As pessoas me perguntam o que achei da Feira do Livro de Santiago. Já disse aqui que não aprecio feiras de livros. Não condeno quem as aprecia, é apenas a minha visão particular. Mas digo que a feira de Santiago estava muito bonita, bem organizada, atraente, sem dúvida. Mas o problema das feiras de livros, a meu ver, não é esse. E não estou falando da Feira de Santiago em particular, mas de todas as feiras país afora. O problema é que eu percebo que a relação custo/benefício para a literatura não parece compensar. O investimento é muito alto se levarmos em conta o retorno literário. E não me refiro só ao retorno para os autores que participam, refiro-me também ao retorno para a literatura em geral e para a formação de novos leitores.
As feiras, em praticamente todo o país (ver a interessante postagem no blog do Ruy Gessinger sobre a Feira do Livro de Porto Alegre), transformaram-se em um evento de entretenimento, muito mais do que um evento literário. As pessoas são levadas para a feira por uma série de belas e sedutoras atrações, muitas delas com um custo altíssimo para as prefeituras (e, indiretamente, claro, para o contribuinte), e vão até lá, divertem-se, assistem a espetáculos, comem e bebem, recebem alguns autógrafos, conhecem alguns escritores, dão uma olhada geral nos livros, mas não se tornam leitores, na maior parte dos casos, e não estão realmente interessadas em literatura, em leitura, mas sim em se divertir, ver os shows, em conhecer novas pessoas, enfim...
A literatura acaba sendo a última preocupação. Certa vez perguntei a uma turma de alunos se eles iriam começar a ler após ter visitado a feira. Começar, nenhum afirmou que iria. Os que já liam, continuariam lendo, os que não liam, não iriam começar devido à feira. Alguns disseram que "feira de livro é só pra se divertir." E, do jeito que são feitas, tenho que concordar com eles.
A literatura acaba sendo a última preocupação. Certa vez perguntei a uma turma de alunos se eles iriam começar a ler após ter visitado a feira. Começar, nenhum afirmou que iria. Os que já liam, continuariam lendo, os que não liam, não iriam começar devido à feira. Alguns disseram que "feira de livro é só pra se divertir." E, do jeito que são feitas, tenho que concordar com eles.
E alguns que querem comprar livros acabam esbarrando em seus preços estratosféricos. Como bem disse o Ruy Gessinger, "feira de livro é sebo". Na Feira de Santiago havia o famoso "Sebo do Tide", como é mais conhecido aqui em Santiago, e ali comprei alguns livros usados e baratos. De resto, o comércio de livros beirava o absurdo. Quando que um leitor iniciante vai comprar algum livro com tais preços?
É nesse sentido que falo que o investimento em feiras de livros está equivocado. Na minha opinião, deveria reduzir-se os eventos, os espetáculos, e as prefeituras poderiam investir em trazer livros mais baratos para a população, pagando uma parte dos valores para as livrarias. E poderiam apoiar os escritores locais não só disponibilizando lugares nas feiras para lançarem seus livros, mas desenvolvendo uma política de incentivos financeiros a quem escreve. Aí sim uma Feira do Livro começaria a cumprir seu papel. Porque no momento está longe disso. Paga-se uma fortuna para se trazer um escritor de fora, muitas vezes medíocre, enquanto os nossos escritores penam para poder lançar um livro, e os nossos leitores com menor poder aquisitivo vão à feira apenas para comprar uma lembrancinha, e olhe lá, porque os livros estão definitivamente além de suas capacidades.
É nesse sentido que falo que o investimento em feiras de livros está equivocado. Na minha opinião, deveria reduzir-se os eventos, os espetáculos, e as prefeituras poderiam investir em trazer livros mais baratos para a população, pagando uma parte dos valores para as livrarias. E poderiam apoiar os escritores locais não só disponibilizando lugares nas feiras para lançarem seus livros, mas desenvolvendo uma política de incentivos financeiros a quem escreve. Aí sim uma Feira do Livro começaria a cumprir seu papel. Porque no momento está longe disso. Paga-se uma fortuna para se trazer um escritor de fora, muitas vezes medíocre, enquanto os nossos escritores penam para poder lançar um livro, e os nossos leitores com menor poder aquisitivo vão à feira apenas para comprar uma lembrancinha, e olhe lá, porque os livros estão definitivamente além de suas capacidades.
Na minha opinião, deve-se conceber uma Feira do Livro de forma mais séria e mais comprometida com o que deveria ser seu objetivo: a LEITURA. Não digo que não se tragam atrações, mas que se pense muito mais no investimento efetivo em prol da literatura e não só em eventos sensacionalistas, em exibicionismo de uns poucos e em promoção política de alguns, pensando-se nos votos das próximas eleições. Isso vale para todas as "Feiras do Livro".