Vamos ao 2° capítulo de nossa série. O primeiro pode ser conferido aqui.
Em 2005, se não me engano, escrevi e publiquei em alguns veículos literários, por exemplo, no jornal Letras Santiaguenses, um poema que criticava os sequazes dos alimentos transgênicos. Posteriormente, o poema foi reelaborado e republicado em meu blog. Entre outras coisas, o poema dizia:
aos a favor dos transgênicos:
transbúrricos
Quanto à transgenia de alimentos, de seres vivos de uma maneira geral, não tenho dúvidas de que não é evolução, é involução, é degeneração. Uma degeneração alimentar. E não só por uma questão econômica, visto que muitos estudos apontam que lavouras transgênicas de milho e soja, por exemplo, não só não dão o lucro esperado, como muitas vezes são menos produtivas que o cultivo dos alimentos convencionais. Os danos ambientais, à biodiversidade, o aumento de determinados tipos de agrotóxicos, e, finalmente, os distúrbios nos organismos de seres vivos, todos esses fatos vem sendo estudados e, aos poucos, comprovados pela ciência.
O homem, em seu afã de controlar as forças naturais, mexe com questões que na verdade não entende em sua essência, que no fundo não pode controlar, porque trata a vida de maneira equívoca, como se não passasse de uma amontoado de matéria que torce e distorce conforme seu bel prazer. O resultado final será pago pela própria humanidade. A conta, um dia, é cobrada.
Nesse contexto, reproduzo trechos da entrevista concedida por Antônio Inácio Andrioli*, pesquisador brasileiro e estudioso sobre a questão da transgenia de alimentos. A entrevista pode ser conferida na íntegra aqui.
"Além dos malefícios para a agricultura, produtos geneticamente modificados podem estar relacionados a uma série de epidemias que crescem na sociedade contemporânea, como o câncer e alergias alimentares. As plantas produzidas através da transgenia, explica o pesquisador, são imunodeficientes, ou seja, piores que as desenvolvidas através do melhoramento genético tradicional. “Recentes pesquisas realizadas na Europa demostram que animais consumidores de produtos imunodeficientes também passaram a apresentar imunodeficiência, e, consequentemente, foram mais atacados por doenças”, alerta.
“Deveríamos fazer a seguinte análise com relação aos impactos que isso gera no ser humano: Essas plantas às quais me refiro contêm dentro de suas célula – como no caso do milho transgênico – uma toxina sendo produzida por um bacilo (Bacillus thuringiensis). Como já sabemos que o contato de animais com o referido bacilo têm causado alterações no sistema imunológico e reprodutivo, há uma grande probabilidade de estarem aumentando as doenças no mundo, o que parece ser uma das estratégias da indústria farmacêutica”.
No caso das plantas resistentes a herbicidas, o agravante são os resíduos de glifosato verificados nos alimentos, pois esses cultivos, como a soja transgênica, permitem a aplicação de glifosato sobre a planta. Segundo o pesquisador, “mesmo se utilizássemos uma fórmula de glifosato cem vezes menor do que a utilizada na agricultura através do Roundup, teríamos uma alteração celular dos animais e seres humanos, conforme revela recente estudo realizado na França”. Andrioli também aponta para um segundo problema: uma alteração no DNA (ácido desoxirribonucleico), onde se encontram as características hereditárias de um ser vivo. “O DNA está sendo afetado em função do uso do glifosato que passa através dos alimentos em forma de resíduos.”
Depois de retornar do curso de pós-doutorado, na Áustria, o pesquisador está impressionado com o anonimato brasileiro em relação aos transgênicos, com a desinformação da população brasileira e a falta de interesse nesse debate. “Essa é uma discussão que interessa a todos, porque não tem ninguém que não coma. Portanto, todos estão sendo afetados pelo cultivo de transgênicos.” O pesquisador alertou para o boicote de informações e denuncia que pesquisadores são perseguidos por colocar seus estudos à disposição do público.
Há inúmeros outros estudos preliminares que estão sendo divulgados pelo mundo e apontam para o aumento das alergias, porque estamos, de fato, com um elemento novo sendo introduzido dentro de uma planta, sem que as pessoas saibam ou sem que elas tenham consciência de que estão consumindo um alimento novo, para o qual o organismo não está preparado. Assim como a planta não está preparada para receber determinados gens estranhos a ela – porque essa é a característica da transgenia, cruzando espécies vivas que na natureza não se cruzam –, é claro que esses organismos terão uma reação, ou seja, irão produzir também reações que não conhecemos. Eu posso ter uma alergia a uma determinada planta e, quando os seus gens são inseridos dentro de outra, aumenta-se a probabilidade de pessoas alérgicas."
* Antônio Inácio Andrioli é graduado em Filosofia, pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijui), mestre em Educação nas Ciências, pela mesma universidade, doutor em Ciências Econômicas Sociais, pela Universität Osnabrück, Alemanha, e pós-doutor, pelo Instituto de Sociologia da Universidade Johannes-Kepler de Linz, Áustria. Atualmente, é professor do mestrado em Educação nas Ciências, na Unijuí e docente do Instituto de Sociologia da Universidade Johannes Kepler de Linz. Ele é autor de Transgênicos: as sementes do mal (São Paulo: Editora Expressão Popular, 2006). Acompanhe mais informações no site do pesquisador www.andrioli.com.br
"Já sabemos que o milho modificado vai produzir menos que o convencional e sua produção vai custar mais caro. Então, não poderia ter um interesse do agricultor em cultivar uma planta que não lhe oferece vantagens. Mas, novamente, existe uma promessa de que essa planta seja resistente a um determinado inseto, e isso realmente só será possível se esse inseto se tornar, de fato, uma praga. É claro que em muitos países esse inseto já é considerado praga, mas temos de nos perguntar também: por que ele se tornou uma praga? Se com o uso desse tipo milho vamos aumentar a incidência de pragas e o número de doenças – porque essa planta é imunodeficiente –, então, a longo prazo, isso será uma catástrofe para o agricultor."
"Mas, infelizmente, há uma ideologia muito grande por trás desse debate: a ideologia da técnica. A técnica sempre carrega consigo uma ideologia, ou seja, os interesses pelos quais uma técnica foi produzida. Esses interesses não são os mesmos dos agricultores; pelo contrário, as empresas esperam que, através dos problemas técnicos que esses produtos geram na agricultura, se possa aumentar o consumo de produtos que essas indústrias fornecem, o que logicamente significa um aumento no custo de produção dos agricultores."
Alimentos transgênicos e câncer:
"Sabemos que há uma modificação celular se utilizarmos o glifosato na alimentação; se utilizássemos uma fórmula de glifosato cem vezes menor do que a utilizada na agricultura através do Roundup (3), teríamos uma alteração celular. Essa alteração celular é um problema, porque as células estão crescendo desordenadamente. Isso poderia confimar nossa suspeita de causarem câncer. Um segundo elemento importante é que hoje estamos vendo que há uma alteração inclusive do ácido desoxirribonucléico, responsável pelas características hereditárias. Ele está sendo afetado em função do uso do glifosato que passa através dos alimentos em forma de resíduos.
O bacillus thuringiensis pode provocar imunodeficiência. A bactéria produz uma toxina que forma cristais no intestino. Nos intestinos de insetos, após a ingestão desse milho, é constatada uma desregulação intestinal, com consequencias letais. Precisamos refletir sobre isso, porque o intestino é responsável pelo controle daquilo que precisa sair e daquilo que fica no organismo. Se desregularmos isso, passamos a produzir substâncias nocivas ou passamos a acumulá-las no organismo.
Alimentos transgênicos e câncer:
"Sabemos que há uma modificação celular se utilizarmos o glifosato na alimentação; se utilizássemos uma fórmula de glifosato cem vezes menor do que a utilizada na agricultura através do Roundup (3), teríamos uma alteração celular. Essa alteração celular é um problema, porque as células estão crescendo desordenadamente. Isso poderia confimar nossa suspeita de causarem câncer. Um segundo elemento importante é que hoje estamos vendo que há uma alteração inclusive do ácido desoxirribonucléico, responsável pelas características hereditárias. Ele está sendo afetado em função do uso do glifosato que passa através dos alimentos em forma de resíduos.
O bacillus thuringiensis pode provocar imunodeficiência. A bactéria produz uma toxina que forma cristais no intestino. Nos intestinos de insetos, após a ingestão desse milho, é constatada uma desregulação intestinal, com consequencias letais. Precisamos refletir sobre isso, porque o intestino é responsável pelo controle daquilo que precisa sair e daquilo que fica no organismo. Se desregularmos isso, passamos a produzir substâncias nocivas ou passamos a acumulá-las no organismo.
Há inúmeros outros estudos preliminares que estão sendo divulgados pelo mundo e apontam para o aumento das alergias, porque estamos, de fato, com um elemento novo sendo introduzido dentro de uma planta, sem que as pessoas saibam ou sem que elas tenham consciência de que estão consumindo um alimento novo, para o qual o organismo não está preparado. Assim como a planta não está preparada para receber determinados gens estranhos a ela – porque essa é a característica da transgenia, cruzando espécies vivas que na natureza não se cruzam –, é claro que esses organismos terão uma reação, ou seja, irão produzir também reações que não conhecemos. Eu posso ter uma alergia a uma determinada planta e, quando os seus gens são inseridos dentro de outra, aumenta-se a probabilidade de pessoas alérgicas."
* Antônio Inácio Andrioli é graduado em Filosofia, pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijui), mestre em Educação nas Ciências, pela mesma universidade, doutor em Ciências Econômicas Sociais, pela Universität Osnabrück, Alemanha, e pós-doutor, pelo Instituto de Sociologia da Universidade Johannes-Kepler de Linz, Áustria. Atualmente, é professor do mestrado em Educação nas Ciências, na Unijuí e docente do Instituto de Sociologia da Universidade Johannes Kepler de Linz. Ele é autor de Transgênicos: as sementes do mal (São Paulo: Editora Expressão Popular, 2006). Acompanhe mais informações no site do pesquisador www.andrioli.com.br
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