nós não vamos salvar nada
nós não vamos salvar o mundo
nós não vamos melhorar a humanidade
não há nenhum problema que conseguiremos resolver
porque nós somos o problema
e nós nunca iremos mudar
e eu não digo isso pensando nos outros
Tudo passa nesta vida, cedo ou tarde. É uma lei que não pode ser infringida. Triste é quando o que passa, passa antes do que deveria ter sido. Mas nós nunca sabemos, nem nunca saberemos, quando é que as coisas da vida devem ser ou não devem ser.
Elisandra, tu não estás mais no nosso mundo, já passaste dessa fase de nossas existências, por motivos a nós desconhecidos. Mas ficam aqui entre nós não só a tua memória e a saudade infinita de todas aqueles que te amam e para sempre te amarão. Ficam a tua grandeza como pessoa, o teu imenso coração e bondade, a tua sensibilidade incomum, o teu amor sincero pelas pessoas e por todos os seres vivos, o teu amor gigantesco pelos animais, em especial pelos gatos, os quais tu entendias como raras pessoas.
Ficam entre nós a tua sinceridade, a tua honestidade, a mulher de princípios, de ideais, de inteligência, de profundidade, de espiritualidade, de força interior que sempre foste.
Ficam a beleza e a profundidade do teu olhar e a espontaneidade e a ternura do teu sorriso. Sempre foste muito pura e inocente para este mundo de maldades, de hipocrisias, de vidas vazias e supérfluas.
Minha querida irmã, de pulmões frágeis e de alma forte, agora és só alma. Pertences agora ao mistério universal, ao insondável, a tudo aquilo que não compreendemos, que não atingimos conhecer nem com as ciências nem com as religiões nem com as filosofias. Estás unida ao mistério cósmico junto com nossa mãe, a quem tu amavas infinitamente.
As pessoas dizem que a morte é triste e dolorosa, e, sem dúvida, todo o processo da morte é algo de um sofrimento intraduzível, assim como é doloroso todo o processo da vida. Mas nenhuma pessoa sabe dizer se o após a morte não é, talvez, menos doloroso que o durante a vida. Quem garante que o após a morte não é melhor e mais feliz que este vale de lágrimas e de horrores em que vivemos? A morte é o desconhecido, e tudo pode no que é desconhecido. Se o universo é infinito, também são infinitas todas as suas possibilidades. Dizem que morrer é triste, mas, talvez, mais triste seja continuar vivo.
Fernando Pessoa escreveu que "A morte é a curva da estrada/ Morrer é só não ser visto." Agora, tu fizeste a curva na estrada, e nós não mais te vemos. Mas te sentimos viva em nossos corações. Tu segues o teu caminho, iluminado, como o é teu espírito.
Do teu irmão Alessandro Reiffer, e em nome de todos aqueles que te admiram e te amam.
Explico: tem gente pressionando publicamente pela volta à "normalidade"... Normalidade???? Voltar a que tipo de normalidade no pior momento da pandemia no país, em que hospitais entram em colapso, em que mais de 1200 pessoas morrem por dia de covid-19, muitas sem atendimento, esperando por uma vaga na UTI, em que as novas variantes se espalham em velocidade crescente e implacável?
E, aqui no RS, o dito governador pede que as pessoas evitem a circulação, mas, ao mesmo tempo, quer a volta das aulas presenciais. Ir para as aulas é um dos maiores motivos de circulação de pessoas, pois envolve o deslocamento de centenas de milhares de alunos, pais, professores, funcionários, de transporte coletivo, de ônibus lotados, sem falar no contato inevitável entre todos eles dentro das escolas.
Só Kafka teria pensado em tanto absurdo.