cada época tem sua doença. e a doença é reflexo de sua época: a nossa (época e doença) é terrível e imprevisível cheia de pressões sobre o peito de cansaços sobre a vida de inseguranças e de incertezas não se sabe o que esperar qualquer plano ou esperança podem ser desfeitos a qualquer hora momento e já não há mais fôlego para suportar tudo o que nos exigem. cada doença tem sua época e a época é reflexo de sua doença: a nossa (doença e época) é traiçoeira e asfixiante.
melodia do que me dia minha companhia de finais quanto mais eu canto contigo menos tenho com quem contar melodia do que me tarde tempestade nos meus alardes meus catastróficos sinais nota que não me acorde rosa no além que beijo esmagada por entre o verde ausência do que te verte melodia do que me fostes sangue em lácrimas menstruais de cadências do que te lua látegos flagelos açoites e eu piano no que me alma enquanto tu música
mais do que nua nas melodias nas melonoites nas melan...cólicas.
sei que algo acontece alguma coisa que está latente que agora não se vê mas mais à frente de algo que um dia será tudo diante de nosso coração arrasado
e do desespero da nossa mente.
vento que se veste inofensivo lá em tempestades desvistadas não se tornará tornado ou furacão?
quando cai uma flor há outro algo além da sua queda? a vida que morre vai para onde? o que é verdade diante de nós se esconde.
tudo traz um além-motivo: o Amor se oculta atrás do nosso riso.
há sempre um que é o último: por mais infinitos que sejam os números ninguém os conta pra sempre por mais infinito que seja o cosmos ninguém o percorre todo
se o cosmos é infinito por que há coisas que dizem impossíveis? por que faço um pedido que não me é dado? mais ainda assim há um momento em que não mais há sempre um último em tudo que é ou que não foi há sempre um último dia há sempre uma última vez.
mas ser infinito é isso ter que haver um último último para que exista um novo primeiro: quem sabe numa próxima vinda... quem dera este poema ainda te dissesse mais mas ele aqui me finda.
a nova vida (mais perto da morte) veio pra ficar. não há mais como viver como antes (como se fôssemos eternos mesmo sabendo que nunca fomos) agora a morte nos olha nos olhos (de máscara para máscara) e esse é o novo normal. não voltaremos à vida de antes sempre haverá uma insegurança no ar uma dúvida de onde está o mal: porque esta pandemia não é um fim é um pontapé inicial é o resultado tardo é um aviso das parcas das sinas do que não aprendemos com a morte do que fizemos com a vida: é uma carta suicida.
I - por mais que se fale em teorias e racionalização o que se sente é tudo e tudo é o que se sente o resto é em vão.
II - até se pode negar o que está diante dos olhos o que se passa pela cabeça mas nunca se pode negar o que se oculta no coração.
III - não adianta. as coisas estão no sangue: é do sangue que se vive ou se morre e o sangue (que pelas veias corre) é que vai ditar os caminhos que todos percorrerão. até dizem que pode ser racional... é mentira. viver é sempre emoção.
pensava tanto em vida mas não era nada é a morte que se espalha como noiva alada e o canto das sereias me jogava alardes e assim andei na terra sempre pelos tardes e tudo que passava não tinha sentido fazia tanto tempo que eu tinha nascido com a alma alucinada que criou as aves sendo algo violino quando tu escutares e vieram tantos sonhos que não sei quem diga pousaram à minha mão como fatais amigas... preciso é que eu termine este poema agora antes que o que não tenho também vá embora.
Dizia que era só uma gripezinha. A covid mataria menos que a H1N1 (cerca de 800 pessoas). Escolas não poderiam fechar. Estádios deveriam manter a presença de torcedores. Tudo no comércio deveria permanecer aberto. As pessoas deveriam levar a vida normalmente. A mídia estava mentindo e exagerando, por pura perseguição. Máscaras eram inúteis e faziam mal. Ficou um ano aglomerando sem usar máscara e incentivando aglomerações e o boicote das medidas de isolamento. Nunca iria em busca de vacina, quem quisesse vender que oferecesse. Recusou 160 milhões de doses de vacina segundo o Butatan em julho. Recusou vacina da Pfizer. A vacina de origem chinesa (Coronavac) era ineficaz e fazia mal (virar jacaré). Os filhinhos do papai ofenderam o povo chinês, dificultando relações diplomáticas. Impediu estados e municípios de comprar vacina. "Que morra quem tiver que morrer." "Vai ficar chorando até quando?" "Vai comprar vacina na casa da sua mãe." Israel controlou a covid com vacinação, mas foi em Israel em busca de spray nasal sem eficácia comprovada...
Brasil, 10 de março de 2021: 2349 mortes por covid em 24h. 270 mil mortes. 80 mil casos em 24h. Saúde em colapso total em praticamente todo o país. Pessoas morrendo em casa ou em filas porque não há vagas. País com o pior cenário mundial da covid no momento. Coincidências...
toda pessoa se conhece pelo olhar. todas as pessoas se conhecem pelo olhar. as sentenças são parecidas mas só a primeira é verdadeira. nem todos se conhecem pelo olhos. só quem sabe olhar conhece pelo olhar e no olhar tudo está. mas bem poucos sabem olhar: a maioria só olha para o próprio umbigo. raros têm olhos para olhar além dos olhos quase ninguém passa da superfície. mas quem tem olhos vê além do que vê desvenda segredos sabe de interiores. e as máscaras ajudaram a quem tem olhos desvendar os olhos.
I – não se martirize não se sacrifique pelo bem comum: ninguém reconhece o sacrifício pelos outros só se reconhece o sucesso. ponto. e ainda mais se esse sucesso
for em cima do sacrifício dos outros
II – não seja profundo: ser profundo pode fazer com que se sinta e se pense: sentir e pensar pode lhe deixar infeliz: quem é infeliz não aparenta sucesso
III – não cultive seus valores: quem é que o verá pelo que você vale ou deixa de valer? onde será que sua honra dignidade sabedoria o tornarão mais bem visto? melhor dizendo: cultive seus valore$
O Brasil é o enredo de um romance de Kafka, o genial escritor Rei do Absurdo, só assim se entende o Brasil.
Explico: tem gente pressionando publicamente pela volta à "normalidade"... Normalidade???? Voltar a que tipo de normalidade no pior momento da pandemia no país, em que hospitais entram em colapso, em que mais de 1200 pessoas morrem por dia de covid-19, muitas sem atendimento, esperando por uma vaga na UTI, em que as novas variantes se espalham em velocidade crescente e implacável?
E, aqui no RS, o dito governador pede que as pessoas evitem a circulação, mas, ao mesmo tempo, quer a volta das aulas presenciais. Ir para as aulas é um dos maiores motivos de circulação de pessoas, pois envolve o deslocamento de centenas de milhares de alunos, pais, professores, funcionários, de transporte coletivo, de ônibus lotados, sem falar no contato inevitável entre todos eles dentro das escolas.
as pessoas brincam sobre a época antiga do "Deus o livre!" mas vivemos a mesma época do "Deus o livre!" só mudaram os tipos de "Deuses o livrem!" hoje em dia é deus o livre não se sentir feliz deus o livre demonstrar tristeza deus o livre não ser bem sucedido deus o livre não ter sucesso em tudo deus o livre não ser um vencedor deus o livre não seguir um só dos ditames da sociedade e mais deus o livre ainda é não aparentar tudo isso para todos os outros se souberem ou olharem pra ti e tu não corresponder ao que de ti esperam DEUS O LIVRE! tu não vale nada. ninguém te quer. que importa se o sofrimento é a única coisa que faz o ser humano evoluir e que a tristeza nos torna mais profundos e reflexivos? isso não vale nada o que importam são as good vibes prolongadas como um elástico até arrebentarem na cara.
"eles disseram que eu não tinha futuro que era um surdo bêbado acabado um louco um triste um trágico misantropo, grosseiro, antipático a despencar nas valas das sarjetas até eu provar que eu sempre fui Beethoven.
minha música veio do que mais fundo se vive de tudo aquilo que está dentro de todos mas que ninguém percebe de nada eu estive em alma em todas as vidas em todos os tempos em todos os cosmos porque eu sempre fui o que sou: Beethoven.
eu estive na vitória na derrota na morte no amor as nuvens abriam caminho quando eu mandava os relâmpagos sorriam ante a força de meus gritos anjos fechavam os olhos sob o peso dos meus passos eu sempre soube o que tudo e todos sentiam porque através dos séculos eu era Beethoven.
mesmo quem nunca me ouviu, me ouviu dentro de si eu estou em todos sendo vida paixão e mistério eu resisti aos máximos infortúnios fui julgado e condenado e compreendi o que se passa em cada alma em cada coração quando eu morri desabou tremenda tempestade porque, digam o que disserem (e sempre dizem demais) eu sempre serei Beethoven."
é preciso se colocar a culpa em alguém é preciso alguém para se colocar a culpa alguém algo alguma coisa que se foda quem é que quer assumir a culpa que for? e continuar de que jeito depois? tem que ter um bode expiatório para que os outros possam
se olhar no espelho inocentemente (espelho espelho meu existe alguém mais justo
e correto do que eu?) a culpa não é algo que desapareça
que se desintegre assim do nada ela precisa ser deixada para outros ou depositada em algum lugar para que a vida de alguns
possa prosseguir. os que assumem a culpa são os limpadores os urubus da vida.
o outro lado aquilo que não nos é que não vemos não estamos não entendemos interior de floresta jamais pisado profundo absoluto do oceano centro impenetrável dos desertos animais desconhecidos em extinção notas estranhas de uma cantata de Bach
detalhe mínimo de uma pintura de Da Vinci região de onde vieram os melhores versos de Poe autêntica alquimia medieval compêndios proibidos de ocultismo pequeno país longínquo da Ásia lado oculto da lua Júpiter Netuno outras galáxias supernovas buracos negros fantasmas espíritos aparições e Ela a Morte.
não existem desastres pela metade desastres vão até o fim. é como um destino que se cumpre: tu pode tentar o que for não há freio que pare não há reza que salve não há esperança que chegue não o importa o que se diga o que se peça
tudo vai conspirar
para que o desastre aconteça o desastre não olha nem dá ouvidos nem mesmo vira a cabeça e não conhece misericórdia. não há nada que possa ser feito: um desastre é sempre perfeito.
nosso mundo é um ocaso uma tarde que se finda sol que se põe noite que chega tudo anoitece tudo se desfaz nada mais quer mais ser nada mais a não ser destruição não é mais tempo de vida agora é tempo de morte irão me condenar pelo que digo, eu sei nunca ninguém aceitou o fim fosse do que fosse é preciso ter vivido muitos fins (e eu vivi) para se entender a inevitabilidade do fim e de que um dia ele chega. mas não é que ele chegue só de fora ele também chega de dentro de nós (talvez ainda mais) ninguém mais quer viver grandes coisas: nem grandes sonhos nem grandes ideais nem grandes artes nem grandes amores agora tudo se resume ao pequeno: ter emprego dinheiro lazer e tudo isso é ocaso é a morte do que um dia foi grande eu sei que ninguém quer ler isso mas a vez da morte chegou. e meu poema morre aqui.
as pessoas dizem: seja forte como se elas fossem fortes. o que é ser forte? se segurar em um ponto em que deu sorte na vida crendo que fosse mérito? estou cansando de ver pessoas se esforçarem tanto ou mais do que as que conseguiram e não conseguirem nada. o que existe é esforço com sorte (a vida também é jogar dados) ou sem sorte, mas não propriamente mérito. mas voltando, o que é ser forte? é não chorar é não sofrer? ou é negar que se quer chorar e que se sofre? é resistir? mas quem é que chorando não resiste? ser forte é NÃO ser humano? ser forte é dar sorrisos falsos enquanto por dentro a desgraça (sem que se saiba) consome? (nem digo mentindo ao mundo mas a si mesmo) é se afirmar em redes sociais enquanto a vida real está uma merda? Forte é quem assume que sente e vive é quem tem a coragem de confessar sua dor e mesmo assim amar. reconhecer sua fraqueza num mundo de aparências é só para fortes.
cada qual é um tribunal. só há juízes no mundo! onde é que há gente? ou melhor, onde é que há espelho? chegamos a um estágio tão avançado e sublime da humanidade que ninguém mais erra ninguém mais tem fraquezas ninguém mais tem defeitos só o outro ah, se o outro comete um erro oh my god, como pôde? vamos condenar vamos isolar vamos cancelar! se não me engano foi o Cristo que falava sobre a primeira pedra... mas isso foi há muito tempo hoje não há mais humanos só há juízes e robôs.
o que se planeja não é o que vida: viver é não estar nos planos
não esperar é evitar que o vindo não seja o esperado
só espero pelo que não se espera que é o que não depende do inútil do meu esforço mas de um indefinido não pensado paisagem em súbito na estrada susto de inspiração surgida do nada
como pode valer a pena ser alcançado o que sempre esteve ao alcance da mão? a canção que mais nos comove é aquela que canta (em nosso íntimo) o imenso de um não
o que é então que deve ser como deveria? melhor é o que não se espera o que não se vê e nem seria
as mais longínquas estrelas são vistas apenas durante noites sombrias
viver é estar atento é ver o óbvio como sendo óbvio (e olha que não é fácil) se não tivermos antena nada vale a pena
o melhor é que não nos escape nada nem o mínimo movimento que se esconde o como o onde o cada o que não pode o que não há-de como a presa percebe a cobra como a cobra pressente a presa
há que se sentir cada pulsar de veia todo sinal que vibre como o tigre persegue a presa como a presa se esquiva ao tigre
há que se captar o gesto o cheiro a íris o sonho o vago o sem-saída que eu esteja sempre atento no sangrar do crepúsculo do tempo no que está aqui fora e mais ainda ao que está lá dentro
nós somos os doentes de um mundo doente e o mundo está doente porque nós o adoecemos nós somos os doentes e a doença doentes da doença que nós mesmos causamos e tudo adoece ao nosso redor: os rios têm febre alta os animais vomitam sangue as árvores têm hemorragias as aves tossem sem parar os mares estão cobertos de chagas e feridas o céu está pálido e com fadiga as flores não conseguem respirar os campos têm rachaduras na pele as florestas têm tremores e não conseguem se erguer e as cidades têm cancer e nós somos as células cancerígenas
ano-novo? que é que terá de novo nisso? como que as pessoas esperam algo de novo se continuamos sendo os velhos bostas de sempre? como se a mudança viesse de fora e não de dentro como se o que mudasse fosse a humanidade e não o ser humano como se o novo viesse por decreto ou pela simples passagem do tempo que novo que haverá dentro das mesmas regras das mesmas convenções dos mesmos limites dos mesmos padrões? todo mundo pensa em novo mas ninguém muda como pensa todo mundo fala em novo mas segue o modelo que já está pronto e olha com cara feia a quem segue diferente quem quer mudar seus conceitos? olhar pelo olhar do outro? admitir que tem culpa que está errado? quem é que olha pra seu coração e confessa: "eu tenho que ser melhor" quem é que se propõe a amar mais? então até me falem em ano-outro mas não me falem em ano-novo.
eu não consigo olhar filme dublado não consigo comer comida recém saída do fogo não consigo usar roupas claras não consigo tomar cerveja no inverno frio exige vinho ou destilado não consigo ver um gato sem admirá-lo não consigo gostar de matemática não consigo dormir cedo (a não ser em caso de real necessidade, mas é complicado) não consigo entender quem não gosta de animais não consigo entender gente que não gosta da natureza nem mesmo quem gosta um pouco que negócio é esse de gostar um pouco? natureza é para ser amada adorada idolatrada não consigo ler poesia só mentalmente tem que se usar a voz e sentir a sonoridade das palavras não consigo escutar música baixa não consigo imaginar uma reunião divertida de amigos sem música não consigo ficar um dia sem ouvir música e eu não consigo ter esperanças nesta humanidade (eu disse NESTA) ainda mais agora enquanto escuto as sinfonias de Mahler.
Certo músico escreveu que se Beethoven tivesse composto SOMENTE a Missa Solemnis, já seria considerado um gênio da música. Na partitura da Missa, o seu Opus 123 (ou seja, é da mesma época da 9ª Sinfonia, Opus 125, da sua última fase) Beethoven escreveu "De todo o coração". E de fato o é: música composta de todo o coração, de toda alma, da genialidade mais profunda. Trata-se de uma das maiores obras musicais de todos os tempos, tão alta, tão poderosa, tão imponente, tão revolucionária quanto a Nona Sinfonia, mas bem menos conhecida do grande público. Há obras bem menores de Beethoven, bem menos expressivas, como a bagatelle Für Elise, que são muito mais conhecidas.
Não é música fácil, de se compreender com facilidade, exige uma, duas, três, quatro, várias audições, o que não a torna inacessível, pelo contrário, seu caráter é tão poderoso e impressionate que assombra a qualquer ouvinte já na primeira vez que a escutar. E mesmo sem muita concentração.
Também não é, como muitos devem imaginar, música de caráter meramente religioso, apesar do seu nome (uma missa) e de sua letra (é a letra da tradicional missa do cristianismo antigo, cantada em latim), pois a missa na música já havia se transformado em mais um gênero à serviço dos grandes gênios.
A Missa Solemnis vai muito, muito além. Beethoven não era um homem propriamente religioso. Também não era ateu. Entendia Deus como uma força, uma potência universal que abrangeria a tudo e a todos. Beethoven era um panteísta. E assim é o caráter da Missa Solemnis. Um sobre-humano monumento à essa força universal, uma obra-prima absoluta de expressão do Cosmos, do amor entre todos os seres, advinda do Ser, é a materialização musical da alma do universo.
A 2ª missa de Beethoven, ou seja, a Solemnis, finalizada em 1823, não é a única grande missa da história da música. Bach compôs a sua fenomenal Grande Missa em Si, Mozart tem a Grande Missa em Dó, Schubert, Bruckner, Haydn, entre outros, também criaram nesse gênero obras excepcionais. Mas a Solemnis de Beethoven possui algo que a torna única, inigualável, e não se sabe dizer exatamente o que é. Talvez a força descomunal, a inovadora potência instrumental, a inusitada violência sinfônica, talvez os coros alucinados, dilacerados entre o sofrimento e a glória, entre a angústia e a grandeza, entre o tragédia e o amor. Talvez tudo isso junto e ainda mais.
A Missa Solemnis é Beethoven em seu auge. É o que há de mais elevado no gênio de Bonn. É o que há de mais elevado na Arte. É arte "de todo o coração" para o coração dos homens.
Acima, um trecho da Missa Solemnis, o Gloria, em uma das melhores interpretações dessa obra gigantesca: a da Concertgebouw Orchestra, com o grande Bernstein na regência.
não precisamos de mais mente precisamos de mais coração. inteligência sem coração se transforma em vazio em maldade em destruição. desconfia de toda pessoa que despreza o coração e o sentimento: é ou será um perverso um tirano.
precisamos de mais coração: quem ama um árvore não corta uma árvore quem ama um animal não caça ou maltrata um animal quem ama um rio um mar não joga lixo nas águas quem ama sua terra não destrói sua terra.
quem mantém o seu coração entende e sente compaixão pelo sofrimento e evita o sofrimento dos outros busca aliviar as dores e reduzir as injustiças só o coração traz, ao menos, a empatia (eu nem vou falar de amor).
inteligência não significa sabedoria.
não é inteligência que falta: o que falta é sensibilidade. a ausência de coração está destruindo nosso planeta
tu serás tu mesmo: enquanto os homens se mostram tu te escondes como se nem fosses.
tu não estás nem aí
para o que os homens fizeram de 2020
ou de todos os anos que passaram
tu és pássaro
és noite e oculto tu existes no teu não estar não sendo nada além de Ser
és um verbo que se fantasma grito do não-dito és um lamento-punhal és toda a Dor
de uma era final quem te vê quando cantas?
quem te sente quando choras? o que cantas é um susto que não nos deixa sinal por isso este poema
ninguém te vê ninguém te quer por perto
porque dizem que és ave-funeral
mas tu sabes, Urutau que ninguém também
vê o Natal.
Obs.: o urutau é uma ave noturna que se utiliza muito bem da sua incrível capacidade de camuflagem. Por isso, raramente é vista. Vive da Costa Rica até a Argentina. Seu nome, urutau, em tupi-guarani significa "Ave-Fantasma". O motivo do nome, além de sua quase "invisibilidade", é que o seu canto melancólico é uma espécie de gemido muito triste, que lembra um lamento humano.
Beethoven, tu faz hoje dois séculos e meio de eternidade um gênio e um ser humano e emocionante pra caralho. (alguns vão reclamar do meu palavrão, foda-se.) tua música é profunda e é sincera é imensa e é simples: é simples fala direto ao coração: basta sentir. não é difícil como pensam aqueles que nunca pararam para te ouvir: é música de alma para alma é música para quem ama música (ou só pra quem gosta, nem precisa amar) é MÚSICA. ponto. é música para quem tem olhos para quem tem boca
para quem tem peito para quem sofre para quem luta para os vitoriosos para os derrotados para quem vive para quem morre para as lágrimas para os sorrisos é música para quem ama
é sangue para quem ama.
Beethoven, tu sofreu como um filhodaputa
e quase te matou mas decidiu viver putodacara para nos ensinar a amar. Beethoven, obrigado por resistir
e por sentir por todos nós.
eu teria sido pior (ainda pior) se não fosse tu. então, bêbados, como tu gostava, vamos comemorar! Salud!
há uma vida que não a vivida onde deveríamos estar mas os caras querem nos convencer de que a vida é só isso que esta aí esse rastejar cego de vermes que sempre seguem a mesma linha sempre na mesma fôrma no mesmo molde
esses caras querem que a vida seja só os meios de se viver: trabalhar comer cagar trabalhar dormir levantar trabalhar morrer e nas horas de folga se preocupar em ter que trabalhar para pagar o que nem se pode viver e não se chegar a fim nenhum a não ser chegar ao fim mas eles querem que isso seja a nossa vida e que agradeçamos com um sorriso a chance de sobreviver sem sentido para deixar uns poucos mais ricos (que por coincidência são eles) sendo só mais um entre um monte de uns
para eles o sonho a natureza a arte o amor pensar sentir passear e ver são só coisas fúteis que não valem nada (mas só quando é para os outros)
e se você mandar eles à puta que pariu eles vão ficar horrorizados enquanto eles é que são o horror.
entre o sim e o sol silencia o segredo calma de alma que nunca passa teu sempre sábio som de sonata calma da água que nada (a)tinge que pedra alguma nem mancha nenhuma perturba (a)funda infringe. olhar de fogo frieza lâmina adaga que ninguém enfrenta ou afaga sangra teu sopro sereno em veneno saga teu sonho em cosmos distantes teu silvo hipnótico a que tudo se rende e teme teu dente para sempre serpente.
um gato pode sofrer mas não se desespera pode estar triste mas nunca abatido pode perder tudo mas nunca fica sem nada um gato, se não tiver quem lhe ampare ele se vira se não tiver quem lhe alimente ele caça se não tiver quem lhe ame ele se ama um gato pode ser humilhado mas nunca perde a majestade pode estar faminto sem perder a presença de espírito pode estar um farrapo mas sua graça leveza agilidade inteligência sentidos elegância permanecem. um gato é uma obra prima enquanto o homem é uma vergonha. e aí está a Sophie que não me deixe mentir como um homem.
minha poesia não dá concessões não suaviza não ouve opiniões minha poesia é como um basta que não agrada não dá o braço não busca a paz (não mais) não se retrata não retrocede não se arrepende não volta atrás não dá ouvidos radicaliza definitiva poucos sorrisos quando ironiza.
minha poesia está cansada já não perdoa não alivia. minha poesia é de tristeza dilacerada angústia extrema é de um luto absoluto quase divino. é só um aviso que não dá chances não acredita e faz miséria e mau poema.
nem sente pena.
é a minha poesia não sou eu
não é o que eu sou. mas ela fica e eu logo me vou.
alguém poderia questionar: "por que tu escreve? ou pra quê? quase ninguém mais lê muito menos poesia e se lê entende muito pouco se é que entende e mesmo que entenda não dá muita atenção entra por um olho e sai pelo outro"
eu responderia que isso é escrever pelos outros mas eu escrevo por mim e para mim é para o meu bem
(com amáveis exceções) se for bom para os outros, melhor se não for, eu escrevi bem ou mal aí está: obra feita.
mas outros ainda poderiam argumentar: "não há mais nada a ser dito tudo o que se diz hoje já foi dito antes e de forma melhor por gente melhor."
eu responderia que não deixa de ser verdade mas completaria dizendo que ainda há algo a ser dito: o Adeus.