02 abril 2013

Monografia

O amigo e professor Diego Fiorenza Nunes, em sua monografia de conclusão do Curso de Letras, escolheu abordar a minha obra, mais especificamente, meus textos em prosa, analisando o conto "A Morte Lenta da Bela Mulher". O Diego realizou um competente e abrangente trabalho, analisando o conto sobre diferentes aspectos e relacionando-o com as influências do escritor e sua vida.

Sinto-me honrado e agradecido ao amigo Diego não só pela escolha de minha obra como tema, mas também pela excelente efetivação do seu trabalho e pelo auxílio na  divulgação de meus escritos. Abaixo, o título e resumo de sua monografia:



A PROSA DE ALESSANDRO REIFFER: Um Moderno Santiaguense

RESUMO

O objetivo desta pesquisa acadêmica é registrar um estudo das constitutivas da prosa do santiaguense Alessandro Reiffer, escritor de características modernistas, que hoje, aos 35 anos, já é dono de uma vasta obra, com temática e estilo bem definidos. Mais especificamente, a pesquisa busca situar a obra em prosa do autor nos períodos literários, por meio de uma pesquisa bibliográfica sobre as principais vanguardas européias que deram origem ao Modernismo, visando a apontar para as semelhanças e diferenças entre a contemporânea obra de Reiffer e o período inicial do movimento no Brasil e no mundo, na busca por indícios que apontem para as influências e características que conferem ao escritor seu estilo, sua linguagem, sua temática e a crítica presente em seus textos. Buscam-se dados também nas obras de autores como Edgar Allan Poe, H. P. Lovecraft, Franz Kafka, Dostoievski e Jorge Luís Borges. Tais dados são confrontados com especificidades presentes no conto de Alessandro Reiffer, chamado A Morte Lenta da Bela Mulher, que servirá de base para a análise. O Estudo faz também um levantamento biográfico, com informações pessoais do autor e da obra publicada em livros, jornais, revistas, fanzines literários, sites e blogs, com dados e informações fornecidos e autorizados por ele próprio. Espera-se que o estudo possa também servir, futuramente, como uma referência histórica do período literário da cidade de Santiago a que pertence o poeta Alessandro Reiffer.   

Diego Fiorenza Nunes



31 março 2013

Grave


gravaste-te em mim
o resultado em graça
de tua gravidez em espírito
ao contrário

sou grato
com vozes graves

é a tua gravidade
que não é tua
(pesada
como uma Sinfonia de Brahms)
que  faz
que eu tenha sempre os pés no chão

grava o que te digo
com as graves
Paixões de Bach

29 março 2013

Dúvida


o que é que me diz
o que não sei-me
que não fiz?
aquilo que não era
em que era
é que será?

afinal
o que é que há?

o que vejo
quando me sinto
no som
do teu não estar
de íntimo indistinto?

aquilo que sendo
me entardece
nuvens luando tardes
aves que auroram campos
pelo inverso
solar do sono

sou eu
que tardo no que sinto
ou é o campo
que se nubla como sangue
seco e tinto?

noite que te atrás
o que é que tu me trazes?
e que olho de horizonte
me olha desde o ontem
entre o que vento
e o que silência do monte?

o que não sou
está sendo no que fiz
o que não fiz
está feito no que sou

27 março 2013

da Justiça


“confia nos homens
e em sua justiça...”

dizia-me um mísero
catando seu dízimo
por entre a imundícia

dizia-me um “justo”
fazendo seu busto
por entre a cobiça

dizia-me um “santo”
inflando seu canto
por entre a preguiça

“espera dos homens
só sua carniça...”

dizia-me um corvo
na carne do povo
fazendo justiça

25 março 2013

do Interesseiro


I

o sonhador
que não deseja
o sonho realizado
é o sonhador autêntico
legítimo
verdadeiro
o sonhador que sonha
para ver o sonho feito
não é sonhador:
é interesseiro

II

o sonho
só é sonho
enquanto é sonho

quando se realiza
é outra coisa
que não o que foi sonhado

realizar o sonho
é traí-lo
abandoná-lo:
a realidade
é o sonho apunhalado

24 março 2013

O Tornado*


Tornado que retorna eterno à minha torre
retorce pelo eterno teu olhar em torno
e que em (re)volta sopra o trovejar nos nervos
como se fosse valsa a me voltear em sempre
a tornear remorsos como vertigem turva
em torvelinhos-ar do que revolto venta
fugace tormenta que me tornei de novo
momento denso do que me atormenta o tempo
no tombamento do que remordendo sinto
e na outra vez que de em revolta vieres torno
à
torre de retorno eterno que me hei Tornado...

*Poema reelaborado e repostado.

(Na imagem, "Tempestade de Neve" de Turner)

22 março 2013

Textos do ENEM, Educação e Inteligências Múltiplas


O recente caso das redações do ENEM para as quais, apesar de alguns erros de ortografia, pontuação, concordância e de fugirem aos critérios de construção de textos dissertativos, com inserções indevidas, foram dadas notas relativamente altas, faz-me escrever sobre algo que há bastante tempo venho pensando. Independentemente dos objetivos dos candidatos ao escreverem seus textos e da nota que os textos deveriam receber, uma coisa é certa: a educação brasileira, ao avaliar, e não só ao avaliar, é injusta no sentido de que somente valoriza um dos aspectos dos saberes e das inteligências humanas.

Os encarregados de corrigir os textos do ENEM alegaram que a nota atribuída aos mesmos foi devido à criatividade que dizem ter encontrado nas dissertações. O problema é que a dissertação é uma categoria de texto onde há pouco espaço para a criatividade. No entanto, por mais fora das regras e distante dos critérios exigidos que tenham sido os textos, não há como negar que foi criativo o estudante que inseriu uma receita de miojo, de forma totalmente aleatória, em meio à sua dissertação. Foi uma forma eficaz de chamar a atenção, de estabelecer um determinado choque. Tanto é que o texto entrou em discussão.

Em 1985, o psicólogo Howard Gardner criou a Teoria das Inteligências Múltiplas. Na verdade, Gardner estabeleceu de forma sistematizada um pensamento que se encontrava em nosso inconsciente coletivo: o de que os seres humanos não podem ser mensurados ou avaliados somente pela inteligência lógico-formal e pelo acúmulo de conhecimentos, muitas vezes apenas memorizados. Abaixo, as inteligências múltiplas estabelecidas por Gardner (aqui, a fonte):

Inteligência linguística - Os componentes centrais da inteligência linguistica são uma sensibilidade para os sons, ritmos e significados das palavras, além de uma especial percepção das diferentes funções da linguagem. É a habilidade para usar a linguagem para convencer, agradar, estimular ou transmitir ideias. Gardner indica que é a habilidade exibida na sua maior intensidade pelos poetas. Em crianças, esta habilidade se manifesta através da capacidade para contar histórias originais ou para relatar, com precisão, experiências vividas.

Inteligência musical - Esta inteligência se manifesta através de uma habilidade para apreciar, compor ou reproduzir uma peça musical. Inclui discriminação de sons, habilidade para perceber temas musicais, sensibilidade para ritmos, texturas e timbre, e habilidade para produzir e/ou reproduzir música. A criança pequena com habilidade musical especial percebe desde cedo diferentes sons no seu ambiente e, frequentemente, canta para si mesma.

Inteligência lógico-matemática - Os componentes centrais desta inteligência são descritos por Gardner como uma sensibilidade para padrões, ordem e sistematização. É a habilidade para explorar relações, categorias e padrões, através da manipulação de objetos ou símbolos, e para experimentar de forma controlada; é a habilidade para lidar com séries de raciocínios, para reconhecer problemas e resolvê-los. É a inteligência característica de matemáticos e cientistas Gardner, porém, explica que, embora o talento cientifico e o talento matemático possam estar presentes num mesmo indivíduo, os motivos que movem as ações dos cientistas e dos matemáticos não são os mesmos. Enquanto os matemáticos desejam criar um mundo abstrato consistente, os cientistas pretendem explicar a natureza. A criança com especial aptidão nesta inteligência demonstra facilidade para contar e fazer cálculos matemáticos e para criar notações práticas de seu raciocínio.

Inteligência espacial - Gardner descreve a inteligência espacial como a capacidade para perceber o mundo visual e espacial de forma precisa. É a habilidade para manipular formas ou objetos mentalmente e, a partir das percepções iniciais, criar tensão, equilíbrio e composição, numa representação visual ou espacial. É a inteligência dos artistas plásticos, dos engenheiros e dos arquitetos. Em crianças pequenas, o potencial especial nessa inteligência é percebido através da habilidade para quebra-cabeças e outros jogos espaciais e a atenção a detalhes visuais.

Inteligência cinestésica - Esta inteligência se refere à habilidade para resolver problemas ou criar produtos através do uso de parte ou de todo o corpo. É a habilidade para usar a coordenação grossa ou fina em esportes, artes cênicas ou plásticas no controle dos movimentos do corpo e na manipulação de objetos com destreza. A criança especialmente dotada na inteligência cinestésica se move com graça e expressão a partir de estímulos musicais ou verbais demonstra uma grande habilidade atlética ou uma coordenação fina apurada.

Inteligência interpessoal - Esta inteligência pode ser descrita como uma habilidade pare entender e responder adequadamente a humores, temperamentos motivações e desejos de outras pessoas. Ela é melhor apreciada na observação de psicoterapeutas, professores, políticos e vendedores bem sucedidos. Na sua forma mais primitiva, a inteligência interpessoal se manifesta em crianças pequenas como a habilidade para distinguir pessoas, e na sua forma mais avançada, como a habilidade para perceber intenções e desejos de outras pessoas e para reagir apropriadamente a partir dessa percepção. Crianças especialmente dotadas demonstram muito cedo uma habilidade para liderar outras crianças, uma vez que são extremamente sensíveis às necessidades e sentimentos de outros.

Inteligência intrapessoal - Esta inteligência é o correlativo interno da inteligência interpessoal, isto é, a habilidade para ter acesso aos próprios sentimentos, sonhos e ideias, para discriminá-los e lançar mão deles na solução de problemas pessoais. É o reconhecimento de habilidades, necessidades, desejos e inteligências próprios, a capacidade para formular uma imagem precisa de si próprio e a habilidade para usar essa imagem para funcionar de forma efetiva. Como esta inteligência é a mais pessoal de todas, ela só é observável através dos sistemas simbólicos das outras inteligências, ou seja, através de manifestações linguisticas, musicais ou cinestésicas.

Em nenhum ser humano, tais inteligências atuam de forma isolada, porém os indivíduos diferem substancialmente quando a questão é saber qual delas é a preponderante. Em alguns pode ser a lógico-matemática, em outros, a linguística, em outros, a interpessoal. E em meio a todas essas manifestações da inteligência está a imaginação, a criatividade, a capacidade de perceber e de estabelecer o novo, o que irá modificar as regras, talvez chocar, despertar consciência. Afinal, sem o advento do novo, não há nenhum tipo de evolução. Em nenhuma área. Já dizia Einstein que “a imaginação é mais importante que o conhecimento”. Contudo, ao avaliarmos um estudante para o ingresso em uma universidade, e mesmo ao avaliarmos os estudantes das escolas de Ensino Básico, quais dessas inteligências são avaliadas? Parece-me que quase tão somente a inteligência lógico-matemática. Talvez um pouquinho da linguística. Pergunto: é justo?

É justo que o estudante que possua em alto grau, por exemplo, a inteligência interpessoal e a intrapessoal e em menor a lógico-matemática seja avaliado e, portanto, julgado, apenas pelo seu ponto fraco? E, por exemplo, onde entra a valorização da imaginação, da capacidade de criar? Então, só é bom, produtivo, inteligente, capaz, o estudante que, mesmo sem criatividade alguma e sendo um completo imbecil nas outras inteligências, domina o raciocínio lógico e a estruturação mental do conhecimento? Não estamos privilegiando determinadas pessoas em detrimento de outras? Que tipo de sociedade “justa” estamos criando? E mais: por que a seleção, nas universidades, é quase sempre padronizada, se cada curso tem características próprias que, muitas vezes, são diametralmente opostas às características de outros?

E não me refiro somente à educação brasileira, mas ao sistema educacional como um todo, de toda a humanidade. Por que julgamos como “bons” os racionais e não os imaginativos e não os que possuem grande sensibilidade? Não estaria aí uma das causas da desumanização da sociedade contemporânea? Como avaliar, e, portanto, julgar, de uma maneira inteiramente nova, revolucionária? São perguntas que deixo, apenas perguntas. 

20 março 2013

dos Tribunais


cada qual
é um tribunal

que crê poder julgar
cada um de todos
como se fosse seu igual

cada qual
parte do princípio
que se o qual gosta de sal
todos também o devem:
não se discute
foi unânime o júri
e ponto final

cada nariz
é um juiz
que quer que todos digam
as mesmas “verdades” pessoais
que ele próprio diz

e é dada a sentença:
“só será absolvido
quem comigo pensa.”

(cada qual é um cão
roendo sozinho
o osso da razão)

cada qual
é um tribunal
que deveria se aplicar
a pena do relho
diante do espelho

18 março 2013

Sol e Múmias*


Sol, economizas-te
não te sejas...
para que fazer que acordem
os que não ouvem acordes?

mulambentas
múmias humanas
marionetes mancas
mecânicas
aquelas
no que resta
do que são elas
entre poeiras
esteiras
e cadelas
em seus vazios
cheios de nadas
aos sorrisos
de vidas falhadas
enfeites
entre as duas orelhas
intervalos das cabeças
retardadas

Sol, para que iluminas?
que luz entrará
pelos porões de ratos
( inúteis fúteis trabalhos)
dos humanos corações?
o coração...
este músculo gorduroso
entre estúpidos pulmões

Sol, não acorda
essa gente...
pois verás aqueles olhares
(restos hospitalares)
de almas que se lepraram
e perderam todos os dentes

Sol, basta de clarear
o fundo da nossa decepção
deixa-nos e vai além...
para que nascer para todos
se o todos
é pouco mais que ninguém?

*Poema reelaborado e respostado.

16 março 2013

Três Frases


I

quando se Olha
(se quem olha
tem olhar)
se fala
que há um além
da fala

II

já disseram
(Maupassant)
que a alma
está no olhar...
acrescento
que é a alma
quem olha:
quem não a tem
não vê

III

o Olhar
é o palco possível
do impossível

15 março 2013

Papa Francisco e A Profecia dos Papas: Petrus Romanus, o Último Papa

Deixarei para outros a análise do novo papa, o Papa Francisco. Se será um bom ou mau Papa, não estou muito interessado. Seja como for, ele é um ser humano normal com qualidades e defeitos. Vai acertar e vai errar. Mas melhorar realmente a Igreja Católica, em sua essência? Duvido. 

Tratarei de um assunto mais curioso. Real ou não, que julguem os leitores. Escrevo sobre a chamada Profecia dos Papas, atribuída a São Malaquias. Consiste em uma lista de 112 frases curtas em latim, algumas com alguns acréscimos. Cada uma das frases descreveria um dos papas católicos romanos, começando com o Papa Celestino II (eleito em 1143) e concluída com o último Papa, chamado de "Pedro Romano". No pontificado do último Papa a cidade de Roma seria destruída. 

São Malaquias foi Arcebispo de Armagh, Irlanda, e teve uma visão dos papas futuros em uma viagem à Roma, quando foi recebido pelo Papa Inocêncio II. Durante a estadia, São Malaquias registrou as visões em breves sentenças em forma de enigmas. O manuscrito foi depositado nos arquivos da Igreja, sendo descoberto em 1590. No entanto, a biografia de São Malaquias escrita pelo abade Bernardo de Claraval não faz menção à Profecia dos Papas. A Enciclopédia Católica atual sugere que as profecias são falsificações produzidas no século XVI. Há quem acredite que a Profecia dos Papas foi criada por Nostradamus e creditada a São Malaquias. Seja como for, continua sendo atribuída a São Malaquias, bem como outras profecias, como a precisão da data da morte de São Bernardo e a previsão que a Irlanda seria oprimida pelos ingleses, e, quando libertada, desempenharia papel importante na recuperação da fé na Inglaterra.

A Profecia refere-se ao que seria o 109º papa a partir da profecia, ou seja, o papa João Paulo I, com a seguinte frase: "Salve amore, pater nostro, mediatore sactissimo, presunta victima", que seria: "Salve amor, pai nosso, santo mediador, futura vítima". É ainda acrescentada a frase: "O pastor da laguna; seu reinado será tão rápido como a passagem de uma estrela cadente." Lembro que este papa, considerado um homem justo e compromissado com os bons ideias da Igreja, tentou livrar o Banco do Vaticano da influência da Máfia italiana. Morreu cerca de um mês após assumir. Acredita-se, hoje, que foi envenenado através de um chá. Ou seja, assassinado.

Com as palavras:  De Labore Solis Optimo - ou "Excelente Trabalho do Sol.", a profecia fala do 110º papa, ou João Paulo II. Bem, não há como negar que João Paulo II foi um incansável trabalhador em prol das crenças da Igreja e pela paz mundial. Quanto ao 111º papa, o Papa Bento XVI, a profecia o trata como "Gloria Olivae", ou Glória das Oliveiras. O papa Bento foi líder da Ordem dos Olivetanos. A oliveira é um símbolo dos beneditinos, como o era o papa Bento XVI. 

Finalmente, chegamos ao 112º papa, o último segundo São Malaquias. Este seria o recém escolhido papa Francisco. A profecia diz o seguinte: "Tu, in desolacione suprema sede. Ecce Petrus Romanus, ultimus Dei veri Pontifex!" Ou seja, "Na suprema desolação, reinará Pedro Romano, o último papa do Deus verdadeiro!” Ainda é acrescentado: "Apascentará suas ovelhas entre muitas tribulações, e depois disto, a cidade entre sete montes (Roma) será destruída e o juiz terrível julgará o povo".  

Mas o que isso teria a ver com o papa Francisco? Ele seria chamado por São Malaquias de Pedro Romano. Bem, o que se sabe é que  Jorge Mario Bergoglio adotou o nome de Francisco, que seria uma homenagem a São Francisco de Assis. Porém, o verdadeiro nome de Francisco de Assis é Giovanni di Pietro (Pedro) di Bernardone. São Francisco nasceu na Itália, em 1182, na época em que ainda fazia parte do Império Romano do Oriente. Seria, portanto, um romano. Há a curiosidade também de que São Francisco, ao iniciar sua nova vida, trabalhou como pedreiro, ajudando a reconstruir igrejas nos arredores de Assis.

Outro ponto é que o papa Francisco veio da Argentina, e o próprio papa comentou:  "Foram quase até o fim do mundo para me buscar". Na Profecia de São Malaquias sobre o papa Pedro Romano há um acréscimo feito em 1527 pelo Monge de Pádua, que diz o seguinte: "Ele chegará a Roma de uma terra distante para encontrar tribulação e morte."  

Finalmente, alguns ainda fazem referência ao "Papa Negro", mencionado em algumas profecias como o último papa. Relacionam ao Papa Francisco por ele ser um jesuíta, e, segundo José Oscar Beozzo, estudioso da história da Igreja Católica na América Latina. "Os superiores jesuítas sempre foram chamados de 'papa negro'." Sabemos que os jesuítas usam batinas negras.

Simples coincidências, interpretações forçadas e/ou errôneas ou sutilezas da realidade das profecias? Tudo é possível. Ou não? Mas o tempo deverá nos dizer. 

13 março 2013

Cobrança


cobram-me que eu saiba
que o homem é essencialmente
nobre

mas podre
e coberto o coração de moedas
o homem
só ouve um sino
de cobre sujo
de toque mudo
sem dobre

cobram-me que eu saiba
que o homem é infelizmente
cobra

antes fosse
e talvez tivesse
sabedoria de sobra

mas pobre
e coberto o coração de moeda
o homem é tão somente
cobre

11 março 2013

do Fracasso


a minha parte
do que está
é a parte depois da parte
quando já não estiver

já sei o que foi estado.
o que será
o que é mais do que já é?
então não posso
estar com o que está
vou-me em outro passo
pé ante pé

nem sei porque digo
que passo...
talvez  por eu ter
que passar-me
e olhar-me
onde ninguém me vê

no todo formado de parte
tenho a última máxima extrema
que é o estado do Nada
e do só
onde o sucesso é pleno
por ter se tornado vento
e tornado de pó


por isso
porque eu quereria
que me ouças?
ou esperaria o que me espera:
o meu objetivo
é ele não ser alcançado
(quem me alcança?)
e assim já o tenho
no nada em que me faço:
o que é a vitória
além do não se importar
com o fracasso?

10 março 2013

O Desastre das Hidrelétricas no Rio Uruguai

Já escrevi aqui no blog sobre a implacável destruição e a irreversível perda de biodiversidade que as hidrelétricas têm causado ao planeta, em particular ao nosso país. Afirmei que a construção de hidrelétricas são crimes permitidos por lei. E continuo afirmando. E o jornal Correio de Povo de hoje trata do assunto, corroborando minha opinião. O jornal aborda a questão do impacto de duas hidrelétricas que estão para ser construídas no rio Uruguai, em territórios do RS e da Argentina, as de Garabi e Panambi. A seguir, alguns dos impactos. Não me parecem muito agradáveis:

1 - A área alagada será de 73,2 mil hectares, a maioria de florestas e de parques de conservação da biodiversidade, algumas delas contendo os últimos remanescentes da Mata Atlântica do interior do continente, que abrangem mais de 1,5 mil espécies, sendo várias em risco de extinção.

2 - Serão desalojadas 12,6 mil pessoas.

3 -  O magnífico Salto do Yucumã (na imagem), considerado o maior salto d'água longitudinal do mundo (queda de 1,8 quilômetro) corre o risco de desaparecer. Além de vários balneários e trilhas ecológicas.

4 -  O professor da UFRGS, Paulo Brack, afirma que o rio Uruguai não será capaz de sustentar todas as hidrelétricas planejadas. "O caudal de água para geração de energia já não é tanto assim. Os reservatórios das hidrelétricas já construídas têm ficado em nível crítico nos últimos verões".

5 - A população de peixes, que já vem se reduzindo drasticamente nos últimos anos, sofrerá perdas irreversíveis. Segundo o professor Brack, com o desaparecimento do Salto do Yucumã, desapareciam também, para sempre, as populações remanescentes de peixes como dourado, surubim e grumatã, que necessitam das corredeiras para a piracema. Além disso, pescadores dizem que a construção de hidrelétricas está destruindo as margens do rio, pois quando as comportas são abertas, a descida violenta da água arrasta tudo o que encontra pela frente. Inclusive redes de pesca com os peixes. 

6 - As águas paradas dos reservatórios das hidrelétricas são bastante propícias para o desenvolvimento de mosquitos e caracóis responsáveis pela transmissão de doenças como febre amarela, leishmaniose, doença de chagas, dengue, e várias outras.

Na Argentina, os moradores da região estão contestando duramente a construção das barragens. Dizem que não há falta de energia, mas sim, má distribuição da mesma. Fato semelhante ao que ocorre no Brasil. Aliás, o Brasil desperdiça muito mais energia do que a Argentina. O desperdício de energia elétrica na Argentina é de cerca de 10%. No Brasil, ultrapassa os absurdos 20%, conforme dados do Tribunal de Contas. E engana-se quem pensa que a maior parte dessa energia seja para a população. Mais de 50% da energia elétrica é consumida pelas indústrias. Que desperdiçam enormes quantias. 

E quem paga o preço? As populações, as florestas, os seres vivos.  E o que está sendo feito para evitar esse desperdício? O que é feito para se preservar os nossos rios? Precisa-se mais de hidrelétricas ou mais de rios? Que tipo de desenvolvimento surgirá com tais "progressos"? 

Triste. Profundamente triste é ver como, lentamente, o planeta morre. Em nome do quê?


08 março 2013

Não Creio


não creio
na humanidade.
creio em alguns raros
membros da humanidade

não creio
que todos os humanos possam.
possam o quê?
ser melhor do que humano
ir além do que se é

seria o universo uma grande colheita?

afinal
se se acredita
que de milhões de planetas
se colhe um com vida
então
de milhões de humanos
se colhe um com alma

06 março 2013

do Amor


o amor?
alma
ou arma?
amar tê-lo
ou desfazê-lo
a martelo?

pesadelo
de amargor
amarelo?

maremoto
e maresia?
ou marcescível
margarida?

o amor...
traiçoeiro?
rubra aranha
armadeira?

ou amora
ou aroma
de ar madeira?

o amor
só se for
a mar fundo...
de armadura

mas amar...
amargura