piadas
cagadas
desgraças
desertos
caçadas
riquinhos
tirinhos
milicos
patentes
pinicos
usura
censura
tortura
tragédia
amargura
acéfalos
hipócritas
suásticas
patéticas
dos trópicos
e os três Phoderes:
o Cômico
o Estúpido
e o Catastrófico
31 outubro 2018
29 outubro 2018
A Era da Maldade
Trump e Bolsonaro venceram. Isso, para ficar nos casos mais representativos nas Américas. Bolsonaro é um Trump piorado. Ou uma caricatura tosca de Trump. Mas apesar das diferenças pró Trump (tem mais história, mais feitos, é mais culto e mais inteligente, traz uma base muito mais sólida que a de Bolsonaro), ambos têm algo em comum: a maldade.
Vivemos um outro momento na humanidade. Ou o retorno de um outro momento que se configurava há cerca de 100 anos atrás. Momento em que o egoísmo e o desumano prevalecem. O egoísmo fala em um pseudo-nacionalismo de ódio ao diferente, o qual é visto como ameaça, utilizando-se de falsos conceitos de família, pátria e Deus, que se tornam apenas eficientes instrumentos de controle.
O desumano nos fala de uma ordem, na realidade impossível e de fachada, mas que seria necessário se implantar a todo custo através da opressão, da repressão, da redução dos direitos individuais, do controle da liberdade de muitos para o benefício de poucos. É ostensível que o discurso de fachada desses novos governantes é um, e seus atos, são outros. Falam através da liberdade e da democracia, mas tentam convencer que para se "manter a liberdade e a democracia", é necessário que se "reduza a liberdade e a democracia". Exatamente como fez Hitler nas primeiras décadas do século XX.
O egoísmo também nos fala do lucro a qualquer custo. O custo é mais e mais destruição ambiental e exploração do trabalho humano. Vivemos uma nova era da impiedade e do medo, da ausência de compaixão e de solidariedade. Nosso coração morre a cada dia. Voltamos à era da redução das áreas de preservação ambiental, do massacre dos povos nativos, da liberação da caça e da aniquilação da vida selvagem, pois isso não tem valor para o neoliberalismo, a não ser o valor financeiro. A poluição desenfreada não terá limites, a vida será cada vez mais subjugada pelos meios de produção. Vivemos a era em que os recursos naturais, desde campos, florestas, até a água ficarão nas mãos de muito poucos, assustadoramente poucos.
O capitalismo agonizante tenta sobreviver através da morte, sugando a última gota de sangue que restar em nosso planeta. Vivemos a era em que o trabalho humano voltará a perder valor. Direitos trabalhistas são e serão retirados ao limite máximo. Com a justificativa de que é para gerar empregos e pelo excesso de mão de obra. Mas é apenas para gerar mais lucros. E não se poderá se pronunciar contra essa "ordem" estabelecida. Como previram Aldous Huxley e George Orwell, uma falsa necessidade de ordem criada artificialmente trará o autoritarismo disfarçado de democracia.
Vivemos a era da insensibilidade. A era em que a inteligência, a cultura e a arte serão vistas como um perigo por ameaçarem a farsa da necessidade da "ordem". Vivemos a era do ódio ao próximo, se o próximo não vive ou não pensa ou não concorda com o que é tido como "correto". Mas tudo encharcado da hipocrisia dos papinhos moles e dos melosos sorrisos de falsa amizade, nos discursos de fingimento religiosos, naquela velha coisa de "isso vai ser bom pra você".
É a era das sentenças arbitrárias e dos julgamentos por interesse. Dos bodes expiatórios. A era em que o culpado de tudo é sempre o outro. Principalmente, se o outro for diferente. E, portanto, o outro deve ser eliminado ou excluído. Caminhamos para uma 3ª Guerra Mundial. Vivemos a Era da Pós-Humanidade. A Era do Fim.
24 outubro 2018
Sem Fundamento
as pessoas se habituaram
a viver a vida que vivem
como se a vida fosse isso que vivem
a vida?
por que assim?
quem levanta de sua cama
levanta para quê?
o trabalho
é um trabalho para qual objetivo?
e alcançado o objetivo
o que é que resta do que fica?
quem dorme
descansa de qual cansaço?
e para que se cansou?
saímos todos os dias
para viver a vida
dentro do mundo
e estamos convencidos
de que a vida é essa que se vive
e de que o mundo é esse que se tem
e de que o que fazemos
é o que deve ser feito
saímos todos os dias
para a morrer a vida
e ninguém se pergunta nada
e não se faz nenhum questionamento
mas errado sou eu
quando digo que tudo isso
não tem nenhum fundamento
a viver a vida que vivem
como se a vida fosse isso que vivem
a vida?
por que assim?
quem levanta de sua cama
levanta para quê?
o trabalho
é um trabalho para qual objetivo?
e alcançado o objetivo
o que é que resta do que fica?
quem dorme
descansa de qual cansaço?
e para que se cansou?
saímos todos os dias
para viver a vida
dentro do mundo
e estamos convencidos
de que a vida é essa que se vive
e de que o mundo é esse que se tem
e de que o que fazemos
é o que deve ser feito
saímos todos os dias
para a morrer a vida
e ninguém se pergunta nada
e não se faz nenhum questionamento
mas errado sou eu
quando digo que tudo isso
não tem nenhum fundamento
23 outubro 2018
Da Mediocridade
I - a humanidade é a soma geométrica
de todas as merdas de cada um de nós:
progredimos pelo bueiro avante.
mas não é esse o problema
o problema é que os humanos
tomaram laxante
II - as pessoas dizem:
“a humanidade é medíocre”
mas a humanidade
é formada pelas pessoas
logo
as pessoas são medíocres.
mas alguém diz:
"eu sou uma pessoa
logo
eu sou medíocre..."
?
o medíocre começa
em não se perceber que o é.
de todas as merdas de cada um de nós:
progredimos pelo bueiro avante.
mas não é esse o problema
o problema é que os humanos
tomaram laxante
II - as pessoas dizem:
“a humanidade é medíocre”
mas a humanidade
é formada pelas pessoas
logo
as pessoas são medíocres.
mas alguém diz:
"eu sou uma pessoa
logo
eu sou medíocre..."
?
o medíocre começa
em não se perceber que o é.
20 outubro 2018
O Meu Lado
eu sempre estarei do lado dos que não têm lado
dos oprimidos dos esquecidos dos explorados
dos combalidos dos excluídos dos exilados
eu nunca serei pelos lucros das empresas
eu nunca serei pelas lavouras dos latifúndios
eu nunca serei pelos produtos das indústrias
eu nunca serei pelo ouro das mineradoras
eu nunca serei pelos tanques dos exércitos
eu estou do lado de quem paga a conta
e não de quem cobra o juro
eu estou do lado de quem cuida a planta pra crescer
e não de quem a enche de veneno
eu estou do lado do animal que é caçado
e não de quem dá o tiro
eu estou do lado dos que sofrem pela vida
e não dos que vivem para a morte
eu sempre estarei do lado
dos que não têm vez:
é o único lado
que representa um poeta
17 outubro 2018
Tempos - Sombra
não há esperança pra vida ou pra massa
nosso Horror nos domina a fogo e a ferro
Shostakovich sangra ácido berro
e Beethoven se ergue além da fumaça
tempos-sombra assomam atrás das desgraças
homens tropeçam no seu desespero
tudo o que é luz desmorona no erro:
nos restam o vinho o whisky a cachaça
mundos de caos nos espreitam na lama
tudo o que somos não passa de falha
máquinas pisam por todas as gramas
resta-me a arte por som e navalha
resta-me um algo que é mais do que chama
que chama o que fúria: triunfo e mortalha
nosso Horror nos domina a fogo e a ferro
Shostakovich sangra ácido berro
e Beethoven se ergue além da fumaça
tempos-sombra assomam atrás das desgraças
homens tropeçam no seu desespero
tudo o que é luz desmorona no erro:
nos restam o vinho o whisky a cachaça
mundos de caos nos espreitam na lama
tudo o que somos não passa de falha
máquinas pisam por todas as gramas
resta-me a arte por som e navalha
resta-me um algo que é mais do que chama
que chama o que fúria: triunfo e mortalha
15 outubro 2018
Sangue de Porco
a humanidade
está acabada.
(é, eu sei, alguns irão protestar,
o que não muda nada)
então que estas levas
de palavras em lavas
larvas de palavras não-livres
livros não lavrados mal-lidos
me deixam mais leve
estas palavras
largarei letra a letra
pingos de vela
granos de areia
e uma cabeça de ovelha
a humanidade acabada:
aquele jorro
de sangue de porco
da garganta esfaqueada
que estas levas
de palavras em lama
me deixem mais breve:
que o diabo as carregue
e o sangue as te leve
está acabada.
(é, eu sei, alguns irão protestar,
o que não muda nada)
então que estas levas
de palavras em lavas
larvas de palavras não-livres
livros não lavrados mal-lidos
me deixam mais leve
estas palavras
largarei letra a letra
pingos de vela
granos de areia
e uma cabeça de ovelha
a humanidade acabada:
aquele jorro
de sangue de porco
da garganta esfaqueada
que estas levas
de palavras em lama
me deixem mais breve:
que o diabo as carregue
e o sangue as te leve
12 outubro 2018
A Esperança Curvada ao Desumano
Poema escrito e publicado em novembro de 2015. Mas parece que escrevi hoje.
derradeira decadência das massas
pela invicta derrota do que humano
vontades que naufragam ano a ano
nos fundos tormentados das não-taças
o não-haver de tudo que se faça
o em-vão irrevogável de um Engano
a esperança curvada ao desumano
nas vastas pradarias da desgraça
passo a passo de um algo que maldito
sobre as patas-arcanjos de um cavalo
entre os olhos sedentos do inaudito...
a nulidade do ato de salvá-lo
dessangra entre vermelhos de infinito
e o Horror levanta a força do seu falo...
derradeira decadência das massas
pela invicta derrota do que humano
vontades que naufragam ano a ano
nos fundos tormentados das não-taças
o não-haver de tudo que se faça
o em-vão irrevogável de um Engano
a esperança curvada ao desumano
nas vastas pradarias da desgraça
passo a passo de um algo que maldito
sobre as patas-arcanjos de um cavalo
entre os olhos sedentos do inaudito...
a nulidade do ato de salvá-lo
dessangra entre vermelhos de infinito
e o Horror levanta a força do seu falo...
10 outubro 2018
Os Olhos Grelados da Morte
o rosto longo e fundo da morte
e aqueles olhos calmos e grandes e grelados
que há muito tempo nos observam
por trás da última árvore
que nos restou no quintal
quem olha da janela dos fundos da cozinha
vê a morte lá sentada
num pedaço escuro e descascado de muro
nos sinalizando com seu dedo indicador
se movendo pra cima e pra baixo
(como quem diz: "sim, é contigo mesmo...")
então fingimos que não é com a gente
jogamos os restos de comida pela janela
apagamos as luzes da cozinha
e vamos ver TV
e pensamos nos planos do dia seguinte
enquanto mexemos no celular
nos enchendo de certezas
e quando olhamos sem querer
para a janela da sala
lá está o rosto longo e fundo da morte
aqueles olhos grandes e grelados e calados
a nos olhar como se fôssemos
o futuro morto da nossa nação
e aqueles olhos calmos e grandes e grelados
que há muito tempo nos observam
por trás da última árvore
que nos restou no quintal
quem olha da janela dos fundos da cozinha
vê a morte lá sentada
num pedaço escuro e descascado de muro
nos sinalizando com seu dedo indicador
se movendo pra cima e pra baixo
(como quem diz: "sim, é contigo mesmo...")
então fingimos que não é com a gente
jogamos os restos de comida pela janela
apagamos as luzes da cozinha
e vamos ver TV
e pensamos nos planos do dia seguinte
enquanto mexemos no celular
nos enchendo de certezas
e quando olhamos sem querer
para a janela da sala
lá está o rosto longo e fundo da morte
aqueles olhos grandes e grelados e calados
a nos olhar como se fôssemos
o futuro morto da nossa nação
08 outubro 2018
Bolsonaro: atestado de Óbito para o nosso Meio Ambiente
Quem ama a natureza não vota em Bolsonaro. Se vota, ou está pouco ligando para a vida em seu amplo sentido ou está mal informado. E muito mal informado. Pensem bem no que ele pretende fazer com nosso meio ambiente, caso ocorra a catástrofe da sua eleição:
- Bolsonaro quer acabar com o ministério do Meio Ambiente
- Quer colocar o poder de decisão da questão ambiental nas mãos gananciosas e predatórias de ruralistas e mineradoras.
- Declarou apoio irrestrito a caçadores. Lembre de sua declaração: "A caça é um esporte saudável".
- Declarou que pretende tirar o poder do IBAMA de fiscalização e multa (Talvez, porque ele foi multado pelo IBAMA por pescar em área proibida).
- Pretende por fim às ONGs que defendem nossas florestas.
- Quer acabar com reservas indígenas e de preservação permanente . Há um vídeo, de uma entrevista rápida para a Globo, em que ele afirma claramente que pretende acabar com reservas naturais e indígenas.
- Quer tirar o poder do IBAMA para o licenciamento ambiental. Se com a existência do licenciamento, já existe tanta destruição, imagina sem.
- Quer ampliar sem limites a exploração da Amazônia, acabando com reservas, sem nenhum respeito à vida, à grandiosidade, à importância fundamental da maior floresta tropical do mundo.
Bolsonaro não tem a mínima consciência ecológica, nenhum sentimento pela vida natural. Quem respeita nossa flora e nossa fauna, e compreende sua importância para nossas vidas, não pode votar em Bolsonaro em hipótese alguma. A não ser que esteja sob efeito de uma histeria, de uma hipnose coletiva, que é, sem dúvida o que está acontecendo com grande parte da população brasileira, sob efeito da histeria bolsonariana. Estes somente sairão dessa histeria após um grande choque, com a ocorrência de uma tragédia, de uma catástrofe. Não podemos esperar que isso aconteça. Mas aqueles que ainda não caíram nessa hipnose, não podem, nesse momento ameaçador para nossa nação, omitirem-se.
Entrem no Facebook e assistam ao vídeo:https://www.facebook.com/luiz.pires.39/posts/1836893913012535
03 outubro 2018
Jantar entre Amigos
o Horror veio e jantou comigo
e com ele vinham todos os que já não
(apesar de antipático
era meu melhor amigo)
e falamos como se insanos
entre um trago de água quente
(daquela, água ardente)
e um prato de sangue com feijão
e alguma coisa não estava bem
(era como se um algo me olhasse além
ou de frente)
e gritei
- oh Ser do que me era
para onde foi o teu sempre?
e agora qual dos sete é que me é?
entre uma e outra ironia
naquele ambiente doentio e brutal
era vasto o cheiro de extinto e de ferro
quando uma voz
me sorriu estranha
(e o Caos me servia
outro gole negro de canha)
era o Horror que me perguntava
se (r)indo:
“mas por que mesmo
amar
não está mais na moda?”
- ah, sei lá, é que... (respondi)
é foda!
e com ele vinham todos os que já não
(apesar de antipático
era meu melhor amigo)
e falamos como se insanos
entre um trago de água quente
(daquela, água ardente)
e um prato de sangue com feijão
e alguma coisa não estava bem
(era como se um algo me olhasse além
ou de frente)
e gritei
- oh Ser do que me era
para onde foi o teu sempre?
e agora qual dos sete é que me é?
entre uma e outra ironia
naquele ambiente doentio e brutal
era vasto o cheiro de extinto e de ferro
quando uma voz
me sorriu estranha
(e o Caos me servia
outro gole negro de canha)
era o Horror que me perguntava
se (r)indo:
“mas por que mesmo
amar
não está mais na moda?”
- ah, sei lá, é que... (respondi)
é foda!
01 outubro 2018
Das Poucas Virtudes do Homem
uma das grandezas do homem
é ser simples com os humildes
e altivo com os arrogantes
uma das inteligências do homem
é ser simpático com os autênticos
e irônico com os hipócritas
uma das sabedorias do homem
é se importar com o ser humano
(como ser)
e desprezar a humanidade
(como mundo)
é ser simples com os humildes
e altivo com os arrogantes
uma das inteligências do homem
é ser simpático com os autênticos
e irônico com os hipócritas
uma das sabedorias do homem
é se importar com o ser humano
(como ser)
e desprezar a humanidade
(como mundo)
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