Na era da SUPERFÍCIE e da VELOCIDADE em que vivemos, as pessoas buscam as "soluções" apresentadas como "prontas". Isso vai desde a alimentação (fast foods, comidas congeladas etc), passando pelas pesquisas na internet, pelos noticiários de TV até as escolhas RELIGIOSAS e POLÍTICAS. Raramente, uma questão, um ponto, um problema são analisados com profundidade e considerando-se seus inúmeros aspectos. Dá muito trabalho. Acaba-se sempre se deixando que outros façam esse "serviço sujo".
As pessoas não gostam de parar para refletir, para contemplar, para sensibilizar-se, para se colocar no lugar de outros, porque isso custa tempo e esforço psíquico. Poucos são os que conseguem, por exemplo, aprofundar-se em algum livro, em seu conteúdo, em suas entrelinhas, em geral o leem, SE O LEREM, com superficialidade e rapidamente, nem chegam a sentir e a refletir sobre o que leram. Ou então escolhem um livro fácil, que não exige esforço do leitor e onde todas as ideias, como sempre, já estão prontas, não se precisa construir nada. Mas, para a maioria, ler é "perda de tempo". Textos só serão lidos se forem "curtinhos", nada de "textões", como deverão considerar este meu.
Um exemplo nesse sentido, o das"soluções prontas", é o desejo de "ordem" dos brasileiros. É muito comum a opinião de que o Brasil precisa "entrar em ordem". Mas o que é entrar em ordem? Como se entra em ordem? Ordem, no seu sentido verdadeiro, em uma nação, somente surge da justiça e inserção sociais, com a redução das desigualdades, com oportunidades geradas para todos, com educação e cultura fortes, com liberdade de pensamento e expressão. A ordem é um processo de dentro para fora, gradual, lento, exigente, não pode ser imposta de forma externa.
Mas os adeptos das soluções prontas, que nunca analisaram a questão, querem que seja assim. Que a ordem seja "estabelecida" com opressão, com repressão, com mascaramento das desigualdades, com eliminação dos não-favorecidos, como se isso fosse resolver alguma coisa, a não ser alimentar mais e mais revolta, caos e violência. Mas custa se aprofundar e entender tudo o que está envolvido. É melhor, então, uma "solução" já prontinha e enlatada, tipo um Bolsonada e/ou uma ditadurinha militar.