há sempre (o) um que é o último
(último não no ser do que é
mas para aquele que sabe do que é
sem saber do seu ser)
por mais infinitos que sejam os números
ninguém os conta para sempre...
por mais infinito que seja o cosmos
ninguém o percorre no seu todo...
(ao menos não como sendo o que se é)
mas se o cosmos é infinito
o que é afinal isso de ser?
se eu estou aqui
por que um outro não pode estar lá?
e por que um outro lá e não eu?
o que existe infinitamente
pode existir e ser como sem-limite
e tudo pode (deve) ser possível:
dizer “é infinito”
é sustentar que tudo existe
mais ainda assim
há um momento
em que não mais
há sempre um último
em tudo que é
(ou que não foi)
que pode ser o primeiro
de um outro outro
mais acima
ou mais abaixo
em que não acho...
mas (e) há uma inviável volta
após uma derradeira vinda...
quem dera este poema
ainda dissesse mais
(e talvez diga)
mas ele aqui se finda
2 comentários:
Sempre pensei nisto. O "não ter limites, já é limitado.
Beijos
Mirze
Poema de uma profundidade que faz refletir, e ao mesmo tempo encanta com a musicalidade. Destaco especialmente a belíssima 2ª estrofe. Abraço.
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