05 janeiro 2020

Aquecimento Global é Realidade

Não é só na Austrália. Não é só no Brasil. Também foi nos EUA, na Rússia, no Quênia, na Bolívia, na Indonésia, na França... Em 2019, o mundo foi varrido por incêndios nos seus quatro cantos. O planeta está ardendo e queimando. Três dos meses mais quentes da história estão em 2019. O degelo no ártico bateu recordes. Espécies estão sendo extintas pelo aumento do calor, sem mencionar os outras fatores, como caça, tráfico e destruição do habitat.. Apesar das negativas dos cegos e dos idiotas, o Aquecimento Global não é uma possibilidade, mas a realidade que vivemos. Porém as pessoas não mudam suas mentalidades e atitudes, continuam poluindo sem freios, continuam votando em políticos estúpidos inimigos da natureza, como Bolsonaro e Trump. As empresas e o agronegócio só pensam em aumentar seu lucro e o consumo, às custas da morte do planeta. A década de 2020 se desenha sombria e ameaçadora.

01 janeiro 2020

Que o Progresso não Para

o homem pós-moderno pós-humano
e a máquina
(ou vice-versa que dá no mesmo)
não podem parar:

mais combustível para o carro
mais energia para a casa
que o carro não para
e a casa há de sempre ser clara

lâmpada acesa
geladeira repleta
comida na mesa
indústria sem freio
que o progresso não cessa
nem se confessa

não se perdoa o atraso
(retrocesso é pecado)
o navio deve ir
o avião deve ar
hidrelétrica termelétrica
nuclear

o shopping a fábrica a loja
a lavoura o fogo a forja
a mina a moeda o carvão
mais alta e vasta energia
ao micro ao celular à razão
na água na terra no céu
a máquina e o mundo
acelerador até o fundo
até que o tudo se exploda

e a vida?
que se foda

30 dezembro 2019

Tu, Tempo

tu, Tempo, és Deus
teu é o trono que nos traga
e o que nos traz 
e tudo a ti se entrega
teu é o trovão e o troar do martelo
é teu o tudo do que tememos
és tigre e treva
a tormenta que nos leva
tua é a tuba a trompa e a trombeta
a taça e a traça
o trágico e o túmulo
e as tampas das tumbas

ave Tempo!
e o pulo preciso do teu puma
e o peso do punhal no teu pulso
e os passos do teu compasso
e a pressa do teu presságio
e a presa da tua praga
que ninguém pisa ou apaga 

tu preparas o pesar da tempestade
e só ao passar o temporal
é que tu Tempo por linhas tortas 
trazes a Verdade 

27 dezembro 2019

Feliz Ano Novo!

enquanto crescem a desigualdade e a miséria do povo
Feliz Ano Novo!
enquanto florestas se transformam em desertos mortos
Feliz Ano Novo!
a cada segundo 15 animais nas estradas são mortos
Feliz Ano Novo!
enquanto o que tu comes é cada vez mais venenoso
Feliz Ano Novo!
suga-se a vida derrama-se o sangue pelo lucro de poucos
Feliz Ano Novo!
enquanto o planeta é consumido por brasa e por fogo
Feliz Ano Novo!
nossos caminhos cada vez mais absurdos absortos
Feliz Ano Novo!
nosso futuro é dos porcos dos tolos dos torvos
Feliz Ano Novo!
enquanto a esperança morre até para os corvos
Feliz Ano Novo!

seca teu copo e frita teu ovo!
Feliz Ano Novo!

24 dezembro 2019

Algo de Chopin

algo que fosse apenas Noite
sem deixar de se tornar
no jamais deixar de sê-la
e o sonho fosse estar vivo
entre o que de noturno meu ver deseja
longe de toda estas manhãs
estas manhãs de ações inúteis
de se fazer acontecer
em que só o não é que acontece

noturnos sem amanheceres
sem trabalhos que a nada levam
sem balbúrdias de humanos vácuos
de lá pra cá de cá pra nada
sem problemas de homens de bens
no seu mundo que anda
ao abismo
nas suas ruas sem sentidos
por suas vidas sem caminhos
quem me dera nunca iniciasse
o (não)sol das manhãs não minhas

21 dezembro 2019

Mein Herz

disseram-me que o real é isso
que aí está e que aí se vê
e que não há nada além do desejo 
mas há fundos de lagos 
em que nunca alcança 
a existência do que eu vejo

o que existe existe
ou existe porque eu crio e existe?
dependendo de como se vê
(casório ou velório)
a mais clara flor é alegre
ou é triste

e quem me dirá que pensar é saber
se sempre quando penso
me vêm pensamentos
que nem sei de onde vêm?
se eu pensasse certo
sobreviveria no nada do deserto?

só se sente o sonho
quando o sonho chega ao fim
e ainda quando sinto
não domino o que me vem a sentir
e o vinho só é tinto
porque os meus olhos
(que têm limites para abrir)
e o meu coração
(que não tem limites pra sentir)
o percebem assim

o que é ser o que se é
se nem se sabe o que é o Ser?
o que sinto e vejo
vale para todos
ou é só o que escrevo?

e isto é um verso
ou é só um verbo
em um sonho do universo?

19 dezembro 2019

(Des)Humano

I - artista
é quem desafia o humano
a que ela seja mais humano
é quem busca mais humanidade
indo contra a humanidade

II – em uma época
em que o ser humano
não quer ser humano
(porque isso envolve conhecer-se
que é ir além da superfície)
mas quer ser máquina
movida a coisas e bugigangas 
ser artista é destruir-se
para não ser aquele humano
sem ser

15 dezembro 2019

Sem ter Limpado a Própria Bunda

a humanidade é grande
como piada
(se alguém de fora nos observa
mais ri do que chora)

Deus é um irônico
o homem é um ridículo:
a ciência é como um lunático
que sonha em dominar o cósmico
sem ter limpado a própria bunda:
a ciência é dos histriônicos
o mundo é dos homúnculos

a humanidade é uma gargalhada:
governos e autoridades
são mais babacas
do que o povo de palhaços
que vive de cagadas

o ser humano é uma risada
sem graça
mais desgraçada
a cada ano...

quem me dera
um verso de bem longe
que não tivesse nada de humano...

11 dezembro 2019

Quando Morreste

quando morreste
não que tiveste morrido
mas nem soubeste
o que houveste de vivo
ou que nem és o que foste
ou nunca foste o que em ti morreste:
não tiveste sede e cedeste

acabou-te os olhos
bem antes de olhar acima
e foi de palmo a palmo
o sonho enterrado
(como sempre) errado

agora (con)tentaste
em varrer o teu pó
(so)correm-te astros mortos
pelas estéreis sobrancelhas
e vomitaste nas mesas
entre mingaus e certezas
as (des)entranhas vermelhas
e roxas

e sorrias como quem acha que sente
deixando à mostra
pelo véu da boca
uma pérola de ostra
e um (re)pasto de lama

e nem há arte
que possa falar-te

09 dezembro 2019

Breve Cantata Fúnebre

lá vêm as ruínas a reinar de novo
boa sorte
já vejo o sangue pelas minhas cartas
boa sorte
o horror aos poucos vem se erguendo em flores
boa viagem
urubus se benzem sobre os horizontes
boa viagem
felinos partem no caçar dos deuses
boa noite
um piano pesa sobre as esperanças
boa noite
nos meus olhos sumiu-se o amanhecer
boa morte

07 dezembro 2019

Marcha Fúnebre para uma Marcha

a marcha dos sem terra
a marcha dos sem água
a marcha dos sem teto
a marcha dos sem chão
a marcha dos sem céu
a marcha dos sem tumba
a marcha dos sem campo
a marcha dos sem mata
a marcha dos sem pão
a marcha dos sem pés
a marcha dos sem pata
a marcha dos sem vez
a marcha dos sem voz
a marcha dos sem paz
a marcha dos sem quando
a marcha dos sem onde
a marcha dos sem como
a marcha dos sem choro
a marcha dos sem reza
a marcha dos sem força
a marcha dos sem festa
a marcha dos sem astro
a marcha dos sem rastro
a marcha dos sem graça
a marcha dos sem nada
a marcha dos sem tudo
a marcha dos sem vida
a marcha dos sem noite
a marcha dos só...
Morte.

04 dezembro 2019

A Masturbação da Humanidade

um dia, ó ser humano uma-ova
no sonho de ser o que não foste
enquanto apodreciam teus ovos
deixaste levas de palavras em lavas
e promessas orgasmas.
mas agora só esporros de larvas
águas porcas lavadas
suínas lavagens de lágrimas
sangue suor e desgraça
e olhos fodidos por corvos.

sonhos após sonhos
ejaculados pelos esgotos
vão teus escrotos vazados
vão teus escravos amargos
de esperma em esperma
sem esperanças de esperas
se esvazia tua ampulheta
e gota a gota se extingue o gozo
da tua brochada punheta.

02 dezembro 2019

Seis Decepções

I – quando se diz para a humanidade 
é inútil dizer à frente
é inútil prever no antes:
de nada adianta
qualquer coisa que se adiante

II – o mundo é torto e lodo 
e tudo é todo dos tolos
a rodo

III – qualquer verso que eu faça
não vale mais que um gole de vinho
whisky
cachaça

IV – quanto mais alguém se insere com todos
mais não passa de nada

V – o humanidade é mesmo só isto:
uns secam os mares com redes
outros pescam lambaris de caniço

VI – quem acha que conseguiu
não percebe que a vida é vento:
ou é porque não sabe
que tem o que não quis
ou é porque não vê
que vai querer outra coisa 
no próximo momento

29 novembro 2019

O Triunfo do Horror

a vida tornou-se a negação da vida
vale mais um Puma® nos pés
do que um Puma nos campos
vale mais um carro Jaguar mecânico
do que a alma de um Jaguar autêntico
afagam-se as máquinas
afogam-se as árvores
entroniza-se o robótico
aniquila-se o humano.

a esperança nos horizontes
assume os tons da poluição
os sons sombrios do Não:
ao contrário de César
não fomos não vimos não vencemos
não ouvimos a razão
e asfixiamos o que se sente

olho para o céu e não vejo cor
olho para o mar e não vejo ser
olho para o sangue e não vejo amor

não consigo ser lírico
não consigo ser épico
e malemal sou dramático
não há o que diga seja o que for:
eis o Triunfo do Horror.

25 novembro 2019

Todo Mundo é Suicida

todo mundo.
quem é que não se mata?
quem não morre por?
de vício cobiça comida trabalho ou amor?

todo mundo
morre de tanto.

“o todo
é o prolongamento do indivíduo” (Kant)
quem não sabe
que a humanidade
é um lento firme vasto suicídio?
mas não sabem que é porque cada
um de nós se mata.
e logo
atingiremos a meta.

todos se destroem
por um desejo
ou um sucesso (a)final.

e nosso suicídio nem grande será
será reles baixo mesquinho
morremos por um punhado de nada
em papel
e em metal.

20 novembro 2019

Poema para Finalizar um Livro

eu já nem sei mais o que não te diga
com todos os finais que me trouxeram
deixei que tortas as palavras viessem
que os meus olhos me desfizessem as almas
nem sei mais o que não há onde estou
nem sou mais onde estou junto ao que morre
por onde andavas nasceram-me lobos
sinto sono em pensar no que não fiz
e acaba o mundo lento como a morte
me sinto um sapo ouvindo a lua nova
descem névoas sobre as luzes urbanas
e gafanhotos sobre ondas gigantes
olhei acima e seriemas cantavam
entre tormentas cada vez mais baixas
cheirei misérias onde quer que fosse
e Teu silêncio cada vez matava
tateei Amor que nos furiava em longes
nem mesmo assim eu disse alguma coisa

17 novembro 2019

Eduardo Leite - Bolsonaro: a Destruição do Serviço Público em Nome do Lucro dos Ricos

Os desgovernos de Bolsonaro e, aqui no RS, de Eduardo Leite, têm um propósito claro e ostensível: destruir o serviço público em todos os setores, a começar pelo da Educação, já que a Educação é a base, o pilar de toda nação que busque algum desenvolvimento consciente. Desestruturá-la é a melhor forma de impedir o surgimento de mentes pensantes, que constituem a principal ameaça ao neoliberalismo.

As intenções de Bolsonaro eram conhecidas desde a campanha, muito embora, uma vez no poder, elas se mostraram muito mais descaradas e perversas. Já Eduardo Leite fez o jogo da "oposição consciente" a Sartori, uma vez que o outro desgoverno, o de Sartori, estava afundando o estado, e soaria muito feio dizer que se realizaria uma continuação. Depois de eleito, como é natural em políticos hipócritas, ou seja, a grande maioria deles, ostentou sua verdadeira cara: Leite é um discípulo de Sartori, tanto nas intenções quanto na hipocrisia. Sartori colocou a máscara do tiozinho simpático"; Leite, a do "bom moço bem intencionado".

Mas como de boas intenções o inferno está cheio, ainda mais quando essas intenções não são boas coisa nenhuma, Leite está seguindo à risca a cartilha neoliberal que Sartori implantou e que agora Bolsonaro tenta fazer no Brasil (seguindo a linha de Temer com mais crueldade e idiotice):  isenção fiscal para grandes empresas (ou seja, abrir mão dos impostos pagos pelos ricos), ausência de combate à sonegação fiscal e a privilégios, perdão de dívidas de grandes empresários e latifundiários, privatização, entrega a preço de banana as riquezas naturais da nação para a iniciativa privada, taxação da renda já diminuta dos mais pobres, redução drástica dos direitos trabalhistas, incluindo, é óbvio, os direitos à aposentadoria, afrouxamento da legislação ambiental e sucateamento dos seus órgãos de fiscalização, e, é claro, por fim, culpabilização do servidor público pelos males do país e destruição gradativa dos serviços prestados à população, principalmente os direcionados aos mais vulneráveis e discriminados.

No RS, enquanto os direitos e salários dos servidores estão sendo atacados de forma absurda e desumana, principalmente em se tratando da categoria do magistério, a sonegação fiscal bate recordes todos os anos. A estimativa do sonegômetro RS é de que já foram sonegados até agora 8,5 bilhões de reais dos cofres públicos. Só ESTE ANO. Sonegar é um eufemismo, porque a palavra deveria ser ROUBAR. Sonegação é o nome que se dá quando o empresário rouba do consumidor e coloca o dinheiro que deveria ir para o estado no seu próprio bolso. É aquilo que faz o dono da Havan, por exemplo, e depois é aplaudido por seus clientes roubados e imbecilizados.

Não há nada de complicado no pensamento neoliberal. Pelo contrário, é um pensamento rasíssimo: tira-se dos pobres para dar aos ricos. Robin Hood ao contrário. Tudo é feito pensando-se nos lucros das empresas e do agronegócio. No caso do serviço público, a primeira coisa a fazer é sucateá-lo, ir minando suas estruturas, pagando a mídia para divulgar só o que interessa ao governo, para que a população mal informada pense que o serviço está ruim por culpa dos servidores, e que a solução é ir para a iniciativa privada. Pagar para a iniciativa privada aquilo que é direito do cidadão contribuinte.

Tem gente que aplaude. Ou porque é beneficiada ou porque é idiota mesmo.

Crédito da Imagem: Luiz Paulo Nunes Milani




16 novembro 2019

Não sendo o que não sou

a minha poesia
é minha:
cada um é cada um
e desses
eu não sou nenhum.

se é faz de conta
sem um conto
vão de hospício
ou tudo em vão
é problema meu:
como se as coisas
que os outros fazem
fossem levá-los 
até o céu.

a minha poesia
não dá explicação
e nem faz o que esperam dela.
e o tempo sopra
e apaga de todos a vela.

que minha poesia
não seja nem cela
(daquelas presas em regras)
nem sela
(daquelas que alguém encilha).

a minha poesia
que seja só ela
e quem me dera
(ah, falta da minha estrela)
eu fosse sê-la.

14 novembro 2019

Testemunha

não há luz em parte alguma.
o Olho de Sauron caiu inteiro e pesado
sobre o pesar da humanidade. 
a esperança é o que nem há-de... 

quanto a mim 
o que escrevo agora é tudo 
e meu autêntico fim 
mal sei do que sou 
como o poema nem sabe de si. 
o melhor que faço é ficar aqui: 
testemunha do cair da sombra. 

já nada mais me assombra 
e quando digo que não me estou 
é nada 
em absoluto: 
já não há nada além do luto. 

só escrevo porque escorre: 
e o melhor que (des)faço 
é o meu porre.

12 novembro 2019

Sobre a Destruição do País promovida pelo Desgoverno Bolsonaro

Hoje, 12 de novembro, é o Dia do Pantanal. O Pantanal é um dos mais ricos em vida biomas do mundo e a maior área alagada do Planeta. Mas, como tudo no Brasil, está ameaçado pela destruição do desgoverno Bolsonaro. A sua política de destruição ambiental é clara e sem freios. O próprio Bolsonaro admitiu ter "potencializado" as queimadas no país. Este ano, a área queimada no Pantanal aumentou em quase 600% com relação ao ano passado. Fazendeiros foram os principais responsáveis pelo início dos focos, o que foi agravado por uma das maiores secas da história na região. Estudiosos da vida pantaneira dizem que os incêndios deste ano foram sem precedentes. A intenção de Bolsonaro é clara. Permitir e incentivar as queimadas, para que depois o agronegócio possa avançar sobre as áreas degradadas. Tanto que, agora, liberou o plantio de cana-de-açúcar no Pantanal e na Amazônia, ignorando estudos que provam que a plantação de cana é altamente nociva a esses ecossistemas, e rompendo com o zoneamento ecológico feito durante o governo Lula, que proibiu o plantio de cana nessas regiões, possibilitando que o álcool brasileiro fosse reconhecido mundialmente como livre de degradação ambiental. O projeto de destruição do país por parte desse desgoverno precisa ser barrado. 

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