Dante Alighieri e Piotr Tchaikovsky uniram-se para criar uma magnífica obra em conjunto. Claro que não pessoalmente. Dante morreu quase cinco séculos antes de Tchaikovsky nascer. Mas em 1876, Tchaikovsky compôs o poema sinfônico Francesca da Rimini, baseando-se no V canto do Inferno da Divina Comédia de Dante. Trata-se de uma das obras mais trágicas e violentas da história da música.
Porém, convém antes comentar brevemente sobre o que é um poema sinfônico. É uma composição para orquestra cuja intenção é descrever e expressar alguma obra literária. Ela pode ser baseada em toda obra ou em apenas em um trecho dela. Não confundir com a ópera, esta é cantada e teatralizada. O poema sinfônico é predominantemente instrumental e não teatralizado. Beethoven é considerado o precursor do poema sinfônico, mas foi Liszt quem o desenvolveu, criando inúmeras obras nesse gênero. Tchaikovsky, Richard Strauss, Cesar Franck, entre outros, foram também expoentes do poema sinfônico.
Francesca da Rimini está entre os maiores poemas sinfônicos já compostos. Mas quem é Francesca da Rimini? É um personagem do Inferno de Dante, cuja existência é verídica durante a Itália medieval. O genial poeta italiano encontra a sombra de Francesca a vagar no Inferno. Francesca fora condenada por trair seu marido, o qual era de desagradável aparência, com o próprio irmão deste. Os adúlteros foram condenados, no 2º círculo infernal, a serem carregados por uma brutal tempestade, um terrível vendaval, e estavam totalmente impedidos de voltar a se tocarem. No entanto, mantinham as recordações dos momentos felizes em que ainda podiam abraçar-se na entrega a seu amor proibido. E tais sensações eram fonte de indizível tortura.
Tortura essa que foi magistralmente expressa na obra de Tchaikovsky. O poema começa de forma absolutamente sombria, onde o clima infernal parece ser palpável no ar. Estamos entrando no Inferno dantesco. Em seguida surge o lúgubre soprar da tempestade, o qual vai crescendo assustadoramente, até se transformar em algo como um devastador e incessante furacão. A orquestra explode em impiedosos acordes de condenação.
Após, surge um momento de soturna calmaria, onde se apresenta o melancólico tema de amor do casal condenado. Trata-se de uma melodia escura e comovente, que vai tomando contornos cada vez mais intensos ao longo da obra, sob um fundo de sonho e pesadelo, de ternura e desgraça, de paixão e desolação. Porém, aos poucos, o clima do amor proibido dá lugar à devastação infrene da tempestade, que volta a soprar com toda fúria arrastando as almas dos condenados.
O obra encaminha-se então para o seu apocalíptico final, onde a força da orquestra torna-se absolutamente avassaladora, fazendo recair todo o peso da culpa sobre o casal de maneira insana e implacável. Ao finalizar-se, o poema sinfônico Francesca da Rimini deixa-nos a tremenda sensação de que acabamos de sair do mais profundo, mais sentencioso e mais invencível inferno. A obra é composta de um único movimento com mais de 25 minutos de duração. (na imagem, o quadro "A Barca de Dante", de Delacroix)
Porém, convém antes comentar brevemente sobre o que é um poema sinfônico. É uma composição para orquestra cuja intenção é descrever e expressar alguma obra literária. Ela pode ser baseada em toda obra ou em apenas em um trecho dela. Não confundir com a ópera, esta é cantada e teatralizada. O poema sinfônico é predominantemente instrumental e não teatralizado. Beethoven é considerado o precursor do poema sinfônico, mas foi Liszt quem o desenvolveu, criando inúmeras obras nesse gênero. Tchaikovsky, Richard Strauss, Cesar Franck, entre outros, foram também expoentes do poema sinfônico.
Francesca da Rimini está entre os maiores poemas sinfônicos já compostos. Mas quem é Francesca da Rimini? É um personagem do Inferno de Dante, cuja existência é verídica durante a Itália medieval. O genial poeta italiano encontra a sombra de Francesca a vagar no Inferno. Francesca fora condenada por trair seu marido, o qual era de desagradável aparência, com o próprio irmão deste. Os adúlteros foram condenados, no 2º círculo infernal, a serem carregados por uma brutal tempestade, um terrível vendaval, e estavam totalmente impedidos de voltar a se tocarem. No entanto, mantinham as recordações dos momentos felizes em que ainda podiam abraçar-se na entrega a seu amor proibido. E tais sensações eram fonte de indizível tortura.
Tortura essa que foi magistralmente expressa na obra de Tchaikovsky. O poema começa de forma absolutamente sombria, onde o clima infernal parece ser palpável no ar. Estamos entrando no Inferno dantesco. Em seguida surge o lúgubre soprar da tempestade, o qual vai crescendo assustadoramente, até se transformar em algo como um devastador e incessante furacão. A orquestra explode em impiedosos acordes de condenação.
Após, surge um momento de soturna calmaria, onde se apresenta o melancólico tema de amor do casal condenado. Trata-se de uma melodia escura e comovente, que vai tomando contornos cada vez mais intensos ao longo da obra, sob um fundo de sonho e pesadelo, de ternura e desgraça, de paixão e desolação. Porém, aos poucos, o clima do amor proibido dá lugar à devastação infrene da tempestade, que volta a soprar com toda fúria arrastando as almas dos condenados.
O obra encaminha-se então para o seu apocalíptico final, onde a força da orquestra torna-se absolutamente avassaladora, fazendo recair todo o peso da culpa sobre o casal de maneira insana e implacável. Ao finalizar-se, o poema sinfônico Francesca da Rimini deixa-nos a tremenda sensação de que acabamos de sair do mais profundo, mais sentencioso e mais invencível inferno. A obra é composta de um único movimento com mais de 25 minutos de duração. (na imagem, o quadro "A Barca de Dante", de Delacroix)
5 comentários:
Noosssssssa!Ainda não conheço. Preciso escutar urgentemente, consegui imaginar só na sua descrição.
tem selinho no meu blog pra ti =D
Olá poeta!
Com seu texto, tive uma verdadeira aula sobre poema sinfônico.
Sério? Ôhh, que coisa boa =D
a literatura dele ainda é muito viva por aí?
Obrigada pela visita querido,
e bom fim de semana!!!!!
Fiquei feliz em vê-lo em meu blog! Obrigada!
Olha, este teu texto foi capaz de me fazer mergulhar na obra sabia? Muito boa a descrição, fui capaz de imaginar tudo!
Muito bonitos os teus textos!
Beijos.
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