"Não há, com efeito, nada mais aborrecido do que ser, por exemplo, rico, de boa família, ter boa aparência, ser bastante esperto e até mesmo sagaz e, todavia, não ter talento, nenhuma faculdade especial, nenhuma personalidade mesmo, nenhuma ideia pessoal, não sendo, propriamente, mais do que "como todo mundo". (...) Ter inteligência, mas nenhuma ideia própria; ter bom coração, mas sem nenhuma grandeza de alma; ter uma boa educação, mas sem saber o que fazer com ela etc. etc... Há uma extraordinária multidão de gente assim no mundo, muito mais até do que a muitos possa parecer. (...) Nada é mais fácil, para essa gente "comum", de inteligência restrita, de se imaginar original e até mesmo exceção, e folgar com essa ilusão, nunca chegando a perceber o equívoco".
Dostoiévski, em O Idiota
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