10 março 2013

O Desastre das Hidrelétricas no Rio Uruguai

Já escrevi aqui no blog sobre a implacável destruição e a irreversível perda de biodiversidade que as hidrelétricas têm causado ao planeta, em particular ao nosso país. Afirmei que a construção de hidrelétricas são crimes permitidos por lei. E continuo afirmando. E o jornal Correio de Povo de hoje trata do assunto, corroborando minha opinião. O jornal aborda a questão do impacto de duas hidrelétricas que estão para ser construídas no rio Uruguai, em territórios do RS e da Argentina, as de Garabi e Panambi. A seguir, alguns dos impactos. Não me parecem muito agradáveis:

1 - A área alagada será de 73,2 mil hectares, a maioria de florestas e de parques de conservação da biodiversidade, algumas delas contendo os últimos remanescentes da Mata Atlântica do interior do continente, que abrangem mais de 1,5 mil espécies, sendo várias em risco de extinção.

2 - Serão desalojadas 12,6 mil pessoas.

3 -  O magnífico Salto do Yucumã (na imagem), considerado o maior salto d'água longitudinal do mundo (queda de 1,8 quilômetro) corre o risco de desaparecer. Além de vários balneários e trilhas ecológicas.

4 -  O professor da UFRGS, Paulo Brack, afirma que o rio Uruguai não será capaz de sustentar todas as hidrelétricas planejadas. "O caudal de água para geração de energia já não é tanto assim. Os reservatórios das hidrelétricas já construídas têm ficado em nível crítico nos últimos verões".

5 - A população de peixes, que já vem se reduzindo drasticamente nos últimos anos, sofrerá perdas irreversíveis. Segundo o professor Brack, com o desaparecimento do Salto do Yucumã, desapareciam também, para sempre, as populações remanescentes de peixes como dourado, surubim e grumatã, que necessitam das corredeiras para a piracema. Além disso, pescadores dizem que a construção de hidrelétricas está destruindo as margens do rio, pois quando as comportas são abertas, a descida violenta da água arrasta tudo o que encontra pela frente. Inclusive redes de pesca com os peixes. 

6 - As águas paradas dos reservatórios das hidrelétricas são bastante propícias para o desenvolvimento de mosquitos e caracóis responsáveis pela transmissão de doenças como febre amarela, leishmaniose, doença de chagas, dengue, e várias outras.

Na Argentina, os moradores da região estão contestando duramente a construção das barragens. Dizem que não há falta de energia, mas sim, má distribuição da mesma. Fato semelhante ao que ocorre no Brasil. Aliás, o Brasil desperdiça muito mais energia do que a Argentina. O desperdício de energia elétrica na Argentina é de cerca de 10%. No Brasil, ultrapassa os absurdos 20%, conforme dados do Tribunal de Contas. E engana-se quem pensa que a maior parte dessa energia seja para a população. Mais de 50% da energia elétrica é consumida pelas indústrias. Que desperdiçam enormes quantias. 

E quem paga o preço? As populações, as florestas, os seres vivos.  E o que está sendo feito para evitar esse desperdício? O que é feito para se preservar os nossos rios? Precisa-se mais de hidrelétricas ou mais de rios? Que tipo de desenvolvimento surgirá com tais "progressos"? 

Triste. Profundamente triste é ver como, lentamente, o planeta morre. Em nome do quê?


3 comentários:

Camila Monteiro disse...

O maus triste é não podermos fazer nada. Em um país onde a população não é ouvida só nos resta gritar nos blogs como fiz hj no meu tb, mas com a certeza de que ninguém está nos escutando!
Triste e recoltante.

Iza disse...

Lendo sobre o que escreveu fico aqui relembrando toda a tristeza que tive na época em que mataram as Sete Quedas do Iguaçu para construção da Usina de Itaipu. Foi triste para mim. Na época era uma adolescente.

Vou ser sincera. Não acho que isso tenha uma solução. Cada dia que passa mais a natureza é destruída.

Obrigada pela visita lá. E parabéns pela forma com que escreve.
Não sei comentar muito bem um poema, mas vou tentar.

Abraço.


Anônimo disse...

Nadie puede con el avance, pero sirve levantar una protesta por intermedio de la palabra.
Excelente post, te dejo un fuerte abrazo.