um verso
vazio
de nada
de adaga
ao longe
ao largo
ao vago
se sangra
a adágio
de água
que pedra
nenhuma
perturba
e afaga
nem nada
(a)tinge
no lago
sereno
de selva
tranquilo
de sopro
distante
que nada
infringe
se sábio
se silvo
serpente
se sonho
se esquece
se fogo
se ascende
e enfim
não disse
nem algo
nem vale
nem verso
nem nada
24 janeiro 2017
22 janeiro 2017
Você não tem o direito de viver
você não tem direito a viver
tem direito a pagar:
seus pais pagam pelo hospital
quando você nasce
depois pagam por comida
roupa casa água luz
brinquedos livros lazer
remédios estudos transporte
seja por imposto seja por escolha
(se eles puderem escolher)
então se paga por mais estudo
e depois que se pagar para um trabalho
você pagará a partir desse trabalho
pela vida que começará a pagar:
é a sua vez de pagar
por aquilo que seus pais pagavam por você
(se é que você tinha pais para pagar)
você poderá começando
a pagar para morar
e você pagará para morar
mesmo que o lugar seja seu
depois você vai querer pagar por um carro
e você pagará para poder sair com o carro
e onde quer que você vá
para poder ter alguma graça onde você foi
terá que pagar por alguma coisa
para estar lá
enfim, você terá que pagar para sair
você terá que pagar para estar
pagar para fazer
pagar para ter
pagar para poder
talvez até para amar...
e você sabe que tudo pelo que pagar
uma boa parte você não pagará só o preço
mas pagará também a parte roubada
que fica pelos caminhos do mundo:
você pagará pela injustiça
e você também sabe que pagará para ficar velho
e, ao fim das contas, pagará para morrer...
só pelo Ser que não:
o Ser não tem preço
tem direito a pagar:
seus pais pagam pelo hospital
quando você nasce
depois pagam por comida
roupa casa água luz
brinquedos livros lazer
remédios estudos transporte
seja por imposto seja por escolha
(se eles puderem escolher)
então se paga por mais estudo
e depois que se pagar para um trabalho
você pagará a partir desse trabalho
pela vida que começará a pagar:
é a sua vez de pagar
por aquilo que seus pais pagavam por você
(se é que você tinha pais para pagar)
você poderá começando
a pagar para morar
e você pagará para morar
mesmo que o lugar seja seu
depois você vai querer pagar por um carro
e você pagará para poder sair com o carro
e onde quer que você vá
para poder ter alguma graça onde você foi
terá que pagar por alguma coisa
para estar lá
enfim, você terá que pagar para sair
você terá que pagar para estar
pagar para fazer
pagar para ter
pagar para poder
talvez até para amar...
e você sabe que tudo pelo que pagar
uma boa parte você não pagará só o preço
mas pagará também a parte roubada
que fica pelos caminhos do mundo:
você pagará pela injustiça
e você também sabe que pagará para ficar velho
e, ao fim das contas, pagará para morrer...
só pelo Ser que não:
o Ser não tem preço
20 janeiro 2017
Atualização dos Três Poderes Nacionais
Com os atuais governantes do Brasil, percebe-se uma leve alteração nas funções dos Três Poderes governamentais. Vamos às definições rápidas e atualizadas dos Três Poderes da Grande Nação Brasileira:
Poder Executivo: tem por função governar contra o povo em todos os aspectos e administrar com mão de ferro os interesses diversos das grandes empresas nacionais e estrangeiras.
Poder Legislativo: são os representantes legítimos das grandes empresas nacionais e estrangeiras em todos seus campos de atuação, desde a construção civil até o agronegócio, passando pelas igrejas neopentecostais. Tem por função a criação e/ou modificação das leis, sempre com o objetivo de beneficiar as grandes empresas e os negócios que representam.
Poder Judiciário: atualmente, está reduzido a ser formado pelos lacaios e lambe-botas do Poder Executivo e das grandes empresas nacionais e estrangeiras. Não é necessário maiores explicações.
Para executar tão fundamentais e difíceis funções, é ostensível que todos os membros dos três poderes são muito bem pagos, inclusive de forma "extra", e não só, é claro, em dinheiro.
18 janeiro 2017
da Tua Escolha
tu podes dar à ave
um ave!
ou um tiro.
ver no seu ser
o Absoluto todo
ou absolutamente nada:
só carne a ser massacrada
há na moeda
uma coroa
e uma cara
e há a escolha
se escreverás
de um lado
ou de outro
da folha
só não podes julgar
que
escolhido um lado
o outro deixa
de ter estado
um ave!
ou um tiro.
ver no seu ser
o Absoluto todo
ou absolutamente nada:
só carne a ser massacrada
há na moeda
uma coroa
e uma cara
e há a escolha
se escreverás
de um lado
ou de outro
da folha
só não podes julgar
que
escolhido um lado
o outro deixa
de ter estado
16 janeiro 2017
Pouca Coisa
à história
restam poucas páginas
à ciência
restam poucas mágicas
à palavra
restam poucas sílabas
aos senhores
resta pouca lógica
ao dinheiro
restam poucas fábricas
ao futuro
restam poucas dúvidas
às catástrofes
resta muita música
aos homens
restam muitas lápides
à humanidade
restam poucas décadas
restam poucas páginas
à ciência
restam poucas mágicas
à palavra
restam poucas sílabas
aos senhores
resta pouca lógica
ao dinheiro
restam poucas fábricas
ao futuro
restam poucas dúvidas
às catástrofes
resta muita música
aos homens
restam muitas lápides
à humanidade
restam poucas décadas
14 janeiro 2017
Resistência
sendo poeta trabalho
na desafirmação do trabalho:
crio inutilárias
retrogradarias
impraticidades...
todas essas algumas coisas
que não servem para coisa alguma
o que fariam os homens de bens
com esse uni-versos in versos
de desprodutos?
o problema
é que um poema
é um resto de resistência
e mais ninguém resiste
mas não há outro jeito:
o que importa
é que meu papel
está no papel:
o poema está feito
e existe
na desafirmação do trabalho:
crio inutilárias
retrogradarias
impraticidades...
todas essas algumas coisas
que não servem para coisa alguma
o que fariam os homens de bens
com esse uni-versos in versos
de desprodutos?
o problema
é que um poema
é um resto de resistência
e mais ninguém resiste
mas não há outro jeito:
o que importa
é que meu papel
está no papel:
o poema está feito
e existe
12 janeiro 2017
Três Considerações sobre o Fim da Humanidade
I - o fim da humanidade
não será
no estrondo de uma catástrofe
mas no silêncio de uma ignorância
II – a morte de uma civilização
não é quando morrem todos
os que fazem parte dela
quando morre uma civilização
todos os que fazem parte dela
estavam mortos antes
III – quando pessoas
puderem decidir quem vive quem morre
para que a humanidade ainda exista
é porque chegou o momento
em que a humanidade deixou de existir
não será
no estrondo de uma catástrofe
mas no silêncio de uma ignorância
II – a morte de uma civilização
não é quando morrem todos
os que fazem parte dela
quando morre uma civilização
todos os que fazem parte dela
estavam mortos antes
III – quando pessoas
puderem decidir quem vive quem morre
para que a humanidade ainda exista
é porque chegou o momento
em que a humanidade deixou de existir
10 janeiro 2017
o que mata não é a morte
o que mata não é a morte.
o que mata é a vida
que não é vivida
o que mata não é o choque do trem.
o que mata é o passo do trilho
do qual nunca se sai
o que mata não é o erro.
o que mata é o certo
que sempre se faz igual
o que mata não é a dor.
o que mata é o ter que ser feliz
para se mostrar que se é
o que mata não é a vida.
o que mata é o que se acha que se precisa
para se viver
o que mata é a vida
que não é vivida
o que mata não é o choque do trem.
o que mata é o passo do trilho
do qual nunca se sai
o que mata não é o erro.
o que mata é o certo
que sempre se faz igual
o que mata não é a dor.
o que mata é o ter que ser feliz
para se mostrar que se é
o que mata não é a vida.
o que mata é o que se acha que se precisa
para se viver
07 janeiro 2017
sábios que co-acham
eles sabem
o que outros
souberam por eles
e acham
que são sábios
e co-acham
sobre tudo
sobretudo
coaxam
sem sotaque
embaixo
do sovaque
carregam eterna mente
suas (in)descobertas de eureca
e filosofias de araque
coçando o saco
e o imaginário cavanhaque
mantém a (im)potência
da sua dita dura
e o próprio umbigo
empinado em destaque
de com
e im
postura
de ataque
basbaque
lá vão eles
de matraque
badulaque
e fraque
não viveram
mas sabem tudo da vida
de almanaque
o que outros
souberam por eles
e acham
que são sábios
e co-acham
sobre tudo
sobretudo
coaxam
sem sotaque
embaixo
do sovaque
carregam eterna mente
suas (in)descobertas de eureca
e filosofias de araque
coçando o saco
e o imaginário cavanhaque
mantém a (im)potência
da sua dita dura
e o próprio umbigo
empinado em destaque
de com
e im
postura
de ataque
basbaque
lá vão eles
de matraque
badulaque
e fraque
não viveram
mas sabem tudo da vida
de almanaque
05 janeiro 2017
Benedetti e a Farsa do "Grande Homem" (do dinheiro)
No seu romance "Gracias por el fuego", publicado em 1965, Mario Benedetti (1920-2009), um dos maiores escritores uruguaios, e um dos maiores da América Latina, apresenta-nos, em seu personagem Edmundo Budiño, o arquétipo do magnata arrogante, hipócrita, egocêntrico, ganancioso e explorador confundido com um "grande homem".
Trata-de de figurinha bastante conhecida entre nós, brasileiros: aquele ricaço, grande empresário predatório, cafajeste sem escrúpulos, opressor dos trabalhadores, que não mede nem meios nem consequências para obter mais lucros e mais poder, inclusive, é claro, sendo corrupto e corruptor, mas que construiu uma imagem de grande cidadão, de exemplo para a sociedade, muito bem inserido nos meios políticos, respeitado e admirado como um dos maiores homens do Uruguai.
Em um trecho do livro, seu filho, Ramón Budiño, que sente ódio e desprezo pela grande hipocrisia que é a vida de seu pai, e planeja matá-lo, imagina a imensa farsa que publicaria o jornal de Edmundo no caso de sua morte por assassinato. E eu imagino, no caso de ocorrer o mesmo no Brasil com filhos-da-puta da laia de Edmundo Budiño, que há muitos, o que publicariam nossos jornais... A mesma coisa, logicamente. A seguir, o trecho de "Gracias por el fuego":
"Quando nada fazia prever um desenlace fatal, faleceu ontem o doutor Edmundo Budiño, nosso diretor, vítima de uma síncope cardíaca. Logo que transpirou a surpreendente notícia, uma onda de consternação ganhou nossa cidade. Ninguém podia acreditar que Edmundo Budiño, alma parens de todo o bem, de todo nobre que a nação construiu em cinco décadas de avassalador processo democrático; ninguém poderia acreditar que esse infatigável guia das causas justas, que esse pontífice da caridade, que esse grande coração uruguaio tivesse deixado de bater. E havia razão para essa incredulidade popular, porque o coração enorme, generoso, esplêndido de Edmundo Budiño, continuará batendo, não só em nossas páginas, que sempre invocarão a magistral tutela de sua inspiração política e moral, mas também no povo, que através dos anos constituiu a preocupação mais profunda e mais sincera do grande homem."
"Gracias por el fuego" é um daqueles livros extremamente indicados para ser lido neste momento pelo qual passa a nação brasileira.
03 janeiro 2017
A Humanidade está Velha
a humanidade está velha:
foi um envelhecimento precoce
de quem não soube envelhecer:
sem sonhos
sem sentido sem ideais
(não se acredita mais em nada
e nem se pode acreditar)
está como quem olha para um futuro
e não o vê
a humanidade está velha: não
consegue
trazer nada em verdade novo:
vive de passado
só recapitula
tudo o que fez na história
e hoje é um amontoado de temas
usados
que se repetem em caos
que se retornam em farsas
e em escalas decandentais
a humanidade está velha: e não
aceita:
tantas experiências
tão pouco aprendizado
não se tornou sábia
mas se empederniu na
insensibilidade
hoje, doente e caduca
já nem pode aprender
nem se reconhece diante do espelho
a humanidade está velha: com sua
bengala
de arrogância
sai às cegas
a dar bengaladas na própria casa
e no próprio destino
a humanidade está velha:
agonizante
e na quase total inconsciência
por intuição sente a presença da
morte
sua esperança
está no que vem depois....01 janeiro 2017
Extinção em Massa na Terra em 100 anos?
Infelizmente, há muito tempo, não vejo motivos para otimismos. A 1ª postagem de 2017 do blog O Fim é um sinal do que nos aguarda, se a humanidade continuar sendo o que é. Abaixo, republico trechos de matéria do site Hype Science.
"A próxima extinção em massa da Terra – a primeira causada pelos seres-humanos – está no horizonte. E as consequências são inacreditáveis: três quartos das espécies podem desaparecer. Isso só aconteceu cinco vezes na história do planeta – incluindo a extinção em massa que matou os dinossauros. O que é diferente agora é que os seres humanos estão causando essas mudanças.
"Estamos queimando combustíveis fósseis e consequentemente aquecendo o planeta; transformando pedaços maciços de terra em fazendas; causando a disseminação de espécies e doenças invasoras em todo o mundo; impulsionando nossa própria quantidade e consumindo mais e mais recursos; e causando todos os tipos de problemas para os oceanos, desde a sobrepesca até encher ele com plástico. (Você sabia que os pesquisadores esperam que o oceano contenha partes iguais de peixes e plástico, em peso, em 2050?)”, escreve o jornalista John D. Sutter, autor do projeto “2 degrees”, que traz matérias que alertam sobre o aquecimento global, na rede americana de TV CNN.
Anthony Barnosky, diretor executivo do Jasper Ridge Biological Preserve, da Universidade de Stanford, nos EUA, afirma: “Não é apenas que as espécies estão sendo extintas a uma taxa alarmante – pelo menos 100 vezes o que poderia ser considerado “normal”, e talvez muito mais do que isso -, mas que as populações de animais ainda comuns estão diminuindo muito rapidamente”, alerta.
Barnosky diz que temos talvez 10 ou 20 anos para impedir que a sexta extinção se torne uma inevitabilidade. Se não fizermos nada, devemos esperar que três quartos das espécies desapareçam ao longo do próximo século ou do seguinte. Em outras palavras, o que fizermos (ou não fizermos) agora irá moldar as próximas gerações do planeta.
“Sim, as espécies estão sendo extintas muito, muito mais rápido do que deveriam ser”, diz Pimm, “o que significa que estamos privando inúmeras gerações de ver a diversidade extremamente rica que herdamos de nossos pais”.
E outros especialistas, incluindo Paul Ehrlich, professor de estudos populacionais na Universidade de Stanford, dizem que a sexta extinção já está aqui.
“Nós provavelmente perdemos, digamos, 200 espécies – de animais grandes – ao longo dos últimos cem anos, mas podemos muito bem ter perdido na ordem de um bilhão de populações diferentes”, disse ele. “Estamos basicamente aniquilando a vida em nosso planeta e essa é a única vida conhecida que conhecemos em todo o universo, e é a vida que moldou o planeta, que tornou possível para nós vivermos aqui e continua tornando possível que vivamos aqui. Se não tivermos a diversidade de outros organismos, estamos acabados”.
30 dezembro 2016
Banquete de Virada
nos Anos-Novos
as pessoas falam em mudanças
mas durante os Novos-Anos
fazem o que estão certas
que devem fazer
e sempre acham
que devem fazer as mesmas coisas
e que estão certas no que fazem
e que cumprem seus deveres
e os deveres são sempre os mesmos
e cumpridos sempre da mesma forma
mudança seria
admitir que não se mudará
ninguém nunca se questiona nada
e no fim das contas
anos-novos paz vitórias felicidades
parecem um banquete da virada
mas é só o de sempre:
marmelada
as pessoas falam em mudanças
mas durante os Novos-Anos
fazem o que estão certas
que devem fazer
e sempre acham
que devem fazer as mesmas coisas
e que estão certas no que fazem
e que cumprem seus deveres
e os deveres são sempre os mesmos
e cumpridos sempre da mesma forma
mudança seria
admitir que não se mudará
ninguém nunca se questiona nada
e no fim das contas
anos-novos paz vitórias felicidades
parecem um banquete da virada
mas é só o de sempre:
marmelada
28 dezembro 2016
Merdaria
mostra-me uma gota d’água
ainda não contaminada
com a merdaria humana.
merdaria
vai desde
a merda do organismo
que é o preço que se paga
de se viver o dia a dia
até a merda do progresso
a que se chama
com pompa e baba
de tecnologia
mostra-me uma gota-mar
ainda não tocada
pela quinquilharia humana.
mostra-me uma gota-lágrima
ainda não tocada
pela hipocrisia humana
ainda não contaminada
com a merdaria humana.
merdaria
vai desde
a merda do organismo
que é o preço que se paga
de se viver o dia a dia
até a merda do progresso
a que se chama
com pompa e baba
de tecnologia
mostra-me uma gota-mar
ainda não tocada
pela quinquilharia humana.
mostra-me uma gota-lágrima
ainda não tocada
pela hipocrisia humana
26 dezembro 2016
Três Considerações sobre o Fanatismo
I - fanatismo é observar um galho
e não só achar que o galho
vale mais que a árvore
mas querer que o galho
seja toda a árvore
II - todo homem se suicida:
seja em corpo ou mente
em psique ou alma
de tal ou qual forma
em maior ou menor grau
fanatismo
é não perceber seu suicídio
como suicídio
III - fanático
é quem quer
que o seu eu
seja eu
e não só achar que o galho
vale mais que a árvore
mas querer que o galho
seja toda a árvore
II - todo homem se suicida:
seja em corpo ou mente
em psique ou alma
de tal ou qual forma
em maior ou menor grau
fanatismo
é não perceber seu suicídio
como suicídio
III - fanático
é quem quer
que o seu eu
seja eu
24 dezembro 2016
Das Consequências
o tremendo
homem
ascendido de otimismo
confiante no seu taco...
após
(em seu mais poder)
ter aterrado todas as terras
se derramado em todas as águas
arrematado todas as matas
posto campas em todos os campos
amontoado em todos os montes
(a não mais poder)...
há pós
acendido de onanismo
impotente no seu saco
(a mais se foder)
abismado à beira do abismo
o homem
temendo
tremendo...
homem
ascendido de otimismo
confiante no seu taco...
após
(em seu mais poder)
ter aterrado todas as terras
se derramado em todas as águas
arrematado todas as matas
posto campas em todos os campos
amontoado em todos os montes
(a não mais poder)...
há pós
acendido de onanismo
impotente no seu saco
(a mais se foder)
abismado à beira do abismo
o homem
temendo
tremendo...
21 dezembro 2016
Governo Sartori/PMDB: Incompetente e covarde ou lacaio do poder econômico? Ou ambos?
O absurdo e revoltante governo Sartori/PMDB apresenta-se entre duas perversas alternativas:
Alternativa a: O governo Sartori é absolutamente incompetente e covarde, porque não ataca, não enfrenta os problemas do estado do RS no seu cerne, por não conseguir e/ou por não possuir a coragem necessária de mexer em setores poderosos economicamente. Só em sonegação fiscal, ou seja, roubo do imposto, do ICMS pago pelo consumidor, o estado perde mais de 7 bilhões de reais ANUAIS. No entanto as medidas contra a sonegação do Sartori praticamente inexistem. Em isenções fiscais para grandes empresas, o estado deixa de arrecadar 9 bilhões de reais. Esse dinheiro seria suficiente para cobrir o alegado déficit estadual (2,9 bi) mais de SEIS vezes. Onde estão os sacrifícios das empresas que recebem tantas isenções? Sacrifício é só para servidores? Só para o povo em geral, não para os que lucram?
Além disso, há a questão dos tradicionais e inaceitáveis privilégios de deputados e assessores, juízes, desembargadores, secretários, cargos de confiança etc. Se tanto falta dinheiro, onde estão os cortes nesses privilégios? E é claro que dentro do funcionalismo público há injustiças e disparidades. Há salários altos demais para cargos nem tão úteis assim, há irregularidades em alguns casos que devem ser verificadas e combatidas, ou inchamentos da máquina pública que devem ser enxugados e melhorados. Mas, ao invés disso, Sartori penaliza todos os servidores indistintamente, todos os serviços públicos fundamentais à população, e, pior, quem sempre acaba por sair mais prejudicado são os servidores com menores salários e, mais tarde, a população com menor poder aquisitivo.
Alternativa b: Pode ser que, simplesmente, o governo Sartori não seja incompetente, mas competentíssimo em fazer aquilo que escondeu dos gaúchos, principalmente em sua campanha, de um marketing adocicado e ilusório. Sartori sempre se propôs a trabalhar para o que representa, ele e os deputados que são a base do seu governo na AL: não passam de lacaios, de serviçais do poder econômico das grandes empresas, que foi, no fundo, o que os elegeu. Para isso, é fundamental que o governo Sartori desmantele o serviço público, deixe de investir em todos os seus setores, corte verbas vitais a seu funcionamento, desvalorize e desmoralize os servidores públicos, tudo para poder afirmar depois que o funcionalismo “não presta”, que os serviços “não funcionam” e que devem ser vendidos à iniciativa privada. Esta, na sua sede insaciável de lucro, a qual, entre outros fatores, vem aniquilando com a vida e com o planeta, fará o que bem entende com os serviços imprescindíveis à população, que não tem dinheiro, em sua grande maioria, para pagar por eles.
Isso justificaria o porquê Sartori somente penaliza os servidores públicos, mas deixa que a sonegação role solta, e não busca, seriamente, revisar os absurdos benefícios fiscais concedidos a seus parceiros de politica: os grandes grupos empresariais, nacionais e estrangeiros, profundamente encravados, como sanguessugas, nas “veias abertas” da América Latina.
19 dezembro 2016
O Triunfo do Não
sim, o Não venceu.
a vida tornou-se
a negação da vida
vale mais um Puma®
do que um puma
lustram-se as máquinas
esmagam-se as árvores
entroniza-se o robótico
aniquila-se o humano
a esperança nos horizontes
assume as cores escuras
da poluição
os tons sombrios
da sonoridade do não
ao contrário de César
não fomos
não vimos
não vencemos
nem amamos
não somos
nem razão
nem emoção:
só um misto
de nadas e de nãos
e todos afundando com o barco
e nem nos demos as mãos
negamos a tudo:
desde o ser
até a alma
e como derradeira negativa
hoje
(não-)vivemos
o Triunfo do Não.
só nos resta
a maldição
a vida tornou-se
a negação da vida
vale mais um Puma®
do que um puma
lustram-se as máquinas
esmagam-se as árvores
entroniza-se o robótico
aniquila-se o humano
a esperança nos horizontes
assume as cores escuras
da poluição
os tons sombrios
da sonoridade do não
ao contrário de César
não fomos
não vimos
não vencemos
nem amamos
não somos
nem razão
nem emoção:
só um misto
de nadas e de nãos
e todos afundando com o barco
e nem nos demos as mãos
negamos a tudo:
desde o ser
até a alma
e como derradeira negativa
hoje
(não-)vivemos
o Triunfo do Não.
só nos resta
a maldição
17 dezembro 2016
Tempos-Sombra
não há esperança pra vida ou pra massa
o Horror nos domina a fogo e a ferro
Shostakovich sangra ácido berro
e Beethoven se ergue além da fumaça
tempos-sombra assomam atrás das desgraças
e os homens tropeçam em que desespero
tudo que é luz é luz somente no erro:
nos restam o vinho o whisky a cachaça
mundos de caos nos espreitam na lama
idiotas estendem na alma uma toalha
máquinas pisam por todas as gramas
resta-me a arte sendo sol e navalha
resta-me um algo que é mais do que chama
que chama o que fúria: triunfo e mortalha
o Horror nos domina a fogo e a ferro
Shostakovich sangra ácido berro
e Beethoven se ergue além da fumaça
tempos-sombra assomam atrás das desgraças
e os homens tropeçam em que desespero
tudo que é luz é luz somente no erro:
nos restam o vinho o whisky a cachaça
mundos de caos nos espreitam na lama
idiotas estendem na alma uma toalha
máquinas pisam por todas as gramas
resta-me a arte sendo sol e navalha
resta-me um algo que é mais do que chama
que chama o que fúria: triunfo e mortalha
15 dezembro 2016
De(x)ploração (Poema ao Fim das Águas)
ao erguer-se
a luz empurecida do sol
brilha a claridade etérica de éter
das espumas dos rios
das sangras
dos arrotos
dos diachos
ao render-se
à luz emputecida do sol
castelos de sabão
aves cheias de graxas
e aquelas formas alvas
das névoas lépidas fétidas
formas brancas
acagadas
formas claras
de ovos
infinitos e intestinais
a serenidade impassível intragável
das águas plácidas
pútridas
ácidas
básicas
aquelas águas plásticas
de folhas flores e fezes
aquelas águas tranquilas
imperturbáveis
onde nem um peixe
causa alguma onda...
aquelas águas-espumas
aclaradas brilhantes
acabadas desinfetantes
como resultado tardo
de ter gentes
a luz empurecida do sol
brilha a claridade etérica de éter
das espumas dos rios
das sangras
dos arrotos
dos diachos
ao render-se
à luz emputecida do sol
castelos de sabão
aves cheias de graxas
e aquelas formas alvas
das névoas lépidas fétidas
formas brancas
acagadas
formas claras
de ovos
infinitos e intestinais
a serenidade impassível intragável
das águas plácidas
pútridas
ácidas
básicas
aquelas águas plásticas
de folhas flores e fezes
aquelas águas tranquilas
imperturbáveis
onde nem um peixe
causa alguma onda...
aquelas águas-espumas
aclaradas brilhantes
acabadas desinfetantes
como resultado tardo
de ter gentes
14 dezembro 2016
O Problema do Brasil
o problema é que se acostumaram
a andar com a espinha vergada
sob o corte do chicote
sob o laço da vergasta
(a mando de vara)
que erguer a cara
virou desaforo
a toda uma cultura da opressão
o problema é que se acostumaram
a sempre dizer sim
a quem manda com bafos de patrão
sob pena
de falta de decoro
de falta de respeito
e de insubordinação
o problema é que se acostumaram
a ter olhares baixos
aniquilados pelo chão
pescoços tortos
colunas curvadas
toda uma vida de submissão
sobre os arrebentados ombros
todo o peso das gordas manadas
toda a baba das infindas mamadas
toda uma história de servidão
sobre os arruinados escombros
de restos de (des)humanos
todo um povo brasileiro
encilhado à obediência
ao servilismo
ao cativeiro
500 anos de escravidão!
a andar com a espinha vergada
sob o corte do chicote
sob o laço da vergasta
(a mando de vara)
que erguer a cara
virou desaforo
a toda uma cultura da opressão
o problema é que se acostumaram
a sempre dizer sim
a quem manda com bafos de patrão
sob pena
de falta de decoro
de falta de respeito
e de insubordinação
o problema é que se acostumaram
a ter olhares baixos
aniquilados pelo chão
pescoços tortos
colunas curvadas
toda uma vida de submissão
sobre os arrebentados ombros
todo o peso das gordas manadas
toda a baba das infindas mamadas
toda uma história de servidão
sobre os arruinados escombros
de restos de (des)humanos
todo um povo brasileiro
encilhado à obediência
ao servilismo
ao cativeiro
500 anos de escravidão!
12 dezembro 2016
O Saco do Papai Noel
Já virou tradição eu postar aqui no blog, antes das festas naftalinas, digo, natalinas, o meu grandioso poema ao saco do Papai Noel. Então, aqui vai ele:
O Saco do Papai Noel
P. noel,
eis minha carta:
maior que tua barba
bem perfumada
de capital
(de fazer trança)
é a tua farsa
bem estufada
de banquetes
e palacetes
entre tua pança
de bochechas gordas coradas
de (sem) vergonha
tu só és papai,
a quem deixar
algumas notas
(e outros dotes
e outros cofres
e outras cotas)
na (pro)fundidade
do teu chapéu
P.noel
o bom velhinho
velhaco:
só ganha presente
quem tiver os dedos
sujos de besta
no meio da moeda
pra te puxar o saco
O Saco do Papai Noel
P. noel,
eis minha carta:
maior que tua barba
bem perfumada
de capital
(de fazer trança)
é a tua farsa
bem estufada
de banquetes
e palacetes
entre tua pança
de bochechas gordas coradas
de (sem) vergonha
tu só és papai,
a quem deixar
algumas notas
(e outros dotes
e outros cofres
e outras cotas)
na (pro)fundidade
do teu chapéu
P.noel
o bom velhinho
velhaco:
só ganha presente
quem tiver os dedos
sujos de besta
no meio da moeda
pra te puxar o saco
09 dezembro 2016
Da Presença do Sangue
não, agora que sangram tempos outros
eu falarei como te sendo o ausente
ou um nada que nem sequer se sente
ou um doentio pelas mentes dos doutos
pesteado bicho pelos campos solto
pingo de sangue na vagina quente
a poeira de um meteoro incidente
um palavrão na boca de um louco
serás o assalto de uma velha astuta
gosto insentido de cianureto
os pedaços de carniça em disputa
a navalha que num fígado eu meto
saliva morna de um beijo de puta
e a tua presença entre meu soneto
eu falarei como te sendo o ausente
ou um nada que nem sequer se sente
ou um doentio pelas mentes dos doutos
pesteado bicho pelos campos solto
pingo de sangue na vagina quente
a poeira de um meteoro incidente
um palavrão na boca de um louco
serás o assalto de uma velha astuta
gosto insentido de cianureto
os pedaços de carniça em disputa
a navalha que num fígado eu meto
saliva morna de um beijo de puta
e a tua presença entre meu soneto
07 dezembro 2016
Você é Doente
a maneira dos que controlam a sociedade
poder controlar aquilo que não controlam
é determinar tudo que foge ao controle
como doença:
se você bebe além do social, você é doente
se você fuma, você é doente
se você não come o que é propagandeado
que deve ser comido
você é doente
se você não anda de acordo com a moda
você é doente
se você não faz exames regulares com um médico
você é doente
se a você não interessa
ser alguém com um bom emprego e bem sucedido
você é doente
(mental)
se você tem pensamentos e comportamentos fora dos padrões
e se interessa por coisas que ninguém se interessa
você é doente
(mental)
se você não segue a regra geral
de estudar se formar trabalhar
constituir família
ser um pilar da sociedade
ter boa casa bom carro
acumular bens
e morrer
você é doente
(total)
enfim
se você não se sente vitorioso feliz alto astral sorridente
você é doente
para eles
você só não é doente
se você for um robô
poder controlar aquilo que não controlam
é determinar tudo que foge ao controle
como doença:
se você bebe além do social, você é doente
se você fuma, você é doente
se você não come o que é propagandeado
que deve ser comido
você é doente
se você não anda de acordo com a moda
você é doente
se você não faz exames regulares com um médico
você é doente
se a você não interessa
ser alguém com um bom emprego e bem sucedido
você é doente
(mental)
se você tem pensamentos e comportamentos fora dos padrões
e se interessa por coisas que ninguém se interessa
você é doente
(mental)
se você não segue a regra geral
de estudar se formar trabalhar
constituir família
ser um pilar da sociedade
ter boa casa bom carro
acumular bens
e morrer
você é doente
(total)
enfim
se você não se sente vitorioso feliz alto astral sorridente
você é doente
para eles
você só não é doente
se você for um robô
05 dezembro 2016
Das Lições da Humanidade
sentiu
aquele gosto
de esgoto
trago que traga
a quem o traga
como se tivesse de almoço
a própria praga
sentiu aquele gosto de rato
como se um deles mijasse no prato
e boiasse uma merda no copo
depois descendo
pela ardência do esôfago
e ouviu o baque báquico
de sua queda
na úlcera fúngica
do estômago
sentiu aquele gosto do tarde
como se mastigasse o cáustico
(tremendo as mãos dormentes)
com o farelo da quebra dos dentes
e sangue de porca num jarro
no desespero do erro
infeccionado
pelo não do catarro
sentiu aquele gosto de gente
na garganta de traqueia exposta
(a lição de não vomitar bosta)
naquele ato
do após que falava
que era engolir
palavra por palavra
aquele gosto
de esgoto
trago que traga
a quem o traga
como se tivesse de almoço
a própria praga
sentiu aquele gosto de rato
como se um deles mijasse no prato
e boiasse uma merda no copo
depois descendo
pela ardência do esôfago
e ouviu o baque báquico
de sua queda
na úlcera fúngica
do estômago
sentiu aquele gosto do tarde
como se mastigasse o cáustico
(tremendo as mãos dormentes)
com o farelo da quebra dos dentes
e sangue de porca num jarro
no desespero do erro
infeccionado
pelo não do catarro
sentiu aquele gosto de gente
na garganta de traqueia exposta
(a lição de não vomitar bosta)
naquele ato
do após que falava
que era engolir
palavra por palavra
Assinar:
Postagens (Atom)