11 maio 2016

O Caminho da Não-Vida

O poema de Charles Chaplin publicado a seguir foi um alerta deixado pelo gênio do cinema mudo. Desgraçadamente, o homem já escolheu o seu caminho. E não foi o da vida. 
Depois do poema de Chaplin, ouso deixar um outro meu, creio, pertinente.


O Caminho da Vida

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.

A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.

Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.

Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.

Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

Charles Chaplin

A Época da Velocidade

época da velocidade
a jato
a vácuo
a comida comprada pronta
a morte a 200 por hora
ou por milésimo
o amor
dura só alguns dias
ou algumas horas
ou é só o minuto mesmo
do beijo
ou do sexo

com o celular
o computador
a internet
é a vida no agora e no antes
nem há mais adiantes

as correias dos motores mecânicos
a poesia de um sensor eletrônico
as correrias dos centros urbanos
as agonias dos supér(fluos) humanos
as mídias domando as massas
os seres extintos em massa

o instantâneo
da desintegração nuclear
o descartável
do coração e do cérebro
e outros sentidos vitais
e o meu poema
que já durou tempo demais

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