O Saco do Papai Noel
P. noel,
lê a minha carta:
maior que a tua barba
bem perfumada
de capital
(de fazer trança)
é a tua farsa
bem estufada
de banquetes
pela tua pança
de bochechas coradas
e gordas
tu só és papai,
P. noel,
a quem deixar
algumas notas
(e outras cotas)
na (pro)fundidade
do teu chapéu
P.noel
o bom velhinho
velhaco:
só ganha presente
quem tiver dedos
(no meio da moeda)
pra te puxar o saco
Poema
de Natal a um Urutau
naquela noite
tu serás tu mesmo:
ao que homens se mostram
tu te ocultas
como se não
como se nem fosses
os sábios sopram
que sendo tu
tu nada sabes
pois o que é que leste?
mas tu
tu nem estás
em teu não estar
do que dizem
tu te escondeste
não sendo nada
só o teu Ser é que é:
e teu ser não seria
se te mostrasses em aberto
alardeando sob o sol
o que só vê
teu olho noturnal...
mostrar-se
não é de um urutau
paira de ti
o espectro do que não
um verbo que se fantasma
grito não-dito
e lamento-punhal
no invisível
és toda a dor de uma era
final
quem te vê quando cantas?
o que cantas é um susto
que não nos deixa sinal...
por isso este poema:
também ninguém vê o Natal
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