como sendo mulher que dispa sua saia
e sem que eu pense em nada além de pensar-me
o verso nada tem a ver do que penso
a arte que por ele passa quando passa
vem de um outro todo que nem tenho
vento que se vaga não comigo
lago que se nada no não-dito
deixo que passe o que se passa por mim
por que não importa aquilo do que sinto
e o que corre no sangue do que tenho
de que vale o vale que me afundo?
o verso é vasto longo e fundo
vai muito além do que nem está em mim:
por que querer que ele fale de um eu?
por que o verso tem que ser o que é meu?
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