Acompanhando o intenso blog do Ruy Gessinger, li: "A Conta Está Chegando". Refere-se aos desastres ambientais que vêm assolando o RS, sendo o último a queda da ponte de Agudo pela devastadora enchente. Diz Gessinger:
"Mas a conta dos anos 70, do milagre soja-trigo, do desmatamento; a fatura do crescimento demográfico incontrolado ; a destruição de matas nativas e florestas ciliares não podia ficar impune. A Natureza se sente ameaçada, ela é um ser vivo, ela raciocina em termos de milênios, mas decidiu não ter mais paciência com esse serzinho ignóbil, com” suicidal tendences”. "
Faço minhas as suas trágicas palavras. A conta está chegando. E será alta, muito alta, altíssima! Mas não adianta avisar. Adianta? A destruição impiedosa e imbecil da natureza prosseguirá a passos de gigante. E virá a conta, em parcelas cada vez mais caras. E tanto não adianta avisar, que em 1928, eu disse em 1928!, quando ainda não havia preocupações ambientais reais por parte da humanidade, em seu livro "Contraponto", o genial escritor inglês Aldous Huxley advertiu sobre a desgraça que o "progresso" traria ao planeta. A seguir, um trecho da obra:
"Com essa agricultura intensiva, os senhores estão roubando ao solo o seu fósforo. Ele vai desaparecendo completamente de circulação. Depois, basta ver como os senhores deitam fora centenas de milhares de toneladas de anidrido fosfórico nesses esgotos! Derramando-o dentro do mar. E a isso os senhores chamam progresso. (...)
Eis o mal dos senhores, os políticos. Nem mesmo chegam a pensar em coisas importantes. Vivem a falar do progresso e deixam que todos os anos milhões de toneladas de anidrido fosfórico corram para o mar. É idiota, é criminoso, é... é o mesmo que tanger a lira enquanto Roma arde. Mais duzentos anos apenas e os depósitos se extinguirão. Os senhores julgam que estamos em progresso porque vivemos do nosso capital. Fosfato, carvão, petróleo, salitre, esbanje-se tudo! Eis a política dos senhores. (...)
O único resultado desse progresso dos senhores será que dentro de algumas gerações há de vir uma revolução verdadeira - uma revolução natural, cósmica. Os senhores estão transtornando o equilíbrio. Ao cabo, a natureza o há de restabelecer. E o processo será muito desagradável para os senhores. A queda será tão rápida como o foi a ascensão."
E essas palavras proféticas de Huxley já estão se cumprindo.
Para finalizar, republico um de meus poemas, escrito em outubro de 2009:
Enxurrada
olho para a humanidade
e rio
rio que me leva
leve
em suas correntezas
sem correntes
por que devo combater
o que não deve ser combatido?
o que não deve ser combatido
não deve ser combatido
por que já está vencido
o simplesmente é deixar assim
que tudo nasce
e corre ao Fim
não digo
que não irei com a enxurrada
digo que choveu forte vasto e além
e que a enxurrada vem...
olho para a humanidade
e rio
rio que me leva
leve
em suas correntezas
sem correntes
por que devo combater
o que não deve ser combatido?
o que não deve ser combatido
não deve ser combatido
por que já está vencido
o simplesmente é deixar assim
que tudo nasce
e corre ao Fim
não digo
que não irei com a enxurrada
digo que choveu forte vasto e além
e que a enxurrada vem...
3 comentários:
Lembrei de uma aula de jornalismo ambiental que tive essa semana. Tivemos uma discussão sobre esse conceito de "progresso" e as consequências que estamos recebendo em troca.
Também faço das palavras dele, o Ruy, e das suas, as minhas.
Tens toda razão.
Desde las entrañas la madre tierra llora la ingratitud de sus hijos,se siente desgarrada, los ama como madre y generosamente les brinda todo...y en ocasiones se manifiesta tratando de despertar al hombre...más este no la oye...Están ocupados en sus reuniones...jugando con los pueblos y países como si fueran figuras de cartón...Desde sus escritorios terminan de deshumanizarse...las personas pasan a ser solo úmeros e ss estadísticas... triste...
Gracias a Dios hay quienes levantan el filo de la palabra y se hacen eco del grito de piedad...aunque se les grite a los peores sordos, los que se niegan a oir.
Bellisimo blog donde se manifiesta la naturaleza divina del hombre que escribe.Námaste.
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