16 março 2013

Três Frases


I

quando se Olha
(se quem olha
tem olhar)
se fala
que há um além
da fala

II

já disseram
(Maupassant)
que a alma
está no olhar...
acrescento
que é a alma
quem olha:
quem não a tem
não vê

III

o Olhar
é o palco possível
do impossível

15 março 2013

Papa Francisco e A Profecia dos Papas: Petrus Romanus, o Último Papa

Deixarei para outros a análise do novo papa, o Papa Francisco. Se será um bom ou mau Papa, não estou muito interessado. Seja como for, ele é um ser humano normal com qualidades e defeitos. Vai acertar e vai errar. Mas melhorar realmente a Igreja Católica, em sua essência? Duvido. 

Tratarei de um assunto mais curioso. Real ou não, que julguem os leitores. Escrevo sobre a chamada Profecia dos Papas, atribuída a São Malaquias. Consiste em uma lista de 112 frases curtas em latim, algumas com alguns acréscimos. Cada uma das frases descreveria um dos papas católicos romanos, começando com o Papa Celestino II (eleito em 1143) e concluída com o último Papa, chamado de "Pedro Romano". No pontificado do último Papa a cidade de Roma seria destruída. 

São Malaquias foi Arcebispo de Armagh, Irlanda, e teve uma visão dos papas futuros em uma viagem à Roma, quando foi recebido pelo Papa Inocêncio II. Durante a estadia, São Malaquias registrou as visões em breves sentenças em forma de enigmas. O manuscrito foi depositado nos arquivos da Igreja, sendo descoberto em 1590. No entanto, a biografia de São Malaquias escrita pelo abade Bernardo de Claraval não faz menção à Profecia dos Papas. A Enciclopédia Católica atual sugere que as profecias são falsificações produzidas no século XVI. Há quem acredite que a Profecia dos Papas foi criada por Nostradamus e creditada a São Malaquias. Seja como for, continua sendo atribuída a São Malaquias, bem como outras profecias, como a precisão da data da morte de São Bernardo e a previsão que a Irlanda seria oprimida pelos ingleses, e, quando libertada, desempenharia papel importante na recuperação da fé na Inglaterra.

A Profecia refere-se ao que seria o 109º papa a partir da profecia, ou seja, o papa João Paulo I, com a seguinte frase: "Salve amore, pater nostro, mediatore sactissimo, presunta victima", que seria: "Salve amor, pai nosso, santo mediador, futura vítima". É ainda acrescentada a frase: "O pastor da laguna; seu reinado será tão rápido como a passagem de uma estrela cadente." Lembro que este papa, considerado um homem justo e compromissado com os bons ideias da Igreja, tentou livrar o Banco do Vaticano da influência da Máfia italiana. Morreu cerca de um mês após assumir. Acredita-se, hoje, que foi envenenado através de um chá. Ou seja, assassinado.

Com as palavras:  De Labore Solis Optimo - ou "Excelente Trabalho do Sol.", a profecia fala do 110º papa, ou João Paulo II. Bem, não há como negar que João Paulo II foi um incansável trabalhador em prol das crenças da Igreja e pela paz mundial. Quanto ao 111º papa, o Papa Bento XVI, a profecia o trata como "Gloria Olivae", ou Glória das Oliveiras. O papa Bento foi líder da Ordem dos Olivetanos. A oliveira é um símbolo dos beneditinos, como o era o papa Bento XVI. 

Finalmente, chegamos ao 112º papa, o último segundo São Malaquias. Este seria o recém escolhido papa Francisco. A profecia diz o seguinte: "Tu, in desolacione suprema sede. Ecce Petrus Romanus, ultimus Dei veri Pontifex!" Ou seja, "Na suprema desolação, reinará Pedro Romano, o último papa do Deus verdadeiro!” Ainda é acrescentado: "Apascentará suas ovelhas entre muitas tribulações, e depois disto, a cidade entre sete montes (Roma) será destruída e o juiz terrível julgará o povo".  

Mas o que isso teria a ver com o papa Francisco? Ele seria chamado por São Malaquias de Pedro Romano. Bem, o que se sabe é que  Jorge Mario Bergoglio adotou o nome de Francisco, que seria uma homenagem a São Francisco de Assis. Porém, o verdadeiro nome de Francisco de Assis é Giovanni di Pietro (Pedro) di Bernardone. São Francisco nasceu na Itália, em 1182, na época em que ainda fazia parte do Império Romano do Oriente. Seria, portanto, um romano. Há a curiosidade também de que São Francisco, ao iniciar sua nova vida, trabalhou como pedreiro, ajudando a reconstruir igrejas nos arredores de Assis.

Outro ponto é que o papa Francisco veio da Argentina, e o próprio papa comentou:  "Foram quase até o fim do mundo para me buscar". Na Profecia de São Malaquias sobre o papa Pedro Romano há um acréscimo feito em 1527 pelo Monge de Pádua, que diz o seguinte: "Ele chegará a Roma de uma terra distante para encontrar tribulação e morte."  

Finalmente, alguns ainda fazem referência ao "Papa Negro", mencionado em algumas profecias como o último papa. Relacionam ao Papa Francisco por ele ser um jesuíta, e, segundo José Oscar Beozzo, estudioso da história da Igreja Católica na América Latina. "Os superiores jesuítas sempre foram chamados de 'papa negro'." Sabemos que os jesuítas usam batinas negras.

Simples coincidências, interpretações forçadas e/ou errôneas ou sutilezas da realidade das profecias? Tudo é possível. Ou não? Mas o tempo deverá nos dizer. 

13 março 2013

Cobrança


cobram-me que eu saiba
que o homem é essencialmente
nobre

mas podre
e coberto o coração de moedas
o homem
só ouve um sino
de cobre sujo
de toque mudo
sem dobre

cobram-me que eu saiba
que o homem é infelizmente
cobra

antes fosse
e talvez tivesse
sabedoria de sobra

mas pobre
e coberto o coração de moeda
o homem é tão somente
cobre

11 março 2013

do Fracasso


a minha parte
do que está
é a parte depois da parte
quando já não estiver

já sei o que foi estado.
o que será
o que é mais do que já é?
então não posso
estar com o que está
vou-me em outro passo
pé ante pé

nem sei porque digo
que passo...
talvez  por eu ter
que passar-me
e olhar-me
onde ninguém me vê

no todo formado de parte
tenho a última máxima extrema
que é o estado do Nada
e do só
onde o sucesso é pleno
por ter se tornado vento
e tornado de pó


por isso
porque eu quereria
que me ouças?
ou esperaria o que me espera:
o meu objetivo
é ele não ser alcançado
(quem me alcança?)
e assim já o tenho
no nada em que me faço:
o que é a vitória
além do não se importar
com o fracasso?

10 março 2013

O Desastre das Hidrelétricas no Rio Uruguai

Já escrevi aqui no blog sobre a implacável destruição e a irreversível perda de biodiversidade que as hidrelétricas têm causado ao planeta, em particular ao nosso país. Afirmei que a construção de hidrelétricas são crimes permitidos por lei. E continuo afirmando. E o jornal Correio de Povo de hoje trata do assunto, corroborando minha opinião. O jornal aborda a questão do impacto de duas hidrelétricas que estão para ser construídas no rio Uruguai, em territórios do RS e da Argentina, as de Garabi e Panambi. A seguir, alguns dos impactos. Não me parecem muito agradáveis:

1 - A área alagada será de 73,2 mil hectares, a maioria de florestas e de parques de conservação da biodiversidade, algumas delas contendo os últimos remanescentes da Mata Atlântica do interior do continente, que abrangem mais de 1,5 mil espécies, sendo várias em risco de extinção.

2 - Serão desalojadas 12,6 mil pessoas.

3 -  O magnífico Salto do Yucumã (na imagem), considerado o maior salto d'água longitudinal do mundo (queda de 1,8 quilômetro) corre o risco de desaparecer. Além de vários balneários e trilhas ecológicas.

4 -  O professor da UFRGS, Paulo Brack, afirma que o rio Uruguai não será capaz de sustentar todas as hidrelétricas planejadas. "O caudal de água para geração de energia já não é tanto assim. Os reservatórios das hidrelétricas já construídas têm ficado em nível crítico nos últimos verões".

5 - A população de peixes, que já vem se reduzindo drasticamente nos últimos anos, sofrerá perdas irreversíveis. Segundo o professor Brack, com o desaparecimento do Salto do Yucumã, desapareciam também, para sempre, as populações remanescentes de peixes como dourado, surubim e grumatã, que necessitam das corredeiras para a piracema. Além disso, pescadores dizem que a construção de hidrelétricas está destruindo as margens do rio, pois quando as comportas são abertas, a descida violenta da água arrasta tudo o que encontra pela frente. Inclusive redes de pesca com os peixes. 

6 - As águas paradas dos reservatórios das hidrelétricas são bastante propícias para o desenvolvimento de mosquitos e caracóis responsáveis pela transmissão de doenças como febre amarela, leishmaniose, doença de chagas, dengue, e várias outras.

Na Argentina, os moradores da região estão contestando duramente a construção das barragens. Dizem que não há falta de energia, mas sim, má distribuição da mesma. Fato semelhante ao que ocorre no Brasil. Aliás, o Brasil desperdiça muito mais energia do que a Argentina. O desperdício de energia elétrica na Argentina é de cerca de 10%. No Brasil, ultrapassa os absurdos 20%, conforme dados do Tribunal de Contas. E engana-se quem pensa que a maior parte dessa energia seja para a população. Mais de 50% da energia elétrica é consumida pelas indústrias. Que desperdiçam enormes quantias. 

E quem paga o preço? As populações, as florestas, os seres vivos.  E o que está sendo feito para evitar esse desperdício? O que é feito para se preservar os nossos rios? Precisa-se mais de hidrelétricas ou mais de rios? Que tipo de desenvolvimento surgirá com tais "progressos"? 

Triste. Profundamente triste é ver como, lentamente, o planeta morre. Em nome do quê?


08 março 2013

Não Creio


não creio
na humanidade.
creio em alguns raros
membros da humanidade

não creio
que todos os humanos possam.
possam o quê?
ser melhor do que humano
ir além do que se é

seria o universo uma grande colheita?

afinal
se se acredita
que de milhões de planetas
se colhe um com vida
então
de milhões de humanos
se colhe um com alma

06 março 2013

do Amor


o amor?
alma
ou arma?
amar tê-lo
ou desfazê-lo
a martelo?

pesadelo
de amargor
amarelo?

maremoto
e maresia?
ou marcescível
margarida?

o amor...
traiçoeiro?
rubra aranha
armadeira?

ou amora
ou aroma
de ar madeira?

o amor
só se for
a mar fundo...
de armadura

mas amar...
amargura

04 março 2013

A Mozart e Seu Réquiem


I

que o inicial coro
entre os fins
nos vele...
tiveste
que sentir o fim
no próprio couro
e a morte
na própria pele

II

sepultaram-te
mísero e só
sem piedade...
há um preço a pagar
ao se salvar
a humanidade

III

entre todos na música
a mais viva
a mais luminosa
foi a tua lira...

dizem
que Deus é irônico:
será o teu Lacrimosa
entre aquele
Dia de Ira

02 março 2013

O que Ouve?


silêncio
no que há em torno
do que me vou tornando

observo
(silente)
o som oculto
que cultuo
em tudo
que  não se revela
(a chama que queima
surge do o quê da vela?)

aquilo que desejo
deseja de mim que algo
e por qual onde?
por que desejo um algo
que vejo
e após outro
que se esconde?
e o que desejo
por que silencia?

e o que é que calava
entre tua voz que sorria?

o que forma tornados em torno?
o que ouve naquilo que houve?
e qual o distante do longe?

há algo mais
ou de menos?
verbo que verba
silentes sinais
que algo há na tua voz
ou um vós
que não escutais?

01 março 2013

Poema Ridículo


I

de piada em piada
e em vazio
sobre vazio
ainda querem
que eu acredite
no brasil

II

de merda em merda
e de tempestade
em tempestade
ainda querem
que eu acredite
na humanidade

III

de cigarro em cigarro
e de fósforo em fósforo
só assim
para aguentar  o humano
e suportar o próximo

28 fevereiro 2013

Soneto Distante


sentido que existe além do meu corpo
leva-me a um algo distante pressinto
mais do que vida que mato e que minto
fora do tempo em que furio-me morto

olhei para o longe com um vasto absorto
e todo meu olho era um trago absinto
filtro de névoa onde houvesse um distinto
e o sonho não fosse um fétido aborto

findo este mundo, para onde o que digo?
que há de eterno entre o som dos olhares?
que é que se colhe da essência do trigo?

sentido que capta além dos pensares
como que sinto a que sinta contigo
quando no sangue vier te vingares?

27 fevereiro 2013

Santiago: Prefeitura Municipal embeleza o Centro e esquece os Bairros

Que quase toda a política é baseada na hipocrisia e na mentira todos sabem. Portanto, nem preciso falar a respeito. Irei apenas lembrar de que isso, pasmem! também acontece em Santiago!!! Que coisa, não?

Sim, meus amigos, o governo municipal de Santiago, ou o PP, durante o ano de 2012, COINCIDENTEMENTE ano de eleições municipais, preocupou-se muito em  asfaltar, enfeitar e atulhar de penduricalhos o centro da cidade, deixando tudo muito chamativo e vistoso aos olhos dos eleitores fascinados e dos turistas desavisados. Não culpo o governo municipal, pelo contrário, até acho que ficou tudo muito bonitinho, e não sou contra a beleza, obviamente. Afinal, vivemos a era da imagem. Muito embora me pareça que o serviço tenha ficado incompleto, não havia verbas para asfaltar mais ruas? 

Porém, quando se tratava de ruas de bairros, muitas sem calçamento, quem dirá asfaltadas, cheia de pedras e buracos, o governo do PP ficava na promessa: "ah, logo logo isso será resolvido, logo vamos calçar. Em novembro começaremos o trabalho de calçamento".  Deve ser em novembro de 2016, nas próximas eleições. As ruas continuam do mesmo jeito, até piores. E não são só as ruas, mas também terrenos e espaços da prefeitura, visivelmente mal cuidados e cobertos de matagal. 

E nem vou falar de algumas estradas no interior do município...

25 fevereiro 2013

do Assassinato


sonhar o sonho sem sê-lo
(ele é que o é)
nunca ser o sonho sonhado...
o sonho é o sonho
o que acontece é o que acontece
realizar o sonho
é asfixiá-lo
abaixo do esperado

que o sonho seja sonho
e não o desejo do que ele seja
por que querer
que o sonho desça de sua esfera
e construa prédios na terra
no meio da feira?
não passará de poeira

o sonho é seu próprio selo:
realizá-lo é desautenticá-lo
e perdê-lo

querer que o sonho
se concretize
é como aprisionar
a liberdade do cavalo:
insuflar esperança
e dar vida ao sonho
é assassiná-lo

24 fevereiro 2013

Dois Profetas

Manuel Bandeira escreveu o poema Nova Poética em 1949. Porém, creio que em 2013 o poema está ainda mais atual. E provavelmente o será ainda mais nos anos vindouros. Um poema profético. Cada vez mais a poesia, a arte, deixa de ser orvalho para ser nódoa. Cada vez mais assim é a nossa vida. Confiram:

Nova Poética

Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito.
Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco 
muito bem engomada, e na primeira esquina passa um caminhão, 
salpica-lhe o paletó ou a calça de uma nódoa de lama:

É a vida.

O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.
Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas,
as virgens cem por cento e as amadas que
envelheceram sem maldade.

Manuel Bandeira


Profético também é o poema a seguir do poeta alemão Heinrich Heine (na imagem acima), que viveu entre 1797 e 1856. Não é perfeitamente adequado para os nossos dias?

Acreditava antigamente
Que todo beijo que me tiram,
Ou que recebo de presente,
Fosse por obra do destino.

Deram-me beijos e beijei,
Antes com tanta seriedade,
Como se obedecesse às leis
Que regem a necessidade.

Agora sei como é supérfluo
E não me faço de rogado,
Vou dando beijos em excesso,
Incrédulo e despreocupado.

Heine

22 fevereiro 2013

E Ela Falou o Seu Nome


Perambulava pela noite, mas era como se algo onírico. Um algo inflamado. Um algo de fatal pairava .  Instante de impossível suportar minha alma. Insatisfeito e irremediável. Um sonho medieval, ou alucinações inconformadas. E a escuridão sempre noturna. Vagavam entre longínquo. E ainda mais longínquo distanciava o que eu sentia. Todas tempestades. Invisível violência. O debater-se entre nuvens avermelhadas, febrentas repletas. Trovão e inconsolável. Foi então que a encontrei.

  Ela abrira a porta do antigo casarão. Sedutoramente a entrar. Aquele algo que me envolvia, como se não houvesse perigo, que é o que ocorre quando o perigo pressente. Aterrorizava-me a contemplação quando antes da porta, mas em interior a sublimação de magias do incompreensível. Hipnotizei-me. Aroma delicioso de desconhecido e delírio. Alucinógeno anatural.  Sobrenaturalidades inaladas. Atmosferas-auras e pesadelos, vidas e mortes, luz astral queimando pulmões. Ela carregava-me. Em ambíguos sentidos. 

Ambiente febricitante, e por entre estranhezas de luminosidades, meus olhos ardentes, lácrimas. Distinguiam coisas que não sei nomear. Tudo não possuía nome, aqui onde vida vivida ao dia. Não conhecemos aquelas coisas. Indizível arrancando meus cabelos. O absurdo... o Absurdo. Mas afirmo que vi. Infinitas. Meu coração que não era, em vertigens.  Perturbavam como devastação. Entorpecido como quando venenos ofídicos de éter. A céus e a infernos cada vez... ela dirigia meus olhos desvanecidos vapores.

Instante supremo insanidade espiritual. Refulgiu pelo mistério tempestuoso clarão de íris. Contemplar o que até então me fora incontemplável: face e olhos dela. Sobre-humana. E foi que a amei. Daquela face onde micaeles e lucíferes, olhos fundos de Desconhecido. Mudavam de cor, raios nucleares e flechas. De essência e de mônada.

Cantos e gritos canhestrando-se em demência. No porém, belos. Em excesso para suportáveis. Enlouquecia-se, como forma de penetrar. E aqueles seres nunca-vistos... Na tensidade de escuridão, escuro iluminado. Sinfonia de ciclônicos, vulcânicas em forma de relâmpagos. Um algo que se extasiava aos olhares.  Do fogo dela. Compreendi que estaria ligado.  Em maldição e sublime àquela mulher.  Para a eternidade finita ou infinita.

E desejava saber quem era. Qual mulher? Que mulher? Loucura de filtros feitiços? Cura de aumentar doença?  Arrastei o roxo do meu manto. Pisavam tortura e saudade. Enigmas arcânicos do que não. Abalo sísmico anímico. O que se oculta entre universos não versados.  Vapor sanguíneo de rosa e horror. Pesar e fronte ensandecida. E o desespero.

Esquisitas angústias de energias e abracei o coração daquela mulher, beijei, durante marcha fúnebre. Seus lábios em lava. Pelas janelas do meu transtorno, do inspirar sem limites, eu via a tempestade e o fim. Ao redor do meu ser e do que ela era erguiam-se as deleitosas ameaças e fantasmas, fulgurações de espectros e astros vermelhos. 

E num murmúrio, plenitude fantástica da demência, perguntei aos ouvidos da mulher.  Aos extremos cósmicos... Eu perguntei o seu nome. Disse-me, mas em furacão. Senti-me dessalvo. E o seu nome era Arte.  

(Na imagem, o quadro "Vênus Adormecida", de Paul Delvaux)

21 fevereiro 2013

A Arte não é Valorizada porque Provoca a Reflexão

Transcrevo trechos da coluna Crônicas da Cena, de Caco Coelho, publicada no jornal Correio do Povo em 16 de fevereiro:

"Nossa arte nunca foi valorizada, pois é uma característica da arte levar o cidadão à reflexão. Esse perigo que a arte pode provocar foi sempre o motivo pelo qual os governantes e, mais do que os governantes, a iniciativa privada e os donos do dinheiro dificilmente quiseram ter suas atividades vinculadas com o movimento cultural. Se não, por que a grande maioria das empresas não investe mesmo obtendo 100% de abatimento no imposto devido? 

No Brasil, durante os anos de chumbo da ditadura militar, que mandou no país por longos 20 anos, duas empresas de comunicação, uma rede de televisão e outra de mídia impressa, foram locupletadas com as benesses do poder em nome de subserviência editorial. Mais do que desconhecer problemas históricos, fomos levados a prestar atenção a fatos absolutamente desprezíveis, sem valor humano nenhum, nenhum."

Caco Coelho

O Big Brother e os que assistem ao Big Brother estão aí para provar o que afirma caco Coelho.

19 fevereiro 2013

Contra Governos e Leis e Autoridades


I

governo
é o empregado
pago e autorizado
por todo o povo
para mandar no povo
em benefício de alguns
que fazem do povo
um bando de nadas
e de nenhuns

II

lei
é estabelecer
que todos são iguais
desde que não
sejam os alguns
para que o povo
se iguale sempre ao povo
e jamais
se desiguale do seu nada
a lei é a ordem
e a ordem
é sempre se manter
dentro dos limitados
limites da estrada

III

autoridade
é o imbecil
escolhido entre imbecis
amparado por imbecis
aplaudido por imbecis
para tentar impedir
que os grandes
combatam os imbecis
(e acima de governo e lei)
ponham os pingos nos is


18 fevereiro 2013

A Pintura e os Extraterrestres

Há alguns anos, escrevi o seguinte aqui no blog:

Muito se tem falado sobre narcisismo. A humanidade é quase que cem por cento egoísta. No entanto, muitas manifestações mais amplas e gerais desse narcisismo não são percebidas ou comentadas. Adoramos nosso próprio umbigo individual ou coletivamente. Tal afirmação pode ser aplicada a um simples indivíduo, que anseia por adorar-se de alguma forma (todos nós nos adoramos sob determinado aspecto, em maior ou menor grau), ou até mesmo a toda a civilização, desde os tempos em que se julgava a Terra como centro do universo. Hoje, sabemos que não somos o centro, contudo agora transferimos essa crença egocêntrica para a ideia de que a humanidade é a única civilização inteligente em um universo onde existe um número infinito de mundos, e, portanto, de possibilidades. 

E cremos que os extraterrestres, se existirem, necessariamente são seres que devem satisfações a nós, que são obrigados a responder aos sinais que enviamos ao espaço, que devem declarar abertamente a nosso povo de víboras altamente confiável: “Olá, nós estamos aqui!” Se não respondem, é porque não existem. Estamos seguros de que somos os seres mais evoluídos e inteligentes do cosmos, dotados de uma insuperável autossuficiência intelectual e científica, e jamais passaria por nossas mentalidades pequenas e arrogantes que um ser alienígena pudesse não estar interessado em fazer contato com uma civilização atrasada, decadente, perversa e suicida como a nossa, e que preferisse estudar-nos como se estudam animais: um animal não sabe que está sendo estudado... 

Até acima meu texto repostado. Muitos afirmam que não existem provas da existência de extraterrestres. Em se tratando de provas materiais, admito. Mas e quais são as provas de que eles não existem? No entanto, há inúmeros indícios de que sim. Nem entrarei na questão das provas que se supõe ocultadas da população pela NASA e outras agências espaciais e instituições militares por motivos de segurança nacional. Há tais provas ou não? Claro que a Nasa, governos e militares negam. Seja como for, confiar-se cegamente em informações da Nasa, de governos e de militares é, para mim,  algo até mais absurdo do que se acreditar em extraterrestres.

Um dos indícios mais fortes são as construções de civilizações antigas como as dos egípcios, maias, astecas, incas, das antigas civilizações de Malta, e várias outras, onde permanece o mistério intrigante de como elas foram erigidas, se, até onde se sabe, exigiriam tecnologias avançadíssimas que não existiam na antiguidade. Basta que se pesquise sobre o assunto para se verificar que há fatos assombrosos na questão.

Além disso, há as pinturas antigas. Acima, deixo uma, um detalhe de "A Madona e o Menino", de Fellippo Lippi, pintada no século XV. O que seria aquele objeto voador?.  Que cada um tire suas conclusões. Mas o leitor poderá conhecer diversas pinturas antigas onde há outros objetos voadores não identificados neste site: Arte Ufológica


16 fevereiro 2013

Um Breve de Sangue

desde
o morcego que lambe
o massacre no ringue
o cenário de açougue
a vingança de gangue

Cristo na cruz exangue!

o micróbio da dengue
as granadas e o tanque
até o lábio já langue...

o que importa é o Sangue.