17 dezembro 2016

Tempos-Sombra

não há esperança pra vida ou pra massa
o Horror nos domina a fogo e a ferro
Shostakovich sangra ácido berro
e Beethoven se ergue além da fumaça

tempos-sombra assomam atrás das desgraças
e os homens tropeçam em que desespero
tudo que é luz é luz somente no erro:
nos restam o vinho o whisky a cachaça

mundos de caos nos espreitam na lama
idiotas estendem na alma uma toalha
máquinas pisam por todas as gramas

resta-me a arte sendo sol e navalha
resta-me um algo que é mais do que chama
que chama o que fúria: triunfo e mortalha




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