A capa de meu livro “Poemas do Fim e do Princípio”, a ser lançado no próximo dia 20, apresentará uma pintura de Hieronymus Bosch, “A Tentação de Santo Antônio”. Bosch é um dos mais geniais pintores de todos os tempos. É justo que eu fale um pouco desse mestre de quem sou um grande admirador.
Não se sabe bem ao certo a data de nascimento de Bosch, porém acredita-se que foi por volta de 1450, em Hertogenbosch, na Holanda. Seu sobrenome, Bosch, vem do nome de sua cidade. Mas não falarei de sua vida, a qual é envolta em indecifráveis mistérios, assim como suas obras. Mas falarei um pouco destas últimas.
Os quadros de Bosch apresentam três temáticas básicas: crítica social grotesca, inspiração ocultista/mística e devaneios fantásticos. Tais temáticas podem estar todas englobadas em uma mesma obra, ou serem tratadas separadamente. E foi na exploração desses temas que Bosch atingiu um alcance de visão artística raras vezes presenciado. Podemos ver em seus quadros uma visão pessimista, caótica e absurda da humanidade, demonstrando um profundo conhecimento da alma humana, de suas sombras, de seus medos, de suas fraquezas, de seus defeitos e desejos, de suas obsessões, de suas insanidades, do seu destino, dos enigmas de seu inconsciente coletivo.
Suas visões povoadas de monstros aberradores, de demônios semi-humanos, de homens e mulheres perversos e/ou enlouquecidos, submergidos em um universo de sombras e caos são intensamente simbólicas. Podemos perceber alusões altamente enigmáticas ao ocultismo (do qual era profundo conhecedor), críticas ao catolicismo, na forma de padres sendo retratados como diabos, tarados sexuais, seres humanos corruptos e decadentes, transformados em animais, ou animais transformados em seres humanos, toda uma multidão de seres depravados, medíocres, imbecilizados, totalmente bestializados, jogados em infernos de tormentos que causaram a si mesmos. Bosch pintou a miséria humana, o homem mergulhado em sua mediocridade, enquanto o mistério do cosmo o cercava, dominava-o, influenciando-o secretamente e rindo de sua ignorância. Tal análise impiedosa da humanidade ergue-se como algo universal, válido para todas as épocas e todos os lugares. E muito mais agora, em que vemos uma humanidade cada vez mais idiotizada e mecânica, desprovida de sensibilidade e alheia às questões de maior transcendência. Os homens tornam-se os monstros de Bosch, e o mundo agonizante dos homens torna-se os infernos tão horripilantemente expressos em suas pinturas.
E essa arte apocalíptica e visionária serviu de inspiração para, 400 anos depois, alguns artistas criarem o surrealismo e o expressionismo. Tais artistas consideravam Bosch como o seu mestre e precursor. Ou seja, Bosch antecipou-se na arte em 400 anos. Vejam bem, meus amigos, antecipou-se em 400 anos! De onde foi que obteve tanta imaginação? O misterioso e introspectivo Hieronymus Bosch, que teve inúmeros de seus quadros de transcendência e transfiguração queimados pelos católicos por julgarem que eram pinturas demoníacas, conseguiu adentrar no mais oculto da alma humana e expressar, lá na Idade Média, o que hoje vivenciamos no século XXI.
(na imagem, o quadro “Inferno”, o qual é o lado esquerdo do tríptico “O Jardim das Delícias”, de Hieronymus Bosch - clique sobre a imagem, para vê-la ampliada)
Não se sabe bem ao certo a data de nascimento de Bosch, porém acredita-se que foi por volta de 1450, em Hertogenbosch, na Holanda. Seu sobrenome, Bosch, vem do nome de sua cidade. Mas não falarei de sua vida, a qual é envolta em indecifráveis mistérios, assim como suas obras. Mas falarei um pouco destas últimas.
Os quadros de Bosch apresentam três temáticas básicas: crítica social grotesca, inspiração ocultista/mística e devaneios fantásticos. Tais temáticas podem estar todas englobadas em uma mesma obra, ou serem tratadas separadamente. E foi na exploração desses temas que Bosch atingiu um alcance de visão artística raras vezes presenciado. Podemos ver em seus quadros uma visão pessimista, caótica e absurda da humanidade, demonstrando um profundo conhecimento da alma humana, de suas sombras, de seus medos, de suas fraquezas, de seus defeitos e desejos, de suas obsessões, de suas insanidades, do seu destino, dos enigmas de seu inconsciente coletivo.
Suas visões povoadas de monstros aberradores, de demônios semi-humanos, de homens e mulheres perversos e/ou enlouquecidos, submergidos em um universo de sombras e caos são intensamente simbólicas. Podemos perceber alusões altamente enigmáticas ao ocultismo (do qual era profundo conhecedor), críticas ao catolicismo, na forma de padres sendo retratados como diabos, tarados sexuais, seres humanos corruptos e decadentes, transformados em animais, ou animais transformados em seres humanos, toda uma multidão de seres depravados, medíocres, imbecilizados, totalmente bestializados, jogados em infernos de tormentos que causaram a si mesmos. Bosch pintou a miséria humana, o homem mergulhado em sua mediocridade, enquanto o mistério do cosmo o cercava, dominava-o, influenciando-o secretamente e rindo de sua ignorância. Tal análise impiedosa da humanidade ergue-se como algo universal, válido para todas as épocas e todos os lugares. E muito mais agora, em que vemos uma humanidade cada vez mais idiotizada e mecânica, desprovida de sensibilidade e alheia às questões de maior transcendência. Os homens tornam-se os monstros de Bosch, e o mundo agonizante dos homens torna-se os infernos tão horripilantemente expressos em suas pinturas.
E essa arte apocalíptica e visionária serviu de inspiração para, 400 anos depois, alguns artistas criarem o surrealismo e o expressionismo. Tais artistas consideravam Bosch como o seu mestre e precursor. Ou seja, Bosch antecipou-se na arte em 400 anos. Vejam bem, meus amigos, antecipou-se em 400 anos! De onde foi que obteve tanta imaginação? O misterioso e introspectivo Hieronymus Bosch, que teve inúmeros de seus quadros de transcendência e transfiguração queimados pelos católicos por julgarem que eram pinturas demoníacas, conseguiu adentrar no mais oculto da alma humana e expressar, lá na Idade Média, o que hoje vivenciamos no século XXI.
(na imagem, o quadro “Inferno”, o qual é o lado esquerdo do tríptico “O Jardim das Delícias”, de Hieronymus Bosch - clique sobre a imagem, para vê-la ampliada)