21 março 2012

Do que me restou de Humanidade...

o que me restou de humanidade
é o que me foi sem ser tirado
dos debaixos dos meus pés

o que os homens conhecimento dizem
é caminho sempre mais para vazio
e punhados de gotas de pós

o embrutecimento de todos os sentidos
no sem-sentido que proclama flâmulas
por  horizonte que não é

o solene sufocamento do que Ideal
que substituídos por  feijões no prato
nos queima desde lá de céu

intelectos entupindo éteres coronários
e pedaços de nadas em palavra morta
querendo dizer o que não são

o que foi que viveram no lugar da vida?
e que me dizem do som de que esfera há?
mas eu ainda acredito em Bach.

(Minha humilde homenagem ao Pai da Música Moderna, Johann Sebastian Bach, que hoje, 21 de março, completa 327 anos.)

20 março 2012

de Números e de Cosmos

há sempre (o) um que é o último
(último não no ser do que é
mas para aquele que sabe do que é
sem saber do seu ser)

por mais infinitos que sejam os números
ninguém os conta para sempre...
por mais infinito que seja o cosmos
ninguém o percorre no seu todo...
(ao menos não como sendo o que se é)

mas se o cosmos é infinito
o que é afinal isso de ser?
se eu estou aqui
por que um outro não pode estar lá?
e por que um outro lá e não eu?
o que existe infinitamente
pode existir e ser como sem-limite
e tudo pode (deve) ser possível:
dizer “é infinito”
é sustentar que tudo existe

mais ainda assim
há um momento
em que não mais
há sempre um último
em tudo que é
(ou que não foi)
que pode ser o primeiro
de um outro outro
mais acima
ou mais abaixo
em que não acho...

mas (e) há uma inviável volta
após uma derradeira vinda...
quem dera este poema
ainda dissesse mais
(e talvez diga)
mas ele aqui se finda

 (Revisão do poema de mesmo título publicado em 20/06/2011.)

17 março 2012

Ainda mais Comigo

aquilo que é dito
é dito apenas para si mesmo
e para quem é como o si mesmo
porque já o era assim
antes daquilo que foi dito

ninguém quer ser con(vencido)
e menos ainda
quem já é convencido

cada um tem sua própria verdade
e só se convence daquilo
que convence sua própria verdade

quem sabe
sabe apenas para quem sabe

então
por que é que digo?
para que a minha verdade
seja ainda mais comigo

16 março 2012

Falta de Água Ameaça a Humanidade

O editorial do jornal Correio do Povo do dia 13 de março comenta sobre o alerta dado pela ONU sobre a escassez de água em nossa planeta, que já está ocorrendo, mas que, certamente, ficará bem pior. Todos sabemos que a população mundial ainda cresce em um ritmo muito acelerado, já somos mais de 7 bilhões. E o pior é que a demanda de água cresce em um ritmo ainda mais rápido que o da própria humanidade. O resultado é trágico, obviamente. 1, 1 bilhão de pessoas já vive sem água de qualidade aceitável. Número que aumenta rapidamente.

Os cálculos da ONU dizem que em 35 anos estaremos consumindo TODA a água doce existente no planeta. A água não pode ser criada, apenas reciclada. O homem, que cria tantas bugigangas tecnológicas, não pode criar a simplicidade genial da água. Então, meus amigos, segundo a ONU, dentro de 35 anos não haverá água potável no planeta que não será utilizada ou desperdiçada. Logicamente, a demanda da água não é só para beber, mas para a irrigação de plantações, produção de energia elétrica, para fins sanitários, para a indústria... E pior, essa água é muito mal utilizada.

Deixo um exemplo de como a água é mal utilizada até mesmo nos países de 1º mundo: para povoar áreas desérticas, é comum retirar água do subsolo. Mas essa estratégia é perigosa, sobretudo porque esses reservatórios subterrâneos, chamados de aquíferos, se renovam muito mais vagarosamente do que rios e lagos. O aquífero de Ogallala, por exemplo, a maior reserva de água dos Estados Unidos, com mais de meio milhão de quilômetros quadrados, é drenado por mais de 200 mil poços, em um ritmo 14 vezes superior ao que a natureza gasta para restituí-lo. O resultado mais óbvio disso é que o aquífero  irá secar. E os efeitos dessa retirada vão mais além. A drenagem de aquíferos subterrâneos pode baixar o nível de rios e lagos e causar ou agravar a desertificação. Já comentei aqui no blog que milhões de hectares de terra fértil se tornam áridos a cada ano. E eu não vou nem falar nas alterações climáticas. 

Abaixo, alguns dados sobre o grave problema da água, segundo a ONU:

-  Nos países em desenvolvimento, 90% dos esgotos são jogados nas águas sem o menor tratamento;
-  Hoje, há mais de 500 conflitos envolvendo disputas pela água, inclusive com uso de força militar;
-  Todos os anos, de 300 a 500 milhões de toneladas de metais pesados, solventes, produtos tóxicos e outros tipos de dejeto são jogados nas águas pelas indústrias;
-  Cerca de 2 bilhões de toneladas de lixo são despejados em rios, lagos e riachos TODOS OS DIAS;
-  Vazamentos, métodos obsoletos e desperdício drenam cerca de 50% da água usada para beber e 60% da água de irrigação;
- Há hoje 2,4 bilhões de pessoas, ou 40% da população, sem condições adequadas de saneamento básico;
- Se o consumo não se alterar, duas em cada três pessoas estarão vivendo em condições de escassez em 2025;
- Como todos sabem, o Brasil é o país que possui  mais água potável disponível. Nossos rios reúnem 18% do volume fluvial mundial. O mundo já está de olho em nossas águas. Que desperdiçamos. Porcamente.

O que o futuro nos reserva?

Fonte: na verdade, as fontes são várias, desde sites da internet, até minhas leituras de jornais e revistas. Mas deixo este site, como referência.


14 março 2012

Da Destruição

o que será
será quando o é deixar de ser
e ponto.
fazer-se tabula rasa
e brasa
da lavoura que deu em nada
e plantar do nada
a próxima lavra

já dizia Picasso
que criar é destruir no antes
limpar o terreno
para plantar-se um outro outro
que será pleno
quando houver
e quando ouvir
o que for som de adiantes

tempestade que varre o que é tarde
teu cheiro que sim sem alarde
joga ao não o que já (outra) era

tempestade que é o vir do que espera...

a destruição é a mão do que há-de
e há de surgir uma outra
outrora de (human)idade

12 março 2012

Do Erro

quanto mais me tento acertar
mais me alongo do acerto
se me aproximo me fito entre o longe
e na distância me visto de frio
como o poço que é sempre mais poço
quanto mais está vazio...
talvez porque o certo
não seja o que é acerto
nem o que mais perto

falo para um aquilo
que está num longe onde
e quando digo
é distante o que está comigo
é um sopro que ao não me responde
em que ego o meu eco ecoou pela Terra?
o que me ergue é o que me aterra...

errando pelo meu caminho
tornei-me o deus do que não sou
e matando-me  o espero
deixei minha morte
no alto do cerro:
acertei-me mais
quanto mais mirei no Erro...

11 março 2012

Coca e Pepsi possuem Substância Cancerígena

E alguém achava que não? Praticamente todos os produtos industrializados são potencialmente cancerígenos em maior ou menor grau. Não é à toa que o índice de cânceres é altíssimo em nossa civilização, e continua crescendo. 

A notícia foi divulgada semana passada na internet e em jornais, como no Correio do Povo de 10 de março, na página 11. A substância cancerígena é o 4-metilimidazol, presente no corante caramelo, (e também, pasmem, em agrotóxicos) utilizado em ambas as bebidas. Agora, nos EUA (no Brasil, não, pelo menos por enquanto), Coca e Pepsi terão que modificar suas fórmulas ou se submeter a colocar um alerta em suas embalagens informando sobre os riscos de câncer. O que é curioso é que desde criança eu leio que os corantes são substâncias potencialmente cancerígenas. Por que só agora reagiram a isso? E será que é só na Coca e na Pepsi que há substâncias cancerígenas?

Aliás, alguém já ouviu falar na dioxina? É outra substância cancerígena que é liberada pelas garrafas pet quando são congeladas e depois descongeladas para beber. Aliás, a dioxina é liberada por qualquer utensílio de plástico congelado ou que é colocado no forno micro-ondas. Mas ninguém fala nada sobre isso...

Porém, quanto ao 4-metilimidazol, ambas as empresas não estão querendo nem colocar alertas nem modificar a fórmula, aceitam apenas reduzir um pouco os níveis da substância.  Dizem que o risco de câncer é uma balela. É claro. Logo também irão dizer que Coca e Pepsi não têm nada a ver com o surgimento de osteoporose e diabetes. Ah, e que não engordam. 

09 março 2012

A Criança Degolada (FINAL)

Não obstante tanto horror, aquele rio mirífico permanecia com sua beleza intocada, com suas águas brilhantes e intensas, puras e cristalinas. E as matas do outro lado de suas margens continuavam exuberantes e intactas. Carregando aquela culpa absurda nas minhas costas, desejei sofregamente banhar-me naquelas águas, concender um alívio, ainda que momentâneo, à minha aflição. Porém, quando meu corpo se encontrava totalmente imerso no rio, percebi que algo saía pelos meus poros. Era sangue, sangue em uma profusão absurda. Toda a minha pele, desde a de meu rosto até a de meus pés, sangrava incessantemente. E o sangue que já havia sangrado parecia que se multiplicava em mais e mais sangue, numa progressão que ia ao infinito, até que em toda a extensão avistável do rio somente se avistava sangue em lugar de suas outrora límpidas águas.

E quando eu já não estava mais dentro do rio, em suas águas sanguinolentas, surgiram, boiando sobre o sangue, milhares e milhares de peixes, mortos, mal cheirosos, além de várias outras espécies de animais aquáticos, todos agonizantes. E ocorreu que as águas sangrentas passaram a transbordar e invadiram o lado do rio onde a mata permanecia viva e intacta. É desnecessário que eu diga que aquela água contaminada com meu sangue causou a morte quase instantânea de todas as plantas, árvores e demais seres que ali viviam.

Acabado, definitivamente acabado, parti daquele horror causado pela minha culposa presença. Caminhei até minhas pernas perderem as forças. Foi então que divisei extasiado a mais impressionante das visões. Uma planície que aparentava ser infinita, de uma tonalidade de um verde tão vívido que parecia inacreditável, e sobre ela um número incontável de animais das mais diversas espécies. Era algo como uma savana africana, das mais preservadas, das mais belas, porém, ia ainda além, de alguma forma inaudita que eu não saberia explicar. Sentei-me e contemplei aquele cenário quase onírico tocado pela mais profunda e sublime emoção. No entanto, decidi não ir até lá. Estava certo que a minha presença no local causaria alguma forma de catástrofe que acabaria por trazer à morte aos animais e destruiria a totalidade da beleza da planície.

E ali permaneci, observando atentamente, comovido com a visão de todos aqueles animais que conviviam de acordo com as leis do equilíbrio natural. E chorei. Porém, minhas lágrimas eram abundantes em demasia, absurdamente abundantes, e eu não conseguia controlá-las, o meu choro descia de forma infrene. Por mais que eu me esforçasse, não me era possível conter as lágrimas. De modo que elas se espalharam de tal maneira que desceram a colina onde eu me encontrava e atingiram a planície em que viviam os animais. E chegando lá, minhas lágrimas, as minhas lágrimas inflamadas de culpa, febrentas, exalaram algo como um vapor venenoso, fatal. E todos os animais morreram sufocados pela névoa maligna das minhas lágrimas. Todos! E o verde da planície transformou-se em um marrom desbotado e deprimente.

Destruído, absolutamente destruído, decidi retornar para a cidade. Durante o caminho de volta, inesperadamente, encontrei aquela que, acredito, era a mais bela das mulheres.  Ela caminhava em minha direção. Aparentava emitir algum tipo de luminosidade. Mas era apenas uma impressão minha, causada, creio, pelo meu estado doentio de exaltação psíquica diante de tão angélica mulher. Ela parou bem à minha frente, olhou fundo nos meus olhos, abraçou-me com um imenso calor humano e, por fim, beijou a minha boca com indizível paixão. E foi somente o instante de beijar. Em menos de um minuto, aquela mulher tão bela passou a sentir náuseas, fortes dores estomacais e golfejou algo como um sangue grosso com pedaços de vísceras liquefeitas. A princípio, o sangue era de um vermelho mórbido, mas foi se transformando em um espesso e viscoso líquido arroxeado. Por fim, já era completamente negro. E a mulher morreu ali, na minha frente. Esquálida, como se tivesse murchado de uma hora para outra, expelindo aquele líquido negro por todos os orifícios de seu organismo.

Morto, irremediavelmente morto, retornei à cidade e dirigi-me ao corpo da criança degolada. Ela ainda estava lá. Já apodrecendo, esverdeada, arroxeada. Vermes passeavam em seus olhos, em sua boca. O fedor já era insuportável. Sentei-me ao seu lado e ali permaneci. Como um idiota. No meu rosto, não havia a mínima expressão. Em minha alma, não se encontrava o menor sentimento. Todo o horror daquela criança ali degolada, e eu não sentia nada. Nada.

E foi com uma suprema indiferença que me dei por conta que aquela criança ali era a que eu fora. Ela era eu. E ela se suicidara.

(Na imagem, detalhe do tríptico, "O Jardim das Delícias" (asa esquerda), de Hieronymus Bosch.)
            

08 março 2012

A Criança Degolada

Encontrei seu cadáver ainda quente naquele beco escuro e imundo. Era um menino. Sua garganta fora cortada de um lado ao outro. O sangue ainda golfejava. Não devia ter que mais que sete anos de idade. Sua expressão angelical contrastava com o horror impiedoso do talho que estraçalhou sua laringe.  O beco e as ruas próximas ao local se encontravam completa e funestamente vazias. Ou, ao menos, assim aparentavam. Não havia nenhum sinal ou vestígio no local de que alguém havia ali estado e assassinado a criança. Nenhuma arma. Nada.

            Deixei o local absolutamente chocado. E sentindo-me mal. Não que isso não me fosse relativamente comum. Porém, sentia-me mal de uma maneira estranha, inquietante, anômala. Mas o mais curioso foi que todos passaram a me culpar pelo crime. Eu sabia disso. Que me culpariam. De início, foi um pressentimento intuitivo. Depois, conforme perambulava desolado pelas ruas mergulhadas no abismo da noite, pude observar pelas janelas das casas disformes centenas de olhares que me fitavam de maneira condenatória. Aqueles olhares emitiam alguma espécie sinistra de luz fosforescente que me transtornava. Permaneci, no entanto, caminhando sem rumo e sentindo o peso da culpa, de uma culpa que não era minha.

            O dia amanheceu com um sol enfermiço. Exausto, sentei-me em um gramado que mais parecia um pântano. Em questão de minutos, encontrei-me cercado por uma multidão de pessoas definitivamente horríveis, com expressões de absoluta crueldade em seus rostos carrancudos, monstruosos. Não pronunciavam uma só palavra. Porém, apontavam-me seus dedos indicadores, obviamente acusando-me daquele crime que eu não havia cometido. Uma velha repulsiva, sentada em um banco sob uma árvore retorcida, fitava-me com um sorriso maligno, enquanto lia O Processo, de Kafka.

            Mesmo com todo meu cansaço, ergui-me e saí às pressas daquele lugar deprimente. Dirigi-me à solidão do campo. Diante de mim, resplandeceu um magnífico prado absolutamente florido. Eram flores por todos os lados e de todas as cores, um espetáculo que eu jamais vira.  Elas subiam por colinas infinitas e pareciam que se prolongavam a um horizonte indefinido. Comovi-me diante de tão divina visão. Desejei intensamente caminhar por entre as flores, sentir seu inefável perfume, vivenciar um instante daquela paz inaudita. Porém, conforme eu caminhava, e as fitava, e aspirava seu aroma, e as acariciava, as flores, todas aquelas flores celestiais, murchavam, feneciam e secavam diante de mim. O perfume transformara-se em um fedor pungente. E as colinas agora cinzentas e sem vida transmitiam a impressão de um cenário de uma batalha. Desesperado, segui em frente.

            Mais adiante, novamente renasceu-me a esperança. Uma floresta gigantesca assomou-se imponente à minha frente. Árvores de um verde escuro extremamente vivo, imensas, deslumbrantes, que se perdiam por entre montes e vales que me assombravam. Algumas floridas, outras carregadas de frutos silvestres. Pássaros canoros revoavam e pousavam por entre a imensidão das árvores. Ao longe, eu podia escutar o som harmonioso de um rio com corredeiras e cachoeiras. Acelerei o passo e penetrei na floresta. Mas a cada passo meu por entre o interior da mata, centenas de árvores gigantes caiam simultaneamente, já sem folhas, completamente mortas, apodrecidas, fétidas, e com elas outras centenas de árvores menores e plantas diversas morriam em questão de poucos minutos. E aquelas aves tão belas, tão coloridas, cessavam subitamente seu canto e despencavam fulminadas. Eu ouvia o perturbador baque de sua queda no chão. Consegui, no entanto, atingir o rio.  Porém, quando olhei para trás, o que contemplei foi a mais absoluta devastação. Não restara uma só árvore, uma só planta, uma só ave. Apenas um lodo repugnante onde os galhos, troncos e pássaros apodreciam e afundavam. 

Amanhã, o final do conto.

(Na imagem, detalhe de "O Julgamento Final", de Hieronymus Bosch.)

07 março 2012

NASA anuncia que asteroide pode impactar a Terra. E Edgar Allan Poe.

Em 1839, Edgar Allan Poe escreveu um conto filosófico relativamente pouco conhecido, intitulado  A Palestra de Eiros e Charmion. O conto, como o nome indica desenvolvido em forma de diálogo, trata da aproximação de um astro fatal ao nosso planeta, que, mesmo não se chocando, foi ocasionando catástrofes e cataclismas apocalípticos que levaram ao fim a humanidade. Quem conhece a fundo a obra de Poe sabe de sua assombrosa capacidade de prever, compreender e desvendar os mais diversos fatos, adiantando-se a todos, indo muito além dos limites literários. 

Eu mesmo já escrevi vários contos que tratam da aproximação sinistra de astros diversos. Porém, é óbvio, sem a maestria de Poe. Dentro dos meus limites. Recentemente, o tema foi retratado no cinema através do sensacional e depressivo filme Melancolia, de Lars Von Trier.

Quem acompanha os noticiários científicos, percebe que de tempos em tempos, a NASA divulga alguns alertas e informações acerca de possíveis choques de asteroides. Cada vez mais reais e assustadores. Se eu dissesse que tais informações são algo como uma preparação de terreno para algo muito pior que eles sabem mas que não podem revelar para não causar pânico na população, seria tachado de louco ou coisa do tipo. 

A última notícia relacionada ao fato é a seguinte: Asteroide poderia impactar a Terra em 5 de fevereiro de 2040, assegura a NASA.  Clique sobre o link para saber mais. O curioso é que tais notícias são bem pouco divulgadas, não obstante se refiram ao futuro de toda a humanidade, de todo o planeta. Sei que saiu algo a respeito na página 26 da revista Isto É desta semana. Bem discretamente. Por que será? 

Para finalizar, deixo um trechinho do conto de Poe: 

"A catástrofe propriamente dita, como falaste, era por completo imprevista; mas desgraças análogas foram, por longo tempo, objeto de discussão entre os astrônomos."

06 março 2012

Hidrelétricas estão acabando com os peixes da Amazônia

Prossigo com as boas notícias que acalantam a esperança da humanidade. Como já sabem os amigos leitores, nem comentarei nada, é a notícia, com sua fonte, e ponto final.


Peixes do Madeira desaparecem como os cientistas previram. Depois vem Belo Monte.


"Os peixes do rio Madeira estão desaparecendo. E as causas desse desaparecimento são sistêmicas, consequência de uma grande intervenção humana no ecossistema do rio, que os cientistas haviam previsto que teria impacto dramático sobre a população de peixes. E é isso que está ocorrendo neste momento, como revelou a “Folha de S.Paulo” em sua edição de 8/1 : os peixes do rio Madeira já sumiram na região do lago da hidrelétrica de Santo Antônio; outra hidrelétrica está em construção, chamada Jirau, com danos cumulativos previstos há pelo menos seis anos.
As decisões que levaram ao desaparecimento da população de peixes do rio Madeira foram tema de discussão longa nos anos anteriores, com envolvimento de inúmeros cientistas especializados em clima, em hidrografia e ictiologia (estudo dos peixes) e o que está acontecendo foi previsto naqueles relatórios, mas o presidente da República e a ministra da Casa Civil mandaram atropelar os estudos e tocar as obras.
 De todos os rios deste planeta, em todos os países de todos os continentes, o rio Madeira é o 17º maior. E os seus peixes estão desaparecendo como mostrou a “Folha de S.Paulo” no domingo, 8/1. A causa dessa destruição foi a decisão do governo brasileiro de construir duas grandes hidrelétricas naquele rio sem levar em consideração os relatórios ambientais que alertavam para o risco de que a obra poderia dizimar a fauna do rio e por consequência toda a economia formada naquela região da Amazônia em torno da pesca artesanal.
 O rio Madeira é um dos afluentes do rio Amazonas, com uma fauna tão peculiar e rica que é dos únicos rios do mundo de que se pode dizer que tinha uma espécie animal rara completamente exclusiva de suas águas: o boto vermelho do rio Madeira. Sobre essa espécie, ameaçada, ainda não há estudos sobre o que aconteceu nos últimos meses. Mas o jornal revelou em sua reportagem do dia 8 que se inviabilizou a pesca dedicada a uns tantos tipos de peixe (chamados genericamente de “bagres”), que gerava 29 mil toneladas/ano de pescados. São estes peixes que “sumiram” segundo o relato dos pescadores ao jornal. Esta atividade econômica acabou.”

04 março 2012

Aquilo que nem quero dizer

quando digo que digo
nem há alguma coisa dita
não me procure razões
naquilo que nem quero dizer
que uma palavra real
não vale a pena o ser da escrita
não me procure lições
naquilo que nem quis estar
ainda que se diga coisa alguma
tudo do que é humano
permanecerá sendo o que é
pela miséria da bruma

deixa este verso não ser nada
uma realidade fora além inexistente
distante  de tudo o que é
(e o que é que é?)
nem dito para
nem feito por
gente
por que haver aqui qualquer verdade
qualquer filosofia
ou alguma fé
no existente?

não procure aqui uma mensagem
não queira saber se estou certo
há tanto outro tanto
eu mesmo sou outra imagem
do que nunca se irá sonhar
então que isso não passe
de uma canção sem letra
ou de um suspiro que descansa
ou que  se cansa
pelo lago alado do ar
pelo lado amargo da dança...

deixa este verso bem longe
de tudo que se aproxima da vida
que minha mensagem
não passe de passagem
para  ao lá do que me esconde
e deixe aqui minha alma
abismada
mas erguida

02 março 2012

O Fatal do que é Limite

desde aquele auge do sol
que é só o momento de o ser
e tudo o mais é passo à noite...

desde aquele auge instante
é descida que abisma no adiante
ao movimento lento
que te não sustento
desde a queda treva
do fechar cadente
do silente da pálpebra
desde o que é céu
ao que é trágica

desde aquele alento forte
denso intenso vasto
em esperança carregado
( aquele alento forte)
aquele alento último
que precede a morte

desde aquele alento-ápice
desde o fatal do que é limite
o calor que gera a tempestade
o antes do que se decide

o passar ao outro lado
do ponto que é o mais alto
o abaixo do que foi montanha
o balão cujo limite estoura
o reverso do que reluz e doura

a finitude exalando sinais
o não se poder mais
o destino de tudo que sobe
o preço batendo na porta
a gordura entupindo a aorta
aquilo tudo
de que não se pode ir além
o deixar de ser
e o inverso que vem...