O fascínio, ou fanatismo, que figuras diversas da extrema direita (também da extrema esquerda, mas em menor magnitude), como Hitler, Trump, Bolsonaro, pastores de religiões neopentecostais (resguardadas, é claro, as devidas proporções) causam em muitos é justificável pela ilusão de força que despertam. O homem, em geral, naturalmente fraco, vítima de seus defeitos, erros, imperfeições, limitações, busca compensar sua fraqueza, consciente ou inconscientemente, na figura de alguém que aparenta "força", "ser forte", "poderoso", capaz de "fazer e acontecer", de acabar com isso, de pôr fim àquilo, de varrer os "inferiores" (os espelhos indesejados), de matar se for preciso (ou se for possível) etc. Mas é ostensível que jamais se admitirá os motivos mencionados, sempre se colocará por entre esse fascínio estúpido elaboradas teorias intelectuais com as quais se camuflará a sua própria fraqueza e debilidade.
As pessoas buscam nessa figura um "salvador", alguém que "vai fazer" o que "é necessário". O seu "herói". Então, justificam-se todos os aplausos entusiásticos aos discursos inflamados e de efeito, com palavras de ordem, de ódio, de "dar a volta por cima", enfim, justificam-se, por mais hipócritas e demagógicas que sejam, todas as bravatas e fanfarronices ideológicas, ovacionadas de pé como se fossem a solução para um mundo cada vez mais degenerado e sem saída.
No entanto todos esses figurões da extrema direita, cegos pela própria ilusão que criam, tão ou mais fracos, incapazes, corrompidos e ridículos quanto os "inferiores" que dizem combater, uma vez postos no poder pela massa hipnotizada, não fazem absolutamente nada de efeito, impedidos que são pelo sistema, pelo establishment (medíocre, mas sensato no sentido de não sair perdendo), que não conseguem derrotar, e caem logo no esquecimento ou no ridículo da história. Ou, quando convencem até mesmo o sistema de seus disparates (caso de Hitler), transformam a sua ilusão de força em desgraça concreta, em autoritarismo imbecil, estéril, nocivo, em injustiças sociais, em desastres humanitários, e por fim, em destruição avassaladora.
E o maior paradoxo dessas figuras e seus asseclas é que só pensam no próprio umbigo (o que é o nacionalismo senão o prolongamento do próprio umbigo?), mas não reconhecem a sua própria imagem no espelho.