06 agosto 2016

As Olimpíadas e Vinicius de Moraes


Estamos em época de Olimpíadas. E no Brasil. Independente se éramos contra ou favor da sua realização em nosso país, o evento está acontecendo, e, como brasileiros, é momento de torcer para que as Olimpíadas do Brasil sejam grandes, e que nossos atletas tenham o melhor desempenho da história. Não assisti à abertura, mas segundo a imprensa, inclusive a estrangeira, ela foi belíssima, unindo simplicidade, bom gosto e criatividade. No entanto, li no "Blog do Barão", de Zatonio Lahud, que, no momento da música "Garota de Ipanema", apenas o autor da música, Tom Jobim, foi homenageado. Mas e o autor da letra? Vinicius de Moraes, um de nossos maiores poetas modernistas, também merecia sua homenagem. Por que nossos escritores são esquecidos?


Pensando nisso, selecionei trechos do poema "Pátria Minha" do Vinicius. Acredito que seja bastante adequado ao momento:

Pátria Minha (Trechos) Vinicius de Moraes

A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos…
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação e o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!

Pátria minha… A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.

Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.

04 agosto 2016

Ninguém melhora Ninguém*

I - não escrevo
para que os outros me leiam
me entendam
me decifrem

escrevo
para eu fazê-lo
com os outros

II - não escrevo
para melhorar ninguém

(só o si
melhora a si
quando cai em si)

escrevo a meu ser
que saindo da miséria que sou
se vá além do que sei

III - ser poeta
é perceber
que não se percebe
é dar-se conta
de que não se dão conta

*Poema reelaborado e republicado.


02 agosto 2016

Robótico e Espacial

no mundo atual
(robótico e espacial)
não há espaço
para o desespaço
do mundo interior

por isso
não mais falo
do que sinto:
a qual alguém pode interessar
o que um outro sente
se o alguém nem sente
por si mesmo
nem quer saber
se o outro sente
e nem que outro é o outro?

só há sentido no ser
do sentimento expresso
quando o outro
o reflete e o encontra
expresso no seu ser
e então se conhece
do que de si mal sabia

mas ninguém
nem se encontra no seu ser
nem reflete por si mesmo
nem se expressa o que não sente
e por Fim
nem mal sabe de si
nem sentido há algum
em se saber o que nem há


31 julho 2016

Bebida Forte*

I - a poesia
(pelos olhos)
é pouco lida
porque exige
(pela alma) 
muita lida

II
- em termos de poesia
as pessoas
preferem os eventos
já eu               
ao termo da poesia
prefiro os ao ventos

III - a poesia é vida
e onde há vida
há morte

poesia
também pode ser festa
mas com bebida forte

*Poema reelaborado e republicado

29 julho 2016

O Junho mais Quente da História

Não, não foi o junho gaúcho. O nosso junho, na verdade, foi uma ilha de frio em um mundo onde o mês bateu todos os recordes de temperaturas ACIMA da média. A notícia, inclusive, saiu no jornal Correio do Povo na semana passada.

Segundo a NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), dos EUA, o mês de junho deste ano foi o mais quente desde que se iniciaram as medições de temperatura, com quase 1ºC acima do normal, e foi o 14º mês SEGUIDO com temperatura acima da média.  Confira aqui.

Para os que insistem que não há alterações climáticas, que tudo não passa de invenção dos ecochatos, e que o homem, como sempre, é inocente, o pobrezinho, foi um balde de água fria, ops!, de água quente.

Pois é, lembrando que os cientistas alertam que 2015 foi o mês MAIS QUENTE já registrado, mas que ainda pode ser superado por 2016, se se confirmar a previsão de um final tórrido de primavera e início de verão no hemisfério sul. Aliás, a tendência é que 2016 e 2017 sejam os anos mais quentes da história, conforme a agência meteorológica do Reino Unido. (Aqui).

Mas ninguém tem culpa de nada. 

27 julho 2016

Rico só dá pra rico

Poema escrito em 2015, para o qual o momento em que vivemos tem dado ainda mais razão. Então, republico-o.

dinheiro chama dinheiro:
que quem o tem quanto mais
no quanto mais quer retê-lo
(e esse é seu único anelo)

e te percebas que os ricos
sempre se unem a outros ricos
que se protegem em mútuos
pois o que importa é seus lucros

então conclui-se que os ricos
por em tudo estarem juntos
(sendo a menor minoria)
mantêm sua merda em dia

mas o pobre que é mais número?
foi convencido que é nada
que não pode apoiar pobre...
é a regra: pobre se fode


25 julho 2016

O Grandioso Cu dos "Sábios"

I - lá vão os “sábios”
do nosso tempo
com sua baba aba(o)stada
de sabão:
falam e fazem espuma
julgam quem sangra ou noite oufuma
mas mantêm firmes
enquadrados no sofá
os limites do seu bundão

II – lá vão os “sábios”
vivendo de alfafa e alfarrábios
para tudo eles têm solução:
“é só fazer o que eu faço:
enfiar no cu pelo umbigo
tudo que for além do que digo
e deus-o-livre um palavrão!”

III
– lá vão os "sábios"
posudos podados peidados
de tanto manuais cartilhas e bulas
solenes sensatos e pulhas
com algemas correntes cadeados
para prender a vida
nas suas mentes “desta bitola”
e ensinar à vida, como esmola
como se deve viver
e por fim lhe dizer:
“eu não tenho razão?”

IV
– e lá vão os “sábios”
(que mal conhecem
o perfume dos lábios...)
para colocar o ser
o cosmos
a consciência infinita
num saquinho de ração



22 julho 2016

O homem é um rato ou um raro?

falta-nos humanidade
ou humanidade é o que é:
o isso que nos falta?

o homem é isto
ou homem é o que não se foi?
ou o que já se foi?

homem é a árvore que não cresceu
ou é a semente apodrecida?

ou o homem
é uma única árvore
que cresceu entre o adubo
de sementes podres?

o homem
são os ratos sub-humanos
os raros sobre-humanos?


20 julho 2016

Lições dos Bichos

há algo no voo do pássaro
que nos lembra que não vivemos

há algo na pata do puma
que nos lembra que nos perdemos

há algo no olho do corvo
que nos lembra que nem sabemos

há algo no canto do sapo
que nos lembra que nos fodemos


17 julho 2016

Aos Vícios ("Todos somos ruins, todos perversos.")

Trechos deste "insultante" poema de Gregório de Matos, o sempre atual Boca do Inferno:
Eu sou aquele que os passados anos
Cantei na minha lira maldizente
Torpezas do Brasil, vícios e enganos.

De que pode servir calar quem cala?
Nunca se há de falar o que se sente
Sempre se há de sentir o que se fala.

Isto faz a discreta fantasia:
Discorre em um e outro desconcerto
Condena o roubo, increpa a hipocrisia.

O néscio, o ignorante, o inexperto
Que não elege o bom, nem mau reprova
Por tudo passa deslumbrado e incerto.

E quando vê talvez na doce trova
Louvado o bem e o mal vituperado
A tudo faz focinho, e nada aprova.

Diz logo prudentaço e repousado:
-Fulano é um satírico, é um louco,
De língua má, de coração danado.

Se souberas falar, também falaras
Também satirizaras, se souberas
E se foras poeta, poetizaras.

A ignorância dos homens destas eras
Sisudos faz ser uns, outros prudentes,
Que a mudez canoniza bestas feras.

Há bons, por não poder ser insolentes,
Outros há comedidos de medrosos,
Não mordem outros não? -por não ter dentes.

Quantos há que os telhados têm vidrosos,
E deixam de atirar sua pedrada,
De sua mesma telha receosos?

Todos somos ruins, todos perversos,
Só nos distingue o vício e a virtude,
De que uns são comensais, outros adversos.

Quem maior a tiver do que eu ter pude,
Esse só me censure, esse me note,
Calem-se os mais, chitom, e haja saúde.


15 julho 2016

“Já bem me basta o horror de tudo quanto hei visto.” (Alphonsus de Guimaraens)

eu acredito em fantasmas
acredito em assombrações
acredito em lobisomens e em bolas de fogo
acredito em extraterrestres

acredito em fadas, duendes e sereias
acredito em sacis, mães d´água e curupiras
acredito em silfos, gnomos e ondinas
acredito

acredito em anjos, arcanjos, potestades
acredito em Lúcifer e em seus demônios
acredito até em Deus!

só não acredito no ser humano.

13 julho 2016

Despromessa

que minha poesia
(se é foda
ou se é vadia)
seja qualquer vão de hospício
faz de conta
sem um conto
lá pros quintos
dos abismos

que minha poesia
(seja funda
seja vazia)
não tenha nenhum compromisso
nem com compras
nem promessas
nem comícios

que minha poesia
não seja
nem cela
(daquelas que seguem regras)
nem sela
(daquelas que alguém encilha...)

a minha poesia
que só seja ela
e quem me dera
(ah, falta da minha estrela)
eu fosse sê-la

11 julho 2016

Divina Ironia

I - pensei,
ondeando os olhos
de Marya:
será que na  Luz
também há ironya?

II
- ouro de tolos
presentes aos não-presentes
dádivas aos não-pedidos
e carne para os cervos

a Verdade
dá nos nervos

III - o mais de vida na vida
é a vida devida
ou a devida vida?

IV - nada de sina mágica:
só ilusório ótico.
não entendeste?
ótimo

09 julho 2016

Noite pra Sempre

quem dera minha vida
fosse sempre noite
como um Stabat ou um Salve
de  Giovanni Battista
Pergolesi Reiffer

sempre noite
em segredo e medo
(num eterno ainda é cedo)
e eu não tivesse
que dizer mais nada
só um poema sem forma nem ritmo
como esta minha vida
sem fôrma nem trilho
sem norma nem brilho
noturnizada

fosse sempre noite
lagoas de música e álcool
vapores de vinho e de fumo
asas de precipício e céu
que viver não passa de morte
entre o sem nada e o sem rumo

que fosse sempre noite
aquela beira do fatal e do adiante
nunca a manhã que nunca é minha
que a esperança só existe
quando se está bêbado
e à merda todos os sênsatos
cágados autômatos

quem dera minha vida
fosse sempre noite
ou seja
fosse sempre vida



07 julho 2016

Escrever é gerar ideias. São as ideias que agem.

"Tu escreves muito bem, mas o que fazes além de escrever, qual a tua contribuição para a sociedade?" Essa pergunta é comumente feita a quem escreve. Principalmente se quem escreve não vive de escrever, ou seja, não é remunerado por isso. A mim, já a fizeram tantas vezes, quase sempre com um tom de crítica e/ou de reprovação, que decidi por escrever este texto.

A pergunta acima pode ser entendida em dois aspectos. No primeiro, entende-se que, para o interlocutor, escrever não é e não pode ser uma profissão e/ou um trabalho. Talvez realmente não seja. Como escreveu Thomas Mann, um dos gênios da literatura alemã: "Literatura não é profissão; é maldição." 

No segundo aspecto, depreende-se um entendimento que revela uma total ignorância do que é escrever, seu significado, sua importância. Quem faz esse tipo de pergunta tem em mente que escrever não leva a nada, somente a "ação" é que leva. Ou seja, toda e qualquer escrita seria inútil, ou  então o escritor teria que escrever e logo em seguida praticar alguma "boa ação" na rua para seu texto ser válido. Porque não haveria valor no ato de escrever em si. O que aqueles que assim pensam não levam em conta, por ignorância ou por maldade, geralmente os dois,  é que não existe ação sem pensamento refletido. Ninguém pode agir no mundo, ou na sua própria vida, com o intuito, é claro, de melhorá-los, sem ter pensado sobre isso. Se o faz sem ter em conta uma ideia, um pensamento, uma reflexão, não chegará a lugar algum. E o que é a escrita, seja em forma de prosa ou de poesia, senão, quando bem feita, uma grande e profunda reflexão e uma geração de ideias, de pensamentos e de impulsos psíquicos para se fazer qualquer coisa?

Quem realiza uma ação, precisa de um impulso psíquico para isso, seja no campo mental ou no emocional. As artes, seja literatura, seja música, seja pintura, enfim, criam esse impulso a que me refiro. Ele age no campos das ideias e da sensibilidade, e só então, mais tarde, é que se materializará em uma ação. E a literatura, por combinar muito bem processos mentais com emocionais, acaba sendo um dos maiores poderes de geração de ideias.

De modo que são os escritores que geram as ações. Essa é a contribuição deles. São ideias que mudam o mundo, que revolucionam, que criam. Enfim, são ideias que fazem as coisas; ações são meras consequências. Como já escrevi, "a palavra vale mais do que o ato". Claro que as ideias precisam ser efetivadas em ações. Mas há os que agem e há os que geram ideias. A função do escritor é a segunda.

Tarefa ingrata, afinal, a de escrever. Mais ainda no Brasil. Como disse Mann: é maldição.


05 julho 2016

A Privatização da Educação e um Poema de Bertolt Brecht

Sartori quer privatizar a educação gaúcha. Não de uma hora para outra, não tudo de uma vez. Mas aos poucos, gradualmente, para que tudo ocorra de forma "aceitável", ou, "na moita" mesmo. Se é dessa forma, é porque não é bom. E é óbvio que não é. O que pode haver de bom em deixar em mãos interesseiras, gananciosas e irresponsáveis, como é grande parte da iniciativa privada, toda a educação de um estado? Que tipo de ideologia será pregada nas escolas? A de não formar pessoas pensantes e críticas, mas apenas "máquinas" prontas para o trabalho? Formar mão-de-obra qualificada e imbecilizada, que dê lucro para os chefes sem questionar? Como diria o presidente interino: "Não pense em crise, trabalhe."?

A greve do magistério no RS, que já dura mais de 50 dias, e constitui, de maneira inquestionável, a greve mais justa dos últimos tempos em nosso estado, tem como UMA de suas bandeiras o combate a essa objetivo estapafúrdio do (des)governo de Sartori. E referente ao assunto, por incrível que possa parecer, publico um poema não de nossos dias, nem escrito no RS, nem mesmo no Brasil. Trata-se de um breve poema de Bertolt Brecht, poeta e dramaturgo alemão da primeira metade do século XX, e uma das vozes mais altas da literatura social de todos os tempos. Confiram o poema composto há mais de 70 anos e sua relação com a situação atual acima descrita:


Privatizado

Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar
e seu direito de pensar.

É da empresa privada seu passo em frente,
seu pão e seu salário.
E agora, não contente,
querem privatizar o conhecimento,
a sabedoria,
o pensamento,
que só á humanidade pertence.


Bertolt Brecht


03 julho 2016

Fazer Parte da Humanidade

fazer parte da humanidade...
ser obrigado por lei
a viver de acordo com a lei
acordada por outros
ter que trabalhar quando não se quer
quando não se pode
quando não se deve
naquilo que não se quer
para fazer algo que se queira

fazer parte da humanidade...
ter que aparentar o normal
parecer como os parecidos
aceitar para ser aceito
e depois se preocupar
se enervar se estressar se matar
para poder viver em paz

fazer parte da humanidade...
passar a vida inteira se cansando
para poder enfim descansar
deixar de fazer o que se quer
para dizer que tem a vida que se quis
e ter que ser responsável
para assumir a responsabilidade
de que se é infeliz

fazer parte...
meu Deus, quanta miséria!
ainda bem
que se faz Arte


01 julho 2016

Todo Mundo é Suicida

todo mundo é suicida.
quem é que não se mata?
quem não morre por?
de vício cobiça comida ou amor?

todo mundo
morre de tanto

“o todo
é o prolongamento do indivíduo” (Kant)
quem não sabe
que a humanidade
é um lento firme vasto suicídio?

todos se destroem
por um desejo
ou um sucesso (a)final

eu não
eu não terei nem prêmio
nem pódio

eu me destruo
para bem ou mal criar:
que não seja em vão
meu suicídio
de tanto me matar



29 junho 2016

Governos Sartori e Temer: o PMDB voltado para o lucro e esquecido da população

Os governos PMDB, tanto o de Sartori aqui no RS quanto o de Temer, estão se demonstrando escancaradamente com um único objetivo: o de favorecer, a todo custo, as grandes empresas e os ramos mais lucrativos do agronegócio. São governos voltados paro o lucro, para a iniciativa privada, e "esquecidos" tanto do povo assalariado, dos mais necessitados, quanto do funcionalismo e dos serviços públicos. Vez que outra apenas, com medo da opinião pública e dos seus índices baixíssimos de popularidade, é que tais governos resolvem declarar uma medida que favorece a população como um todo. O que é raríssimo.

No caso do governo Sartori, a constatação acima torna-se mais do que clara, é ostensiva:  basta, tão somente, observarmos o que o PMDB gaúcho e seus aliados têm promovido com relação aos serviços públicos no RS: descaso brutal, ausência total de investimentos, cortes e atrasos de verbas, desmonte da estrutura pública, arrocho salarial, parcelamento de salários, clima de guerra e desrespeito com o funcionalismo, o que deverá piorar com a recente aprovação da LDO para 2017. No entanto, mesmo com a sonegação fiscal chegando a quase 7 bilhões anuais no estado, Sartori NADA faz para combatê-la, e ainda vem concedendo incentivos fiscais à iniciativa privada de uma forma pouco transparente, enquanto alega ausência de  recursos.

No caso do governo Temer, mesmo com o seu breve tempo no poder, já se pode perceber de maneira indiscutível aquele objetivo que mencionei acima. Quase todas as suas medidas, sanções, projetos, enfim, são para favorecer direta ou indiretamente o lucro privado. Desde a aposentadoria com idade mínima de 70 anos e a "flexibilização" das leis trabalhistas, até as dificuldades que estão sendo impostas para o licenciamento ambiental e a recente permissão para a pulverização de agrotóxicos em zonas urbanas, tudo isso revela uma preocupação única com o lucro. Tudo o mais parece não importar para o nosso presidente interino.

O PMDB e seus aliados esquecem que um país, um estado NÃO SÃO uma empresa, que o objetivo do Estado não é lucrar ou fazer caixa, mas bem atender ao seu povo, aos cidadãos que necessitam da assistência do estado e trabalham e contribuem para isso. Uma nação necessita de pessoas, muito mais do que de dinheiro. São governos desumanos e comprometidos com os interesses das elites, aqueles governos onde os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.

Triste sina a do povo brasileiro.  Aproveito para republicar um trecho de um de meus poemas relacionados ao assunto:

quem crava seus dentes
nas veias cavas macias
das nações indefesas?
o lucro vampírico
(dos chupacabras)
das grandes
em
presas



27 junho 2016

Considerações sobre a Opressão

I - o oprimido
não se julga oprimido
porque acostumou-se com a opressão:
oprimir é fazer-se acostumar

II - opressão é convencer-se
de que ela não existe

III - “saber o seu lugar”
é a máxima da opressão

IV
– o objetivo da opressão
é transformar pessoas em máquinas:
máquinas só cumprem suas tarefas
e nunca questionam sua programação

V – o oprimido
é como a ave
há muito tempo na gaiola:
mesmo quando vê a porta aberta
prefere não sair