na minha boca
sangue de estrelas
sobre meus ombros
todo sol cai
tudo se esvai
lutando à luz do ocaso
trompas de arcanjos
cortam-me a testa
sobre meus olhos
vem todo céu
rasga-se o véu
olhando o fim pra sempre
rabos de raios
dando-me coices
na minha voz
pesa-me a lua
e a noite nua
amando a marcha e a morte
mundos não-críveis
trevas de luzes
cósmicos trezes
na minha alma
voou toda calma
se indo pelo Mistério
10 janeiro 2010
08 janeiro 2010
Não Melodio por Mim...
a final melodia que mais criei
é mais triste que tudo que crio
que é a melodia que não criei
que melodias não rio
mas melodias finais
é tudo que faço
e traço
fracasso
que não crio tudo que faço
só o que é cada vez mais trágico
e escuro
só traço o final mais puro
o estrago
a melodia que for mais triste
que é claro
não existe
e o final que for mais duro
e trago
o vinho que for mais largo
de cansaço
amarguro
e de sangue
na desgraça do braço
em pulso
foi com ele que (al)cansei o laço
errado
onde ando arrastando
o rastro
ondeando em vão
para lassar teu astro
na minha passada de vasto
em passados abraços
de finais e últimos
(com)passos...
é mais triste que tudo que crio
que é a melodia que não criei
que melodias não rio
mas melodias finais
é tudo que faço
e traço
fracasso
que não crio tudo que faço
só o que é cada vez mais trágico
e escuro
só traço o final mais puro
o estrago
a melodia que for mais triste
que é claro
não existe
e o final que for mais duro
e trago
o vinho que for mais largo
de cansaço
amarguro
e de sangue
na desgraça do braço
em pulso
foi com ele que (al)cansei o laço
errado
onde ando arrastando
o rastro
ondeando em vão
para lassar teu astro
na minha passada de vasto
em passados abraços
de finais e últimos
(com)passos...
07 janeiro 2010
"Eis o mal dos senhores, os políticos. Nem mesmo chegam a pensar em coisas importantes."
Acompanhando o intenso blog do Ruy Gessinger, li: "A Conta Está Chegando". Refere-se aos desastres ambientais que vêm assolando o RS, sendo o último a queda da ponte de Agudo pela devastadora enchente. Diz Gessinger:
"Mas a conta dos anos 70, do milagre soja-trigo, do desmatamento; a fatura do crescimento demográfico incontrolado ; a destruição de matas nativas e florestas ciliares não podia ficar impune. A Natureza se sente ameaçada, ela é um ser vivo, ela raciocina em termos de milênios, mas decidiu não ter mais paciência com esse serzinho ignóbil, com” suicidal tendences”. "
Faço minhas as suas trágicas palavras. A conta está chegando. E será alta, muito alta, altíssima! Mas não adianta avisar. Adianta? A destruição impiedosa e imbecil da natureza prosseguirá a passos de gigante. E virá a conta, em parcelas cada vez mais caras. E tanto não adianta avisar, que em 1928, eu disse em 1928!, quando ainda não havia preocupações ambientais reais por parte da humanidade, em seu livro "Contraponto", o genial escritor inglês Aldous Huxley advertiu sobre a desgraça que o "progresso" traria ao planeta. A seguir, um trecho da obra:
"Com essa agricultura intensiva, os senhores estão roubando ao solo o seu fósforo. Ele vai desaparecendo completamente de circulação. Depois, basta ver como os senhores deitam fora centenas de milhares de toneladas de anidrido fosfórico nesses esgotos! Derramando-o dentro do mar. E a isso os senhores chamam progresso. (...)
Eis o mal dos senhores, os políticos. Nem mesmo chegam a pensar em coisas importantes. Vivem a falar do progresso e deixam que todos os anos milhões de toneladas de anidrido fosfórico corram para o mar. É idiota, é criminoso, é... é o mesmo que tanger a lira enquanto Roma arde. Mais duzentos anos apenas e os depósitos se extinguirão. Os senhores julgam que estamos em progresso porque vivemos do nosso capital. Fosfato, carvão, petróleo, salitre, esbanje-se tudo! Eis a política dos senhores. (...)
O único resultado desse progresso dos senhores será que dentro de algumas gerações há de vir uma revolução verdadeira - uma revolução natural, cósmica. Os senhores estão transtornando o equilíbrio. Ao cabo, a natureza o há de restabelecer. E o processo será muito desagradável para os senhores. A queda será tão rápida como o foi a ascensão."
E essas palavras proféticas de Huxley já estão se cumprindo.
Para finalizar, republico um de meus poemas, escrito em outubro de 2009:
Enxurrada
olho para a humanidade
e rio
rio que me leva
leve
em suas correntezas
sem correntes
por que devo combater
o que não deve ser combatido?
o que não deve ser combatido
não deve ser combatido
por que já está vencido
o simplesmente é deixar assim
que tudo nasce
e corre ao Fim
não digo
que não irei com a enxurrada
digo que choveu forte vasto e além
e que a enxurrada vem...
olho para a humanidade
e rio
rio que me leva
leve
em suas correntezas
sem correntes
por que devo combater
o que não deve ser combatido?
o que não deve ser combatido
não deve ser combatido
por que já está vencido
o simplesmente é deixar assim
que tudo nasce
e corre ao Fim
não digo
que não irei com a enxurrada
digo que choveu forte vasto e além
e que a enxurrada vem...
06 janeiro 2010
da Sabedoria
uma nota sinfônica
sabe
por toda altura
acima
de cada letra filosófica
uma pintura mágica
filtra
sol e lua
avante
de quaisquer gases científicos
uma poesia trágica
rufla
suas negras asas
além
de toda poeira teórica
sabe
por toda altura
acima
de cada letra filosófica
uma pintura mágica
filtra
sol e lua
avante
de quaisquer gases científicos
uma poesia trágica
rufla
suas negras asas
além
de toda poeira teórica
05 janeiro 2010
Fernando Pessoa e seus Passos da Cruz (II)
Publico, conforme anunciei na postagem do dia 28/12/09, o segundo da série de 14 sonetos de Passos da Cruz, de Fernando Pessoa. Semana que vem, o 3º soneto.
Passos da Cruz - Soneto II
Há um poeta em mim que Deus me disse...
A Primavera esquece nos barrancos
As grinaldas que trouxe dos arrancos
Da sua efémera e espectral ledice...
Pelo prado orvalhado a meninice
Faz soar a alegria os seus tamancos...
Pobre de anseios teu ficar nos bancos
Olhando a hora como quem sorrisse...
Florir do dia a capitéis de Luz...
Violinos do silêncio enternecidos...
Tédio onde o só ter tédio nos seduz...
Minha alma beija o quadro que pintou...
Sento-me ao pé dos séculos perdidos
E cismo o seu perfil de inércia e voo...
A Primavera esquece nos barrancos
As grinaldas que trouxe dos arrancos
Da sua efémera e espectral ledice...
Pelo prado orvalhado a meninice
Faz soar a alegria os seus tamancos...
Pobre de anseios teu ficar nos bancos
Olhando a hora como quem sorrisse...
Florir do dia a capitéis de Luz...
Violinos do silêncio enternecidos...
Tédio onde o só ter tédio nos seduz...
Minha alma beija o quadro que pintou...
Sento-me ao pé dos séculos perdidos
E cismo o seu perfil de inércia e voo...
(na imagem, o quadro "João Batista" de Leonardo Da Vinci)
03 janeiro 2010
Frases para 2010
A seguir, deixo 13 trechos literários para reflexão neste ano que está principiando...
1)“Não é ilógico supor que, numa existência futura, possamos considerar esta vida terrestre como um sonho.”
Edgar Allan Poe
2)“A lembrança da felicidade passada é a angústia de hoje, as amarguras que existem agora têm sua origem nas alegrias que podiam ter existido.”
Edgar Allan Poe
3)“O corpo é a sombra das vestes
que encobrem teu ser profundo.”
Fernando Pessoa
4)“A morte é a curva da estrada,
morrer é só não ser visto.”
Fernando Pessoa
5)“Deus costuma usar o fogo, para nos ensinar sobre água.”
Fernando Pessoa
6)“Querer não é poder. Quem pôde, quis antes de poder só depois de poder. Quem quer nunca há-de poder, porque se perde em querer.”
Fernando Pessoa
7)“Como a arte é longa, e como a vida é breve!”
Johann Wolfgang Von Goethe
8)“Um prazer demasiadamente repetido produz a insensibilidade; não o sentimos mais como prazer.”
Aldous Huxley
9)“Por trás de toda grande fortuna há um crime.”
Honoré de Balzac
10)“Para não serdes os martirizados escravos do Tempo, embriagai-vos;embriagai-vos sem tréguas! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha.”
Charles Baudelaire
11)“Que minha guerra contra o homem se eternize, já que cada um de nós reconhece no outro sua própria degradação.”
Conde de Lautréamont
12)"O homem não é o único a falar, o universo fala, tudo fala, linguagens infinitas.”
Novalis
13)“Tu és O Poeta, o grande assinalado
Que povoas o mundo despovoado,
De belezas eternas, pouco a pouco.”
Cruz e Sousa
1)“Não é ilógico supor que, numa existência futura, possamos considerar esta vida terrestre como um sonho.”
Edgar Allan Poe
2)“A lembrança da felicidade passada é a angústia de hoje, as amarguras que existem agora têm sua origem nas alegrias que podiam ter existido.”
Edgar Allan Poe
3)“O corpo é a sombra das vestes
que encobrem teu ser profundo.”
Fernando Pessoa
4)“A morte é a curva da estrada,
morrer é só não ser visto.”
Fernando Pessoa
5)“Deus costuma usar o fogo, para nos ensinar sobre água.”
Fernando Pessoa
6)“Querer não é poder. Quem pôde, quis antes de poder só depois de poder. Quem quer nunca há-de poder, porque se perde em querer.”
Fernando Pessoa
7)“Como a arte é longa, e como a vida é breve!”
Johann Wolfgang Von Goethe
8)“Um prazer demasiadamente repetido produz a insensibilidade; não o sentimos mais como prazer.”
Aldous Huxley
9)“Por trás de toda grande fortuna há um crime.”
Honoré de Balzac
10)“Para não serdes os martirizados escravos do Tempo, embriagai-vos;embriagai-vos sem tréguas! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa escolha.”
Charles Baudelaire
11)“Que minha guerra contra o homem se eternize, já que cada um de nós reconhece no outro sua própria degradação.”
Conde de Lautréamont
12)"O homem não é o único a falar, o universo fala, tudo fala, linguagens infinitas.”
Novalis
13)“Tu és O Poeta, o grande assinalado
Que povoas o mundo despovoado,
De belezas eternas, pouco a pouco.”
Cruz e Sousa
02 janeiro 2010
Soneto Ainda Mais ao Fim
Mas da minha alma, Deus, que faço agora,
se mais e mais sou um louco isolado,
se toda esperança é sonho acabado,
se nenhum olho pelo Cosmos chora?
Pois de ocultar-me vejo chegar a hora:
tão somente um coração massacrado
é o que trago caminhando ao meu lado,
é o que te deixo... Sim, devo ir embora.
Exauri as cordas do meu violino
na tentativa de elevar-te além,
na luta insana contra o Gran Destino.
Voto agora ao homem total desdém
e uma carta a um corvo em febre eu assino
na Noite quieta que matar-nos vem...
se mais e mais sou um louco isolado,
se toda esperança é sonho acabado,
se nenhum olho pelo Cosmos chora?
Pois de ocultar-me vejo chegar a hora:
tão somente um coração massacrado
é o que trago caminhando ao meu lado,
é o que te deixo... Sim, devo ir embora.
Exauri as cordas do meu violino
na tentativa de elevar-te além,
na luta insana contra o Gran Destino.
Voto agora ao homem total desdém
e uma carta a um corvo em febre eu assino
na Noite quieta que matar-nos vem...
31 dezembro 2009
Ou Para Apagá-la...
a Arte não pode
dar concessões:
há que se voar ao extremo
e se descer ao abismo
se tens medo
de que o fogo do sol
ou do inferno
incendeie teus olhos
ou que morra na queda
quando a tua asa cansar...
é melhor sentar
deitar
repousar...
na Arte não há meio-termos
não se pode equilibrá-la:
a Arte é para incendiar a chama do peito
ou para apagá-la...
dar concessões:
há que se voar ao extremo
e se descer ao abismo
se tens medo
de que o fogo do sol
ou do inferno
incendeie teus olhos
ou que morra na queda
quando a tua asa cansar...
é melhor sentar
deitar
repousar...
na Arte não há meio-termos
não se pode equilibrá-la:
a Arte é para incendiar a chama do peito
ou para apagá-la...
30 dezembro 2009
Soneto ao Não
o longe além dos dias que não vieram
veem como se eu não estivesse cá
todas esperanças que não me deram
é aquela estrela que não está lá
a estrela olho com olho que não é
no alto em promessa como um não perdida
e o seu não fitei com imensa fé
na janela que não foi construída
e a luz que desce ao não ser da janela
vem não a mim em sim de solidão
à chama em não ter aceso uma vela
em paz não beija a minha alma emoção
e me vou sonhar-te em não voo com ela
até os céus de um catastrófico Não
veem como se eu não estivesse cá
todas esperanças que não me deram
é aquela estrela que não está lá
a estrela olho com olho que não é
no alto em promessa como um não perdida
e o seu não fitei com imensa fé
na janela que não foi construída
e a luz que desce ao não ser da janela
vem não a mim em sim de solidão
à chama em não ter aceso uma vela
em paz não beija a minha alma emoção
e me vou sonhar-te em não voo com ela
até os céus de um catastrófico Não
28 dezembro 2009
Fernando Pessoa - O Predestinado - Passos da Cruz I
"Um dia,
lá para o fim do futuro,
alguém escreverá sobre mim um poema,
e talvez só então eu comece
a reinar no meu Reino."
Fernando Pessoa
lá para o fim do futuro,
alguém escreverá sobre mim um poema,
e talvez só então eu comece
a reinar no meu Reino."
Fernando Pessoa
Entre 1914 e 1916, Fernando Pessoa compôs os 14 sonetos de "Passos da Cruz". Trata-se de sonetos absolutamente perfeitos e inovadores em nossa língua, avançando do Simbolismo para o Modernismo, numa linguagem das mais profundas e enigmáticas, por isso, pouco populares, se levarmos em conta que a obra de Pessoa é muito difundida na atualidade.
Nesses sonetos, o gênio português expressou a sua dramática visão de sua missão como poeta, como artista. Julgava-se um predestinado, solitário e incompreendido, cuja missão ele ainda não conhecia totalmente, mas que seria cumprida de qualquer forma e legada à posteridade.
E assim, de fato o foi. Pessoa jamais teve reconhecimento em vida, publicou apenas um livro, fracassou em seus projetos profissionais, viveu em relativa pobreza, sendo sustentado por amigos e parentes, mas hoje é visto como um dos maiores poetas da literatura universal. Hoje anda de boca em boca, amantes e não amantes de poesia conhecem pelo menos alguns de seus versos e não se cansam de expressá-los em blogs, orkuts, twitter, enviar para os amados e amadas, ainda que não os compreendam inteiramente. Seus livros são incansavelmente editados, reorganizados, espalhados pelo mundo todo. Suas obras estudadas e analisadas infatigavelmente. De modo que Fernando Pessoa tinha razão. Ele era um predestinado.
A partir de hoje, sendo um por semana, publicarei aqui os 14 sonetos de Passos da Cruz, sem comentá-los, deixando que o leitor tenha suas próprias sensações.
Passos da Cruz - Soneto I
Esqueço-me das horas transviadas…
O Outono mora mágoas nos outeiros
E põe um roxo vago nos ribeiros…
Hóstia de assombro a alma, e toda estradas...
Aconteceu-me esta paisagem, fadas
De sepulcros a orgíaco… Trigueiros
Os céus da tua face, e os derradeiros
Tons do poente segredam nas arcadas…
No claustro sequestrando a lucidez
Um espasmo apagado em ódio à ânsia
Põe dias de ilhas vistas do convés
No meu cansaço perdido entre os gelos,
E a cor do Outono é um funeral de apelos
Pela estrada da minha dissonância…
27 dezembro 2009
Poema Fúnebre
deixa assim...
que de nota em nota
a Marcha Fúnebre
chegará ao fim
enquanto eles falam
e gritam e riem e gestam
e sobem e descem e sabem
e vencem e caem e cegam
transpiram publicam rastejam
eu calo-me
num canto
canto sombrio e só
não-visto por todos
ouvido por nada
e só recebi um não
por ter a razão
o Fim
é uma marcha fúnebre
e fúnebre sendo
seu lento andamento
é lento...
lento...
bem lento...
então deixa assim
que eu não falo por mim:
quem fala é o Tempo...
que de nota em nota
a Marcha Fúnebre
chegará ao fim
enquanto eles falam
e gritam e riem e gestam
e sobem e descem e sabem
e vencem e caem e cegam
transpiram publicam rastejam
eu calo-me
num canto
canto sombrio e só
não-visto por todos
ouvido por nada
e só recebi um não
por ter a razão
o Fim
é uma marcha fúnebre
e fúnebre sendo
seu lento andamento
é lento...
lento...
bem lento...
então deixa assim
que eu não falo por mim:
quem fala é o Tempo...
26 dezembro 2009
“Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.”
Com essa sentença, o nosso maior romancista, Machado de Assis, encerrou o seu genial “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. O livro foi escrito há quase 130 anos, e hoje tal frase deveria ser seguida como lei. Explico-me...
Irei direto ao ponto, não há muito que ser dito sobre este assunto. As pessoas falam em preservar o planeta com redução da poluição, com preservação da vegetação natural, com conscientização da população, com desenvolvimento sustentável, enfim, todas essas utopias que qualquer ser humano com o mínimo de inteligência sabe que são irrealizáveis. O fracasso de todas as conferências sobre clima e preservação ambiental está aí para provar o que digo. Ter esperanças de que o ser humano vai conseguir reverter a situação com tais atitudes é uma ingenuidade, ou imbecilidade mesmo.
Então, nossa civilização não tem saída? Tem. É só ninguém mais ter filhos. Pronto. Isso é um absurdo? Claro que é. E só esse absurdo pode salvar nossa atual civilização. É tão absurdo que ninguém toca nesse assunto. Já viram alguém falar que essa é nossa única solução? Não, ninguém tem coragem de afirmar tal inaceitabilidade. Eu tenho. E meu raciocínio é de uma impiedosa simplicidade.
Segundo os cálculos científicos, dentro de 40 anos, o mundo, mantendo o atual índice de crescimento populacional, com o aumento da expectativa de vida, terá cerca de 10 bilhões de habitantes. Nosso planeta não está suportando 6, vai suportar 10 bilhões de pessoas? Calcula-se que para sustentar tal população sem que ninguém passe fome, tenha-se que quase triplicar a produção de alimentos. E tirar de onde tantos alimentos, se a atual produção já é insustentável para o planeta? E de onde tirar mais água, se ela já está escasseando? E mais energia? Ou quem sabe as pessoas que nascerem não deverão se alimentar, nem tomar água, nem se vestir, nem acender uma lâmpada? Talvez nem devam respirar...
A verdade simples, lógica, matemática - e cruel - é esta: a humanidade não pode aumentar, se aumentar, o planeta morre, porque ele já nem com o que tem está aguentando. É o mesmo que dar mais sal para um hipertenso que está tendo um infarto. Qual será o resultado? Então, ninguém mais pode ter filhos. Ou, para cada criança que nascer, alguém deverá morrer. E como eu sei que isso não vai acontecer, explica-se todo o meu pessimismo... Esta civilização não tem futuro. Terá que acabar para recomeçar. Ponto final.
Irei direto ao ponto, não há muito que ser dito sobre este assunto. As pessoas falam em preservar o planeta com redução da poluição, com preservação da vegetação natural, com conscientização da população, com desenvolvimento sustentável, enfim, todas essas utopias que qualquer ser humano com o mínimo de inteligência sabe que são irrealizáveis. O fracasso de todas as conferências sobre clima e preservação ambiental está aí para provar o que digo. Ter esperanças de que o ser humano vai conseguir reverter a situação com tais atitudes é uma ingenuidade, ou imbecilidade mesmo.
Então, nossa civilização não tem saída? Tem. É só ninguém mais ter filhos. Pronto. Isso é um absurdo? Claro que é. E só esse absurdo pode salvar nossa atual civilização. É tão absurdo que ninguém toca nesse assunto. Já viram alguém falar que essa é nossa única solução? Não, ninguém tem coragem de afirmar tal inaceitabilidade. Eu tenho. E meu raciocínio é de uma impiedosa simplicidade.
Segundo os cálculos científicos, dentro de 40 anos, o mundo, mantendo o atual índice de crescimento populacional, com o aumento da expectativa de vida, terá cerca de 10 bilhões de habitantes. Nosso planeta não está suportando 6, vai suportar 10 bilhões de pessoas? Calcula-se que para sustentar tal população sem que ninguém passe fome, tenha-se que quase triplicar a produção de alimentos. E tirar de onde tantos alimentos, se a atual produção já é insustentável para o planeta? E de onde tirar mais água, se ela já está escasseando? E mais energia? Ou quem sabe as pessoas que nascerem não deverão se alimentar, nem tomar água, nem se vestir, nem acender uma lâmpada? Talvez nem devam respirar...
A verdade simples, lógica, matemática - e cruel - é esta: a humanidade não pode aumentar, se aumentar, o planeta morre, porque ele já nem com o que tem está aguentando. É o mesmo que dar mais sal para um hipertenso que está tendo um infarto. Qual será o resultado? Então, ninguém mais pode ter filhos. Ou, para cada criança que nascer, alguém deverá morrer. E como eu sei que isso não vai acontecer, explica-se todo o meu pessimismo... Esta civilização não tem futuro. Terá que acabar para recomeçar. Ponto final.
25 dezembro 2009
Poemas do Término e Contos do Fim 37
A edição 37 do zine literário Poemas do Término e Contos do Fim será lançada amanhã, dia 26/12. Incluirá os contos "Conto Violento e Inútil" e "De Sangue" e mais 4 poemas insensatos.
Em Santiago, os pontos de distribuição são os seguintes: locadoras Fox, Classic e Stop, biblioteca pública, biblioteca da Uri, Ponto Cópias e Livraria Santiago. Pode ser enviado para qualquer cidade do Brasil ou exterior, mediante o pagamento das despesas de correio.
Agradeço à colaboração dos seguintes amigos na distribuição do zine em outras cidades: Liziane Serafini (Santa Cruz do Sul/RS), Luana Serafini (Santa Maria/RS), Alberto Ritter (Porto Alegre/RS), Gracieli Persich (Santo Ângelo/RS), Louise Wagner (São Leopoldo/RS), Lilene Leverdi (São Gonçalo/RJ), Héder Duarte (São Gonçalo/RJ), Agnes Mirra (Goiana/PE) e Paulo Soriano (Salvador/BA). Agradeço também ao amigo Guilhermes Damian pelo excelente trabalho de design do zine.
24 dezembro 2009
Poema de Natal II
talvez te desejasse felicidades
a felicidade que ânsia pelos dramáticos angelicais
anos-luz de desejos que se afogam
nos impossíveis das idades...
mas não vou te desejar felicidades.
talvez te desejasse saúde
a saúde que sol pelos campos em tons azuis
verdes-luz de paisagens que se somem
nas contradanças do alaúde...
mas não vou te desejar saúde.
talvez te desejasse amor
o amor que céus pelas lunáticas infinitais
beijos-luz de sonhar-te que se vagam
ao som da mais clara cor...
mas não vou te desejar amor.
não, não vou desejar...
nem felicidades
nem saúde
nem amor
nem paz
nem calma
eu só te desejo Alma.
a felicidade que ânsia pelos dramáticos angelicais
anos-luz de desejos que se afogam
nos impossíveis das idades...
mas não vou te desejar felicidades.
talvez te desejasse saúde
a saúde que sol pelos campos em tons azuis
verdes-luz de paisagens que se somem
nas contradanças do alaúde...
mas não vou te desejar saúde.
talvez te desejasse amor
o amor que céus pelas lunáticas infinitais
beijos-luz de sonhar-te que se vagam
ao som da mais clara cor...
mas não vou te desejar amor.
não, não vou desejar...
nem felicidades
nem saúde
nem amor
nem paz
nem calma
eu só te desejo Alma.
(na imagem, o quadro "Anunciação" de Botticelli)
22 dezembro 2009
Poema de Natal
não deixarei agora em verso
nem espalharei pelo universo
a mínima desgraça andante
golfejarei meu próprio sangue
que tudo é vão e decadente
que tudo é falsa e vã semente
cala-te ânsia pelo meu pranto
suma comigo em teu espanto
nada fique da minha história
que é vão o amor o sonho a glória
que abisme o desejo em meu peito
morra o horror em mim desfeito
mergulhem-me no que é fatal...
brilha puro o astro de Natal.
nem espalharei pelo universo
a mínima desgraça andante
golfejarei meu próprio sangue
que tudo é vão e decadente
que tudo é falsa e vã semente
cala-te ânsia pelo meu pranto
suma comigo em teu espanto
nada fique da minha história
que é vão o amor o sonho a glória
que abisme o desejo em meu peito
morra o horror em mim desfeito
mergulhem-me no que é fatal...
brilha puro o astro de Natal.
21 dezembro 2009
Aspire Fundo... e Solte...
se eu tivesse
um pouco mais de inspiração
talvez transformasse em sonho
o ar medonho
que respiro
se eu tivesse um pouco mais
de respiração...
se eu chegasse
a um alto mais de aspiração
talvez transmutasse em dança
o chumbo da esperança
que suspiro
se eu tivesse um alto mais
de inspiração...
se a tua respiração eu inspirasse
talvez aspirasse o ar que me inspira
talvez ventasse a luz que suspira
em tua boca soprada
mas aspirei a tudo
e aspirei o nada
um pouco mais de inspiração
talvez transformasse em sonho
o ar medonho
que respiro
se eu tivesse um pouco mais
de respiração...
se eu chegasse
a um alto mais de aspiração
talvez transmutasse em dança
o chumbo da esperança
que suspiro
se eu tivesse um alto mais
de inspiração...
se a tua respiração eu inspirasse
talvez aspirasse o ar que me inspira
talvez ventasse a luz que suspira
em tua boca soprada
mas aspirei a tudo
e aspirei o nada
19 dezembro 2009
Visão Final
de tuas fantásticas visões
trago o peito (de) amor... tecido
e sempre irei afoguear-me
no mar de fogo da arte
na cura de chamas românticas
das quais sempre morti... fiquei-me
morri-me vezes várias
e consegui-me curar-me jamais
contigo e tuas pupilas
de íris ocultas de sonhos
a cristais de horizontes
carregados rubros de Fim
meu espírito
que nunca será (demo)lido
verá o Final pelo Início
sublimado
em vapores de lágrima
de teu olho emocio...
nado
no teu choro ao infinito
que é onde vou-me ao jamais...
sonhado
trago o peito (de) amor... tecido
e sempre irei afoguear-me
no mar de fogo da arte
na cura de chamas românticas
das quais sempre morti... fiquei-me
morri-me vezes várias
e consegui-me curar-me jamais
contigo e tuas pupilas
de íris ocultas de sonhos
a cristais de horizontes
carregados rubros de Fim
meu espírito
que nunca será (demo)lido
verá o Final pelo Início
sublimado
em vapores de lágrima
de teu olho emocio...
nado
no teu choro ao infinito
que é onde vou-me ao jamais...
sonhado
17 dezembro 2009
Versos Erguidos
sempre distante de teu sucesso tedioso
sentenciei-me acabando por entre meus sonhos
e quanto mais fundo me acabo
ergo-me cada vez melhor acabado
sempre longínquo de teu marasmo sensato
acabei-me flechado por trágico orgulho
e quanto mais me dispo de orgulho
ergo-me cada vez mais exaltado
sempre em desprezo de teu saudável sorriso
orgulhei-me de insano em dramática doença
e quanto mais em violência adoeço
ergo-me cada vez mais inflamado
sempre em desgraça de teu vazio perfeito
adoeci-me em tormentas de arcanjos rebeldes
e quanto mais sem consolo rebelo-me
ergo-me cada vez mais rebelado
sempre em fracasso de teu destino traçado
rebelei-me sendo Rei sempre ao descer
e quanto mais aos abismos me desço
ergo-me cada vez mais elevado
sentenciei-me acabando por entre meus sonhos
e quanto mais fundo me acabo
ergo-me cada vez melhor acabado
sempre longínquo de teu marasmo sensato
acabei-me flechado por trágico orgulho
e quanto mais me dispo de orgulho
ergo-me cada vez mais exaltado
sempre em desprezo de teu saudável sorriso
orgulhei-me de insano em dramática doença
e quanto mais em violência adoeço
ergo-me cada vez mais inflamado
sempre em desgraça de teu vazio perfeito
adoeci-me em tormentas de arcanjos rebeldes
e quanto mais sem consolo rebelo-me
ergo-me cada vez mais rebelado
sempre em fracasso de teu destino traçado
rebelei-me sendo Rei sempre ao descer
e quanto mais aos abismos me desço
ergo-me cada vez mais elevado
Agradecimento Geral
Agradeço aos amigos que estão divulgando o texto abaixo em seus blogs pelo Estado afora. Obrigado.
16 dezembro 2009
Eu Acredito em Papai Noel, Yeda Crusius, Marco Peixoto e Expresso Ilustrado
Como o Natal está chegando, quero, agora, solenemente, afirmar que acredito no Papai Noel. Sim, é verdade. Ele trouxe-me vários presentes quando eu era criança. Alguns invejosos insistem em tentar fazer-me crer que era meu pai vestido de Papai Noel, mas não... Era o bom velhinho sim! Eu apenas ainda não descobri de onde ele conseguiu os presentes, mas estou certo que vou descobrir em breve, pois pretendo adicionar o Papai Noel no msn, ou no orkut, se ele não quiser me passar o msn.
E além do Papai Noel, acredito na nossa querida governadora Yeda Crusius, sempre tão sincera, bondosa, pacífica e amiga do funcionalismo. Dizem que ela comprou uma casinha com dinheiro de campanha, que participou ou encobriu esquemas de corrupção, mas eu duvido. Para mim, que tenho um imenso coração sempre pronto a perdoar os erros humanos e perdoo os que falam mal da governadora, a Dona Yeda não fez nada disso, muito pelo contrário, ela está se sacrificando para colocar o Estado em equilíbrio e para acabar com as farras dos professores, esses desabusados, preguiçosos, que só sabem reclamar. Tudo bem, admito que não vejo equilíbrio em parte alguma no Estado, mas a culpa é minha. Eu fico só na internet e não acompanho os jornais. E na internet dizem que o aumento para os professores dado pela governadora é uma farsa. Mas que absurdo! Essa gente nunca está contente com nada. Querem decerto ganhar uns dois mil por mês! Só para dar umas aulinhas bestas para uns aluninhos que já sabem tudo? Pobre da governadora, só ela para aguentar tanta chateação. É uma santa!
E santo também é o deputado Marco Peixoto, grande homem, eu me orgulho de ser santiaguense como ele, e para mim tudo o que ele diz é verdade, pois eu o conheço, é um gaúcho do pampa, um homem de confiança, que honra o fio do bigode, mesmo que ele não tenha bigode. Ele não mente nunca! Isso é fato. Agora não queriam que ele fosse conselheiro do Tribunal de Contas do Estado... Mas por quê? Dizem que ele está ou esteve envolvido em algumas coisinhas meio ilegais, algumas continhas meio obscuras, uns envolvimentozinhos meio feinhos, mas isso quem é que não tem? Tais coisas é que deixam a vida emocionante. Mas mesmo assim, estou certo que ele não tem envolvimento nenhum. Sabem por quê? Por que ele já chegou a chorar no plenário. Que homem santo! Não te preocupa, estou contigo, Marcão! Mas quando eu te pedir, vê se me ajuda, né!
E acredito no jornal Expresso Ilustrado como um veículo de informação absolutamente confiável, que jamais omitiria uma informação da população santiaguense. Assim, se o deputado Marco Peixoto, ou qualquer outra pessoa, tivesse algum podre, todos nós já saberíamos. Estou absolutamente certo de que o ilibado jornal Expresso Ilustrado divulgaria. Tal jornal é a fina flor da sociedade santiaguense, e nele não há lugar para omissões, puxa-saquismos ou censuras. Sim, jamais alguém, seja quem for, será censurado por este jornal, baluarte e símbolo da democracia brasileira. Por mais que alguém diga certas verdades inconvenientes que não estão de acordo com a orientação deste pomposo veículo de imprensa, o que é absolutamente normal dentro do estado democrático, ele sempre permitirá a livre expressão humana em suas páginas. E viva Santiago!
Finalmente, acredito que todos os que acima mencionei, dentro de 50 anos, serão lembrados como grandes filhos da humanidade, terão suas vidas estudadas nas escolas e seus feitos glorificados aos quatro ventos.
Ah, e o Coelhinho da Páscoa está aqui comigo agora. Quem disse que ele não existe? Quem quer um ovinho?
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