Um trecho da 1ª parte do "Fausto" de Goethe, uma das maiores obras literárias de todos os tempos. Qualquer comentário meu sobre os versos abaixo é absolutamente desnecessário.
Fausto:
"A coisas muito altas anseia a nossa alma,
A matéria, porém, a prende sempre ao chão;
Se alcanças desse Mundo os bens e a loura palma
Da glória, tudo é engodo e constante ilusão.
E às belezas da vida, e aos puros sentimentos,
Envilecem da Terra os ferozes tormentos;
E quando a Fantasia abre asas e voa
No espaço, para o Eterno, em sonhos e esperanças,
Basta pequeno abrigo, enquanto além ecoa
Vendaval que desfaz venturas e bonanças.
O Infortúnio se esconde e se abisma no peito,
As dores acalenta então insatisfeito
E da vida perturba o sossego e o prazer;
Sempre com nova máscara a fazer sofrer,
Ora luxo, ora lar, mulher, criança aflora;
Qual fogo, água, atroz veneno, até punhal;
Treme perante tudo o que não tens, mortal!
E aquilo que perdeste, em lágrimas, deplora!
Não sou de Deus a imagem! Sinto-o profundo.
Pareço mais um verme, e no pó vivo imundo;
Que do pó se alimenta e nele sempre exulta,
Se o pé do itinerante poupa e não o sepulta."
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