o que me restou de humanidade
é o que me foi sem ser tirado
dos debaixos dos meus pés
o que os homens conhecimento dizem
é caminho sempre mais para vazio
e punhados de gotas de pós
o embrutecimento de todos os sentidos
no sem-sentido que proclama flâmulas
por horizonte que não é
o solene sufocamento do que Ideal
que substituídos por feijões no prato
nos queima desde lá de céu
intelectos entupindo éteres coronários
e pedaços de nadas em palavra morta
querendo dizer o que não são
o que foi que viveram no lugar da vida?
e que me dizem do som de que esfera há?
mas eu ainda acredito em Bach.
(Minha humilde homenagem ao Pai da Música Moderna, Johann Sebastian Bach, que hoje, 21 de março, completa 327 anos.)
4 comentários:
Poema digno do mestre, em sua profundidade e densidade. Parabéns!
Me chamem de sonhadora, romântica ou lunática, mas eu ainda acredito em Bach!
Um beijo!
Um belíssimo questionamento poético sobre a lamentável condição humana.
Parabéns pela bela homenagem!
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