20 janeiro 2015

Sugestão*

I - nem toda palavra
deve ser dita
tanto para o bem...
tanto para o mal...
um poema que se poeme
não é um bem dito
é só um mau
sinal

II - a melhor maneira de dizer
é (não-) dizer em segredo...

um verso que se diga
sugere como sangue em lâmina
mas nunca aponta o dedo

III - o que é de forma completa explicado
nunca é de forma completa sublime:
quando tudo está claro
nada funciona
desde a arte
até o crime

*Poema reelaborado e republicado.


18 janeiro 2015

Vitória ou Fracasso

a minha parte
do que está
é a parte depois da parte
quando já não estiver
estado

então não posso
estar-me com o que é:
vou-me em outro passo
pé ante pé

nem sei porque digo
que passo...
talvez 
por que tudo e todos passam
e acaba que ninguém percebe
o que passado
e ninguém se vê

no todo formado de parte
tenho a última máxima extrema
onde o sucesso é pleno
por ter se tornado vento
e o tornado tornado pó

por isso
por que eu quereria
que me ouças?
ou esperaria
o que me espera?
o meu objetivo
é ele não ser alcançado
pois ninguém me alcança

e assim já o tenho
colhendo somente o ato
sem ter que entrar na dança

afinal
o que dizem vitória ou sucesso
são máscaras que se colocam
sobre o de ser humano
eterno fracasso


16 janeiro 2015

Ser ou Não-ser

I - um homem
que confia nos outros homens
não se conhece
como homem

II – as pessoas dizem:
acreditem em mim!
e elas mesmas
acreditam em seus si mesmos...
mas em qual mim acreditar?
se elas mesmas
logo depois
já são outros dos seus eus
que vêm a esmos?...

III – razão
tinha Shakespeare:
“ser ou não ser
eis a questão”...

num dia o homem é
no outro não

14 janeiro 2015

do Caminho da Humanidade

o primeiro passo
é perder os ideais

o segundo passo
é perder as ideias

o terceiro passo
é perder até o id
e mesmo assim
aumentar o ego

e assim
passo a passo
caminha a civilização...

sem ideais
sem ideias
ide, humanidade
id
ota

(Na imagem, o quadro "A Parabóla dos Cegos", de Bruegel.)

12 janeiro 2015

da Realidade*

o trono real
sempre passa:
quem é rei hoje
amanhã some
e não passa de um nome
passado
pisado
pela pressa da traça:
a realidade
é só fumaça...

qual a real idade
do que se sabe?
a da folha
ou a do tigre
dente-de-sabre?

o real está em qual
onde?
é dia ou noite?
o que se pensa
ou o que se sente?
ou é aquilo
que se esconde?

talvez o real
seja só símbolo
ou um sinal...
por isso
o que me dizem sê-lo
não vale um selo
de 1 real

*Poema reelaborado e republicado

10 janeiro 2015

De Enfeites, Retornos e Voltas

I - o homem
quando o seu nada
não tem jeito
sempre acha um jeito
de se encher por dentro
a aparentar perfeito
(do tipo
o que eu não-ser
eu enfeito)

II - tudo é retorno:
se a maçã que  colhemos
é bela por fora
mas abichada por dentro
vamos com o giro
da gravidade do tempo
no que for ação-reação:

podemos dar a volta
na macieira
ou em toda a plantação

III - o universo
é movimento contínuo
tudo vai e volta
até o Fim

um dia o Fim foi
agora está revolta

08 janeiro 2015

És Livre?*

ainda que tenhas que trabalhar
durante as melhores
as mais claras
as mais belas
horas do dia
és livre....

e que trabalhes
5 meses por ano
apenas para pagar impostos
que mal terão retorno
és livre...

e que pagando teus impostos
ainda também pagas
planos de saúde
escolas para os filhos
seguranças para a noite
pedágios nas estradas
cursos particulares
és livre...

e se um dia
houver um pane na internet
um colapso na energia
o esgotamento da água potável
verás ainda melhor
como és livre...

és livre
para pensar como todos pensam
sentir o que todos sentem
ouvir o que todos ouvem
andar como todos andam
viver como todos vivem:
na moda

e por hora
és livre para consumir
e deves consumir sem parar
senão
o que os outros
vão pensar?


*Poema reelaborado e republicado.

06 janeiro 2015

Apenas um Lembrete

um lembrete
daquilo
que prometeste
que prometrova
que promeutoque
que promeutraste
que protestaste

um lembrete
daquilo
que Prometeus
que proteudeus
que praminhatosse
que proteumestre
que problemaste
que proclamaste

um lembrete
daquilo
que proferiste
que pré-feriste
que te feriste
que prefizeste

um lembrete daquilo
que prometeste
que proteprova

04 janeiro 2015

Corte de nomeações no governo Sartori: atitude burra e desumana

O simpático Sartori (agora nem tão simpático assim) anuncia, entre outras medidas nada simpáticas, que vai congelar nomeações. Alega, como todos sabem e como todo novo governante faz, que o estado está "quebrado". O curioso é que o gringo não fala uma palavra sequer contra o aumento do seu salário, do seu vice, dos seus secretários e dos deputados. Lembrando que sua bancada, a do PMDB, aprovou por unanimidade a aposentadoria para os nossos coitados parlamentares.

Mas vamos supor que o estado esteja na situação financeira tão grave que o Sartori alega (um pouco sempre é balela, para poder governar sem cobranças).  Ainda que esteja, congelar nomeações em áreas vitais e ainda deficitárias como Saúde e Educação é uma atitude burra, imbecil. Pior, é desumana. O governo Tarso não foi perfeito, cometeu erros, o mais grave, no meu entender, foi o não pagamento do piso do magistério. No entanto, não se pode dizer que o PT não realizou um trabalho de fortalecimento dos serviços públicos, com aumentos salariais, ainda insuficientes mas bem superior aos governos anteriores, realizando concursos e nomeando.


Agora, nada justifica o que o Sartorinho está fazendo. Os concursos abertos pelo governo Tarso não foram para ganhar dinheiro. Havia e ainda há uma real falta de professores, de profissionais de saúde, de policiais, etc, em nosso estado. E as vagas abertas ainda são insuficientes. A maior parte do pessoal que foi aprovado já foi chamado, eu sou um deles, mas ainda resta um bom número aguardando nomeação. Como devem se sentir essas pessoas que estudaram, investiram, conseguiram a aprovação e agora sabem que nos próximos meses não serão chamadas? Duvido que o sejam em 2015, talvez nem em 2016. 


Congelar nomeações em educação e saúde alegando dificuldades financeiras? Que tipo de visão lamentável é essa? Até países que foram devastados pela 2 ª Guerra Mundial continuaram investindo forte em educação (e até mais do que antes), e hoje são potências, exatamente por isso, porque investiram nos serviços públicos, principalmente em educação e cultura, e  tornaram seus povos capazes de construir e erguer grandes nações. É só conferir o exemplo de países como Japão, França, Alemanha, Itália...

02 janeiro 2015

Ser Humano é Preocupar-se

I - o que de ti
me mostras
não é o que vejo...
o homem nunca está
onde está
ou é medo
ou é saudade
ou é desejo

II - aquilo
que o homem faz
ele nunca faz
estando em cem por cento:
aquilo que o homem faz
ele o faz
já estando
(em querer ou receio)
no próximo momento

III - as pessoas
pre-ocupam-se tanto
que nunca se ocupam
com o seu tanto

31 dezembro 2014

Mensagem Antipática de Ano Novo (ou A Marmelada)*

I

as pessoas dizem fazer
o que elas têm que fazer
mas o que 
elas têm que fazer?
quem disse que o que é feito
é o que deveria ser feito?
e por que se acha que se deve
fazer tal coisa
e não outra?

as pessoas dizem cumprir
com seus deveres
mais quais são os deveres
que deveriam ser deveres?

nosso mundo é o que é
porque cumprimos com nossos deveres?

achamos que outros
não cumprem seus deveres
mas estamos certos
que cumprimos os nossos
e se todos acham que cumprem seus deveres
então todos cumpririam seus deveres...

e não haveria nada de errado
com o mundo...

cumprir seus deveres
é ter a vida que temos?
e quem determina
os nossos deveres
e a vida que temos?

fizemos uma escolha
ou fomos convencidos
sem que percebamos que o fomos?

II

nos Anos-Novos
as pessoas falam em mudanças
mas durante os Novos-Anos
fazem o que estão certas
que devem fazer
e sempre acham
que devem fazer as mesmas coisas
e que estão certas no que fazem
e que cumprem seus deveres
que são sempre os mesmos
e cumpridos da mesma forma

que mudança que há?

ninguém nunca se questiona nada
e no fim das contas
anos-novos sucessos felicidades
parecem um banquete da virada
mas  são só o de sempre:
marmelada

*Poema reelaborado e republicado

29 dezembro 2014

Santiago, Terra dos Poetas (poema ao aniversário de Santiago)

Santiago
dos homens bons
dos homens de bens
dos homens de posses
dos homens de pós
dos homens de puns

Santiago
onde nos campos os bois, cavalos
nas estradas os motoristas
e nas "imprensas" os puxa-sacos
correm soltos

Santiago das aparências
dos saltos altos
das altas patentes
dos só (a)parentes

Santiago
dos churrascos
das cachaças
das carreatas
dos carreteiros
dos cabresteados
dos cabresteiros

Santiago
um trago aos teus vastos pagos
aos teus vivos (ainda) pampas
ao teu oprimido rincão...

Santiago do Boqueirão

onde quem não é poeta
é cristão

27 dezembro 2014

Relâmpaga

já quase nada
nada a ser dito.
a quem?
a homens que se acotovelam
se (r)indo
em seu cagar infinito

deixar uma letra que fique
(não-lida)
para que eu não fique em nada
da história
(mentida)
civilizada

fora isso
todas as minhas tormentas
já estão relâm...
pagas

25 dezembro 2014

e mais ninguém resiste

sendo poeta
trabalho
na desafirmação do trabalho:
crio inutilárias
retrogradarias
impraticidades...

todas essas algumas coisas
que não servem para coisa alguma

o que fariam os homens de bens
com esse uni-versos in versos
de desprodutos?

o problema
é que um poema
é um resto de resistência
e mais ninguém resiste

mas não há outro jeito:
o que importa
é que meu papel
está no papel:
o poema está feito
e existe

23 dezembro 2014

O Saco do Papai Noel e Poema de Natal a um Urutau

Aproveitando o ensejo do clima do Natal, republico dois poemas que escrevi, um em 2013 e outro e 2012, para as festividades natalinas:

O Saco do Papai Noel

P. noel,
lê a minha carta:
maior que a tua barba
bem perfumada
de capital
(de fazer trança)
é a tua farsa
bem estufada
de banquetes
pela tua pança

de bochechas coradas
e gordas
tu só és papai,
P. noel,
a quem deixar
algumas notas
(e outras cotas)
na (pro)fundidade
do teu chapéu

P.noel
o bom velhinho
velhaco:
só ganha presente
quem tiver dedos
(no meio da moeda)
pra te puxar o saco


Poema de Natal a um Urutau

naquela noite
tu serás tu mesmo:
ao que homens se mostram
tu te ocultas
como se não
como se nem fosses

os sábios sopram
que sendo tu
tu nada sabes
pois o que é que leste?
mas tu
tu nem estás
em teu não estar
do que dizem
tu te escondeste

não sendo nada
só o teu Ser é que é:
e teu ser não seria
se te mostrasses em aberto
alardeando sob o sol
o que só vê
teu olho noturnal...
mostrar-se
não é de um urutau

paira de ti
o espectro do que não
um verbo que se fantasma
grito não-dito
e lamento-punhal
no invisível
és toda a dor de uma era
final

quem te vê quando cantas?
o que cantas é um susto
que não nos deixa sinal...
por isso este poema:
também ninguém vê o Natal

21 dezembro 2014

Série: O Fim é Inevitável 2 - Alimentos Transgênicos e Degeneração

Vamos ao 2° capítulo de nossa série. O primeiro pode ser conferido aqui

Em 2005, se não me engano, escrevi e publiquei em alguns veículos literários, por exemplo, no jornal Letras Santiaguenses, um poema que criticava os sequazes dos alimentos transgênicos. Posteriormente, o poema foi reelaborado e republicado em meu blog. Entre outras coisas, o poema dizia: 


aos a favor dos transgênicos:
transbúrricos

Claro que alguns não gostaram e me acusaram de ser contra o "progresso", a "evolução", de ser "retrógrado", enfim, essas coisas que os fanáticos pelo "desenvolvimento" costumam declarar. Na época, os transgênicos eram moda e vistos como a solução para o problema do abastecimento alimentar da humanidade. O tempo está comprovando que o tiro está saindo pela culatra. Não é a toa que diversos países europeus estão destruindo e proibindo as lavouras transgênicas em seus territórios e expulsando multinacionais do setor como a Monsanto.

Quanto à transgenia de alimentos, de seres vivos de uma maneira geral, não tenho dúvidas de que não é evolução, é involução, é degeneração. Uma degeneração alimentar. E não só por uma questão econômica, visto que muitos estudos apontam que lavouras transgênicas de milho e soja, por exemplo, não só não dão o lucro esperado, como muitas vezes são menos produtivas que o cultivo dos alimentos convencionais. Os danos ambientais, à biodiversidade, o aumento de determinados tipos de agrotóxicos, e, finalmente, os distúrbios nos organismos de seres vivos, todos esses fatos vem sendo estudados e, aos poucos, comprovados pela ciência. 

O homem, em seu afã de controlar as forças naturais, mexe com questões que na verdade não entende em sua essência, que no fundo não pode controlar, porque trata a vida de maneira equívoca, como se não passasse  de uma amontoado de matéria que torce e distorce conforme seu bel prazer. O resultado final será pago pela própria humanidade. A conta, um dia, é cobrada.


Nesse contexto, reproduzo trechos da entrevista concedida por Antônio Inácio Andrioli*, pesquisador brasileiro e estudioso sobre a questão da transgenia de alimentos. A entrevista pode ser conferida na íntegra aqui.


"Além dos malefícios para a agricultura, produtos geneticamente modificados podem estar relacionados a uma série de epidemias que crescem na sociedade contemporânea, como o câncer e alergias alimentares. As plantas produzidas através da transgenia, explica o pesquisador, são imunodeficientes, ou seja, piores que as desenvolvidas através do melhoramento genético tradicional. “Recentes pesquisas realizadas na Europa demostram que animais consumidores de produtos imunodeficientes também passaram a apresentar imunodeficiência, e, consequentemente, foram mais atacados por doenças”, alerta.


“Deveríamos fazer a seguinte análise com relação aos impactos que isso gera no ser humano: Essas plantas às quais me refiro contêm dentro de suas célula – como no caso do milho transgênico – uma toxina sendo produzida por um bacilo (Bacillus thuringiensis). Como já sabemos que o contato de animais com o referido bacilo têm causado alterações no sistema imunológico e reprodutivo, há uma grande probabilidade de estarem aumentando as doenças no mundo, o que parece ser uma das estratégias da indústria farmacêutica”.


No caso das plantas resistentes a herbicidas, o agravante são os resíduos de glifosato verificados nos alimentos, pois esses cultivos, como a soja transgênica, permitem a aplicação de glifosato sobre a planta. Segundo o pesquisador, “mesmo se utilizássemos uma fórmula de glifosato cem vezes menor do que a utilizada na agricultura através do Roundup, teríamos uma alteração celular dos animais e seres humanos, conforme revela recente estudo realizado na França”. Andrioli também aponta para um segundo problema: uma alteração no DNA (ácido desoxirribonucleico), onde se encontram as características hereditárias de um ser vivo. “O DNA está sendo afetado em função do uso do glifosato que passa através dos alimentos em forma de resíduos.”


Depois de retornar do curso de pós-doutorado, na Áustria, o pesquisador está impressionado com o anonimato brasileiro em relação aos transgênicos, com a desinformação da população brasileira e a falta de interesse nesse debate. “Essa é uma discussão que interessa a todos, porque não tem ninguém que não coma. Portanto, todos estão sendo afetados pelo cultivo de transgênicos.” O pesquisador alertou para o boicote de informações e denuncia que pesquisadores são perseguidos por colocar seus estudos à disposição do público.
"Já sabemos que o milho modificado vai produzir menos que o convencional e sua produção vai custar mais caro. Então, não poderia ter um interesse do agricultor em cultivar uma planta que não lhe oferece vantagens. Mas, novamente, existe uma promessa de que essa planta seja resistente a um determinado inseto, e isso realmente só será possível se esse inseto se tornar, de fato, uma praga. É claro que em muitos países esse inseto já é considerado praga, mas temos de nos perguntar também: por que ele se tornou uma praga? Se com o uso desse tipo milho vamos aumentar a incidência de pragas e o número de doenças – porque essa planta é imunodeficiente –, então, a longo prazo, isso será uma catástrofe para o agricultor."

"Mas, infelizmente, há uma ideologia muito grande por trás desse debate: a ideologia da técnica. A técnica sempre carrega consigo uma ideologia, ou seja, os interesses pelos quais uma técnica foi produzida. Esses interesses não são os mesmos dos agricultores; pelo contrário, as empresas esperam que, através dos problemas técnicos que esses produtos geram na agricultura, se possa aumentar o consumo de produtos que essas indústrias fornecem, o que logicamente significa um aumento no custo de produção dos agricultores."

Alimentos transgênicos e câncer:

"Sabemos que há uma modificação celular se utilizarmos o glifosato na alimentação; se utilizássemos uma fórmula de glifosato cem vezes menor do que a utilizada na agricultura através do Roundup (3), teríamos uma alteração celular. Essa alteração celular é um problema, porque as células estão crescendo desordenadamente. Isso poderia confimar nossa suspeita de causarem câncer. Um segundo elemento importante é que hoje estamos vendo que há uma alteração inclusive do ácido desoxirribonucléico, responsável pelas características hereditárias. Ele está sendo afetado em função do uso do glifosato que passa através dos alimentos em forma de resíduos. 

O bacillus thuringiensis pode provocar imunodeficiência. A bactéria produz uma toxina que forma cristais no intestino. Nos intestinos de insetos, após a ingestão desse milho, é constatada uma desregulação intestinal, com consequencias letais. Precisamos refletir sobre isso, porque o intestino é responsável pelo controle daquilo que precisa sair e daquilo que fica no organismo. Se desregularmos isso, passamos a produzir substâncias nocivas ou passamos a acumulá-las no organismo. 

Há inúmeros outros estudos preliminares que estão sendo divulgados pelo mundo e apontam para o aumento das alergias, porque estamos, de fato, com um elemento novo sendo introduzido dentro de uma planta, sem que as pessoas saibam ou sem que elas tenham consciência de que estão consumindo um alimento novo, para o qual o organismo não está preparado. Assim como a planta não está preparada para receber determinados gens estranhos a ela – porque essa é a característica da transgenia, cruzando espécies vivas que na natureza não se cruzam –, é claro que esses organismos terão uma reação, ou seja, irão produzir também reações que não conhecemos. Eu posso ter uma alergia a uma determinada planta e, quando os seus gens são inseridos dentro de outra, aumenta-se a probabilidade de pessoas alérgicas."

* Antônio Inácio Andrioli é graduado em Filosofia, pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijui), mestre em Educação nas Ciências, pela mesma universidade, doutor em Ciências Econômicas Sociais, pela Universität Osnabrück, Alemanha, e pós-doutor, pelo Instituto de Sociologia da Universidade Johannes-Kepler de Linz, Áustria. Atualmente, é professor do mestrado em Educação nas Ciências, na Unijuí e docente do Instituto de Sociologia da Universidade Johannes Kepler de Linz. Ele é autor de Transgênicos: as sementes do mal (São Paulo: Editora Expressão Popular, 2006). Acompanhe mais informações no site do pesquisador www.andrioli.com.br