28 outubro 2006

Soneto ao Fim

Pra onde foi a luz do que é Antigo?
Pra onde foram as almas dos Olhares?
Pra que abismo? que inferno? negros mares?
E este sonho? aonde vai? aonde sigo?

Muito bem... já que tudo está perdido
e pairam teus fantasmas pelos ares,
cantarei Fim por todos os lugares
e o que foi, sem jamais aqui ter sido...

O meu triunfo é estar-me nos teus braços,
vivo de morte, de sombra e de agouro
dos quais jamais irei fugir dos laços...

Vejo descendo uma deusa em negro e ouro
de que já tenho o beijo e o seu abraço
em febre e fúria de indomável touro.

Febre da Lua

à noite
a morte
a fim de que eu te veja
e no final desejo
eu vejo
duendes nos cantos
aos cantos de fadas
e sucumbo em arfadas
de visionários de asmas
doentes aos cantos
e se erguendo fantasmas
em fantásticas falas
que eu canto nos cantos
sem ar pelo amar
o fim dessas almas
que desejo tão altas
pelo fim que te canto
e ao fim não te vejo
só canto de cisnes
nas névoas flutuando
e flutua na lua
minha mágica maga:
à noi...
te amo
a mor...

19 agosto 2006

Signo de Peixes

último signo
já mergulhado
num outro mundo

és água e alma
desconhecidas
em céu Netuno

décimo-quarto
verso-de-louco
de além-soneto

coda final
de sinfonia
número 9

lied de Schubert
perto da morte
já opus póstumo

olho de príncipe
cravado em símbolo
de cruz-espada

sonho de sangue
pelo crepúsculo
sobre um cavalo

corvo-coruja
que um sino toca
junto com um sapo

lago de rosa
de preto e roxo
cantando à noite

beijo na mão
de uma doente
que já morreu

luz de lampião
de 3 fantasmas
pela janela

longe relâmpago
de uma tormenta
já quase 13

do Fim o signo
e só por isso
és tanto meu

Menstruada

má/guada...
des/manchada
em derramamentos
tu te purificas
ex/pulsando
lágrimas de útero

choros sanguino
lentos
lentos
pelas tuas pernas

vermelhas pétalas
das cho/rosas murchas
do jardim quente
do teu ventre em chuvas

eu absorvo tuas dores
melan
cólicas