É
terrorismo explodir bombas em lugares públicos, durante eventos e comemorações,
matando pessoas inocentes? Obviamente que sim. Mas também não é terrorismo a
dominação político-econômico-cultural, a imposição da lei do mais forte a
outros povos e nações também inocentes? E o que é exatamente ser inocente? O
pensamento americano de que eles, e somente eles, são o centro do mundo não é
algo presente na mente e no comportamento da grande maioria dos cidadãos
norte-americanos? Isso também não é uma agressão à humanidade? E também não é
uma forma de terrorismo?
A
reação terrorista é violenta, brutal, inaceitável? Sem dúvida. Mas e o que
provoca essa reação? Somente a
religião? É fácil culpar os homens pelas suas supostas atitudes religiosas,
porque dessa forma, intencionalmente, ocultam-se os motivos mais profundos,
mais complexos, onde se escancara a injustiça dos dominantes sobre o dominados.
O
que dizer da atuação exploratória, predatória das grandes multinacionais nos
países subdesenvolvidos? Há justiça no neocolonialismo? E os seus absurdos
lucros obtidos? Obtidos em cima do quê? De quem? Quem paga o lucro estratosférico
das grandes empresas? Paga de que forma? Consumindo? O consumismo é uma escolha
absolutamente livre de cada indivíduo ou é uma imposição dissimulada da mídia?
Seria isso terrorismo? A quem serve a grande mídia? Aos oprimidos?
A
concentração de renda não seria a mais sórdida categoria de terrorismo? A
concentração é legal, a lei permite. Aí se encontra a sua maior malignidade. O
diretor de uma grande empresa trabalha mais do que um agricultor familiar no
campo? Então, por que mesmo sua renda é inconcebivelmente mais alta? E isso não
é terrorismo? Quando o terrorismo é praticado pelas elites, não se chama
terrorismo, chama-se sistema financeiro, chama-se bancos e banqueiros, chama-se
“desenvolvimento”, chama-se “progresso”.
O
dito “marginal” que assalta, as quadrilhas criminosas que se proliferam, a violência
dos centros urbanos devem ser combatidos e punidos? Logicamente. Mas e o que
ocasiona tal violência? E o desejo de consumo, alimentado, por exemplo, pela
televisão, pelas vitrines dos shoppings, pela ditadura da “vida feliz” dos nossos
dias, esse desejo imposto pelos padrões da sociedade, não é uma atitude
terrorista? E os que não podem satisfazer essa imposição intitulada “desejo de
consumo” porque a sociedade não lhes permite devido às “regras do sistema”... esses fazem o quê? E quem estabeleceu tais “regras”?
Com que propósito? Pelo benefício de quem?
É
cômodo dizer que os homens são terroristas, assassinos, criminosos, violentos e
que devem estar mortos ou atrás das grades. E talvez realmente o sejam. Mas o
que ou quem os fez assim?
“Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem.”
Bertolt Brecht
“Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem.”
Bertolt Brecht
4 comentários:
Neste caso terrorista e assassino.
Quantos pais aplicam o terror para poder educar seus filhos. Chantagem é um tipo de terrorismo e as pessoas não se dão conta que aplicam o tempo todo.
Beijos!!!
O importante a saber, e que muitos jamais perguntam quando a arma atira, é: "Quem ou o quê apertou o gatilho?"
Existem milhões de formas de terrorismos e as vezes nós mesmo cometemos alguma delas e não percebemos!
Excelente texto esse teu!
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Boa sorte!
Parabéns gostei desse texto
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