25 maio 2016

De Governos e Leis e Autoridades

O poema a seguir foi escrito em 2012. Mas percebo, com o desenrolar da história, que ele nunca esteve tão atual. Então, republico-o:

I -  GOVERNO
é o empregado
autorizado e pago
pelo povo
para mandar em todos
em benefício de alguns
que querem fazer do povo
um bando de nadas
e de nenhuns

II - LEI
é estabelecer
que todos são iguais
desde que não
sejam os alguns
para que o povo
se iguale sempre ao povo
e jamais se desiguale 
do seu nada
a lei é a ordem
e ordem
é sempre se manter
dentro dos limitados
limites da estrada

III - AUTORIDADE
é (quase sempre)
o imbecil
escolhido por imbecis
amparado por imbecis
aplaudido por imbecis
para tentar impedir
que os grandes
combatam os imbecis
e acima de governo e leis
coloquem os pingos nos is


23 maio 2016

Não é Golpe, é Greve (Poemeto ao PMDB)

I - não é golpe
é garfo
não é golpe
é grampo
não é golpe
é gripe
é gripe? é grave?
é grave.
e aqui é greve.

II - Temer-turma trama.
agora, teme treme...
Temer-turma trauma.
Toma!

III - gordura saturada
faz mal ao coração
governo sartorado
faz mal à educação


21 maio 2016

Humanidade Nenhuma*

irreconheço-te que me desconheço:
digo a ti que (não) me lês
que nem eu a ti te falo
nem tu a mim me vês

somos todos outros nadas
uns para os outros todos

de modo
que nem existe do humano todo nenhum
porque nenhum homem sabe o que é
nem se o é um homem
nem sabe porque faz aquilo que faz
se é que se faz o que nem foi feito
e nem vive qualquer vida nenhuma

e se chega à conclusão absurda
que nem pode a humanidade acabar
porque nem existe humanidade alguma


*Poema reelaborado e republicado

19 maio 2016

Eu, que não te disse nada

por que devo dizer alguma coisa
se o que importa é o que se oculta?
é a palavra que não está lá
o que importa é a porta ao não-dito
é o destino
dado por quem lê
ao que não foi escrito

o que importa o que (des)espero?
o verso é um silêncio
que se música sozinho
só ele percorre a estrada
entre o que há
e o que é nada

nem sei do que sinto se é meu labirinto
quem dera tivesse consciência...
por que dizer algo
se o próprio Deus
é o mistério da ausência?






17 maio 2016

10 Motivos para a Greve do Magistério Estadual

1 - Porque o governo Sartori vem sendo um dos mais incompetentes, despreparados, desumanos e autoritários governos gaúchos da história.

2 - Porque o governo Sartori, desde o início de seu mandato, vem criando e ampliando um clima de guerra contra os servidores públicos, tentando culpá-los pela crise econômica e jogar a sociedade contra os serviços públicos.

3 - Porque, descumprindo determinação judicial e tendo aumentado impostos sob a alegação de que era para poder pagar os salários em dia, o governo Sartori continua parcelando os salários dos servidores.

4 - Porque o governo Sartori congelou qualquer reajuste salarial para os funcionários estaduais, inclusive a reposição inflacionária, mas, antes de tudo, concedeu aumentos reais para ele, seus secretários, cargos de confiança e deputados.
5 - Porque as escolas públicas estão sendo sucateadas, sem o recebimento das verbas devidas, passando meses sem receberem um único centavo. Falta, inclusive, merenda para os alunos.

6 - Porque o governo Sartori quer retirar dia após dia direitos conquistados pela categoria dos professores, modificar, para pior, o seu plano de carreira e reduzir suas vantagens.

7 - Porque o governo Sartori quer acabar com o IPE, para poder entregar ainda mais a saúde nas mãos da iniciativa privada.

8 - Porque enquanto o governo culpa os servidores pela crise no estado e alega total falta de recursos, nada faz para combater a sonegação fiscal, que, desde o início do ano até este momento, já sonegou quase 3 bilhões de reais aos cofres públicos.

9 - Porque o governo Sartori não só não cumpre a Lei do Piso Nacional, como também está permitindo que a defasagem aumente a cada dia, já chegando a mais de 66%. 

10 - Porque enquanto o governo Sartori promove o desmanche da escola pública, não deixa faltar dinheiro para o seus parceiros, como para as empresas que lhe prestam consultoria.

É por esses e outros motivos que apoio a greve do magistério e sou grevista. 

15 maio 2016

A Marcha dos Que Não Foram

a marcha dos sem pés
a marcha dos sem vez
a marcha dos sem voz
a marcha dos só pós

a marcha dos sem água
a marcha dos sem terra
a marcha dos sem teto
a marcha dos sem tumba
a marcha dos sem nada
a marcha dos sem tudo

(marcha dos animais
para o atropelamento
no asfalto das estradas
marcha dos elefantes
para ir ao seu (mar)fim
marcha dos que não podem
nem dizer não, nem sim)

a marcha dos sem força
a marcha dos sem festa
a marcha dos sem pasto
a marcha dos sem rastro
a marcha dos sem graça
a marcha dos sem mata

enfim todas essas marchas
dos sem marcha


13 maio 2016

Numa Sexta-Feira 13, iniciam os retrocessos do governo Temer/PMDB

O que esperar do governo Temer? E, provavelmente, do governo após Temer? Bem, é aquilo que podemos esperar de um partido como o PMDB, aquele que fez tudo para se tornar o pior partido brasileiro da atualidade. E conseguiu. A decadência ético-moral do PMDB, sem, no entanto, ser correspondida com uma perda de poder, pelo contrário, tornou o partido extremamente perigoso para a nação brasileira, porque é um partido que joga nos dois lados e atua sempre nos bastidores, correndo por fora, como se diz, e, muitas vezes, chegando na frente. 

O PMDB é um partido do qual não se sabe nunca o que realmente esperar. De aliado do PT em nível nacional (e oposição ao mesmo em vários estados, como aqui RS no governo do Tarso), passou, hoje, não só a aliado de partidos direitistas como o PSDB, PP, Dem, mas a pregar abertamente, e até mais do que eles próprios, as ideologias desses partidos.  A aliança do PT com o PMDB foi, no aspecto político, o pior erro dos petistas. Auxiliou, e muito, o partido a chegar ao poder. Mas o preço foi altíssimo. De certa forma, traiu grande parte dos eleitores do PT e obrigou o partido a realizar uma série de concessões aos peemedebistas que acabaram por descaracterizar uma parcela dos ideias e promessas do Partido dos Trabalhadores. A presidente Dilma, sem o jogo de cintura e o populismo de Lula, não conseguiu suportar a pressão de peemedebistas e seus aliados que queriam, a qualquer custo, o poder presidencial, depois que se viram fortalecidos nas eleições estaduais, onde venceram em vários estados.

Aqui no RS, o (des)governo do PMDB de Sartori superou as expectativas até dos mais pessimistas, inclusive as minhas. Ninguém esperava que seu governo fosse tão incompetente, perdido, autoritário e desumano como vem sendo. Somente o que importa ao governo Sartori é fazer caixa, satisfazer alianças políticas e entregar o estado à iniciativa privada. O descaso com tudo aquilo que é público já ultrapassou as barreiras do absurdo. 


E são coisas como essas que poderemos esperar do PMDB de Temer. Um governo de retrocessos sociais em todas as áreas, de descaso com o que é público, de autoritarismo e conservadorismo, um governo voltado para as elites e para as grandes corporações empresariais, para os latifundiários, para o "progresso" a qualquer custo, para a perda gradativa dos direitos trabalhistas e individuais, para a opressão do livre pensamento, para a redução das garantias e exigências de preservação ambiental. Duvidam? Então, vejamos o que diz o documento intitulado "Uma Ponte para o Futuro" (que deveria ser: Uma Ponte para o Futuro Negro). No documento, é dito textualmente por Temer e pelo PMDB (retirado de Plantão Brasil):

"1) É necessário em primeiro lugar acabar com as vinculações constitucionais estabelecidas, como no caso dos gastos com Saúde e Educação. Ora, isto significa que as verbas previstas na Constituição de 1988 para investimentos, na ordem de 15% para a Saúde e 25% para a Educação, deixarão de existir. Na prática, é anúncio de menos dinheiro no setor, mais sucateamento de escolas e hospitais públicos, e mais arrocho salarial para professores, médicos, enfermeiros e todos os demais dessas áreas.


2) O documento fala também em extinguir os reajustes automáticos do crescimento do salário mínimo, isto é, acabar com qualquer legislação que assegure um aumento real do salário mínimo. Advinhe quem perderá com tal política?

3) O documento diz também que é preciso executar uma política de desenvolvimento centrada na iniciativa privada, por meio da transferência de ativos que se fizerem necessários. O que isto significa? Entrega do patrimônio público ao setor privado, ou seja, mais privatizações e também sucateamento de escolas, hospitais etc e mais precarização do emprego. Ainda nesse tópico, o documento fala em retorno a regime de concessões na área do petróleo, ou seja, entrega da Petrobrás ao capital privado, sobretudo de outros países. 

4) Por fim, como algo muito grave também, o documento diz que na área trabalhista deverá prevalecer as convenções coletivas e não mais as normas legais. Significa o quê? Significa que as regras contidas na CLT ficarão de lado e todos os direitos passarão a ser negociados. Com isso, o patrão poderá, por exemplo, dizer que não pode pagar o 13º, as férias, descanso semanal etc etc etc. Aí será preciso entrar em greve para conquistar o que já é assegurado desde a época do presidente Getúlio Vargas. É voltar a antes da década de 1930. Muito preocupante essas propostas de mudança de Temer e do PMDB."

E há o que se "Temer", pois tudo inicia hoje, numa sexta-feira 13. Nada mais adequado. E irônico, para o PT.





11 maio 2016

O Caminho da Não-Vida

O poema de Charles Chaplin publicado a seguir foi um alerta deixado pelo gênio do cinema mudo. Desgraçadamente, o homem já escolheu o seu caminho. E não foi o da vida. 
Depois do poema de Chaplin, ouso deixar um outro meu, creio, pertinente.


O Caminho da Vida

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.

A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.

Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.

Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.

Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

Charles Chaplin

A Época da Velocidade

época da velocidade
a jato
a vácuo
a comida comprada pronta
a morte a 200 por hora
ou por milésimo
o amor
dura só alguns dias
ou algumas horas
ou é só o minuto mesmo
do beijo
ou do sexo

com o celular
o computador
a internet
é a vida no agora e no antes
nem há mais adiantes

as correias dos motores mecânicos
a poesia de um sensor eletrônico
as correrias dos centros urbanos
as agonias dos supér(fluos) humanos
as mídias domando as massas
os seres extintos em massa

o instantâneo
da desintegração nuclear
o descartável
do coração e do cérebro
e outros sentidos vitais
e o meu poema
que já durou tempo demais

09 maio 2016

A Masturbação da Humanidade

um dia, humanidade
no sonho de ser o que não foste
deixaste levas
de palavras em lavas
e promessas orgasmas...
agora?
larvas não lavradas
por águas porcas levadas
e livros largados
esporreados mal-lidos

e agora
a tua ilusão?
sonho a sonho
ejaculados pelos esgotos
vão teus escrotos não-livres
de grão em grão
se esvazia tua ampulheta
e gota a gota
se extingue o gozo
da tua punheta


07 maio 2016

Brahms, um forte.

Hoje, 7 de maio, meu compositor predileto e grande influência de vida, Johannes Brahms, completa 183 anos. Digo "completa" e não "completaria" porque os grandes gênios nunca morrem, principalmente os das artes. É uma oportunidade para realizar algo que me traz grande prazer: escrever sobre a vida e a obra de Brahms.

Dentro do universo da música erudita, tem-se como inquestionável que Brahms teve como grande mestre e exemplo a ser seguido, tanto em forma como em conteúdo, ao um dos gênios maiores da música, o grande Beethoven, que faleceu 6 anos antes do nascimento de Johannes. A influência beethoveniana é, sim, indiscutível na obra de Brahms (como o foi em quase todos os compositores românticos em maior ou menor grau). Podemos dizer que Brahms foi, de certa forma, um continuador de Beethoven, adotando muito de seus modelos estruturais e mantendo um certo "clima" beethoveniano, principalmente em suas obras de juventude, e, diga-se de passagem, com uma  dignidade e uma competência irrepreensíveis. O que foi reforçado quando o maestro Hans Bülow denominou a 1ª Sinfonia de Brahms, logo após a sua estreia, como a "10ª  Sinfonia de Beethoven".

De modo que a expressão "Herdeiro de Beethoven" associada a Brahms é, sem dúvida, pertinente, além de ser altamente honrosa, afinal, "herdar" Beethoven, ser seu continuador, não é para qualquer um, exige uma grandeza e uma força descomunais. Porém, por outro lado, isso também pode ser visto como algo que "diminui" Brahms, pois deixa a impressão de que o compositor não tinha uma personalidade própria. Nada mais falso. Brahms foi bem mais do que um continuador de Beethoven, pois, se numa primeira impressão, percebemos semelhanças entre várias obras de ambos, numa audição mais cuidadosa e numa análise mais aprofundada, identifica-se em Brahms um caráter único, uma assinatura musical muito singular.

É verdade que Brahms seguiu, formalmente, os modelos clássicos adotados por Beethoven, principalmente os de sua fase de maturidade, preferindo a forma sonata  para compor (exposição, desenvolvimento, reexposição) e mantendo dentro dos padrões beethovenianos o tamanho da orquestra. Brahms não via necessidade de aumentar os número de instrumentistas de uma orquestra, o que estavam fazendo outros românticos, como Liszt, Wagner, Bruckner. Alias, Brahms sempre teve uma forte queda pela música mais antiga, tanto pelos modelos clássicos como pré-clássicos, e, em sua fase de maturidade, a influência de Bach torna-se marcante. Mas mesmo na forma, há grandes diferenças entre Brahms e Beethoven. Este gostava de temas curtos, afirmativos, diretos, com poucas e eficientes notas. Já Brahms preferia temas mais desenvolvidos, carregados de mais melodia, muitas vezes com vários temas que se entrecortam através de inúmeras variações, trazendo uma densidade excepcional à sua música. O seu processo de modulação musical é algo totalmente inovador, revolucionário até.

Mas é no conteúdo que Brahms se diferencia ainda mais de Beethoven. Ainda que os dois gênios tenham criado obras que se caracterizam pela grande força vital, pela potência e intensidade emocionais, que chegam a ser violentas, cheias de fúria algumas vezes, Brahms é mais melancólico, mais pessimista, psicologicamente mais pesado que Beethoven. Há mais tragédia, mais sombras na música brahmsiniana. Há uma preferência pelas tonalidades escuras. Enquanto em Beethoven, quase sempre, tudo se encaminha para uma grande e retumbante vitória, em Brahms as coisas são mais contidas, mais cautelosas, não há o otimismo de Beethoven, a vitória não é certa, só o sofrimento é que é. Mesmo assim, tanto a música de um quanto a de outro é música de luta, que nunca se rende ao infortúnio.

Brahms era melhor melodista que Beethoven. Suas melodias são carregadas de uma expressividade ao mesmo tempo tensa e apaixonada, serena e resignada. É o famoso equilíbrio de Brahms. Um coração romântico, uma mente clássica. Enquanto Beethoven desenvolve suas obras, na maior parte, com grandiloquência e explosão, Brahms evita os exageros românticos e torna sua obra uma música mais discreta, mais grave. A música de Brahms é séria, reflexiva, com pouco momentos de alegria ou descontração. É música firme, segura, com os pés no chão, de uma estrutura inabalável (tanto formal quanto psicologicamente).

Enfim, em Beethoven, tudo vence. Em Brahms, tudo é forte.

04 maio 2016

Constatações de um Pessimista

1ª - o homem
para não ter que morrer trabalhando
se mata de trabalhar

2ª – siga o certo
o caminho correto
diz a placa
no meio do deserto

3ª – se quem nos desse nome
fosse a Hipocrisia
seríamos todos
José e Maria

4ª – as pessoas
dizem querer a luz...
é mentira:
a luz mostra tudo





02 maio 2016

Pesticidas e Transgênicos estão acabando com as abelhas: é o lucro aniquilando a humanidade

Quando Albert Einstein escreveu que "Se as abelhas desaparecessem da face da Terra, a humanidade terá mais quatro anos de existência", o cientista, apesar de toda sua genialidade, ainda não previa que hoje o desaparecimento das abelhas não seria apenas uma possibilidade assustadora, mas uma realidade vivenciada. Einstein acrescenta que "Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora, sem flora não há animais, sem animais, não haverá raça humana."

Agora mesmo, foi divulgada a alarmante notícia de que as abelhas produtoras de mel estão desaparecendo do RS devido ao uso abusivo e criminoso de agrotóxicos (muitos deles proibidos no Brasil), de pesticidas que são simplesmente espalhados no ar sobre as lavouras, principalmente nas lavouras de soja. Os danos destes venenos que se propagam por dezenas, talvez centenas de quilômetros, é tão vasto que nem pode ser mensurado. É claro que não se restringe somente às abelhas, mas afeta todas as outras espécies da flora e da fauna, incluindo, como todos sabem, a ação direta e cumulativa na saúde humana. No entanto as abelhas são particularmente sensíveis aos pesticidas.

A ONU emitiu um alerta de caráter urgente onde adverte que os insetos polinizadores estão desaparecendo a uma velocidade sem precedentes, e argumenta que 75% das plantas precisam de polinização para se reproduzir, inclusive aquelas que servem de alimento ao homem e aos animais. Segundo a ONU, há três fatores principais que estão ocasionando o desaparecimento de insetos polinizadores como abelhas, vespas, borboletas:

- o uso de pesticidas;
- a propagação de espécies geneticamente modificadas (os transgênicos);
- a destruição de seus habitats naturais.

Em outras palavras, o que está acabando com as abelhas é a sede insaciável de lucro. Usa-se pesticidas para quê? Para se produzir mais em um curto período de tempo. Nem se pensa nas consequências. Da mesma forma, é com os transgênicos, onde as gigantes multinacionais do setor lucram bilhões de dólares todos os anos com a venda de sementes e com os royalties. A bancada do agronegócio aqui no Brasil vem facilitando, ou tentando facilitar, tanto o uso de agrotóxicos quanto a expansão dos transgênicos. Certamente, não é para o bem-estar da população. Mais uma vez, aqui cabe o meu poema:


Enquanto houver lucro...

enquanto houver lucro
não haverá vida
nem de quem perde
nem de quem lucra

enquanto houver lucro
só haverá o suco
do que é vivo sugado
enquanto houver lucro
não haverá o justo:
só o homem esmagado

enquanto houver lucro
não haverá paz
enquanto houver lucro
só haverá pás
a cavar covas
só haverá a sede
insaciável
de quem quer mais
só haverá a sede
insaciada
de quem
não tem nada

enquanto houver lucro
o homem será invólucro
de um monstro



30 abril 2016

O Homem está Morto

Deus está morto:
fomos a nós que nos matamos

meu olho absorto:
foi sempre a sós por entre os anos

o mundo é este porco:
e fomos só nós que o carneamos

o amor é um aborto
e foi entre pós que nós o causamos

o homem está morto:
fomos adeus que nos mandamos


28 abril 2016

da Liberdade

I - o livro
te torna livre
o livre
se torna livro

II - no hoje
ser livre
é não ter que ter

III - em meio
a toda suposta liberdade
há uma prisão latente:

aqueles que se julgam livres
leiam de trás para frente
a palavra "livres"






25 abril 2016

Al Pacino e Oscar Wilde: Wilde Salomé

Hoje, um dos maiores atores de todos os tempos, e o meu preferido, Alfredo James Pacino, ou Al Pacino, completa 76 anos. Mas não é por ser seu aniversário que escrevo este texto. É simplesmente porque há alguns dias assisti ao sensacional Wilde Salomé: uma espécie de filme/documentário/teatro, dirigido e escrito pelo próprio Al Pacino (onde o ator interpreta o rei Herodes), e baseado na peça teatral Salomé, do célebre poeta e escritor inglês Oscar Wilde. Claro que aproveito a data de aniversário do ator para realizar a postagem.

Al Pacino já dirigiu alguns filmes, todos eles de caráter alternativo, muito longe dos padrões sensacionalistas hollywoodianos, e sempre influenciados pela Literatura. Foi o caso, por exemplo, do filme Ricardo III - Um Ensaio, de 1996, baseado na obra de Shakespeare, e é o caso, mais recentemente, de Wilde Salomé, de 2011. O filme é, simplesmente, uma aula de cinema, literatura e teatro, não se detendo somente ao enredo da peça escrita por Oscar Wilde, mas também realizando uma análise da obra e da vida do escritor inglês, ao mesmo tempo em que tece considerações críticas sobre o teatro e o cinema contemporâneos. 

Os personagens de Wilde Salomé são analisadas a fundo, trazendo reflexões acerca de seu comportamento psicológico. A história, a genialidade e as dificuldades da vida de Oscar Wilde também são abordadas, principalmente a sua coragem em trabalhar e desmascarar temas considerados tabus pela conservadora e hipócrita sociedade inglesa de finais do século XIX. Seu homossexualismo e sua prisão (devido à própria homossexualidade) são alguns dos assuntos explorados pelo filme de Al Pacino. 

Percebe-se, então, que pessoas como Oscar Wilde, não apenas por ser homossexual, mas, e até mais, por ter a ousadia de tirar o véu de hipócritas, continuariam a ser odiadas pela nossa sociedade pós-moderna. Ainda mais aqui no Brasil, com os dias de "Bolsonarismo" em que estamos vivendo.

"A forma de governo mais adequada ao artista é a ausência de governo. Autoridade sobre ele e sua arte é algo de ridículo."  Oscar Wilde. 




24 abril 2016

Quem acredita, acredita no quê?

as pessoas não acreditam
no que creem como certo
acreditam no que precisam
acreditar:
se é certo ou não
não há real interessamento

acreditam no prolongamento
do que são
ou do que julgam como sendo:
acreditar é tentar ser
sendo-se ou não

tanto é
que se pode acreditar
em coisa qualquer
no que se quiser:
em paradoxos e contraditórios
em mudanças e inconstâncias
e tudo é válido
e tudo pode
desde o fanático científico
até o enfático por bodes

de modo que acreditar
não é saber ou achar que se sabe:
é a necessidade de ser alguém
antes que seu ser ou esse alguém
acabe


21 abril 2016

Por que sou Contra o Impeachment, e o Poema que previu tudo

Sou um homem de posições. Abomino o "ficar em cima do muro", a prática covarde dos "amigos de todos", que, como se diz, não são amigos de ninguém. E, quando devo tomar uma posição, antes analiso quem está de um lado e quem está de outro. Claro que não é só isso que me levará a decidir. Mas ajuda bastante.  Infelizmente, a minha real visão política, já não pode mais ser implementada na civilização. 

Sou contra governos, sou um anarquista. E o verdadeiro anarquismo não é sinônimo de caos ou bagunça, é antes de consciência e liberdade individual. Mas hoje é uma utopia. Sendo assim, governos existem, e devemos nos posicionar dentro dos governos. Nesse sentido, sou totalmente antidireitista. E tenho, portanto, posições esquerdistas, embora não concorde com muita coisa dentro da esquerda. Ser de esquerda, não significa ser comunista, como pensam muitos que não aceitam posicionamentos contrários ao seu: "se é de esquerda é comunista." Isso não só é preconceituoso como é de uma ridícula ignorância. Ser de esquerda, no meu entender, é ser a favor das minorias menos favorecidas e a favor dos avanços sociais com humanidade, não com exploração. 


No caso do Impeachment, sendo golpe ou não, sempre me posicionei contra. Não por morrer de amor pela Dilma, mas por considerar muito pior colocar Temer e o PMDB no governo. E duvido, com toda força da dúvida, que Temer convoque novas eleições. E muito menos será "impedido" também. E esse meu posicionamento foi confirmado quando analisei quem estava votando A FAVOR do impeachment:

- Bolsonaros e outros estúpidos pregadores de crimes contra o ser humano, que deveriam estar atrás das grades.


- Fanáticos religiosos exploradores do desespero de um povo ignorante e acomodado, enriquecendo "em nome de Deus".

- Corruptos praticamente declarados, deslavados, caricatos, que num dia gritavam, choravam pelo "fim da corrupção" e no outro tinham a polícia em sua casa devido a essa mesma corrupção.

- Homens como Luis Carlos Heinze, que expressou abertamente, e foi apoiado, todo o seu ódio por negros, índios e homossexuais.

- Homens como Paulo Maluf, um ícone da roubalheira e da impunidade no Brasil.

- Defensores da perda de direitos do trabalhador, que votaram pela terceirização, pela destruição ambiental para favorecer empresas, que votaram pelo financiamento privado de campanha, que votaram pela isenção de impostos das igrejas, que votaram para favorecer os que querem plantar mais transgênicos e com mais agrotóxicos, que votaram pelo perdão de multas de grandes empresas...

Toda essa gente votou a favor do impeachment. Então, sou contra.

Além do mais, descobri que sou profeta, Três dias antes do impeachment, escrevi um poema que previa tudo:

aos Homens de Bem

tantos que se julgam grandes
mas não passam de bananas
e do mesmo cacho

tantos que se julgam rochas
mas não passam de farinha
e do mesmo saco

tantos que se levam a sério
mas não passam de balela
e de esculacho

tantos que desejam aplausos...
pois bem: palmas
a seu circu(lo) de palhaços


19 abril 2016

A Queda da Humanidade: meu 3º livro

Amigos, conhecidos perguntam-me, às vezes, sobre meu próximo livro e comentam que ele está demorando para sair. De fato, está, por uma série de fatores. O principal deles é que optei por não realizar simplesmente uma coletânea de poemas escritos durante alguns anos, como fiz com meu 1º livro de poesias, que reuniu cerca de 250 poemas escritos entre 2007 e 2010. Meu próximo livro está sendo uma obra construída com mais cuidado, com mais método, seguindo uma determinação, uma intenção unificadora, o que não significa que eu não possa abordar os mais variados temas. Muitos dos poemas que escrevi desde meu 2º livro, publicado em 2010, não serão aproveitados agora.

Ainda não tenho previsão de lançamento, mas muito provavelmente será em 2017. A maior parte dos poemas já considero finalizada. Outros precisam ainda ser reelaborados, e ainda há os que não foram escritos. Também há a questão financeira a ser considerada. O título, penso, já está definido: A Queda da Humanidade