na década de 30 havia antissemitismo. Agora há anti-islamismo.

E agora há um ingrediente a mais para uma nova guerra mundial: a crise ambiental. Afinal, guerrear por água talvez seja melhor que guerrear por petróleo. Isso sem falar nos refugiados ambientais, aqueles que fogem desesperados das catástrofes que cada vez mais assolam o planeta. Para onde eles irão? Imagine milhares, milhões de refugiados miseráveis invadindo o seu país, já em crise econômica... Ah, não dá para aguentar, é guerra.

E assim caminha a humanidade...

27 julho 2011

Eu Sou o Mal

quando os teus olhos olham
sou eu que olho nos teus olhos
não por fora mas de dentro
mesmo que vejas
pensando que eu sou tu...

quando sentes não me sabes
mas sou eu ali em teu desconhecer
sentindo o meu como se fosse teu
pois se soubesses de mim
esse mim não seria eu

mas sou eu que invento tua mentira
que não sabes que mentes
a de que eu nunca amo
apenas me apego
e minto que o apego
com que sofres
é amor
na verdade nunca digo a verdade
a não ser (eu sou o não-ser)
que ela me interesse
e o meu interesse é no que é meu...

sou a máscara invisível
a face que é a tua
mas que não vês e nem ninguém
e que talvez só vejam a ela
eu sou a tua tela...

quando pensas sempre pensas em mim
sem pensar
porque sou eu que penso por ti
mas digo que és tu
para que desejes o que eu desejo
sou o que passa pela tua cabeça
quando  pensas que tens o controle
e movo tua mão
como marionete...

conheces-me tão bem
quanto a ti mesmo
mas eu te conheço melhor
e gosto de não ser aceito
porque me faço aceitar
em meu não-ser negro
sem ser percebido:
estou em tudo que é teu...
eu sou o Eu

25 julho 2011

O Erro é o Há Certo

quanto mais me tento acertar
mais me alongo do acerto
se me aproximo fico mais longe
e da distância me distancio
como o poço que é sempre mais poço
quanto mais está vazio...
talvez porque o certo
não seja o que é acerto
nem o que mais perto

aquilo que falo
falo a que onde?
quando digo
quem é que está comigo?
o que é aquilo que ao não me responde?
em que ego o meu eco ecoou pela Terra?
o que me ergue é o que me aterra...

errando pelo meu caminho
tornei-me o deus do que não sou
e matando-me a mim
deixei minha flâmula
no alto do cerro:
acertei-me mais
quanto mais mirei no Erro...

23 julho 2011

Versos Erguidos

sempre distante de teu sucesso tedioso
sentenciei-me acabando por entre meus sonhos
e quanto mais fundo me acabo
ergo-me cada vez melhor acabado

sempre longínquo de teu marasmo sensato
acabei-me flechado por trágico orgulho
e quanto mais me dispo de orgulho
ergo-me cada vez mais exaltado

sempre em desprezo de teu saudável sorriso
orgulhei-me de insano em dramática doença
e quanto mais em violência adoeço
ergo-me cada vez mais inflamado

sempre em desgraça de teu vazio perfeito
adoeci-me em tormentas de arcanjos rebeldes
e quanto mais sem consolo rebelo-me
ergo-me cada vez mais rebelado

sempre em fracasso de teu destino traçado
rebelei-me sendo Rei sempre ao descer
e quanto mais aos abismos me desço
ergo-me cada vez mais elevado

21 julho 2011

O Ar em Movimento

minha palavra em lava
esvaziada pelo vento
o vazio da minha lavra
de palavra já ventada
minha lava em ventania
sem palavra no vazio
o meu livre enderramado
esvaziado em vendaval
minha palavra deslavada
derramada do meu vaso
meu vazio ventalizado
já lavado de palavras
meu tornado derramado
desvazado no meu livre
minha palavra ciclonando
em teu vazio vandalizada
ventaniando minha palavra
um furacão para  o teu nada

20 julho 2011

Aviso

um fóton da luz
é o que me fala-te
um fluido da lua
é o que te diz-me
lá por onde
(em que meu soprar se esconde)
meu verbo versa pelo vento
é que em ser me sou
lá onde rumam-te rumores
é onde em ver sou sol
há na minha sina um sino
(desígnio em destino)
que se (h)ouve além
de onde ele não está
que no que digo sempre venta
(atenta ao que te (a)tenta)
há um sussurro de livre escuro
e minha cura onde febre murmura
que onde não estou em meus olhares
meus versos vos olham todos lugares...

18 julho 2011

A Pior Seleção Brasileira de Futebol de Todos os Tempos

Se não é a pior, e eu acho que é, está entre as piores da história, com certeza. Por isso que torço para o Uruguai desde o início da Copa América, aliás, desde a Copa do Mundo do ano passado. O que se viu ontem não foi só o fiasco retumbante dos pênaltis, mas um time sem garra, sem uma real vontade de vencer, jogadores desmotivados, com alguma que outra exceção. 

Está certo que o Brasil dominou o jogo e até poderia ter vencido, mas fez muito, muito pouco para uma seleção aclamada como a maior do mundo. Atacou sem eficiência, sem gana de vitória, ficou no 0x0 contra apenas o Paraguai! Tudo bem que o futebol paraguaio evoluiu um pouco, mas não estamos diante de um campeão do mundo, e que venceu somente duas vezes a Copa América (enquanto o Brasil venceu 8, e a Argentina e o Uruguai 14 vezes cada um). E a última vez que o Paraguai venceu foi em 1979. Ou seja, a seleção brasileira pentacampeã mundial não consegue fazer um gol na modestíssima seleção do Paraguai. E tanto não consegue que nem com 4 pênaltis conseguiu, haha! Aliás, o Brasil não consegue fazer um gol nem na Venezuela. Bons tempos aquele em que Brasil x Venezuela era certeza de goleada. Para o lado brasileiro, é claro.

Jogaço foi Argentina x Uruguai. Um show de garra e vontade de vencer do time uruguaio. Eles não têm aquela seleção de craques da Argentina (que é só uma ótima seleção, mas não chega a ser um time) nem a tão badalada técnica brasileira, mas têm raça de sobra. Torço para os irmãos uruguaios, gaúchos também.

Agora, os jogadores brasileiros, o que fazem em campo? Mas eu entendo, com o salário de professor deles, o que poderiam  fazer? Não há como se motivar. Aqueles que já jogam na Europa, já conseguiram o que tanto sonhavam. Afinal, o futebol brasileiro não passa de uma vitrine para a Europa, um gigantesco leilão.  Quem dá mais? Neymar e Ganso ainda não foram para lá. Depois do jogo de ontem devem ter ficado se lamentando: "Oh, e agora quem irá me comprar?"  

Nunca vi uma seleção tão sem carisma, sem simpatia nenhuma. Craque mesmo, não havia nenhum. Neymar é bom jogador, Pato também, mas não são craques. Neymar até pode vir a ser, se amuderecer e demonstrar mais garra e menos arrogância adolescente. Cai mais do que joga. E se acha mais do que cai. Mas eu acho que craque ele não será nunca. Já está sendo paparicado demais. Já virou estrelinha. Jogar mais para quê? Ah claro, ele ainda não foi para a Europa. Afinal, é para isso que se joga futebol no Brasil, não é? Para se ir para a Europa. Na Argentina também é assim. Mas lá eles ainda conseguem formar craques, aqui nem isso. Mas também, são craques que não jogam nada quando estão na seleção. Claro, Argentina e Brasil não são Europa. Jogar bem para quê? Ganhando ou perdendo, o salário vai continuar o mesmo. O que mais motiva o homem atual fora o dinheiro e o que ele pode proporcionar? Fama? Isso eles também já têm. 

Duas seleções em franca decadência: Brasil e Argentina. Os times brasileiros e argentinos só servem para fabricar jogador para venda. É uma produção em série para exportação. É como uma plantação de café. Quando estiver no ponto, o melhor vai para o exterior. O Brasil fica com os restos e com os refugos. Quando ninguém mais quer na Europa, mandam de volta para cá. É o caso dos dois Ronaldos. Craques apodrecidos mandados de volta para a terra de origem.

Agora, é aguardar o fiasco da Copa de 2014. Ainda mais que temos um imbecil corrupto como presidente da CBF. Adeus futebol brasileiro. E viva o Uruguay! Será que teremos outro maracanaço? Acho que não, o Brasil não chega na final.

16 julho 2011

Tua Mão na Minha

não há fácil diante da tua face
não há jeito
o frio da tua mão de paz
silência nas fibras do meu peito...
quando tentei te abandonar
sangrou-me algo como ar
os teus passos
sempre passaram junto aos meus
e eu temo o teu compasso
e o teu ritmo de (as)salto
agarrou-me pelo braço
e vi segredo nos teus dedos
e teu braço nos meus medos...

há sopro e sempre
pela sombra dos teus olhos
e doce éter este dos teus óleos
que se derrama no meu nunca
e violinam na minha nuca
és nuvem em violino
clara
e saltos no meu destino
alma
quando tentei faltar-me o céu
névoa subiu-me aos lábios
meus sentidos coronários
estão em ti há a(s)cender
e ocultaste no que me pulso
que Deus é o sempre Ser.

15 julho 2011

Poema de Mau-gosto

bruxa gostosa
vaca Mimosa
cheiro de rosa
rosa uma ova

riso de porca
boca de orca
lua se enforca
tiro no Lorca

asa que é torta
coice na porta
merda na horta
poesia já morta

pouco me importa

14 julho 2011

Planeta terá 7 Bilhões de Seres Humanos em Outubro de 2011

Em outubro deste ano, a população humana do planeta deverá atingir a marca de 7 bilhões de indivíduos. Percebam que eu mencionei a população HUMANA. Quase sempre, quando se fala da população do planeta, não se especifica como sendo a humana, como se só existisse na Terra o ser humano, mais nenhum outro ser habitante.

É o mesmo caso daqueles que afirmam que o mundo está melhor hoje. Melhor para quem? Para os homens? Isso é discutível. Alguns acham que, no final das contas, sim. Já outros, entre os quais me incluo, julgam que está pior. Mas... e o mundo está melhor para os animais e as plantas? Para a maioria absoluta deles, principalmente para os selvagens, está pior, bem pior, e se agravando a cada dia que passa. Por que sempre consideramos um mundo melhor como sendo um mundo melhor para nós, humanos? E os outros seres? Não têm o direito à vida? Essa é mais uma prova do cósmico narcisismo do homem. Outra prova é crer que não há outros seres inteligentes no universo, já tratei do assunto aqui. Somos tão narcisistas que acreditamos que não pode haver outros seres inteligentes como nós, muito menos MAIS do que nós. E se existirem, eles devem obrigatoriamente fazer contato público conosco. Nunca passou pela nossa cabeça que talvez eles não queiram assim... Mas enfim, esse já é um outro assunto.

Dizia que a população humana chegará a 7 bilhões em outubro. E 75% dela estará em países pobres. É assustador o nosso crescimento populacional, para não dizer ameaçador... Percebam que o 1º bilhão de pessoas foi atingido em 1800. Ou seja, levamos milênios para chegar a 1 bilhão. 2 bilhões foram atingidos em 1930, em 130 anos. 3 bilhões em 1960, 30 anos. 4 bilhões em 1975,15 anos. 5 bilhões em 1987, 12 anos. 6 bilhões em 1999, 12 anos. Finalmente, 7 bilhões em 2011, 12 anos. Os cálculos indicam que em 2054 o planeta terá os absurdos 26 bilhões de habitantes (humanos).

Onde ficará tanta gente? Talvez uma parte vá para Marte. Acho que nossos cientistas já andam pensando seriamente na possibilidade... Se com 7 bilhões o planeta já está agonizando, imaginem com 26 bilhões!!! Será inviável ao planeta sustentar tanta gente. É uma questão matemática. É como aquela famosa fala dos filmes de crime: “É... agora terei que matá-lo.” É, o planeta terá que nos matar. Existem teorias que preconizam que a Terra é um corpo vivo em si mesma, que conhece os seus próprios processos, sabe o que se passa, e sofre verdadeiramente com as agressões que recebe. E reage a elas. E reagindo, sabe como controlar as populações que nela vivem, incluindo a humana. Não seria um saber, é claro, como a nossa categoria de saber, seria de uma outra espécie de “sapiência”.  Por que o nosso saber deve ser o único possível? O planeta, assim como tudo no universo, busca o ponto de equilíbrio. Chegará o nosso dia... Há os que acreditam no Acaso Universal. Tudo bem. Já eu, acredito na Lei Universal. Até pode haver o acaso, mas se tudo fosse acaso, não haveria ordem alguma. Se ela é justa ou não, do ponto de vista humano, aí já é outro assunto a se discutir. Mas lei é lei. E lei se cumpre.


12 julho 2011

Causa, Razão e Consequência

eu não me explico.
por que deveria dar um motivo
para perder ou não o meu siso?
reservo-me o divino direito
(com o que faço
só eu devo estar satisfeito)
de dizer-me ou não
e se assim desejo
depois me desdigo
que nunca falo do meu falo
e não sou meu próprio umbigo

as palavras são as asas
que não tenho e sustenho
e deixo que voem vaguem veladas
sem ter que ter no meu chão
(já me basta todo o meu não)
algo de alga sobre o mar
lago de lança cobre o céu
e um lento luto lento
sempre a me ser olhar...

lá vai minha palavra
mais do que eu
e por outra maior estrada...

se eu tivesse que explicar tudo
melhor seria não dizer nada...

11 julho 2011

O Fim das Coisas, de Augusto dos Anjos

Às vezes, é melhor deixar que outros poetas falem por nós. De preferência, um poeta de mais alto nível, como é o caso de Augusto dos Anjos.  Que ele fale, enquanto eu silencio.


O Fim das Coisas

Pode o homem bruto, adstrito à ciência grave,
Arrancar, num triunfo surpreendente,
Das profundezas do Subconsciente
O milagre estupendo da aeronave!

Rasgue os broncos basaltos negros, cave,
Sôfrego, o solo sáxeo: e, na ânsia ardente
De perscrutar o íntimo da orbe, invente
A lâmpada aflogística de Davy!

Em vão! Contra o poder criador do Sonho
O Fim das Coisas mostra-se medonho
Como o desaguadouro atro de um rio...

E quando, ao cabo do último milênio,
A humanidade vai pesar seu gênio
Encontra o mundo, que ela encheu, vazio!

Augusto dos Anjos

(Na imagem, detalhe do quadro "O Julgamento Final",  de Hieronymus Bosch.)

09 julho 2011

Sete Rápidas Considerações Amargo-Irônicas (ou Poemetos para Twitter)

nº1 – da Verdade

pra quê?
ninguém vai acreditar em você

nº2 – da Filosofia

até serve para um oi:
mais que isso
até ia...
mas não foi

nº3 – do Amor

o amor é uma grande viagem
cujo final você nem imagina...
nunca vai encontrá-lo
nem aqui nem na china

nº4 – da Esperança

já não sou mais criança

nº5 – da Fé

o que é?
talvez o finalzinho
de uma xícara de café

nº6 – do Sentimento

um saco vazio de cimento

nº7 – do Coração

com o das galinhas
se faz um sopão

07 julho 2011

O Sanguinário (ou Vingança é Sede) - As Almas do Fantástico na História do RS – História 7ª (Última) FINAL

Durante o conflito, O Sanguinário matou 117 chimangos, vários deles durante as degolas de prisioneiros, ocorrência bastante comum na Revolução Federalista. Os prisioneiros tinham suas gargantas cortadas como forma de execução não exatamente por crueldade, mas porque não havia meios de mantê-los durante a guerra, e também era uma maneira de poupar munição, não se utilizando de balas. E essa forma sangrenta e impiedosa de matar um prisioneiro era, naturalmente, a preferida de O Sanguinário. Sempre que ocorriam degolas (e ele sempre sugeria para seus superiores que elas deveriam ocorrer o quanto antes), ele era o primeiro a degolar e o que degolava mais prisioneiros, sempre de forma extremamente brutal, fazendo jorrar sangue das gargantas para todos os lados, como se carneasse um animal qualquer. Não, de forma ainda mais violenta do que o faria com um animal, porque seu ódio naqueles instantes era verdadeiramente indizível. Porém, era um ódio frio, sem extravasões além do ato de matar, sem gritos, sem emoções de êxtase. O Sanguinário matava e, depois, praticamente embebido no sangue das vítimas, fixando seus grandes olhos de uma frieza glacial em seus companheiros de batalha dizia, calmamente, com uma calma que assombrava: “eles mereciam, cada um deles mereceu o que teve.”

O Sanguinário, como já foi dito, matava sempre por vingança. Matando os partidários da situação, ele entendia que se vingava daqueles que exploravam ou permitiam a exploração do povo gaúcho da época, daqueles que enriqueciam à custa da miséria dos trabalhadores do campo. Seus motivos eram justíssimos. E todos deveriam pagar com a morte. Mas esses atos de morte por vingança eram também o motivo da vida de O Sanguinário. Se não houvesse os motivos acima mencionados, ele encontraria outros motivos para saciar a sua monstruosa sede vingativa. O importante era a vingança. Havia em O Sanguinário um desejo de vingança infinito, nunca plenamente satisfeito, algo que nem mesmo ele sabia explicar, e nem buscava fazê-lo, e nem queria. No entanto, ele não se vingava de ninguém se não encontrasse um motivo justo. Justo no seu entender, que fique bem claro. E ele acabava sempre por encontrar um motivo. E se justificava. E se vingava.

E não havia, para ele, sentimento melhor do que o de sentir-se vingado, era o seu céu, a sua glória, a sua religião, a sua filosofia, o seu motivo de manter-se vivo e de acordar todas as manhãs. E o cheiro da vingança era o cheiro do sangue, a sua cor era a vermelha, o seu gosto, o gosto do sangue. Se não houvesse sangue, a vingança não teria sido plena. E quando O Sanguinário sentia-se plenamente vingado, saboreava o gosto da vingança durante todo o tempo em que se mantinha acordado. Aliás, dormindo, também sonhava com sua vingança concretizada.

O Sanguinário pensava (não exatamente com estas palavras, mas traduzindo para uma linguagem mais civilizada, seria mais ou menos isso): “Estar vingado... Sentir-se grande, sentir-se forte, sentir-se firme, ter orgulho e ser temido. Rir por último. Ver os desgraçados ajoelhados aos meus pés implorando piedade. Eu não tenho piedade! Isso, estar vingado! Mostrar a eles quem eu sou, a minha força, a minha vitória. Mostrar que sou mais forte que todos eles e que não levo desaforo para casa! Acabar com o riso na cara daqueles desgraçados, acabar com a alegria deles. Estavam pensando que eu iria esquecer, que iria deixar por isso mesmo, que tudo ficaria assim enquanto eles se divertiam às minhas custas? Mostrei que eles se enganavam, vi eles sofrendo como eles me fizeram sofrer, fiz eles pagarem pelo que fizeram, fiz justiça com o fio da minha adaga. Naquele sangue derramado está a minha alegria, agora me sinto em paz, agora é que vi que tudo que passei e sofri não foi em vão. E não me arrependo. Mataria todos aqueles desgraçados quantas vezes fosse preciso. Pensavam que poderiam cagar em mim e que eu não faria nada... Pensavam que aqui não teria homem e fibra o bastante para uma vingança... Mas eu esperei o  momento, alimentando a minha raiva, e me vinguei. Estou vingando, e é só isso que importa.”

Em 1930, com 57 anos, depois de participar de vários outros conflitos e revoluções e ter perdido a conta de quantas pessoas já havia matado, de quantas vinganças cruéis já haviam perpetrado, O Sanguinário contraiu tuberculoso e recusou-se a receber qualquer tratamento contra a doença: Dizia: “Eu quero morrer assim mesmo, esvaído em sangue, só que esse sangue não será nenhum outro homem que derramará... O meu sangue ninguém derrama, e nele ninguém toca. Agora o destino se vinga de mim. Deixa ele se vingar. Vou morrer no meio do meu sangue, mas derramado pela mão do destino, não pela de um homem. É assim que quero. É assim que será.”

E assim foi. O Sanguinário morreu esvaído em sangue, após uma brutal crise de hemoptises causada por uma tuberculose galopante. E sanguinária...

(Na imagem, o quadro "Death Pale Horse" de William Blake)

06 julho 2011

O Sanguinário (ou Vingança é Sede) - As Almas do Fantástico na História do RS – História 7ª (Última)

Criado dentro dos açougues e dos matadouros, acostumou-se à visão, ao cheiro e ao gosto do sangue. Mais que se acostumou, aprendeu fatalmente a apreciá-lo, a saboreá-lo, a desejá-lo. Desde criança, sua vida foi imersa na presença sanguínea, em meio ao aroma da morte, às carnes cruas sanguinolentas, às poças escarlates pelo chão, ao gotejar incessante do sagrado líquido orgânico. Vivia o sangue durante o dia e sonhava com ele durante a noite.

Seus sonhos eram constantemente regados de uma chuva sanguínea, e as suas paisagens oníricas sempre variavam em tons de vermelho, por vezes incendiados, por vezes úmidos, pelos céus, pelos horizontes, onde, ao longe, bandos de corvos disputavam espaço em açudes inundados de sangue, pelos campos sem termo devastados por batalhas, pelas estradas  encharcadas do sangue de todas as guerras, pelos rios tingidos de um vermelho infinito, que nunca cessava de correr, que parecia provir de todos os lugares.

Nestes mesmos sonhos, ele contemplava cenas de sangrentas batalhas impiedosas, espadas e adagas perfurando peitos e cortando gargantas e decepando mãos, punhaladas que arrancavam nacos de carne, tiros que estouravam cabeças, furavam olhos e espalhavam pedaços de órgãos pelas coxilhas banhadas de sangue.

Sempre auxiliava seu pai nas carneadas, vibrava em seu âmago um imenso prazer nesses instantes, deliciava-se em matar bois, ovelhas, porcos, observar em profunda concentração o sangue escorrer quente e grosso, respigando sobre suas próprias roupas, sobre suas mãos, sobre sua face. Sentia sede e fome ao ver as bacias que eram colocadas para acumular o sangue das vítimas transbordarem com aquele viscoso líquido, que corria profuso das gargantas dos animais. Era invadido por um anômalo prazer ao ver o sangue coagulando-se juntamente com a terra, ao observar os cachorros pintados pelo líquido sanguíneo disputando e dilacerando brutalmente as vísceras que a eles eram jogadas para saciar sua fome bestial, tais como intestinos e pulmões. Naqueles momentos, ele desejava ser como os cachorros.

Seu prato preferido era, naturalmente, carne, carne mal-passada, quanto mais mal-passada, melhor. Crua sempre era bem-vinda. Seu prato estava sempre sanguinolento. O sangue que restava após as refeições era comido com pão.

Durante toda sua adolescência, foi considerado como alguém frio e violento, que não hesitava bater em qualquer outro que cometesse qualquer ato que ele percebesse como sendo injusto, seja consigo mesmo, seja com outros. Batia violentamente, até fazer a vítima sangrar. Muitas vezes tinha que ser impedido, ou acabaria por assassinar seu oponente. É importante salientar, no entanto, que ele nunca agredia alguém sem motivos que ele acreditava serem justos. Mas agredia por vingança. Para ele, a vingança era algo sagrado. Homem que fosse homem não poderia deixar passar em branco qualquer tipo de desaforo. Deveria se vingar. Nem sempre a vingança se consumava com agressões físicas. Mas ele preferia que assim pudesse ser. E quase sempre era.

Este de quem agora vos falo ficou conhecido como “O Sanguinário”. Foi em 1893, com 20 anos, que O Sanguinário ingressou nas fileiras dos Maragatos durante a Revolução Federalista, que tingiu de vermelho os campos do sul do país. Finalmente, estava naquilo que mais desejava: a guerra. Nutria um ódio visceral, verdadeiramente espantoso contra os partidários da situação, os pica-paus, ou chimangos. Seu objetivo na guerra era extremamente simples: matá-los. Se fosse possível, todos. De preferência, matá-los com um banho de sangue. Nada poderia ser mais prazeroso para ele. Tinha predileção por matar com a espada ou com o punhal do que com armas de fogo. Era mais sangrento e mais impiedoso. Refestelava-se em ver o sangue quente e espumoso derramar-se sobre o gelo da geada dos campos gaúchos. A névoa que se erguia com aquele contato do calor do sangue com o frio do orvalho congelado era para O Sanguinário um verdadeiro espetáculo. A carnificina era o seu meio natural.

Amanhã, o final do conto.

*Com este conto encerro a série de 7 contos que criei abordando a história gaúcha e introduzindo nela elementos do fantástico. Todos os contos já foram publicados aqui no blog. Apesar de estarem relacionados, os contos são independentes entre si, cada um é uma história diferente. 

05 julho 2011

O Silêncio é Ouro...

melhor que afirmar
é sugerir...
quem afirma tudo o que fala
como um pavão a empenar-se  na sala
viola as portas invioláveis do silêncio
com a violência de um touro
que se deixe o silêncio dizer de si:
o que se silencia vale ouro...

gosto de dizer
o que está (ou não)
por entre do que digo
não quero que quem me leia
esteja lendo de si para comigo
e melhor ainda
é aquilo que nunca disse
verso sorrateiro e furtivo
como um sussurro pelo vento
que nem sequer existisse...

a verdade nunca se sempre de frente
há que se por um porém
entre o que ela é
e o que dela se vê
verdade é o que está sempre latente
a possibilidade ainda não alcançada
(e protegê-la do que é gente)
por isso deve vir só em signos
e criptografada

há um só sentido
(mas que são vários
são vários...)
e para provar
que não afirmei nada
poderia ter dito tudo isso
pelos contrários...

03 julho 2011

Inebriado

e que no além seja tudo aquilo
que caí de ser além de tudo:
me deixando em tudo que não fui
seja minha arte o além mais alto...

o além de mais belo
do vasto que andei
chama que te li
tragos do que busco
ave que clarei
sempre que te bebo
mais do que te vejo
sonho que não li
beijo do que vou
verso mais que flor
olho que me noite
nada do que sou...

lá me alto e passo
e sou o só que sinto:

céu e vinho tinto

Literatura e Ciberespaço

A blogueira e jornalista Melissa Resch, residente em Frederico Westphalen, RS, está realizando um trabalho jornalístico sobre literatura e ciberespaço bastante interessante, do qual tive a honra de ser convidado a participar. Vale a pena conhecer, clicando aqui. Eu estou na parte III da reportagem.