primeiro
começa
não se olhando no espelho
depois já nem vê
mais os próprios defeitos
depois só vê qualidades
entre reais fictícias fiasquentas
então já é quase perfeito
e sabe que é rico não sendo
depois já se julga melhor que todos
capaz de tudo que é bom
capaz de nada que é ruim
e então já pode julgar os outros
os outros, os inferiores
e decidir quem presta quem não
e quer aplicar punições castigos
o que pode o que é proibido
“se não fizer aquilo que digo”
depois se puder matar
ainda melhor:
“eu decido quem é bandido”
pronto:
está formado um direitista fanático
e fodido
06 novembro 2016
04 novembro 2016
Contribuição à Literatura Nacional
literatura do agrado
dessas
amiga de todos
de mandar beijos aos quatro cantos
que acende vela a deus a diabo
pode ser tudo
menos literatura
literatura sorriso
dessas
de cana açúcar melado
que pinga calda em concursos - feira
entre a baba de plateias - fake
pode ser tudo
mas não é arte
ok, pode ser muitas coisas:
sabujo – adulo – servílio
medíocre – pelego – ordinário
guarapa – laxante – excremento
até escravatura
tudo isso e mais o que se queira
menos literatura
dessas
amiga de todos
de mandar beijos aos quatro cantos
que acende vela a deus a diabo
pode ser tudo
menos literatura
literatura sorriso
dessas
de cana açúcar melado
que pinga calda em concursos - feira
entre a baba de plateias - fake
pode ser tudo
mas não é arte
ok, pode ser muitas coisas:
sabujo – adulo – servílio
medíocre – pelego – ordinário
guarapa – laxante – excremento
até escravatura
tudo isso e mais o que se queira
menos literatura
02 novembro 2016
Preparação para a Vida
tornei-me fã
de tudo que se arrasta
daquilo que é rastejo e torto e excreto
de tudo quanto é rato
e agora eu estou apto
a me inserir no que é progresso
tornei-me fã
de tudo que degrada
daquilo que é esterco e escroto e resto
de tudo quanto é lixo
e agora enfim eu posso
produzir pra o capital
tornei-me fã
de tudo que não vale
daquilo que é vergonha e esgoto e mosca
de tudo quanto é bosta
e agora eu estou pronto
para viver em sociedade
de tudo que se arrasta
daquilo que é rastejo e torto e excreto
de tudo quanto é rato
e agora eu estou apto
a me inserir no que é progresso
tornei-me fã
de tudo que degrada
daquilo que é esterco e escroto e resto
de tudo quanto é lixo
e agora enfim eu posso
produzir pra o capital
tornei-me fã
de tudo que não vale
daquilo que é vergonha e esgoto e mosca
de tudo quanto é bosta
e agora eu estou pronto
para viver em sociedade
30 outubro 2016
Brahms: os melhores concertos e a melhor música de câmara
Sempre penso sobre, mas nunca escrevi a respeito. Brahms é meu compositor preferido. Mas é claro que isso não quer dizer que tudo que Brahms tenha composto eu reconheça como sendo o melhor da música naquele gênero. No entanto Brahms é para mim o maior em vários, ou, melhor me explicando, Brahms compôs a obra máxima em determinados gêneros.
Em sinfonias, Beethoven é insuperável, não há como ir além do gênio de Bonn quando comparamos, por exemplo, qualquer sinfonia, mesmo de Bruckner, mesmo de Mahler, com a suas 5ª e 9ª. Mas Brahms chegou perto, com suas assombrosas sinfonias 1 e 4, diferentes entre si, mas complementares.
O Réquiem de Brahms está, sem dúvida, entre os maiores de todos os tempos, mas difícil dizer, mesmo para mim, que ele seja superior ao de Mozart e ao de Verdi. O Réquiem de Mozart, ainda que deixado incompleto pelo compositor, é meu preferido.
No quartetos para cordas, que Brahms compôs apenas 3, embora maravilhosos, também é trabalho impossível desbancar Beethoven, que é o rei absoluto no gênero. O mesmo se pode dizer para as sonatas para piano.
Óperas, Brahms não as compôs. Seus inúmeros lieder são de altíssimo nível, coloco-os naquele patamar de Schubert, o rei do lied, na minha opinião.
Agora, o seu Concerto para Piano nº2, Beethoven, Mozart e Chopin que me desculpem, é a composição máxima entre os concertos para piano. É um monumento, um colosso da arte. O mesmo digo para o seu Concerto para Violino, a maior obra no gênero, sem desmerecer o de Beethoven, os de Bach, o de Tchaikovsky.
Mas é na música de câmara onde Brahms é imbatível, inigualável, Seus quartetos para piano são os melhores, de longe. Seus trios, absolutamente sublimes, formam um conjunto perfeito e insuperável. Seu quinteto para piano e seu quinteto para clarinete são simplesmente os melhores já realizados. O mesmo se pode afirmar de seus sextetos. Suas sonatas para violoncelo... bem, nunca ouvi sonatas melhores. As suas sonatas para violino... talvez não sejam melhores que uma "Kreutzer" de Beethoven, por exemplo, mas estão junto com ela lá nas alturas.
Enfim, é possível que outros amantes da música não concordem comigo. Mas não há como não reconhecer que tudo o que Brahms criou dentro dos mais variados gêneros e estilos está entre o que de melhor já foi feito na história da música.
28 outubro 2016
A Humanidade está Acabada
não é que a humanidade
irá acabar:
ela já o está.
tornou-se um algo
que deixou de ser
e não se avisou a si mesmo
que o aviso já fora dado
o que há
são indivíduos desfeitos
que não formam
um todo de humanidade
ou a humanidade
seja esse todo
de desfeitos e de acabados
de caóticos e desdestinados
não é que o homem
irá acabar:
ele já o está.
tornou-se um algo
que deixou seu ser
tropel de mortos andantes
olhares vazados
desorizontes
sangue esvaziado
ausência de avantes
sonha o homem
que continua
que abre os caminhos
que pavimenta suas ruas
- mas -
só abre uns abismos
onde enterra futuros
os sons e os sóis
e os lábios e as luas
irá acabar:
ela já o está.
tornou-se um algo
que deixou de ser
e não se avisou a si mesmo
que o aviso já fora dado
o que há
são indivíduos desfeitos
que não formam
um todo de humanidade
ou a humanidade
seja esse todo
de desfeitos e de acabados
de caóticos e desdestinados
não é que o homem
irá acabar:
ele já o está.
tornou-se um algo
que deixou seu ser
tropel de mortos andantes
olhares vazados
desorizontes
sangue esvaziado
ausência de avantes
sonha o homem
que continua
que abre os caminhos
que pavimenta suas ruas
- mas -
só abre uns abismos
onde enterra futuros
os sons e os sóis
e os lábios e as luas
26 outubro 2016
"...equivocadamente chamado homem..."
se soubéssemos quantas pessoas
apodrecem em miséria
a cada riqueza que é concentrada...
se soubéssemos quantos humanos
agonizam de fome
a cada alimento desperdiçado...
se soubéssemos quanto de vida
diminui no planeta
a cada água jogada fora...
se soubéssemos quanto de morte
se espalha na Terra
a cada bem que é produzido
nós, esses vermes...
faríamos tudo de novo...
apodrecem em miséria
a cada riqueza que é concentrada...
se soubéssemos quantos humanos
agonizam de fome
a cada alimento desperdiçado...
se soubéssemos quanto de vida
diminui no planeta
a cada água jogada fora...
se soubéssemos quanto de morte
se espalha na Terra
a cada bem que é produzido
nós, esses vermes...
faríamos tudo de novo...
24 outubro 2016
Massacre nas Estradas: 475 milhões de animais atropelados por ano no Brasil
Em minhas viagens semanais de Santa Maria para Santiago este ano, deparo-me, a cada viagem, com dezenas de animais silvestres atropelados na BR287. São graxains, gambás, aves de várias espécies, mão-peladas, furões, tatus, capivaras, anfíbios, preás, entre outros, em uma cena dantesca, desoladora. Dói-me ver os animais estrebuchados, esmagados, ou apenas encolhidos num canto da estrada, muitos deles de espécies em vias de extinção. Durante todo este ano, viajando todas as semanas, não atropelei nenhum animal. É porque não viajo a 130, 140, 160km por hora. Consigo avistar o animal bem antes e a tempo de desviar, ou reduzir a velocidade, se for necessário.
O problema do MASSACRE de animais silvestres nas estradas brasileiras tem dois motivos básicos: a falta de corredores de passagens para os animais, que não parece ser preocupação de nenhum governo, nem federal, nem estadual, nem municipais e, talvez ainda mais, as absurdas velocidades com que viajam alguns motoristas. O pior é que quase ninguém se preocupa com tal problema, mesmo que num choque com algum animal de grande porte, a morte não seja só a do ser atropelado.
"Um estudo da Universidade Federal de Lavras (UFLA-MG) estima que cerca de 475 milhões de animais silvestres morram, anualmente, atropelados nas rodovias do país. Uma ferramenta criada pela instituição monitora as ocorrências, mas este número pode ser ainda maior.
Chamado de “Atropelômetro”, a ferramenta criada pela instituição para monitorar os atropelamentos de animais silvestres no país não para de rodar. De acordo com o pesquisador da Ufla, Alex Bager, a cada segundo, 15 animais morrem no país. A contagem é o resultado de décadas de estudos desenvolvidos com outros pesquisadores.
Para a bióloga Jaara Alvarenga Cardoso Tavares, o número é assustador. “Um número muito alto que muitas vezes a gente nem tem conhece quais são essas espécies que estão morrendo nas estradas. É um prejuízo enorme pra fauna.”
Já escrevi sobre o assunto:
Sobre a Tua Vida Esmagada
graxaim atropelado
(pela estrada):
nenhuma lágrima
de ninguém
teu sangue esparramado
(pela estrada)
é mancha do que era:
para quem passa rápido
(que é preciso ir e vir
a correr e a sorrir)
tu foste de outra era
e agora és nada
tu sendo um
és todos
que já não são
para que fosse
o progresso
(pela estrada
ao nada)
quem se importa
na pressa?
tua existência
num mundo moderno
é inútil
é um excesso
sobre a tua vida esmagada
(pela estrada
findada)
soprou um hálito
de so(risos)
a sonhar com beijos na noite
ou com sono de justos
ou em festas baladas
sobre a tua vida esmagada
(pela estrada
esvaziada)
eu mesmo...
fiz o quê?
nada
só um poema
que também é nada
para quem o lê
(pela estrada...)
22 outubro 2016
Eu Confesso
confesso que não presto
que não estou no que me
esperam
que não sou pelo que é
certo:
não sou homem de bem
sou homem de mal
confesso que não faço
confesso que nem tento
essa coisa de progresso
de construir carreira
sólida
de me assegurar para a velhice
de me ser reconhecido
e coisas e tal
confesso minha angústia
admito que ainda sinto
que não tornei-me “descolado”
que não fingi felicidade
ou mentiras de alto-astral
mas confesso que me finjo
que me bebo escracho e
minto
a suportar o insuportável
da convivência entre gentes
e a necessidade social
e confesso que escrevo:
escrever é isso
e ponto final
20 outubro 2016
Sem Grandeza
com o que me há sobra
de há alma
há salto
o que há de erro
o que há de queda
o que há fundar(me)
em água e sal
vi no que morre
o que há sombra:
há sempre nada
no que há de mais
e há os des(a)tinos
que há sinais
por onde há rasto
o meu há lento
e o teu há sopro
no não há mar17 outubro 2016
Assassino, antes de tudo*
o homem
é antes de tudo
homicida:
de início
no desejo de ser o único
matou o próximo
depois
no desejo de tudo explicar
matou o mágico
no desejo de tudo tocar
matou o onírico
no desejo de ter o planeta
matou o anímico
no desejo de poder ver a tudo
matou o espírito
e por fim
no desejo de ser o único
matou o cósmico
agora sobrou só o (des)homem
que é antes de tudo
suicida
*Poema reelaborado republicado.
é antes de tudo
homicida:
de início
no desejo de ser o único
matou o próximo
depois
no desejo de tudo explicar
matou o mágico
no desejo de tudo tocar
matou o onírico
no desejo de ter o planeta
matou o anímico
no desejo de poder ver a tudo
matou o espírito
e por fim
no desejo de ser o único
matou o cósmico
agora sobrou só o (des)homem
que é antes de tudo
suicida
*Poema reelaborado republicado.
15 outubro 2016
Por que o brasileiro pobre vota em ricos?
Dois pontos explicam, basicamente, o fato de o Brasil ser governado por oligarquias, ou seja, o fato de o povo eleger, geralmente, ricos e milionários para os cargos governamentais. Um país cuja maioria absoluta da população é formada por pobres ou pessoas de classe média (que, no fundo, também são pobres, no sentido de que não possuem o domínio sobre as riquezas) não poderia, em hipótese alguma, ter como representantes os ricos e os milionários. O que eles realmente representam?
É claro que somente o poder financeiro não explica suas vitórias na urnas. Os brasileiros poderiam se rebelar contra esse poder financeiro e não votar em ricos, No entanto não o fazem, pelo contrário. E aqui entra o primeiro ponto: brasileiro é patriarcal, necessita da figura do "salvador", do homem que "manda". Na visão do brasileiro, manda quem tem o controle do capital, seja em forma de grandes empresas, seja na forma de grandes propriedades rurais. Portanto, esses, para os brasileiros, são os que mandam. Essa cultura de "obedecer ao chefe" existe já na relação patrão-empregado. Na visão do empregado brasileiro, o patrão manda porque pode mandar, quase como um desígnio divino, e o fato de ter "concedido misericordiosamente" um emprego a ele, o reles empregado, obriga-o a louvar o patrão como se fosse um semideus. "Deus-o-livre" dizer não ao patrão. E se ele se candidatar a um cargo público, naturalmente, muito naturalmente, deve ser eleito.
O outro ponto que explica a eleição dos ricos é que brasileiro tem síndrome de coitadismo, tem vergonha de ser pobre, e acha que não é. Tendo um salário um pouquinho melhor, já se sente rico. E se é rico, tem que votar em rico. Brasileiro sempre quer aparentar ser mais do que realmente é. Se tem uma camionete e 3 hectares de terra, já é fazendeiro, quase um latifundiário. Jamais se "diminuirá" escolhendo "não-ricos" para lhe governar. O resultado de tanto poder concedido às elites é um país com uma das maiores e mais cruéis desigualdades sociais do mundo, onde as classes altas controlam a quase totalidade das riquezas e dos meios de produção. E claro que tudo fazem para manter esse domínio. Uma das maneiras de se perpetuar tal controle é desmantelar a educação. A quem está no poder, não interessa que o povo tenha educação a ponto de questionar seus "desígnios divinos". Quer-se conservar os estado das coisas. Manter os "plebeus" longe dos privilégios dos "nobres".
13 outubro 2016
como é Acima é Abaixo
aqui
a água
é o melhor símbolo
da alma:
está em tudo quanto há vida
sem que se perceba sua estada
está em tudo quanto é cíclico
sem que se perceba sua estrada
a água...
tão vital que nem se sente
tão presente
como algo que nem fosse existente
de subida e volta
como se estivesse ao sempre
lá
a alma
é o melhor símbolo
da água
a água
é o melhor símbolo
da alma:
está em tudo quanto há vida
sem que se perceba sua estada
está em tudo quanto é cíclico
sem que se perceba sua estrada
a água...
tão vital que nem se sente
tão presente
como algo que nem fosse existente
de subida e volta
como se estivesse ao sempre
lá
a alma
é o melhor símbolo
da água
11 outubro 2016
Os Miseráveis
em outros tempos
não havia RG
não havia CPF
hoje
sem um registro
nem existo
sem um cadastro
nem deixo rastro
não importa se sou humano
mas se estou fichado no plano...
somos apenas
registráveis
cadastráveis
numeráveis
incontáveis
miseráveis
não havia RG
não havia CPF
hoje
sem um registro
nem existo
sem um cadastro
nem deixo rastro
não importa se sou humano
mas se estou fichado no plano...
somos apenas
registráveis
cadastráveis
numeráveis
incontáveis
miseráveis
08 outubro 2016
Resta Brahms
se tudo já foi dito
e nada tem adiantado
restam o tudo ou nada e o
trago
se a vida perdeu sentido
e é estúpido o amanhã
restam os sentidos de
Chopin
se tudo que foi arte
hoje é fim de caminho
restam a arte o fim e o
vinho
se o mundo é uma taça vazia
e nem importa que tu ames
resta a taça resta tu e
resta Brahms
06 outubro 2016
à Ruína
há alma na ruína
algo de belo
no que se acaba
algo de denso
no que se perde
há alto na ruína
algo de vasto
no que se sangra
algo de imenso
no que se resta
há astros na ruína
algo de luz
no que agoniza
algo de fundo
no que se finda
há asas na ruína
algo de pássaro
na despedida
algo de música
no que se morre
há Arte na ruína
algo de belo
no que se acaba
algo de denso
no que se perde
há alto na ruína
algo de vasto
no que se sangra
algo de imenso
no que se resta
há astros na ruína
algo de luz
no que agoniza
algo de fundo
no que se finda
há asas na ruína
algo de pássaro
na despedida
algo de música
no que se morre
há Arte na ruína
03 outubro 2016
Eleições 2016: Doria e o Brasil, o País dos Milionários
O poder financeiro mostrou de forma arrasadora toda sua capacidade de como levar consigo o povo, através de engodos e seduções. Fácil, muito fácil! Para isso existe a mídia, existe a propaganda. O Brasil elegeu 23 milionários para prefeitos no 1º turno. Segundo levantamento, das 37 cidades com mais de 200 mil habitantes que elegeram seus prefeitos no 1º turno, em 23 delas, os candidatos eleitos declararam patrimônio superior a 1 milhão de reais. Vittorio Medioli (PHS), de Betim (MG), é o mais rico dos prefeitos, com mais de 352 milhões (!!!) declarado em bens. O segundo lugar fica com João Doria (PSDB), o famoso empresário e apresentador de TV, agora prefeito da maior e mais importante cidade do Brasil, São Paulo. Doria declarou bens no valor de apenas 180 milhões de reais. Aliás, o PSDB é o partido que mais possui milionários entre os eleitos: 10 dos 23. Se todos os milionários que disputam 2º turno nas cidades com mais de 200 mil habitantes se elegerem, conseguirão chegar ao poder na maioria delas, em 59 das 92. Esses são os homens de bens, os legítimos, que, agora mais do que nunca, estão dominando completamente o Brasil.
O que isso significa? Por que, diabos! um pobre vota em alguém como Doria? O que acreditam que um super milionário (porque certamente sua fortuna é muito maior do que a declarada, só um ingênuo não reconheceria o fato), um megaempresário, um homem que dedica sua vida ao lucro irá realmente fazer para melhorar a vida dos pobres e miseráveis desse país?
Retiro da Wikipédia o seguinte: Doria "É criador e presidente licenciado do Grupo Doria, que reúne seis grandes organizações, dentre as quais o Lide — Grupo de Líderes Empresariais, uma associação de 1700 empresas nacionais e multinacionais, que, segundo o site do Grupo Doria, respondem por 52% do PIB." Certamente, todos esses senhores sedentos do capitalismo estão preocupadíssimos em tirar da pobreza os milhões de brasileiros que nela se encontram, ou em melhorar socialmente a vida penosa do povo brasileiro, ou em preservar o nosso ameaçado meio ambiente...
Retiro da Wikipédia o seguinte: Doria "É criador e presidente licenciado do Grupo Doria, que reúne seis grandes organizações, dentre as quais o Lide — Grupo de Líderes Empresariais, uma associação de 1700 empresas nacionais e multinacionais, que, segundo o site do Grupo Doria, respondem por 52% do PIB." Certamente, todos esses senhores sedentos do capitalismo estão preocupadíssimos em tirar da pobreza os milhões de brasileiros que nela se encontram, ou em melhorar socialmente a vida penosa do povo brasileiro, ou em preservar o nosso ameaçado meio ambiente...
Não é à toa que o Brasil é campeão em desigualdade social no mundo. Aqui, pobre vota em quem o explora. Aqui, 1% da população (os mais ricos) detêm 50% das riquezas. E a tendência será essa desigualdade aumentar. E é fato que está aumentando em quase todo o mundo. Lembrando que, entre 2000 e 2010, houve uma redução na nossa assombrosa desigualdade. Pouca, mas houve. Agora, não mais. No Brasil, acontecem coisas absurdas, como um médico cobrar 700 reais por uma consulta de 10 minutos. Isso, aqui, em Santa Maria. Que lei existe para impedir que isso aconteça? Nenhuma, por que são os ricos que fazem as leis. São os médicos (como um médico não ficará rico no Brasil cobrando um absurdo de 700 reais por consulta?), são os grandes empresários, são os senhores do agronegócio, são os pastores das igrejas neo pentecostais, entre outros. Rico apenas se preocupa com rico, quase sempre. A história o tem provado. E, como escreveu Balzac: "Atrás de toda grande fortuna há um crime."
Quem ou quê está por trás de tudo isso?
01 outubro 2016
10 anos de O Fim
Este ano, o blog O Fim completou 10 anos de existência. Foi criado em 19 de agosto de 2006. De lá para cá, foram 1849 postagens. Esta é a de número 1850. Acabei deixando passar a data de seu aniversário de 10 anos, mas lembrando-me agora, republico a sua primeira postagem, que foi o poema "Menstruada", de certa forma, uma composição em homenagem às mulheres.
má...guada
(des)manchada
em derramamentos
tu te purificas
(ex)pulsando
lágrimas de útero
choros sanguino
lentos
lentos
pelas tuas pernas
vermelhas pétalas
das (cho)rosas murchas
do jardim quente
do teu ventre em chuvas
quem absorve tuas dores
melan...
cólicas?
29 setembro 2016
Forca
I - que a força está nos
detalhes
é fato conhecido
mas não tanto quanto
o de como a forca está nos
detalhes
II – aquilo que é dito o mal
II – aquilo que é dito o mal
não seria o mal
se fosse percebido como
sendo
por entre o que é percebido
entre o que se diz
principal
III – aquilo que é dito o
bem
não seria o bem
se fosse percebido bem
26 setembro 2016
de mais triste
I – de tudo que veio
através do homem
somente a Arte
evitou que tudo fosse pior:
nada há de mais belo
do que a Criação
II – entre a morte
de um ser humano
e a de um animal
em vias de ser extinto
dói-me mais a última:
nada há de mais triste
do que a extinção
III – campo, mato e morro
eu canto, mato e morro
através do homem
somente a Arte
evitou que tudo fosse pior:
nada há de mais belo
do que a Criação
II – entre a morte
de um ser humano
e a de um animal
em vias de ser extinto
dói-me mais a última:
nada há de mais triste
do que a extinção
III – campo, mato e morro
eu canto, mato e morro
24 setembro 2016
Deploração
cavar todos os dias
com pás
sem paz sem descanso
a cada instante
como se fosse adiante
cavar com o pé
o que não é
sendo diamante
a toda hora
como se fosse embora
cavar o pó
até o tesouro
de se estar só
cavar crise e cova
até cratera
até o outro lado
e à outra era
pisar na merda
que se faz ouro
rubis esmeraldas
e outras coisas
que além de almas
não valem nadas
e dar de comer aos porcos
que trocam
tudo que é alto
por feijão no prato
e ter que partir
sem ter o nome na lista
e enfim um vulto
que no longe some
a morrer de fome:
eis a missa do artista
com pás
sem paz sem descanso
a cada instante
como se fosse adiante
cavar com o pé
o que não é
sendo diamante
a toda hora
como se fosse embora
cavar o pó
até o tesouro
de se estar só
cavar crise e cova
até cratera
até o outro lado
e à outra era
pisar na merda
que se faz ouro
rubis esmeraldas
e outras coisas
que além de almas
não valem nadas
e dar de comer aos porcos
que trocam
tudo que é alto
por feijão no prato
e ter que partir
sem ter o nome na lista
e enfim um vulto
que no longe some
a morrer de fome:
eis a missa do artista
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