Em minhas viagens semanais de Santa Maria para Santiago este ano, deparo-me, a cada viagem, com dezenas de animais silvestres atropelados na BR287. São graxains, gambás, aves de várias espécies, mão-peladas, furões, tatus, capivaras, anfíbios, preás, entre outros, em uma cena dantesca, desoladora. Dói-me ver os animais estrebuchados, esmagados, ou apenas encolhidos num canto da estrada, muitos deles de espécies em vias de extinção. Durante todo este ano, viajando todas as semanas, não atropelei nenhum animal. É porque não viajo a 130, 140, 160km por hora. Consigo avistar o animal bem antes e a tempo de desviar, ou reduzir a velocidade, se for necessário.
O problema do MASSACRE de animais silvestres nas estradas brasileiras tem dois motivos básicos: a falta de corredores de passagens para os animais, que não parece ser preocupação de nenhum governo, nem federal, nem estadual, nem municipais e, talvez ainda mais, as absurdas velocidades com que viajam alguns motoristas. O pior é que quase ninguém se preocupa com tal problema, mesmo que num choque com algum animal de grande porte, a morte não seja só a do ser atropelado.
"Um estudo da Universidade Federal de Lavras (UFLA-MG) estima que cerca de 475 milhões de animais silvestres morram, anualmente, atropelados nas rodovias do país. Uma ferramenta criada pela instituição monitora as ocorrências, mas este número pode ser ainda maior.
Chamado de “Atropelômetro”, a ferramenta criada pela instituição para monitorar os atropelamentos de animais silvestres no país não para de rodar. De acordo com o pesquisador da Ufla, Alex Bager, a cada segundo, 15 animais morrem no país. A contagem é o resultado de décadas de estudos desenvolvidos com outros pesquisadores.
Para a bióloga Jaara Alvarenga Cardoso Tavares, o número é assustador. “Um número muito alto que muitas vezes a gente nem tem conhece quais são essas espécies que estão morrendo nas estradas. É um prejuízo enorme pra fauna.”
Já escrevi sobre o assunto:
Sobre a Tua Vida Esmagada
graxaim atropelado
(pela estrada):
nenhuma lágrima
de ninguém
teu sangue esparramado
(pela estrada)
é mancha do que era:
para quem passa rápido
(que é preciso ir e vir
a correr e a sorrir)
tu foste de outra era
e agora és nada
tu sendo um
és todos
que já não são
para que fosse
o progresso
(pela estrada
ao nada)
quem se importa
na pressa?
tua existência
num mundo moderno
é inútil
é um excesso
sobre a tua vida esmagada
(pela estrada
findada)
soprou um hálito
de so(risos)
a sonhar com beijos na noite
ou com sono de justos
ou em festas baladas
sobre a tua vida esmagada
(pela estrada
esvaziada)
eu mesmo...
fiz o quê?
nada
só um poema
que também é nada
para quem o lê
(pela estrada...)
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