1) "O mundo, hoje pequeno e quase sem remédio,
Hoje, ontem e amanhã, nos faz ver nossa imagem:
Sempre um oásis de horror num deserto de tédio!"
Baudelaire
2) "É sempre assim com as coisas que os homens começam; há uma geada na primavera, uma praga no verão, e suas promessas fracassam... No fim, não sobra nada além do que 'poderia ter sido'."
Tolkien
3) "De que te serve o teu mundo interior que desconheces?
Talvez, matando-te, o conheças finalmente... Talvez, acabando, comeces...
Fernando Pessoa
4) "Foi quando compreendi
Que nada me dariam do infinito que pedi,
Que ergui mais alto meu grito
E pedi mais infinito!"
José Régio
5) "Pra que partir? Sempre se chega enfim...
Pra que seguir empós das alvoradas
Se, por si mesmas, elas vêm a mim?"
Mário Quintana
6) "Seu trabalho, sua existência bem regrada, sua família e seus interesses mundanos, tudo isso talvez não passasse de mentiras."
Tolstói
7) "Nas coisas muito secretas devemos ter pouca companhia."
Dante Alighieri
8) "Por que é que tão raras vezes se vê a torrente do gênio altear-se em grandes ondas, avançar rugindo e perturbar as almas? É porque os espíritos sensatos, temendo a devastação dos seus pavilhõezinhos, sabem evitar a tempo, por meio de diques, o perigo que os ameaça."
Goethe
9) "A ciência ocidental obscurece a visão quando apregoa que o único gênero de saber é o que está de acordo com ela."
Jung
10) "Há que se arranhar a alma com garras de tristeza para que entrem as chamas do horizonte astral."
García Lorca
11) "Ao mesmo tempo que existe um infinito ao nosso redor, há algum infinito dentro de nós mesmos?"
Victor Hugo
30 dezembro 2010
29 dezembro 2010
Três Rápidas Considerações Meio-Poéticas II
I
o meu sol
é o mais limpo
o mais puro
o mais sincero
e o mais esperado:
ele só vem
depois da tempestade.
II
coração poderoso
é aquele que às vezes falha.
III
sobre Deus não.
é a antipalavra.
ou todas elas.
27 dezembro 2010
Se o Espaço é Curvo...
palavra que vai
palavra que volta
o que me trará
quando bater à minha porta?
para onde que irá
tudo o que digo?
o que é que me voa
naquilo que verbo?
que asa que bate
em cada meu verso?
que ave que canta
em cada segredo
se não sei se estou certo?
quem foi que me disse
isso que deixo?
quem foi que me fez
ser que não eu?
que preço que pago
pelo sopro que largo?
e daquilo que sinto
o que é que é meu?
quem é que me sonha
lá no que falto?
que deus que não sei
me sangrou e por quem?
que fim e que mãe e que luz e que alto?
o que é que me vem?
se o espaço é curvo
tudo fará volta...
eu espero o meu verso
vir me mirar na minha porta...
25 dezembro 2010
Há Perigo porque Há Silêncio...
olho de gato
que sentes tudo
sem perderes o gelo
que tudo sabes
sem dizeres palavra
olha por mim
como se eu te orasse
ora por mim
como se em ti sentisse...
és todo sentido
e indiferença
vês do todo o sentido
sem ver o sem-sentido todo
da filosofia e da crença...
no teu passo felino
há à presa perigo
porque nele há silêncio
e etéreo...
a quem te agride com a pedra
tu respondes mistério...
amigo
traze geada ao meu frio
e sentido
ao meu sentido
não, nenhum humano...
tu, Gato
és meu exemplo a ser seguido.
23 dezembro 2010
Dois Poemas para o Natal...
Abaixo, deixo dois poemas para o Natal. O primeiro é de Fernando Pessoa. O segundo é da minha humilde autoria, escrito durante o Natal do ano passado. Os dois poemas deixo como minha mensagem natalina aos amigos leitores do blog.
Poema de Natal
Natal... na província neva.
Nos lares aconhegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.
Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
Estou só e sonho e saudade.
E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!
Fernando Pessoa
Poema de Natal (o meu)
talvez te desejasse felicidades
a felicidade que ânsia pelos dramáticos angelicais
anos-luz de desejos que se afogam
nos impossíveis das idades...
mas não vou te desejar felicidades.
talvez te desejasse saúde
a saúde que sol pelos campos em tons azuis
verdes-luz de paisagens que se somem
nas contradanças do alaúde...
mas não vou te desejar saúde.
talvez te desejasse amor
o amor que céus pelas lunáticas infinitais
beijos-luz de sonhar-te que se vagam
ao som da mais clara cor...
mas não vou te desejar amor.
não, não vou desejar...
nem felicidades
nem saúde
nem amor
nem paz
nem calma
a felicidade que ânsia pelos dramáticos angelicais
anos-luz de desejos que se afogam
nos impossíveis das idades...
mas não vou te desejar felicidades.
talvez te desejasse saúde
a saúde que sol pelos campos em tons azuis
verdes-luz de paisagens que se somem
nas contradanças do alaúde...
mas não vou te desejar saúde.
talvez te desejasse amor
o amor que céus pelas lunáticas infinitais
beijos-luz de sonhar-te que se vagam
ao som da mais clara cor...
mas não vou te desejar amor.
não, não vou desejar...
nem felicidades
nem saúde
nem amor
nem paz
nem calma
eu só te desejo Alma.
(Na imagem, o quadro "Anunciação", de El Greco.)
22 dezembro 2010
Palavras de Silêncio...
eu nunca digo teu nome
porque ele está em tudo que falo
e ainda mais no que calo
eu nunca calo teu nome
porque ele está em tudo que digo
esteja o ser
ou seja o eu contigo
teu nome é o verbo
de cada reverso
cada palavra
aqui bem ou mal-dita
é teu nome
em outro universo
em três letras de um código
sem sim
a ser fim
no alter-lado da vida
teu nome é um planeta que orbita
ao redor do núcleo de um átomo
e é um elétron que gira
ao redor do sistema de um sol
teu nome é alma e é som
e está só
e é pedra à estrela
e na pedra há uma estrela
seja em aura ou imersa
e vice-versa
o que mais sei
é o que não me disseste
mas sei que não saberei
todas as roupas que vestes
pela madrugada...
e como não Te dizer
se estás em tudo
e nadas cada vez mais
no meu nada?
21 dezembro 2010
Poemas do Término e Contos do Fim 41
A edição 41 do zine literário Poemas do Término e Contos do Fim estará disponível a partir da noite de hoje, dia 21/12. Inclui a 1ª parte do conto "Agora Vou Lá. Tenho que Degolá-la." e os poemas "O Tornado", "Poema Suicida", "Soneto aos Últimos Momentos" e "Poema Catastrófico nº3".
O zine 41 está também disponível digitalmente, gratuito, como a versão impressa. Para recebê-lo, basta que o leitor deixe seu e-mail aqui ou mande para reiffer@gmail.com, que então ele será enviado.
Em Santiago, os pontos de distribuição da versão impressa são os seguintes: locadoras Fox, Classic e Stop, biblioteca pública, biblioteca da Uri, Ponto Cópias e Livraria Santiago. Pode ser enviado para qualquer cidade do Brasil ou exterior, mediante o pagamento das despesas de correio.
Além de Santiago, o zine Poemas do Término e Contos do Fim possui distribuição nas seguintes cidades: Santa Cruz do Sul/RS, Santa Maria/RS, Porto Alegre/RS, Santo Ângelo/RS, São Gonçalo/RJ e Goiana/PE.
O trabalho de design da publicação é realizado por Guilhermes Damian.
19 dezembro 2010
Três Rápidas Considerações Meio-Poéticas
I
para toda vontade
existe um senão.
há quem queira seguir uma estrada
sem obedecer a sinalização.
II
o bom da ironia
(e isso não é uma ironia)
é que ela faz graça
sem trazer alegria.
III
percebo que o mundo
está em perfeito equilíbrio:
há um lado áspero
e outro liso...
o planeta me causa choro
a humanidade me causa riso.
16 dezembro 2010
(Não-)Palavras a Beethoven
240 anos de Beethoven. Hoje. 16 de dezembro de 2010. Aqueles que acompanham o blog sabem que meu compositor favorito é Brahms. O maior herdeiro de Beethoven na música. Os meus 5 compositores prediletos, nesta ordem, são: Brahms, Beethoven, Bach, Wagner e Schubert (em sua última fase). Depois vêm vários outros, como Mahler, Chopin, Bartók, Bruckner, Shostakovich, Tchaikovsky, Händel etc.
Mas o fato de considerar Brahms o número 1, não significa que eu considere Brahms como o melhor ou mais genial de todos. Brahms é com quem mais me identifico, o compositor que mais escuto, não há um só trecho da obra de Brahms que eu não ame profundamente. Agora, há dois compositores cuja genialidade é inigualável, na minha opinião: Beethoven e Bach. Beethoven foi o responsável pela maior revolução da história da música. A música é uma antes de Beethoven e outra depois dele. Por isso, deixo aos seus 240 anos uma humilde homenagem.
(Não-)Palavras a Beethoven
Tua música é sublime
porque não precisa dizer nada
para o ser...
o Ser é a Tua música.
tens razão:
para que dizer
alguma palavra
se a Verdade não está
em palavra alguma?
a Verdade é um sentido
que nos fala a cada nota
do que Tu não nos falas...
por isto
é que podendo Te dizer tanto
não Te digo nada:
és surdo para este mundo.
mas o que é afinal
que em Tua música há?
há tudo aquilo
que o homem nunca será.
(Na imagem, o quadro "Alegoria do Gênio de Beethoven", de Sigmund Hampel)
15 dezembro 2010
Wikileaks Para Desmascarar Pessoas
Os leitores do blog são pessoas bem informadas, por isso não me darei ao trabalho de explicar o que é wikileaks. Se por acaso alguém não souber, basta procurar no Google.
O que me surpreende, na verdade, não são as revelações que o Wikileaks tem feito de governos e políticos, surpreende-me o fato de as pessoas ainda se surpreenderem com tais revelações. É lógico que os governos, que os países, “pensam merda” de outros governos e outros países. E pensam coisas muito piores, que, segundo o próprio Wikileaks, nem chegaram a ser reveladas. Até porque não se teve acesso a todos os “podres. E pensam merda e fazem merda e depois a escondem. Assim como nós “pensamos merda” de outras pessoas e nunca revelamos, ou revelamos em segredo, assim como nós fazemos merda às escondidas. O que são os países? São o prolongamento de cada um dos habitantes que o compõem.
O Wikileaks é algo como um develador de pensamentos, de consciências. Felizmente, ele só existe para os países e seus governos e empresas. E se existisse um para pessoas? Que iria lá e expusesse o que pensamos e sentimos e fazemos ocultamente? Haha! Que tragédia, hein? Mas seria algo bastante interessante. Imaginem quantos santinhos do pau-oco seriam desmascarados? Quanta gente que se crê mui nobre, mui sublime, mui correta não veria seu telhado desabar...?
Nós, humanos, somos maus e egoístas. Eu sou. Eu admito. Eu sou egoísta, eu cobiço, eu tenho vaidades, eu sinto preguiça, eu desprezo, eu minto, eu sou misantropo, chego a ser mal-educado, indiferente, eu fracasso em muitas coisas, eu faço fiascos de vez em quando, bebo pra mais às vezes, fumo, enfim, eu confesso que sou eu. Eu não sou nenhuma flor que se cheire, eu não sirvo de exemplo. Mas eu me conheço. E quando nos conhecemos claramente podemos trabalhar melhor sobre nossos próprios defeitos. Porque percebemos quando os defeitos afloram. Aqueles que se julgam pessoas exemplares deveriam se auto-observar melhor...
Agora, há pessoas que se julgam perfeitas, ou quase isso, e adoram posar como bons moços, como perfeitas donzelas, como sábios impolutos, como mestres semidivinos, enquanto a perversidade fervilha por baixo das aparências. Em alguns casos enganam ou tentam enganar de propósito, noutros, enganam a si mesmos. Há pessoas que acreditam de fato que são absolutamente irrepreensíveis. E ai de quem disser o contrário. Existem pessoas que crêem que são as melhores coisas possíveis, que terão sucesso em tudo aquilo que possam empreender, que conhecem todas as verdades, que vivem dando conselhos e metendo o bedelho em tudo, como se os seus conselhos fossem o próprio Verbo de Deus. Talvez devessem fazê-lo diante do espelho.
É, deveria existir um Wikileaks para pessoas. Seria muito divertido. Eu iria rir de muita gente. Ou não riria, apenas ficaria com um sorriso irônico como o do Al Pacino acima, o meu ator preferido. E muito melhor que as minhas palavras é o poema do Fernando Pessoa abaixo. É o Pessoa desmascarando pessoas.
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado
[sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
14 dezembro 2010
Não Leiam Este Poema
não leiam este poema.
eu lhes proíbo.
não há nada aqui
que deva ser lido
tudo o que escrevi
há milênios foi fluído
tudo já foi dito
em verso melhor que o meu
nem sei por que eu sou eu...
escrevi uns versos tortos
velhos múmios mortos
que não me servem pra nada
e não adiantam ao leitor:
versos de bobagenzinhas
essas coisinhas
chatinhas
tipo cantos de amor...
por isso eu lhes proíbo:
não leiam este poema
nem sei
por que o fiz...
mesmo assim
ele será lido:
o proibido
é que te faz feliz...
Casa do Poeta de Santiago Completa 2 Anos
Neste dia 17/12, sexta-feira, a Casa do Poeta de Santiago, fundada em 13/12/2008, estará realizando a comemoração de seu 2º aniversário. Deixo os meus parabéns à Casa, que tanto tem feito pela cultura em nossa cidade. Abaixo, está o convite para todos os leitores do blog. Confira a programação.
13 dezembro 2010
Marcha do Crepúsculo Perdido
além daquele eternus
sonhava um sol...
a céu que não descia
pairava um mas
aquém do verde negro
loucura ao mar
azul velado à nuvem
cigarro e cruz
um álcool lento a lento
do que mais fiz
um vento em mão há Brahms
e um deus sem luz
fumaça em lança estrela
e espera em som
desejo insana a vida
fracasso e vã
sentir venena a rosa
tristeza o sul
há noite alenta escura
sou só meu fim
amém duele infernus
sonava um sou...
11 dezembro 2010
Poema Catastrófico n°4 – Morrer de Rir*
enquanto
os sinos do natal latejam
eu Rio dos Sinos
na minha propriedade
privada...
na minha propriedade
privada...
eu não passo de um peixe
esgotado...
com a minha boca-aberta
me esqueça
me deixe...
de tanto rir
fiquei sem ar
e o sino a soar
a asma do meu sarcasmo
o mundo
é mesmo um quadro deBosch...
e os homens
são superiores de fato:
enquanto eu só rio
eles merditam
ao ondular dos sinos
pra lá e pra cá:
mar de
mer da
mar de
mer da
mar de
mer da...
* Poema ao novo desastre no Rio dos Sinos, no RS, onde uma quantidade absurda de esgoto jogado em suas águas causou a morte de várias toneladas de peixes, durante a piracema. O volume de esgoto despejado no Rio dos Sinos foi tão imenso que atingiu outros rios, como o Guaíba, em Porto Alegre.
10 dezembro 2010
" é um cachorro louco..."
Desnecessário apresentar este imenso poeta brasileiro, o genial Paulo Leminski. Até porque já o fiz aqui no blog. Vou deixar que ele se apresente em versos. Dois poemas:
a pau e pedra
a fogo a pique
senão é bem capaz
o filho da puta
de fazer chover
em nosso piquenique
em matéria...
quiser
tenho até
um destino
a meus pés
as flores
são mesmo
umas ingratas
a gente as colhe
depois elas morrem
sem mais nem menos
como se entre nós
nunca tivesse
havido vênus
Paulo Leminski
(Na imagem, o quadro "O Almoço na Relva", de Manet.)
O Paulo Leminski
O Paulo Leminski
é um cachorro louco
que deve ser mortoO Paulo Leminski
é um cachorro louco
a pau e pedra
a fogo a pique
senão é bem capaz
o filho da puta
de fazer chover
em nosso piquenique
em matéria...
em matéria
de tino
menino
eu tenho dez
de tino
menino
eu tenho dez
quiser
tenho até
um destino
a meus pés
as flores
são mesmo
umas ingratas
a gente as colhe
depois elas morrem
sem mais nem menos
como se entre nós
nunca tivesse
havido vênus
Paulo Leminski
(Na imagem, o quadro "O Almoço na Relva", de Manet.)
Contas de Chicão Rejeitadas. Parlamentar Terá que Devolver R$10.000.
Os blogs santiaguenses irão noticiar que a prestação de contas de campanha do deputado estadual eleito José Francisco Gorski (Chicão) foi rejeitada pelo Tribunal Regional Eleitoral?
A notícia foi veiculada no jornal "Diário de Santa Maria" desta quinta-feira, dia 9 de dezembro. Segundo o jornal, "o TRE alegou que o parlamentar 'arrecadou recursos de forma indevida, inviabilizando a identificação de sua origem." Chicão terá que devolver R$ 10.000 ao Tesouro Nacional.
Segundo Chicão, os recursos foram doados pelo PP de Santiago diretamente a sua conta. Porém, ainda que tenha sido assim, a legislação eleitoral obriga que a doação seja feita ao diretório estadual do PP e só depois repassada ao candidato.
É o jeitinho brasileiro...?
08 dezembro 2010
Tu és Deus
Tu, Tempo, és Deus...
Teu é o trono
que nos traga
a que Te trago
e a que me entrego
Teu é o trovão de thor
o troar do martelo
é Teu
ante o torvo do que tememos
és tigre
e treva
Tua é a tuba Tua é a trompa
Tua é a trombeta
na troça treda
da tormenta
Tua é do tormento
a taça trágica
e a traça tétrica
tumularmente arrastadas
às tampas das tumbas...
ave Tempo!
e o pulo preciso do Teu puma
e o peso do punhal no Teu pulso
e os passos do Teu compasso
e a pressa do Teu presságio
e a presa da Tua praga
e a presa da Tua praga
que ninguém pisa e todos passam
e só Tu apagas...
Tu preparas o pesar
da tempestade
e só ao passar o temporal
é que Tu Tempo
(que o tempo passa...)
trazes entre as torres
o sol
da Verdade.
(na imagem, o quadro "O Triunfo da Morte", de Bruegel)
07 dezembro 2010
Década de 2001 a 2010 é a Mais Quente da História
Segundo um estudo realizado pela agência meteorológica da ONU, o período entre 2001 e 2010 é o mais quente já registrado desde que começaram os registros, em 1850.
Os dados foram divulgados durante as negociações climáticas em Cancún, no México, e confirmam a tendência de aquecimento global. 2010 já está entre os três anos mais quentes da história dos registros, perdendo apenas para 2005 (o mais quente de todos) e 1998. Porém, a diferença de temperatura média entre os três anos é de apenas 0,02ºC.
O estudos também afirmam que os invernos excepcionalmente frios na Europa não estão afetando a média global, pois há regiões da Terra onde as temperaturas estão em uma elevação muita acima da capacidade redutora dos invernos europeus. É o que ocorre, por exemplo, nas imensas áreas de desertificação que se alastram incessantemente em todos os cantos do planeta. E se os invernos da Europa têm batido recordes, o mesmo se dá com os verões. Este ano, a Rússia registrou uma mortífera onda de calor, com temperaturas atingindo quase os 40ºC, algo nunca antes visto em território russo.
Quanto ao Brasil, basta que recordemos a seca recorde da Amazônia. Da Amazônia.
Quanto ao Brasil, basta que recordemos a seca recorde da Amazônia. Da Amazônia.
E assim caminha a humanidade...
06 dezembro 2010
Soneto à Hora da Morte de Brahms
(Segundo frau Tuxta, Brahms chorou de tristeza à hora da sua morte, o motivo não lhe pôde dizer: “Quando vi que as suas tentativas eram inúteis, vi que grandes lágrimas começaram a cair dos seus olhos e a rolar pelo seu rosto abatido. Fitou-me com tristeza, deixou-se cair e expirou”.)
tensas e trágicas lágrimas tuas
furiando em ondas à força e à peso
ressoo de angústia sangrou-te o desejo
cantos e mares amores e luas...
invernos de febre em lágrimas duas
rompeu um violino o cosmo indefeso
e além dos teus olhos noites eu vejo
e um céu em silêncio às musas já nuas...
um denso pesar voou ao fatal...
o que é isso em ti que insano me abrigo?
que é este sonho que me arma um sinal?
lágrima lenta que lento eu te sigo
morre o sentido degrau a degrau...
deixa-me oh Brahms que eu sinta contigo...
04 dezembro 2010
Miniconto-Poema de Febre
eu sinto o cheiro da tua voz de almas
entre palavras que não mais existem
só digo aquilo que não tem sentido
a ver se toco o meu alado cravo
ali morri como se fosse um lobo
e do sedento eu me acenei teus olhos
estava lá ao nunca mais cantando
por entre abismos de um planeta doente
mas foi no sim que pressenti teu verde
porque a pintura me esqueceu sonhando...
fiz uma história em doze versos-febre:
não tenho culpa se não me entendeste...
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