não existem governos
não existem nações
não existem países
não existem povos
existem grandes corporações empresariais
existe o lucro
e existe quem dá o lucro
existe o consumo:
o que eles querem
é só que você consuma
e trabalhe para produzir e pagar
o que consome
e só
para isso existe o controle:
governos são para controlar
empregos são para controlar
leis são para controlar
mídias são para controlar
escolas são para controlar
polícias são para controlar
a medicina é para controlar
a tecnologia é para controlar
a religião é para controlar
a moda é para controlar
tudo é controle
e você é o objetivo da nossa civilização:
você é só um robô
25 julho 2017
23 julho 2017
Então o Homem quer ir à Marte?
I – o homem no espaço
quer levar a vida a Marte
o homem na Terra
quer levar a vida à Morte
II – a ciência tenta descobrir
se há em Marte o metano
e nem sabe
se há no homem o humano
III – caro leitor:
o homem quer ir a Marte
para aprender a amar-te?
IV – aham, o homem quer ir a Marte...
grande marte
grande mar de...
grande merda
quer levar a vida a Marte
o homem na Terra
quer levar a vida à Morte
II – a ciência tenta descobrir
se há em Marte o metano
e nem sabe
se há no homem o humano
III – caro leitor:
o homem quer ir a Marte
para aprender a amar-te?
IV – aham, o homem quer ir a Marte...
grande marte
grande mar de...
grande merda
19 julho 2017
Mensagem da Ruína
finda teu rastro em ruína
enfia o rabo no reto
risca da face da terra
teu rosto-resto em ruína
homens de raça-ruína
reles que roem e rastejam
porcos que arrancam e arrastam
num riso-reza em ruína
roídos seres-ruína
na rua em raivas e ratos
de ranço e ranho rodeados
roucos de caos e ruína
rompida em fome e ruína
se rega em rugas tua alma
as rãs compõem o teu réquiem
e rolam ao som das ruínas
homem em rápida ruína
larga ao raio tua rosa
rasga essas roupas de rico
rema em teu rio de ruínas
enfia o rabo no reto
risca da face da terra
teu rosto-resto em ruína
homens de raça-ruína
reles que roem e rastejam
porcos que arrancam e arrastam
num riso-reza em ruína
roídos seres-ruína
na rua em raivas e ratos
de ranço e ranho rodeados
roucos de caos e ruína
rompida em fome e ruína
se rega em rugas tua alma
as rãs compõem o teu réquiem
e rolam ao som das ruínas
homem em rápida ruína
larga ao raio tua rosa
rasga essas roupas de rico
rema em teu rio de ruínas
16 julho 2017
Soneto às Palavras Não Ditas (ou Ao Após)
palavra que sinto quando me esqueço
o que é que de ti lembrar-me te faz?
deusa que eterna ao instante fugaz
nada que traga o meu não ao avesso
seja comigo ao altar do teu preço
verbo-destino que sigo-me atrás
silêncio que os muros quebra do mas
sonata que alta ao que nunca mereço
ah se eu corresse em teu rio sempre em chama
íris que fosse no som desta voz
braço sanguíneo que se ergue da lama
verso de espera que se ala no após
ah se teu quem fosse aquilo que chama:
deixa esquecer-me e lembrar-te entre nós
o que é que de ti lembrar-me te faz?
deusa que eterna ao instante fugaz
nada que traga o meu não ao avesso
seja comigo ao altar do teu preço
verbo-destino que sigo-me atrás
silêncio que os muros quebra do mas
sonata que alta ao que nunca mereço
ah se eu corresse em teu rio sempre em chama
íris que fosse no som desta voz
braço sanguíneo que se ergue da lama
verso de espera que se ala no após
ah se teu quem fosse aquilo que chama:
deixa esquecer-me e lembrar-te entre nós
13 julho 2017
Desaforadas (ou Após Ouvir Shostakovich)
porque há risos gargalhadas
em cascatas cataratas
sanguinadas pelas pragas
são cantatas de gargalhas
das risadas alastradas
zombarias pelas águas
são compassos de risadas
entre asas garras e brasas
pelas rubras russas geadas
o deboche dos abutres
o gaguejo de macacos
gorgolejo de galinhas
graves línguas de lagartos
o sarcástico dos asnos
entre gárgulas e cabras
ironias desbocadas
em metralhas e sarcasmos
em grotescos e catarras
há danças valsas e facas
essa desgraça engraçada
a lembrar que a humanidade
é uma piada
em cascatas cataratas
sanguinadas pelas pragas
são cantatas de gargalhas
das risadas alastradas
zombarias pelas águas
são compassos de risadas
entre asas garras e brasas
pelas rubras russas geadas
o deboche dos abutres
o gaguejo de macacos
gorgolejo de galinhas
graves línguas de lagartos
o sarcástico dos asnos
entre gárgulas e cabras
ironias desbocadas
em metralhas e sarcasmos
em grotescos e catarras
há danças valsas e facas
essa desgraça engraçada
a lembrar que a humanidade
é uma piada
11 julho 2017
Poema de Ocaso a uma Sonata de Schubert
é quando ouço aquela sonata de Schubert
que um cavalo vem bater na minha porta:
então estranho o peso dos olhares dos sapos
e escrevo poemas (que) não-sãos
há algo de Poe nunca-lido
e uma desolação de silêncio
de não-flauta na mata
é uma sentença de um quadro de Bosch
que não me sai do que pesadelo
é sonho de sol cada vez mais ao norte
um vento de corvo que abutra no ar
carta carteando selos vermelhos
e um planeta por trás dos espaços
é a ponta de um dedo em um dedo
como se fosse um beijo sinal:
há algo do que já é tarde
e a iminência de um vasto Final
que um cavalo vem bater na minha porta:
então estranho o peso dos olhares dos sapos
e escrevo poemas (que) não-sãos
há algo de Poe nunca-lido
e uma desolação de silêncio
de não-flauta na mata
é uma sentença de um quadro de Bosch
que não me sai do que pesadelo
é sonho de sol cada vez mais ao norte
um vento de corvo que abutra no ar
carta carteando selos vermelhos
e um planeta por trás dos espaços
é a ponta de um dedo em um dedo
como se fosse um beijo sinal:
há algo do que já é tarde
e a iminência de um vasto Final
09 julho 2017
Dessilêncio
olho aquele olhar que me olha
sem que dirija algum olhar
a nenhum lugar:
vejo-o lá
quando o olhar que me vê
não o vejo
porque nem está
não se (h)ouve palavra.
no seu dessilêncio
verbo ausente do denso
que se pensa dito
e é o tudo:
só mais uma gota na taça
e o imenso do nada quanto se faça
o que é feito em verdade
é feito sem que se importe
no deixe que se fale ou cale
é assim que ficará um sopro no alto
um passo no vale:
só serei o que sou
quando do mim mesmo
me estiver falto
e a um passo do falhe
aliás o de Olhar
não se diz de nenhum jeito
eu mesmo não falo de coisa alguma
e este poema
como bem podem (não) ver
nem chegou a ser feito
sem que dirija algum olhar
a nenhum lugar:
vejo-o lá
quando o olhar que me vê
não o vejo
porque nem está
não se (h)ouve palavra.
no seu dessilêncio
verbo ausente do denso
que se pensa dito
e é o tudo:
só mais uma gota na taça
e o imenso do nada quanto se faça
o que é feito em verdade
é feito sem que se importe
no deixe que se fale ou cale
é assim que ficará um sopro no alto
um passo no vale:
só serei o que sou
quando do mim mesmo
me estiver falto
e a um passo do falhe
aliás o de Olhar
não se diz de nenhum jeito
eu mesmo não falo de coisa alguma
e este poema
como bem podem (não) ver
nem chegou a ser feito
06 julho 2017
Sentença
a cada árvore plantada
há mil derrubadas
ou ainda mais
e já são tantas
quem nem deixam sinais
a cada água que é clara
há mil esgotadas
de veneno e fedor
e já são tantas
que nem se nota o horror
a cada balada composta
há mil baladas
na cara ou na testa
e esse rastro de sangue
é tudo o que nos resta
a cada animal que é amado
há mil massacrados
ou sob tortura
e essa doença da vida
já não tem mais cura
a cada beijo que é dado
há mil que são fingidos
e ainda mais outros mil
daqueles malditos
e tenho dito
há mil derrubadas
ou ainda mais
e já são tantas
quem nem deixam sinais
a cada água que é clara
há mil esgotadas
de veneno e fedor
e já são tantas
que nem se nota o horror
a cada balada composta
há mil baladas
na cara ou na testa
e esse rastro de sangue
é tudo o que nos resta
a cada animal que é amado
há mil massacrados
ou sob tortura
e essa doença da vida
já não tem mais cura
a cada beijo que é dado
há mil que são fingidos
e ainda mais outros mil
daqueles malditos
e tenho dito
04 julho 2017
Ladrão com Honra
há o ladrão covarde
e o ladrão com honra:
o ladrão covarde
vira político
abre uma empresa
ou funda uma igreja
para poder roubar
com a polícia e a lei do lado
veja bem:
eu não escrevi
que todo político empresário ou pastor
quis sê-lo por ser ladrão
(é preciso que se diga
pois há quem entenda tudo errado)
já o ladrão com honra
(sejamos francos)
assalta bancos
e o ladrão com honra:
o ladrão covarde
vira político
abre uma empresa
ou funda uma igreja
para poder roubar
com a polícia e a lei do lado
veja bem:
eu não escrevi
que todo político empresário ou pastor
quis sê-lo por ser ladrão
(é preciso que se diga
pois há quem entenda tudo errado)
já o ladrão com honra
(sejamos francos)
assalta bancos
01 julho 2017
A Época da Ausência
a cada passo dado pela humanidade
morre um otimista
que não percebe o passo
e não sabe que morreu
_________________
acreditar (ainda)
nesta civilização
como sendo civilização
é algo menos de ingênuo
e mais de perverso
_________________
dizem que vivemos tempos de desespero...
discordo.
para o desespero é necessária a consciência
de que se perderam as esperanças
essa consciência não a temos:
vivemos tempos de vazio
vivemos a época da ausência
morre um otimista
que não percebe o passo
e não sabe que morreu
_________________
acreditar (ainda)
nesta civilização
como sendo civilização
é algo menos de ingênuo
e mais de perverso
_________________
dizem que vivemos tempos de desespero...
discordo.
para o desespero é necessária a consciência
de que se perderam as esperanças
essa consciência não a temos:
vivemos tempos de vazio
vivemos a época da ausência
29 junho 2017
O Bem-Sucedido
vivia para o trabalho
mas estava certo de que não
achava que era dos que não perdiam
oportunidades:
não se desperdiça uma chance
de se ganhar um pouco mais
não se recusa
só mais uma horinha extra
não se diz não para mais um cliente
não se deixa de aumentar a poupança
para se vagabundear nas férias
ninguém deve se dar por satisfeito
se pode aumentar sua renda no próximo ano
não se vive sem ambições sem metas de crescimento
mais diplomas na parede
é mais dinheiro na conta do banco
o descanso pode esperar
a carreira não
a saúde pode esperar
a promoção não
o amor pode esperar
o status social não
a alma pode esperar
o sucesso não
ficar ouvindo música
não vai dar um carro novo
não é se divertindo que se reforma a casa
investimentos não brotam de passeios
se se deixa de prosperar
o que os outros vão dizer?
primeiro progredir
para um dia se viver
mas o progresso não para...
mas estava certo de que não
achava que era dos que não perdiam
oportunidades:
não se desperdiça uma chance
de se ganhar um pouco mais
não se recusa
só mais uma horinha extra
não se diz não para mais um cliente
não se deixa de aumentar a poupança
para se vagabundear nas férias
ninguém deve se dar por satisfeito
se pode aumentar sua renda no próximo ano
não se vive sem ambições sem metas de crescimento
mais diplomas na parede
é mais dinheiro na conta do banco
o descanso pode esperar
a carreira não
a saúde pode esperar
a promoção não
o amor pode esperar
o status social não
a alma pode esperar
o sucesso não
ficar ouvindo música
não vai dar um carro novo
não é se divertindo que se reforma a casa
investimentos não brotam de passeios
se se deixa de prosperar
o que os outros vão dizer?
primeiro progredir
para um dia se viver
mas o progresso não para...
27 junho 2017
Questão de Honra
o amor
é uma questão de trato
a confiança
é uma questão de taco
a dor
é uma questão de trégua
a política
é uma questão de treta
a justiça
é uma questão de troca
a vida
é uma questão de transa
a solução
é uma questão de trago
o fim
é uma questão de tempo
é uma questão de trato
a confiança
é uma questão de taco
a dor
é uma questão de trégua
a política
é uma questão de treta
a justiça
é uma questão de troca
a vida
é uma questão de transa
a solução
é uma questão de trago
o fim
é uma questão de tempo
25 junho 2017
o verso não é meu
o verso? deixo que ele saia
como sendo mulher que dispa sua saia
e sem que eu pense em nada além de pensar-me
o verso nada tem a ver do que penso
a arte que por ele passa quando passa
vem de um outro todo que nem tenho
vento que se vaga não comigo
lago que se nada no não-dito
deixo que passe o que se passa por mim
por que não importa aquilo do que sinto
e o que corre no sangue do que tenho
de que vale o vale que me afundo?
o verso é vasto longo e fundo
vai muito além do que nem está em mim:
por que querer que ele fale de um eu?
por que o verso tem que ser o que é meu?
como sendo mulher que dispa sua saia
e sem que eu pense em nada além de pensar-me
o verso nada tem a ver do que penso
a arte que por ele passa quando passa
vem de um outro todo que nem tenho
vento que se vaga não comigo
lago que se nada no não-dito
deixo que passe o que se passa por mim
por que não importa aquilo do que sinto
e o que corre no sangue do que tenho
de que vale o vale que me afundo?
o verso é vasto longo e fundo
vai muito além do que nem está em mim:
por que querer que ele fale de um eu?
por que o verso tem que ser o que é meu?
22 junho 2017
Vida Moderna x Vida
há tanta coisa no tempo de vida
que não há mais tempo para a vida
viver tornou-se uma ordem a ser acatada
dada por todos que não são ninguém
sob o pretexto de uma escolha
em que não se escolhe
faça isso faça assim faça o certo
seja feliz tenha bens alcance o sucesso
trabalhe estude se informe
compre consuma ostente
vá à academia faça curso de inglês caminhe no asfalto
não pode beber não pode fumar mas pode comer porcaria
tenha um celular avançado
nas férias vá para a praia
consulte um médico faça exames
empine sempre um sorriso
ajude alguma causa social
goste do que está na moda
seja o que se espera de ti
tenha planos tenha metas tenha ambições
e os atinja
mas não basta ter
é preciso mostrar que se tem:
não se é feliz nem se tem sucesso
se os outros não souberem
que você é feliz e que você tem sucesso
faça isso tudo
e no que sobrar do tempo
lamente não ter tempo pra nada
que não há mais tempo para a vida
viver tornou-se uma ordem a ser acatada
dada por todos que não são ninguém
sob o pretexto de uma escolha
em que não se escolhe
faça isso faça assim faça o certo
seja feliz tenha bens alcance o sucesso
trabalhe estude se informe
compre consuma ostente
vá à academia faça curso de inglês caminhe no asfalto
não pode beber não pode fumar mas pode comer porcaria
tenha um celular avançado
nas férias vá para a praia
consulte um médico faça exames
empine sempre um sorriso
ajude alguma causa social
goste do que está na moda
seja o que se espera de ti
tenha planos tenha metas tenha ambições
e os atinja
mas não basta ter
é preciso mostrar que se tem:
não se é feliz nem se tem sucesso
se os outros não souberem
que você é feliz e que você tem sucesso
faça isso tudo
e no que sobrar do tempo
lamente não ter tempo pra nada
20 junho 2017
mundotrágico
motosserras
motocerros
motossangas
matamorros
matassorros
matadouros
maremotos
maresmortos
maresmudos
mardemonstros
mardemedos
mardemerdas
amazônico
malozônico
magrocórrego
holocáustico
agrotóxico
agrotúmulo
mundocômico
motocerros
motossangas
matamorros
matassorros
matadouros
maremotos
maresmortos
maresmudos
mardemonstros
mardemedos
mardemerdas
amazônico
malozônico
magrocórrego
holocáustico
agrotóxico
agrotúmulo
mundocômico
18 junho 2017
(Só) Trabalhe!
quando eles dizem: "Trabalhe!"
eles querem dizer: "SÓ trabalhe!"
é a melhor forma de dominação:
quem só trabalha
não tem tempo para ler
não tem tempo para ouvir
não tem tempo para ver
não tem tempo para pensar
não tem tempo para sentir
para se inquietar
para questionar
para contemplar
enfim, não tem tempo para a vida
quem não vive
não se importa com o que vive
não se importa com o que sofre
não se importa com o que morre
a era pós-humana
a era pós-tudo
quer só máquinas quer só robôs
porque eles SÓ trabalham
quando eles dizem: "Trabalhe!"
eles querem dizer "SÓ trabalhe!"
eles só não dizem só
porque não é só
isso
eles querem dizer: "SÓ trabalhe!"
é a melhor forma de dominação:
quem só trabalha
não tem tempo para ler
não tem tempo para ouvir
não tem tempo para ver
não tem tempo para pensar
não tem tempo para sentir
para se inquietar
para questionar
para contemplar
enfim, não tem tempo para a vida
quem não vive
não se importa com o que vive
não se importa com o que sofre
não se importa com o que morre
a era pós-humana
a era pós-tudo
quer só máquinas quer só robôs
porque eles SÓ trabalham
quando eles dizem: "Trabalhe!"
eles querem dizer "SÓ trabalhe!"
eles só não dizem só
porque não é só
isso
15 junho 2017
Duas Palavrinhas
I - do poema futuro:
em cadáverso
um cadáver
em cadáestrofe
uma catástrofe
II - do tempo:
o problema do tempo
é que um dia ele chega
e quando chega
o tempo que passou
não chegou:
o tempo é sempre
insuficiente
em cadáverso
um cadáver
em cadáestrofe
uma catástrofe
II - do tempo:
o problema do tempo
é que um dia ele chega
e quando chega
o tempo que passou
não chegou:
o tempo é sempre
insuficiente
13 junho 2017
Dos Homens sem Paz
I - a próxima guerra
dos homens sem água
será pela mágoa
de uma terra
acabada sem trégua
pelos homens sem garra e sem guelra
morridos à míngua
II – a espada
na terra cravada
será cruz
a cruz
no pulso empunhada
será espada
III – os homens só terão paz
quando a paz for daquelas
de cavar covas
dos homens sem água
será pela mágoa
de uma terra
acabada sem trégua
pelos homens sem garra e sem guelra
morridos à míngua
II – a espada
na terra cravada
será cruz
a cruz
no pulso empunhada
será espada
III – os homens só terão paz
quando a paz for daquelas
de cavar covas
11 junho 2017
Contradição
afirmam alguns
que a vida surgiu do nada
mas o que seria o nada?
de duas
uma:
I – a toda vida que há
surgiu do nada que não é?
mas como
se até na matemática
qualquer número
vezes zero
é sempre zero?
ou o nada
é só um nome que damos
às causas
que não alcançamos
em nossos limites?
II – ou então o nada
é o nada mesmo
e ponto.
nesse caso
a vida que vemos
também é um nada
se é um nada
não existe
ou existem nadas
que existem?
e quem vê o que não existe
se só acredita vendo
acredita no que não existe
como pode o que não existe
existir?
que a vida surgiu do nada
mas o que seria o nada?
de duas
uma:
I – a toda vida que há
surgiu do nada que não é?
mas como
se até na matemática
qualquer número
vezes zero
é sempre zero?
ou o nada
é só um nome que damos
às causas
que não alcançamos
em nossos limites?
II – ou então o nada
é o nada mesmo
e ponto.
nesse caso
a vida que vemos
também é um nada
se é um nada
não existe
ou existem nadas
que existem?
e quem vê o que não existe
se só acredita vendo
acredita no que não existe
como pode o que não existe
existir?
08 junho 2017
Soneto de um Último Século
vasta contemplação do fim do humano
surgiu-me entre beijos de horror e caos
sangue felídeo daqui até o Laos
lábios de som em desastre oceano
teu rosto não-visto em réquiem brahmiano
nunca acabou de acabar-me ao final
teu olho ainda sinto entre um temporal
e entre estes céus de vermelho romano
agora é tarde o distante do cedo
ergueu-se o fim e sonhei-te perplexo
violino e piano entre pânico e medo
mas em tuas mãos havia um reflexo
em teu cabelo ocultava um segredo:
o de que a morte é o mistério do sexo
surgiu-me entre beijos de horror e caos
sangue felídeo daqui até o Laos
lábios de som em desastre oceano
teu rosto não-visto em réquiem brahmiano
nunca acabou de acabar-me ao final
teu olho ainda sinto entre um temporal
e entre estes céus de vermelho romano
agora é tarde o distante do cedo
ergueu-se o fim e sonhei-te perplexo
violino e piano entre pânico e medo
mas em tuas mãos havia um reflexo
em teu cabelo ocultava um segredo:
o de que a morte é o mistério do sexo
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