Sabem por que o brasileiro, em geral, não valoriza a educação? Por que o brasileiro, em geral, é um imediatista. E os imediatistas acabam se tornando idiotas. Não só o brasileiro, mas o brasileiro parece ser o suprassumo do imediatismo. O brasileiro gosta do que é imediato, daquilo que pode ser visto, visualizado, percebido, enfim, em curto espaço de tempo. O fato tem relação com a Era da Aparência que vivenciamos. Só vale aquilo que pode ser visto, mostrado, ostentado. E, no Brasil, imediatismo e aparência são dois de nossos maiores "valores".
Ora, educação e imediatismo são duas coisas totalmente contrárias. Não se faz educação com imediatismo. Educação não é e não pode ser imediata. Educação é um processo, que exige tempo, investimento, dedicação. Se exige tempo, acaba demorando para se perceber os resultados do processo educacional. Não se pode investir hoje para se colher resultados semana que vem. Então, o brasileiro, como não vê resultado imediato nenhum na educação, não vê nela nenhum valor.
E os políticos sabem disso. Para quê um político vai investir em educação se o que o povo que o elegeu quer ver são resultados imediatos? Para que investir em algo que vai mostrar seus efeitos, por mais grandiosos que sejam, só depois de anos? Não se investe em educação porque não há o que ser ostentado de imediato para um povo imediatista e que só valoriza a aparência das coisas. E assim vamos eternizando nossa imbecilidade, nunca saímos do abismo de ser um país de baixíssima, vergonhosa educação.
O problema é que o povo não sabe que é imediatista. Dificilmente quem é imediatista percebe que o é. De modo que é fácil todo mundo afirmar, inclusive os políticos, que educação é prioridade. Mas no momento em que se necessita do imenso investimento, do longo espaço de tempo, de todo um processo difícil, complexo, para se colher os magníficos resultados da educação bem realizada, ninguém está disposto a pagar o preço.
O mesmo acontece em momentos de greve do magistério, como a que estamos presenciando no RS. Grande parte da sociedade, dos pais, dos alunos não aceita a greve porque está preocupada apenas com os efeitos imediatos da paralisação, como o atraso no ano letivo. Mas não percebe, ou não quer perceber, que greves, protestos, manifestações são instrumentos de melhoria a longo prazo, são formas de reivindicação que buscam não só cobrar e pressionar governos incompetentes e/ou mal intencionados, mas também conscientizar a sociedade de que muitas coisas estão erradas e que algo deve ser feito para iniciar sua modificação o quanto antes.
Porém isso, como tudo na educação, não é imediato. Então, poucos são os que realmente se importam. E segue o Brasil no seu imediatismo e no seu atraso eterno.